sábado, 16 de fevereiro de 2019

Lições magistrais



Há quem queira reconhecer a sua sagacidade, caso da primeira comentadora, ana cristina, ou AndradeQB. Há quem o pretenda diminuir, caso de Mário Orlando Moura Pinto. VPV não se importará, superior à mesquinhez facciosa de comentadores atrabiliários. Mesmo quando se engana, devemos beber-lhe as lições, ditadas pela autenticidade do seu saber livresco e humanista.
OPINIÃO           Diário
Vasco Pulido Valente diz que Santana Lopes que "presidiu ao mais desastroso governo constitucional pretende agora levar uma facção de anónimos a uma nova derrota".
VASCO PULIDO VALENTE      PÚBLICO, 16 de Fevereiro de 2019
A superioridade intelectual de Marcelo sobre os três sábios da Quadratura do Círculo - hoje com outro nome - foi impressionante e também foi impressionante a reverência e o medo com que os três sábios o trataram. Nestas coisas, Marcelo é perigosíssimo.
10 de Fevereiro: O Presidente, o governo e comentadores selectos estão muito preocupados com o crowdfunding e com a greve heterodoxa dos enfermeiros. Não me interessam os argumentos de oportunidade; são a cozinha do costume. Mas, por trás deles, está o horror a que os sindicatos se tornem independentes dos partidos. A CGTP e a UGT são parceiros conhecidos, com quem se pode negociar; negociar directamente com grevistas é muito diferente. Este conservadorismo apoia-se numa lenda histórica. As centrais sindicais nasceram, de 1920 a 1930, com a divisão do movimento socialista entre a II e a III Internacional, no fundo, entre social-democratas e comunistas. Antes, as divisões eram outras e a tendência para a unidade muito mais forte. De resto, o crowdfunding também era frequente. Na maior greve portuguesa da era moderna, a greve dos têxteis do Porto, em 1903, abriram-se subscrições por todo o país e até foi elegante contribuir. Mesmo João Franco, se bem me lembro, deu a sua esmola.
11 de Fevereiro: O “menino guerreiro” envelhecido, Pedro Santana Lopes, discursou em Évora. Este homem, que nunca conseguiu ser eleito chefe do PSD, que chegou fortuitamente a primeiro-ministro e que presidiu ao mais desastroso governo constitucional, pretende agora levar uma facção de anónimos a uma nova derrota.
12 de Fevereiro: A guerra de António Costa com os enfermeiros, com os professores, com os polícias, com todo o funcionalismo, põe a questão fundamental da política portuguesa: temos dinheiro para pagar o Estado que temos? ou, mais exactamente, temos dinheiro para pagar o Estado de que precisamos? ou, indo mais longe, temos dinheiro para pagar o Estado que, por comparação com a Europa, achamos que devíamos ter? A resposta a estas três perguntas é não.
13 de Fevereiro: Vinte e seis militantes do Bloco saíram com estrondo do partido por dissidência política com a direcção. Acusam Catarina Martins e os seus pares de se terem “institucionalizado”, ou seja, aburguesado. É o conflito clássico dos partidos radicais desde o fundo dos tempos. Por um lado, querem igualdade. E, por outro, promoção social. O mentor do Bloco, Francisco Louçã, é um bom exemplo disso: de revolucionário ardente e delegado aos congressos da Internacional trotskista chegou ao Conselho de Estado, ao conselho consultivo do Banco de Portugal, a professor catedrático do ISEG e a colunista do Expresso e comentador residente da SIC, os órgãos por excelência da ortodoxia do regime. Não percebo como os 26 “puros” militantes de hoje só agora deram pelo que se estava a passar.
14 de Fevereiro: O governo do sr. Pedro Sánchez era em si próprio uma provocação, era o governo da grande aliança da guerra civil: o PSOE e os separatismos. Acabou ontem, como a República, em Barcelona. Mas, de caminho, levantou a direita do chão. Sem surpresa, a direita congregou-se à volta da primeira causa de Franco: a “Espanha una e indivisível”. A esmagadora maioria dos espanhóis não quer a dissolução da Espanha em pequenos reinos medievais. Mais, a passagem de súbdito da quinta potência europeia a um estatuto provinciano como o da putativa Catalunha é um absurdo. A propósito, é extraordinária a complacência da esquerda, que grita por aí contra os populismos, com o mais típico e o mais perverso de todos eles: o republicanismo catalão, que pretende fechar um território sem fronteiras históricas, numa língua que ninguém fala.
15 de Fevereiro: Com licença do sr. Rui Santos, Papa dos comentadores desportivos, o problema do futebol português é um e só um: as bancadas vazias nos estádios de província.
COMENTÁRIOS:
ana cristina, Lisboa et Orbi : este homem é uma seta espetada no alvo. será que há mais assim e, por alguma razão, se calam? será que é o único a ver o que vê? Temos como presidente um potezinho de veneno? certo. pânico dos partidos sobre grevistas independentes? Certo.. nulidade do santana? certo. estado balão desproporcionado em relação à riqueza do país? certo. bloco aburguesado? certo. estádios vazios? certo. catalunha independente? aí falha o alvo, mas bom…. excepção que confirma a regra. Responder
Mário Orlando Moura Pinto, Setúbal : O mentor do Bloco, Francisco Louçã, é um bom exemplo disso: de revolucionário ardente e delegado aos congressos da Internacional trotskista chegou ao Conselho de Estado, ao conselho consultivo do Banco de Portugal, a professor catedrático do ISEG e a colunista do Expresso e comentador residente da SIC, os órgãos por excelência da ortodoxia do regime. (...)". Já a Vasco Pulido Valente ninguém quer para coisa alguma e eles lá sabem porquê.  "alvo"? Não será antes "alvos", dado que este Sr. "dispara" em todas as direcções com o intuito - penso eu - de (dada a sua falta de pontaria) acertar num que seja?
