Dois textos que se complementam, o
primeiro, de Salles da Fonseca, A LAVAGEM DA
HISTÓRIA, na explanação histórica do evoluir moral, pelo
enquadramento filosófico do relativismo, que estilhaçando conceitos absolutos de
valores éticos, estilhaça igualmente o pensamento racionalista que está na
origem destes. O segundo texto, de Luís
Filipe Torgal, A ESCOLA PÚBLICA E O “HOMEM-MASSA”, é um formidável libelo acusatório das
políticas educativas, de absoluto desleixo e falsidade ardilosa, forjadores de
seres de uma completa ausência não só dos tais valores morais, como de
quaisquer interesses espirituais, que esses abortos dos agrupamentos escolares
ajudam a forjar, no abortivo da massificação, da conveniência comunista. Os
comentários revelam a mesma pertinência crítica, de quem ainda se preocupa.
Segundo a tendência evolutiva, essa preocupação ir-se-á fluidificando, a
caminho da selva, que espera o Homem-aborto.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 06.02.19
O
relativismo assumiu a forma de um movimento chamado «pós-modernismo» o qual tem
ampla influência nas ciências sociais, nomeadamente na filosofia e na história
Os
conceitos essenciais do pós-modernismo tendem para tudo definir como «um texto»[1] e colocar «o significado» como a matéria essencial desses textos e
de quase tudo o que eles, pós-modernistas, tocam. Aqui chegados, pretendem
descodificar esse significado dedicando-se àquilo que denominam a «desconstrução
do significado» pois partem do pressuposto de que «é suspeita a ideia de
realidade objectiva», ou seja, tudo é «relativo»[2].
A
situação assim criada pelo relativismo, especialmente na esfera moral, gerou
uma enorme crise de valores no âmbito da qual os pós-modernistas afirmam que o
que hoje nos parece errado pode-se ter justificado nos contextos relativos à
ocorrência. Assim, porque não reconhecem a existência de conceitos éticos (nem
morais) absolutos, o «bem» e o «mal» variam no espaço e no tempo.
Rompendo
com as certezas do modernismo racionalista, resta a dúvida de como o
relativismo permite (ou não) que se possa atingir a certeza objectiva das
grandes questões que se deparam a uma sociedade e do valor ético (e moral) que
se pode dar a um conhecimento que decorre do pensamento racionalista.
A
título de exemplo e para que melhor se compreenda onde o relativismo nos
conduz, bastará referir as tentativas pós-modernas de “lavagem” de
dirigentes moralmente tão condenáveis como Hitler ou Estaline.
Henrique Salles da Fonseca
BIBLIOGRAFIA:
Fernando Martins – HISTORIOGRAFIA, BIOGRAFIA E ÉTICA, in “Análise Social”, nº 171,
Verão de 2004, pág.
391 e seg.
[1] Mais vulgarmente, o contexto [2] Conceitos fundamentais para um pós-modernista: o «contexto»,
o «significado», a «desconstrução», o «relativismo».
COMENTÁRIO:
Anónimo 06.02.2019: O relativismo, talvez com excepção do científico (Einstein) é uma
forma muito filosófica de justificar a corrupção! Uma só palavrinha ajuda a
isso: "se".
II - EDUCAÇÃO: A escola pública
e o “homem-massa”
OBSERVADOR, 6/2/2019
O sucesso escolar vai crescer, a olhos
vistos, graças a métodos pedagógicos inconsequentes, provas de aferição e
exames levianos e critérios de avaliação que tornam os alunos idiotas
inimputáveis.
O
SNS vai colapsar e a escola pública definha. Os dois últimos governos
desconsideraram a educação. Impuseram mega-agrupamentos ingovernáveis, onde os
alunos têm um apoio psicopedagógico menos personalizado. Depauperaram os
orçamentos atribuídos às escolas. Demasiadas escolas tornaram-se um risco para
a saúde pública: são hoje pardieiros, muitos ainda revestidos de amianto, onde,
no inverno, alunos e professores, cada vez mais provectos, congelam e contraem
constipações, gripes, pneumonias ou outras doenças mais graves. Os recursos
humanos das escolas estão velhos e os seus engenhos educativos estão gastos e
inoperacionais, sendo insuficientes para formar massas de alunos cada vez mais
disfuncionais que frequentam as escolas do interior e das zonas pobres das
grandes cidades. Este governo recusa-se a negociar com os professores os 9 anos
de carreira que lhes foram usurpados pelos governos anteriores (note-se que a
greve dos professores foi mais censurada pelas opiniões pública e publicada do
que a greve dos enfermeiros). Apesar das últimas catástrofes florestais, o
poder central continua a desprezar as populações do interior, o qual vai
ficando ainda mais despovoado, desordenado e vai agonizando nos planos
económico, social e cultural, com as consequências trágicas que isso provoca
nas suas escolas.
