quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Um Susto



Dois textos que se complementam, o primeiro, de Salles da Fonseca, A LAVAGEM DA HISTÓRIA, na explanação histórica do evoluir moral, pelo enquadramento filosófico do relativismo, que estilhaçando conceitos absolutos de valores éticos, estilhaça igualmente o pensamento racionalista que está na origem destes. O segundo texto, de Luís Filipe Torgal, A ESCOLA PÚBLICA E O “HOMEM-MASSA”, é um formidável libelo acusatório das políticas educativas, de absoluto desleixo e falsidade ardilosa, forjadores de seres de uma completa ausência não só dos tais valores morais, como de quaisquer interesses espirituais, que esses abortos dos agrupamentos escolares ajudam a forjar, no abortivo da massificação, da conveniência comunista. Os comentários revelam a mesma pertinência crítica, de quem ainda se preocupa. Segundo a tendência evolutiva, essa preocupação ir-se-á fluidificando, a caminho da selva, que espera o Homem-aborto.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA          A BEM DA NAÇÃO,  06.02.19
O relativismo assumiu a forma de um movimento chamado «pós-modernismo» o qual tem ampla influência nas ciências sociais, nomeadamente na filosofia e na história
Os conceitos essenciais do pós-modernismo tendem para tudo definir como «um texto»[1] e colocar «o significado» como a matéria essencial desses textos e de quase tudo o que eles, pós-modernistas, tocam. Aqui chegados, pretendem descodificar esse significado dedicando-se àquilo que denominam a «desconstrução do significado» pois partem do pressuposto de que «é suspeita a ideia de realidade objectiva», ou seja, tudo é «relativo»[2].
A situação assim criada pelo relativismo, especialmente na esfera moral, gerou uma enorme crise de valores no âmbito da qual os pós-modernistas afirmam que o que hoje nos parece errado pode-se ter justificado nos contextos relativos à ocorrência. Assim, porque não reconhecem a existência de conceitos éticos (nem morais) absolutos, o «bem» e o «mal» variam no espaço e no tempo.
Rompendo com as certezas do modernismo racionalista, resta a dúvida de como o relativismo permite (ou não) que se possa atingir a certeza objectiva das grandes questões que se deparam a uma sociedade e do valor ético (e moral) que se pode dar a um conhecimento que decorre do pensamento racionalista.
A título de exemplo e para que melhor se compreenda onde o relativismo nos conduz, bastará referir as tentativas pós-modernas de “lavagem” de dirigentes moralmente tão condenáveis como Hitler ou Estaline.
Henrique Salles da Fonseca
BIBLIOGRAFIA:
Fernando Martins – HISTORIOGRAFIA, BIOGRAFIA E ÉTICAin “Análise Social”, nº 171, Verão de 2004, pág. 391 e seg.
[1]  Mais vulgarmente, o contexto [2] Conceitos fundamentais para um pós-modernista: o «contexto», o «significado», a «desconstrução», o «relativismo».
COMENTÁRIO:
 Anónimo  06.02.2019: O relativismo, talvez com excepção do científico (Einstein) é uma forma muito filosófica de justificar a corrupção! Uma só palavrinha ajuda a isso: "se".
II - EDUCAÇÃO: A escola pública e o “homem-massa”
LUÍS FILIPE TORGAL    OBSERVADOR, 6/2/2019
O sucesso escolar vai crescer, a olhos vistos, graças a métodos pedagógicos inconsequentes, provas de aferição e exames levianos e critérios de avaliação que tornam os alunos idiotas inimputáveis.
O SNS vai colapsar e a escola pública definha. Os dois últimos governos desconsideraram a educação. Impuseram mega-agrupamentos ingovernáveis, onde os alunos têm um apoio psicopedagógico menos personalizado. Depauperaram os orçamentos atribuídos às escolas. Demasiadas escolas tornaram-se um risco para a saúde pública: são hoje pardieiros, muitos ainda revestidos de amianto, onde, no inverno, alunos e professores, cada vez mais provectos, congelam e contraem constipações, gripes, pneumonias ou outras doenças mais graves. Os recursos humanos das escolas estão velhos e os seus engenhos educativos estão gastos e inoperacionais, sendo insuficientes para formar massas de alunos cada vez mais disfuncionais que frequentam as escolas do interior e das zonas pobres das grandes cidades. Este governo recusa-se a negociar com os professores os 9 anos de carreira que lhes foram usurpados pelos governos anteriores (note-se que a greve dos professores foi mais censurada pelas opiniões pública e publicada do que a greve dos enfermeiros). Apesar das últimas catástrofes florestais, o poder central continua a desprezar as populações do interior, o qual vai ficando ainda mais despovoado, desordenado e vai agonizando nos planos económico, social e cultural, com as consequências trágicas que isso provoca nas suas escolas.