"O mentor do Bloco, Francisco Louçã, é um bom exemplo disso: de revolucionário ardente e delegado aos congressos da Internacional trotskista chegou ao Conselho de Estado, ao conselho consultivo do Banco de Portugal, a professor catedrático do ISEG e a colunista do Expresso e comentador residente da SIC, os órgãos por excelência da ortodoxia do regime. (...)". Já a Vasco Pulido Valente ninguém quer para coisa alguma e eles lá sabem porquê.
António Cunha: Pensava que era desta que VPV ía falar do CDS/PP. No dia 14 a TVI passou uma bela reportagem que expõe os moldes com que o governo PàF, do qual Cristas fez parte, cozinhou a venda do Pavilhão Atlântico por 1/3 do seu valor. Luís Montez, mesmo sem dinheiro nenhum conseguiu um excelente empurrão! Tempos gloriosos da direita portuguesa, hã? Neste diário ficámos a saber por quem VPP nutre profundos ciúmes: Pacheco Pereira e Francisco Louçã. Porque será, ... ?
ana cristina, Lisboa et Orbi : quando alguém aponta para a lua, o antónio foca a sua atenção todinha no dedo.
Eu mesmo, Algures de Cima: Digam aos finlandeses para voltarem a pertencer à Rússia! O Russo é uma grande língua e a Rússia é uma potência mundial. O VPV que vá a Helsínquia dizer aos finlandeses para acabarem com esse disparate da independência...
António Cunha: Bem observado. Que terá VPV a acrescentar?
Si Maqian, Lisboa  Esta da Catalunha querer ser um país pequenino. Quem dá importância à opinião da Bélgica e da Dinamarca e estou a falar de países ricos? Já a opinião da Espanha na Europa é bem diferente. O problema do Catalão é que fora da Catalunha ninguém o fala, enquanto o Castelhano é a quarta, se não estou em erro, língua mais falada no mundo e a segunda língua segunda mais usada. O nível intelectual de Marcelo é muito grande, sem dúvida, mas Pacheco Pereira está no mesmo patamar.
Eu mesmo: Algures de Cima: Os povos querem um equilíbrio entre identidade e prosperidade. Os dinamarqueses, noruegueses, gregos, finlandeses, suecos, suíços, luxemburgueses, checos, eslovacos, croatas, eslovenos, italianos, polacos, húngaros, búlgaros, romenos, malteses, andorrenhos, holandeses, letões, estónios, lituanos, bielo-russos, israelitas e tantos, tantos outros povos querem lá saber se as línguas deles são pouco ou muito faladas. O que é que isso interessa?! O que interessa é os povos tenham direito a mandar em si mesmos!
Si Maqian, Lisboa "[os] povos querem lá saber se as línguas deles são pouco o muito faladas. O que é que isso interessa?!". Esta é forte e nem vale a pena argumentar. Os finlandeses são completamente diferentes dos russos. Perguntem aos da Karelia russa se não gostavam de pertencer à Finlândia.
António Cunha: O diário do dia da Quadratura do Círculo denota ciumeira de VPV. Óbvio que Pacheco Pereira é mais inteligente que Marcelo. Apenas não é mais esperto, …
Eu mesmo, Algures de Cima : A lógica do VPV que liga o direito à autodeterminação à quantidade de gente que fala uma língua é tão boa quanto o mau "uísque". Só na Europa, teríamos todos os países nórdicos, todos os países de leste (Rússia à parte) e todos os países balcânicos sem saberem o que fazer à vida. E Itália? Nem em toda a Itália se fala "italiano"... Grego? Mas quem fala grego por esse mundo fora? E holandês? Não faria sentido que a Alemanha absorvesse todos aqueles paisecos da Europa central?
Eu mesmo, Algures de Cima: Eh pá, mais um que resolveu meter o pé na argola ao falar da Catalunha. Mais um que não se explica mas que alinha pelo diapasão "imperialista" espanhol. Ninguém fala catalão? Fala, fala! E o problema é que sempre os quiseram calar!
Reparei Reparei: A Espanha é um país onde nunca deixou de haver nacionalismos regionais. O imperialismo de que fala é sobretudo Castelo-Leonês. A Espanha acaba por ser um país com duas faces. Uma a imperialista, e a outra que não implica ingerência no que é alheio. Só consigo imaginar uma Catalunha independente pelo recurso à defenestração.
AndradeQB, Porto 09:06:VPV certeiro como sempre. Somente me parece que relativamente à prestação de Marcelo na Circulatura do Quadrado a superioridade intelectual de Marcelo resulta (no tempo do programa) exclusivamente da reverência canina dos três sábios. Os "três sábios" têm interesses próprios, o que os obrigaria a não se prestar ao triste papel que tiveram.
Reparei Reparei: às vezes penso que o nosso país é tão rico em ilusão que até um projecto como este poderá vingar. Eu vejo a Aliança como uma utopia de direita. A promessa de um Portugal ao nível de uns Estados Unidos, também irreal, onde todo o português por mais incapaz que seja arranjará o seu espaço de realização pessoal. Ora incapazes com dinheiro, ou perto de arranjar dinheiro, é o que se vê mais por aí, a começar pelo líder deste partido. Quantos deles resistirão a esta ilusão? O que distingue quem sucede na vida não é o dinheiro, ou as oportunidades que se têm, mas a capacidade de usar estes meios. Em geral estes "senhores" acreditam que o dinheiro é um fim e não um meio.

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