Há quem queira reconhecer a sua
sagacidade, caso da primeira comentadora, ana cristina, ou AndradeQB. Há quem o pretenda diminuir,
caso de Mário Orlando Moura Pinto. VPV não se
importará, superior à mesquinhez facciosa de comentadores atrabiliários. Mesmo
quando se engana, devemos beber-lhe as lições, ditadas pela autenticidade do
seu saber livresco e humanista.
OPINIÃO
Diário
Vasco Pulido Valente diz que Santana
Lopes que "presidiu ao mais desastroso governo constitucional pretende
agora levar uma facção de anónimos a uma nova derrota".
VASCO PULIDO VALENTE PÚBLICO, 16 de Fevereiro de 2019
A superioridade intelectual de Marcelo
sobre os três sábios da Quadratura do Círculo - hoje com outro nome -
foi impressionante e também foi impressionante a reverência e o medo com que
os três sábios o trataram. Nestas coisas,
Marcelo é perigosíssimo.
10 de Fevereiro: O
Presidente, o governo e comentadores selectos estão muito preocupados com
o crowdfunding e com a greve
heterodoxa dos enfermeiros. Não me interessam os argumentos de
oportunidade; são a cozinha do costume. Mas, por trás deles, está o horror a
que os sindicatos se tornem independentes dos partidos. A CGTP e a UGT são
parceiros conhecidos, com quem se pode negociar; negociar directamente com
grevistas é muito diferente. Este conservadorismo apoia-se numa lenda histórica. As
centrais sindicais nasceram, de 1920 a 1930, com a divisão do movimento
socialista entre a II e a III Internacional, no fundo, entre social-democratas
e comunistas. Antes,
as divisões eram outras e a tendência para a unidade muito mais forte. De
resto, o crowdfunding também era frequente. Na maior greve
portuguesa da era moderna, a greve dos têxteis do Porto, em 1903, abriram-se
subscrições por todo o país e até foi elegante contribuir. Mesmo João Franco,
se bem me lembro, deu a sua esmola.
11 de Fevereiro: O “menino
guerreiro” envelhecido, Pedro Santana Lopes, discursou em Évora. Este homem, que nunca
conseguiu ser eleito chefe do PSD, que chegou fortuitamente a primeiro-ministro
e que presidiu ao mais desastroso governo constitucional, pretende agora levar
uma facção de anónimos a uma nova derrota.
12 de Fevereiro: A guerra de António Costa com os enfermeiros, com os
professores, com os polícias, com todo o funcionalismo, põe a
questão fundamental da política portuguesa: temos dinheiro para pagar o Estado
que temos? ou, mais exactamente, temos dinheiro para pagar o Estado de que
precisamos? ou, indo mais longe, temos dinheiro para pagar o
Estado que, por comparação com a Europa, achamos que devíamos ter? A resposta a
estas três perguntas é não.
13 de Fevereiro: Vinte e seis
militantes do Bloco saíram com estrondo do partido por dissidência política com
a direcção. Acusam
Catarina Martins e os seus pares de se terem “institucionalizado”,
ou seja, aburguesado. É o conflito clássico dos partidos radicais desde o
fundo dos tempos. Por um lado, querem igualdade. E, por outro, promoção social.
O mentor do Bloco, Francisco Louçã, é um bom exemplo disso: de
revolucionário ardente e delegado aos congressos da Internacional trotskista
chegou ao Conselho de Estado, ao conselho consultivo do Banco de Portugal, a
professor catedrático do ISEG e a colunista do Expresso e comentador
residente da SIC, os órgãos por excelência da ortodoxia do regime. Não
percebo como os 26 “puros” militantes de hoje só agora deram pelo que se estava
a passar.
14 de Fevereiro: O governo do
sr. Pedro Sánchez era em si próprio uma provocação, era o governo da grande
aliança da guerra civil: o PSOE e os separatismos. Acabou ontem,
como a República, em Barcelona. Mas,
de caminho, levantou a direita do chão. Sem surpresa, a direita congregou-se à
volta da primeira causa de Franco: a “Espanha una e indivisível”. A esmagadora
maioria dos espanhóis não quer a dissolução da Espanha em pequenos reinos
medievais. Mais, a passagem de súbdito da quinta potência europeia a um
estatuto provinciano como o da putativa Catalunha é um absurdo. A propósito, é extraordinária a complacência da
esquerda, que grita por aí contra os populismos, com o mais típico e o mais
perverso de todos eles: o republicanismo catalão, que pretende fechar um
território sem fronteiras históricas, numa língua que ninguém fala.
15 de Fevereiro: Com licença do sr. Rui Santos, Papa dos comentadores
desportivos, o problema do futebol português é um e só um: as
bancadas vazias nos estádios de província.
COMENTÁRIOS:
ana cristina, Lisboa
et Orbi : este homem é
uma seta espetada no alvo. será que há mais assim e, por alguma razão, se
calam? será que é o único a ver o que vê? Temos como presidente um potezinho de
veneno? certo. pânico dos partidos sobre grevistas independentes? Certo..
nulidade do santana? certo. estado balão desproporcionado em relação à riqueza
do país? certo. bloco aburguesado? certo. estádios vazios? certo. catalunha
independente? aí falha o alvo, mas bom…. excepção que confirma a regra. Responder
Mário Orlando Moura Pinto, Setúbal : O mentor do Bloco, Francisco Louçã, é um bom
exemplo disso: de revolucionário ardente e delegado aos congressos da
Internacional trotskista chegou ao Conselho de Estado, ao conselho consultivo
do Banco de Portugal, a professor catedrático do ISEG e a colunista do Expresso
e comentador residente da SIC, os órgãos por excelência da ortodoxia do regime.