Porém, vivemos hoje no mundo das «fake news», onde a imagem deformada, criada pelos media, a internet, as redes sociais, os  tudólogos e a propaganda política, supera a realidade. A necessidade política de inflacionar as estatísticas do sucesso educativo na OCDE levou o actual governo a engendrar uma reforma educativa inspirada na Finlândia, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, França e Singapura. Ainda que estes países ostentem modelos económicos, sociais e culturais muito mais evoluídos do que Portugal. Os novos «pedagogos» do Ministério da Educação (ME) chamam-lhe autonomia e flexibilidade curricular e escola inclusiva. (Antes desta alegada reforma, professores e alunos já desenvolviam múltiplos projectos de flexibilidade curricular! Na medida das suas possibilidades, a escola pública aplicava, há muito tempo, práticas e metodologias inclusivas! Esta lei de autonomia acabou de vez com a autonomia das escolas, pois todas são forçadas a obedecer às novas desorientações do ME!) O ME despachou os seus políticos, inspectores e formadores para as escolas, para coagir e catequizar os professores nos «novos» e prodigiosos desígnios educativos. Acontece que estes funcionários ignoram o mundo concreto das escolas. Conclusão: o caos instalou-se nas escolas. Ninguém se entende. Ninguém enxerga os caminhos que, supostamente, devem ser trilhados. Ninguém consegue descodificar, operacionalizar e adaptar à realidade nacional os decretos-lei 54 e 55 de 2018 e o «Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória». Poucos acreditam na viabilidade pedagógica desta «coisa» — exceto aqueles que lucraram com ela e aqueloutros cujo espírito está somente preparado para obedecer sem pensar.
Quais as consequências desta trapalhada? A transmissão de conhecimento e de ciência estão a regredir na escola. Todavia, o sucesso escolar vai crescer, a olhos vistos, graças a métodos pedagógicos inconsequentes, provas de aferição e exames levianos e critérios de avaliação que tornam os alunos idiotas inimputáveis (pobres dos alunos excelentes, bons e medianos!). A ponto de, no final do ano lectivo, a máquina de propaganda do ME poder anunciar, à cidade e ao mundo, o êxito retumbante do seu folclore educativo. Razão tinha Ortega y Gasset quando escreveu A Rebelião das massas. É tão fácil burlar o «homem-massa». Está a ser tão fácil converter de novo a sociedade de massas a um mundo distópico dominado por ditadores de opereta.
Professor de História em Oliveira do Hospital, mestre em História Económica e Social Contemporânea e doutorado em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra. Investigador colaborador do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra (CEIS20). Autor dos livros O sol bailou ao meio-dia. A criação de Fátima (2015), Tomás da Fonseca. Missionário do povo (2016), Fátima. A (des)construção do mito (2017). 
COMENTÁRIOS
Espártaco Galaécio: Felicito-o pela visão crítica das políticas imbecilizantes com que o sistema está a destruir o SISTEMA DE VALORES da sociedade portuguesa! Conheço a obra de Tomás da Fonseca e dou-lhe os meus sinceros parabéns pelo contributo que tem dado para a sua divulgação. Os legados de pensamento de Tomás da Fonseca, Aquilino Ribeiro, Manuel de Arriaga, Eça de Queirós, Guerra Junqueiro são são indispensáveis para que Portugal continue a existir.
Carlos Ferreira: Permita-me corrigir; "A transmissão de conhecimento e de ciência está a regredir na escola". De resto, a escola  anda a par de uma sociedade cada vez mais alienada onde o individualismo impera e a satisfação imediata é a regra. A maioria das crianças não tem projecto de vida onde entre o conhecimento e o esforço para o alcançar, os pais da petizada também já não acreditam na escola como elevador social, cada vez mais ter formação ou não ter equivale a emprego precário e mal pago,  os progenitores não têm autoridade nem paciência/resiliência para educar, dando o exemplo de que é com esforço e trabalho que se alcança o sucesso. É preciso responder ao desígnio do sucesso obrigatório legislado, medido em diplomas atribuídos, depois o cidadão que se desenrasque por conta própria, porque isso da inclusão e do cuidar do outro e do ser feliz a aprender a aprender só funciona mesmo utopicamente na escola. Na vida real é outra coisa, desqualificar a escola pública diminuindo a exigência e fabricando o sucesso é acentuar as desigualdades sociais, o resto é conversa para papalvos. 