Porém,
vivemos hoje no mundo das «fake news», onde a imagem deformada, criada
pelos media, a
internet, as redes sociais, os tudólogos e a
propaganda política, supera a realidade. A necessidade política de
inflacionar as estatísticas do sucesso educativo na OCDE levou o actual governo
a engendrar uma reforma educativa inspirada na Finlândia, Canadá, Nova
Zelândia, Austrália, França e Singapura. Ainda que estes países ostentem
modelos económicos, sociais e culturais muito mais evoluídos do que Portugal.
Os novos «pedagogos» do Ministério da Educação (ME) chamam-lhe autonomia e
flexibilidade curricular e escola inclusiva. (Antes desta
alegada reforma, professores e alunos já desenvolviam múltiplos projectos de
flexibilidade curricular! Na medida das suas possibilidades, a escola pública
aplicava, há muito tempo, práticas e metodologias inclusivas! Esta lei de autonomia acabou de vez com
a autonomia das escolas, pois todas são forçadas a obedecer às novas
desorientações do ME!) O ME despachou os seus políticos, inspectores
e formadores para as escolas, para coagir e catequizar os professores nos
«novos» e prodigiosos desígnios educativos. Acontece que estes funcionários
ignoram o mundo concreto das escolas. Conclusão: o caos instalou-se nas
escolas. Ninguém se entende. Ninguém enxerga os caminhos que, supostamente,
devem ser trilhados. Ninguém consegue descodificar, operacionalizar e adaptar à
realidade nacional os decretos-lei 54 e 55 de 2018 e o «Perfil dos alunos à
saída da escolaridade obrigatória». Poucos acreditam na viabilidade pedagógica
desta «coisa» — exceto aqueles que lucraram com ela e aqueloutros cujo espírito
está somente preparado para obedecer sem pensar.
Quais as consequências desta trapalhada?
A transmissão de conhecimento e de ciência estão a regredir na escola. Todavia, o sucesso escolar vai
crescer, a olhos vistos, graças a métodos pedagógicos inconsequentes, provas de
aferição e exames levianos e critérios de avaliação que tornam os alunos
idiotas inimputáveis (pobres
dos alunos excelentes, bons e medianos!).
A ponto de, no final do ano lectivo, a máquina de propaganda do ME
poder anunciar, à cidade e ao mundo, o êxito retumbante do seu folclore
educativo. Razão tinha Ortega y Gasset quando escreveu A Rebelião das
massas. É tão fácil burlar o «homem-massa». Está a ser tão fácil
converter de novo a sociedade de massas a um mundo distópico dominado por
ditadores de opereta.
Professor
de História em Oliveira do Hospital, mestre em História Económica e Social
Contemporânea e doutorado em Estudos Contemporâneos pela Universidade de
Coimbra. Investigador colaborador do Centro de Estudos Interdisciplinares do
Século XX da Universidade de Coimbra (CEIS20). Autor dos livros O sol bailou ao
meio-dia. A criação de Fátima (2015), Tomás da Fonseca. Missionário do povo
(2016), Fátima. A (des)construção do mito (2017).
COMENTÁRIOS
Espártaco Galaécio: Felicito-o pela visão crítica das políticas imbecilizantes com que o sistema está a destruir o SISTEMA DE VALORES da sociedade portuguesa! Conheço a obra de Tomás da
Fonseca e dou-lhe os meus sinceros parabéns pelo contributo que tem dado para a
sua divulgação. Os legados de pensamento de Tomás da Fonseca, Aquilino Ribeiro,
Manuel de Arriaga, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro são são indispensáveis para
que Portugal continue a existir.
Carlos Ferreira: Permita-me
corrigir; "A transmissão de conhecimento e de ciência está a regredir na
escola". De resto, a escola
anda a par de uma sociedade cada vez mais alienada onde o individualismo impera
e a satisfação imediata é a regra. A maioria das crianças não tem projecto de
vida onde entre o conhecimento e o esforço para o alcançar, os pais da petizada
também já não acreditam na escola como elevador social, cada vez mais ter
formação ou não ter equivale a emprego precário e mal pago, os
progenitores não têm autoridade nem paciência/resiliência para educar, dando o
exemplo de que é com esforço e trabalho que se alcança o sucesso. É preciso
responder ao desígnio do sucesso obrigatório legislado, medido em diplomas
atribuídos, depois o cidadão que se desenrasque por conta própria, porque isso
da inclusão e do cuidar do outro e do ser feliz a aprender a aprender só
funciona mesmo utopicamente na escola. Na vida real é outra coisa,
desqualificar a escola pública diminuindo a exigência e fabricando o sucesso é
acentuar as desigualdades sociais, o resto é conversa para papalvos.