(...)". Já a Vasco Pulido Valente ninguém quer para coisa alguma e eles
lá sabem porquê. "alvo"? Não será antes
"alvos", dado que este Sr. "dispara" em todas as direcções
com o intuito - penso eu - de (dada a sua falta de pontaria) acertar num que
seja?
"O
mentor do Bloco, Francisco Louçã, é um bom exemplo disso: de revolucionário
ardente e delegado aos congressos da Internacional trotskista chegou ao
Conselho de Estado, ao conselho consultivo do Banco de Portugal, a professor
catedrático do ISEG e a colunista do Expresso e comentador residente da SIC, os
órgãos por excelência da ortodoxia do regime. (...)". Já a Vasco Pulido
Valente ninguém quer para coisa alguma e eles lá sabem porquê.
António Cunha: Pensava
que era desta que VPV ía falar do CDS/PP. No dia 14 a TVI passou uma bela
reportagem que expõe os moldes com que o governo PàF, do qual Cristas fez
parte, cozinhou a venda do Pavilhão Atlântico por 1/3 do seu valor. Luís
Montez, mesmo sem dinheiro nenhum conseguiu um excelente empurrão! Tempos
gloriosos da direita portuguesa, hã? Neste diário ficámos a saber por quem VPP nutre
profundos ciúmes: Pacheco Pereira e Francisco Louçã. Porque será, ... ?
ana cristina, Lisboa et Orbi : quando alguém aponta para a lua, o antónio
foca a sua atenção todinha no dedo.
Eu mesmo, Algures de Cima: Digam aos finlandeses para voltarem a pertencer à
Rússia! O Russo é uma grande língua e a Rússia é uma potência mundial. O VPV
que vá a Helsínquia dizer aos finlandeses para acabarem com esse disparate da
independência...
Si Maqian, Lisboa Esta da Catalunha querer ser um país pequenino. Quem
dá importância à opinião da Bélgica e da Dinamarca e estou a falar de países
ricos? Já a opinião da Espanha na Europa é bem diferente. O problema do Catalão
é que fora da Catalunha ninguém o fala, enquanto o Castelhano é a quarta, se
não estou em erro, língua mais falada no mundo e a segunda língua segunda mais
usada. O nível intelectual de Marcelo é muito grande, sem dúvida, mas Pacheco
Pereira está no mesmo patamar.
Eu mesmo: Algures de Cima: Os
povos querem um equilíbrio entre identidade e prosperidade. Os dinamarqueses,
noruegueses, gregos, finlandeses, suecos, suíços, luxemburgueses, checos,
eslovacos, croatas, eslovenos, italianos, polacos, húngaros, búlgaros, romenos,
malteses, andorrenhos, holandeses, letões, estónios, lituanos, bielo-russos,
israelitas e tantos, tantos outros povos querem lá saber se as línguas deles
são pouco ou muito faladas. O que é que isso interessa?! O que interessa é os
povos tenham direito a mandar em si mesmos!
Si Maqian, Lisboa "[os] povos querem lá saber se as línguas deles
são pouco o muito faladas. O que é que isso interessa?!". Esta é forte e
nem vale a pena argumentar. Os finlandeses são completamente diferentes dos
russos. Perguntem aos da Karelia russa se não gostavam de pertencer à
Finlândia.
António Cunha: O diário do dia da Quadratura do Círculo denota ciumeira
de VPV. Óbvio que Pacheco Pereira é mais inteligente que Marcelo. Apenas não é
mais esperto, …
Eu mesmo,
Algures de Cima : A lógica do
VPV que liga o direito à autodeterminação à quantidade de gente que fala uma
língua é tão boa quanto o mau "uísque". Só na Europa, teríamos todos
os países nórdicos, todos os países de leste (Rússia à parte) e todos os países
balcânicos sem saberem o que fazer à vida. E Itália? Nem em toda a Itália se
fala "italiano"... Grego? Mas quem fala grego por esse mundo fora? E
holandês? Não faria sentido que a Alemanha absorvesse todos aqueles paisecos da
Europa central?
Eu mesmo, Algures de Cima: Eh pá, mais um que resolveu meter o pé na argola ao
falar da Catalunha. Mais um que não se explica mas que alinha pelo diapasão
"imperialista" espanhol. Ninguém fala catalão? Fala, fala! E o
problema é que sempre os quiseram calar!
Reparei Reparei: A Espanha é um país onde nunca deixou de haver
nacionalismos regionais. O imperialismo de que fala é sobretudo Castelo-Leonês.
A Espanha acaba por ser um país com duas faces. Uma a imperialista, e a outra
que não implica ingerência no que é alheio. Só consigo imaginar uma
Catalunha independente pelo recurso à defenestração.
AndradeQB, Porto 09:06:VPV certeiro como sempre. Somente me parece que
relativamente à prestação de Marcelo na Circulatura do Quadrado a superioridade
intelectual de Marcelo resulta (no tempo do programa) exclusivamente da
reverência canina dos três sábios. Os "três sábios" têm interesses
próprios, o que os obrigaria a não se prestar ao triste papel que tiveram.
Reparei Reparei: às vezes penso que o nosso país é tão rico em ilusão
que até um projecto como este poderá vingar. Eu vejo a Aliança como uma utopia
de direita. A promessa de um Portugal ao nível de uns Estados Unidos, também
irreal, onde todo o português por mais incapaz que seja arranjará o seu espaço
de realização pessoal. Ora incapazes com dinheiro, ou perto de arranjar
dinheiro, é o que se vê mais por aí, a começar pelo líder deste partido.
Quantos deles resistirão a esta ilusão? O que distingue quem sucede na vida não
é o dinheiro, ou as oportunidades que se têm, mas a capacidade de usar estes
meios. Em geral estes "senhores" acreditam que o dinheiro é um fim e
não um meio.
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