Amora Bruegas: Artigo interessante, demonstrativo da bandalheira educacional e instrutiva que vai nas Escolas, com a catequização forçada do marxismo-cultural..., onde a democracia é a fachada ideal. Mas revela contradições na medida em que é o branqueador de um indivíduo apoiante da violência, tortura, morte e muita miséria gerada pelos republicanos em 1910. Refiro-me ao republicano e estalinista, Tomás da Fonseca. Aparentemente tinha boas intenções..., Lenine, Cunhal, Mao e HChavez também as tinham (dizem...) e viu-se nas tragédias que originaram!
Simão Thomaz de Vilhena > Amora Bruegas: Este dito “historiador” só está a provar do veneno que ajudou a espalhar. Após ter inventado tanta mentira e ter deturpado tanto facto acerca de Fátima e da Igreja, agora está apenas a ter exactamente o que merece: ser obrigado a vergar-se sem piar ao tirânico regime socialista, republicano e laico.
João João: Isto é fruto de uma sociedade a caminho do socialismo pleno.
Quando mais estúpidas e burras forem as crianças, mais fáceis são de controlar e dominar.
O controle a educação é importantíssimo para doutrinar crianças na miséria intelectual que é o marxismo.
Amora Bruegas > João João: Muito bem observado..., tal como os republicanos tentaram a partir de 1910, embora o veneno já o tivessem infiltrado no ensino com apoio da maçonaria nos idos do séc. XIX.
Fly Man: Feliz de quem tem dinheiro, é sempre assim por muito socialista que a sociedade seja, pois pode recorrer ao ensino privado, onde as regras são outras. e os filhos podem ser munidos de ferramentas que os capacitam de outra forma para o mundo competitivo em que vivemos. Os outros... que abram os olhos e votem em políticas em vez de votar em políticos.
Mosava Ickx: Perfeito, a introdução já é um resumo brilhante da situação. O pior é que este artigo não descreve uma exclusividade de Portugal, o marxismo cultural destruidor invade grande parte da Europa, perigoso!
Espártaco Galaécio >Mosava Ickx: Marx viveu no seu tempo e criou as bases para o materialismo dialéctico. Desgraçadamente o sistema está afectado pela "doença infantil"...
Rui Krull: PAGA HOX BOVINO ZÉ POVINHO QUE AMANHÃ SEM JUIZINHO O MENINO LUISINHO MANDA TUDO PRO LIXINHO, O CADERNINHO O LIVRINHO E O COMERZINHO. OH TÃO  POUCOCHINHO BÁLHA-NOS SÃO JORGINHO. VENHAM VER, VENHAM VER O XUXALISMO A APODRECER OH! OH! OH! EIS OUTRA PRAGA CAVERNACULAR, OH SE VAI CRESCER ACOMODAMENTE EM MENTIRA, IMUNDÍCIE E CRUZINHAS AOS MOLHINHOS PARA TONTINHOS BOVINOS COITADINHOS. E 9s FORA UMA POUCA DE ME...
ProtoTypical: Exame clarividente, esclarecido e pertinente. De facto, a Democracia mais não faz do que nivelar por baixo; e se as sumas sapiências que polvilham o Ministério da Educação e, de forma geral, todo o aparelho estatal, estivessem a par do conhecimento adquirido em domínios como a inteligência, não só se envergonhariam das suas imbecilidades, como rapidamente tratariam de incrementar o subsídio do ensino professional e de facultar uma autonomia bem mais considerável às instituições escolares. Não admira que cada vez menos jovens nutram a ilusão de uma carreira na docência; nem admira que cada vez menos jovens tenham um conhecimento satisfatório nos mais variados domínios do conhecimento. Uns em nome da tacanhez fiscal, outros de uma falsa igualdade: e todos em nome da destruição da Escola.
miguel Coelho: normalmente não perfilho estas perspectivas catastróficas, mas há 3 verdades irredutíveis:
- há uma massa gigantesca de alunos que são empurrados administrativamente para terminar a escolaridade sem uma correspondente qualidade das suas aprendizagens;
- a inspecção anda a obrigar as direcções das escolas à adopção de processos pedagógicos (também porque os professores, por passividade ignorante(?), o permitem), por exemplo em relação ao trabalho a pares nas escolas com piores resultados (incrível esta associação! e nós a ver);
- a população detesta os professores, e isso vê-se realmente na reacção diferente às greves dos enfermeiros e dos professores. Nestes últimos tudo é criticável.

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