Amora Bruegas: Artigo interessante, demonstrativo da bandalheira educacional e instrutiva
que vai nas Escolas, com a catequização forçada do marxismo-cultural..., onde a
democracia é a fachada ideal. Mas revela contradições na medida em que é o branqueador de um indivíduo
apoiante da violência, tortura, morte e muita miséria gerada pelos republicanos
em 1910. Refiro-me ao republicano e estalinista, Tomás da Fonseca.
Aparentemente tinha boas intenções..., Lenine, Cunhal, Mao e HChavez também as
tinham (dizem...) e viu-se nas tragédias que originaram!
Simão Thomaz de Vilhena > Amora Bruegas: Este dito “historiador” só está a provar do veneno que
ajudou a espalhar. Após ter inventado tanta mentira e ter deturpado tanto facto
acerca de Fátima e da Igreja, agora está apenas a ter exactamente o que merece:
ser obrigado a vergar-se sem piar ao tirânico regime socialista, republicano e
laico.
João João: Isto
é fruto de uma sociedade a caminho do socialismo pleno.
Quando mais estúpidas e burras forem as crianças, mais fáceis são de controlar e dominar.
O controle a educação é importantíssimo para doutrinar crianças na miséria intelectual que é o marxismo.
Quando mais estúpidas e burras forem as crianças, mais fáceis são de controlar e dominar.
O controle a educação é importantíssimo para doutrinar crianças na miséria intelectual que é o marxismo.
Amora Bruegas > João João: Muito bem observado..., tal como os republicanos
tentaram a partir de 1910, embora o veneno já o tivessem infiltrado no ensino
com apoio da maçonaria nos idos do séc. XIX.
Fly Man: Feliz de quem tem dinheiro, é sempre assim por muito socialista que a
sociedade seja, pois pode recorrer ao ensino privado, onde as regras são
outras. e os filhos podem ser munidos de ferramentas que os capacitam de outra
forma para o mundo competitivo em que vivemos. Os outros... que abram os olhos
e votem em políticas em vez de votar em políticos.
Mosava Ickx: Perfeito, a introdução já é um resumo brilhante da situação. O pior é que este artigo não descreve uma
exclusividade de Portugal, o marxismo cultural destruidor invade grande parte
da Europa, perigoso!
Espártaco
Galaécio >Mosava Ickx: Marx viveu no seu tempo e criou as bases para o
materialismo dialéctico. Desgraçadamente o sistema está afectado pela
"doença infantil"...
Rui Krull: PAGA HOX BOVINO ZÉ POVINHO QUE AMANHÃ SEM JUIZINHO O MENINO LUISINHO MANDA
TUDO PRO LIXINHO, O CADERNINHO O LIVRINHO E O COMERZINHO. OH TÃO
POUCOCHINHO BÁLHA-NOS SÃO JORGINHO. VENHAM
VER, VENHAM VER O XUXALISMO A APODRECER OH! OH! OH! EIS OUTRA PRAGA CAVERNACULAR, OH
SE VAI CRESCER ACOMODAMENTE EM MENTIRA, IMUNDÍCIE E CRUZINHAS AOS MOLHINHOS
PARA TONTINHOS BOVINOS COITADINHOS. E 9s FORA UMA POUCA DE ME...
ProtoTypical: Exame clarividente, esclarecido e pertinente. De facto, a Democracia mais
não faz do que nivelar por baixo; e se as sumas sapiências que polvilham o
Ministério da Educação e, de forma geral, todo o aparelho estatal, estivessem a
par do conhecimento adquirido em domínios como a inteligência, não só se
envergonhariam das suas imbecilidades, como rapidamente tratariam de
incrementar o subsídio do ensino professional e de facultar uma autonomia bem
mais considerável às instituições escolares. Não admira que cada vez menos
jovens nutram a ilusão de uma carreira na docência; nem admira que cada vez
menos jovens tenham um conhecimento satisfatório nos mais variados domínios do
conhecimento. Uns em nome da tacanhez fiscal, outros de uma falsa igualdade: e
todos em nome da destruição da Escola.
miguel Coelho: normalmente não perfilho estas perspectivas catastróficas, mas há 3
verdades irredutíveis:
- há uma massa gigantesca de alunos que são empurrados
administrativamente para terminar a escolaridade sem uma correspondente
qualidade das suas aprendizagens;
- a inspecção anda a obrigar as direcções das escolas
à adopção de processos pedagógicos (também porque os professores, por
passividade ignorante(?), o permitem), por exemplo em relação ao trabalho a
pares nas escolas com piores resultados (incrível esta associação! e nós a
ver);
- a população detesta os professores, e isso vê-se
realmente na reacção diferente às greves dos enfermeiros e dos professores.
Nestes últimos tudo é criticável.
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