O texto de Salles da Fonseca “RECORDANDO…” com uma imagem do Zé
Povinho alimentando porcos a comer em várias gamelas, espelha um tom
deprimido, embora, em fim de contas, orgulhoso pelos quinze anos do seu “A BEM DA NAÇÃO”, em que foi
corajosamente erguendo uma voz, não de estridência mas de incontestável
ousadia, quer de indignação, quer de humor, contra os desmandos que como
português de boa cepa, desejou contrariar, levando-nos a viajar com ele pelo
mundo das suas férias - enriquecedoras, não só pelos descritivos, como pelos
confrontos estabelecidos com o “assi me
vai” surpreso, pelos nossos despenhadeiros macarrónicos, de tolice constante
e acelerada para o abismo.
Não, não lhe faço a ofensa de
comparar o seu tom deprimido com o do Álvaro de Campos de OPIÁRIO,
de um decadentismo de rebuscamento e niilismo um tanto snobes.
…Os ingleses são feitos pra existir.
Não há gente como esta pra estar feita
Com a Tranquilidade. A gente deita
Um vintém e sai um deles a sorrir.
Não há gente como esta pra estar feita
Com a Tranquilidade. A gente deita
Um vintém e sai um deles a sorrir.
Pertenço a um género de portugueses
Que depois de estar a Índia descoberta
Ficaram sem trabalho. A morte é certa.
Tenho pensado nisto muitas vezes…. (Álvaro de Campos, OPIÁRIO)
Que depois de estar a Índia descoberta
Ficaram sem trabalho. A morte é certa.
Tenho pensado nisto muitas vezes…. (Álvaro de Campos, OPIÁRIO)
Também não necessita do
estímulo do “Tudo vale a pena se a alma não é pequena” do autor da “Mensagem”.
Salles da Fonseca não precisa dele. O
“A BEM DA NAÇÃO” tem de continuar, perdido,
embora, o “Mar Português” das glórias
passadas, o “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, o “Deus quis que a terra fosse uma,
/ que o mar unisse, já não separasse”. O certo é que a catástrofe que
se vive hoje resultou também dessa junção.
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 03.02.19
Porque
recordar é viver, lembremo-nos de que este blog fez 15 anos no passado mês de
Janeiro.
Nasceu
porque eu estava farto de ver, ouvir e ler toda a gente a dizer mal do meu dogma,
Portugal.
E,
passados todos estes anos, pergunto: de que valeu? Fevereiro de 2019
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