quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Confesso que não entendi



Sempre ouvi dizer que a sociedade está cada vez mais envelhecida e dificilmente os “ainda” jovens poderão assumir os encargos da administração pública no que respeita às reformas dos velhos. Por tal motivo, desde que me reformei que tenho sentido peso na minha consciência pelo peso no orçamento do Estado que a minha vida actual tem constituído para o meu país, que tem o encargo de me pagar o vencimento de hoje, para o qual parece que descontei, mas não o suficiente, ao que se afirma, país com a nossa fragilidade de recursos, o que também se afirma, vivendo, como sempre, do imposto e do empréstimo, como já acontecia no tempo do Eça, vício a que Salazar pôs cobro, o que também se disse, embora a maioria aponte a vida de mediocridade no tempo dele, sobretudo entre as classes mais medianas, naturalmente exploradas pelos que forneciam os empregos e arrecadavam as massas em quantidade abusiva, na exploração e na humilhação dos que contribuíam para que eles as angariassem. Até já me passou pela cabeça lançar-me de uma das pontes – de preferência a “Vasco da Gama”, que não tem linha de comboio ainda, e por isso a minha morte passaria mais discretamente, sem tantos mirones a levantar suspeitas sobre os motivos de tão drástica atitude, lançando intrigas mesquinhas, as quais não poupam sequer os modestos anonimatos, mas das bocas do mundo ninguém se livra, mesmo que se seja de vetusta idade, e agora já não há Poirots a elucidar brilhantemente sobre os crimes e os suicídios, o que seria mais nobremente romanesco do que as actuais intrigas dos telejornais ou mesmo dos convívios populares televisivos.
Todo este desordenado memorial, tendo realmente a ver com o sentimento de culpa que me assiste por ainda existir, a pesar no saco orçamental, vem a propósito do texto de opinião de Salles da Fonseca, sobre a carga fiscal, propondo mesmo a desvinculação do sistema de ensino, não sei se por achar que os professores são demasiados, se são inúteis e se devem ir à vida, por conta dessa carga fiscal.
Acho tremendamente inconsistente, este ponto de vista tão soturno e leviano. Deve haver outro sentido mais construtivo no texto de Salles da Fonseca, que habitualmente sorri, embora como todos fazemos hoje... com esgares.

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
 A BEM DA NAÇÃO, 19.02.19

Eles, ali em baixo assinados, declararam solenemente cumprir com lealdade as funções que lhes foram confiadas.

A ver… dentro de meses, o veredicto será dos contribuintes eleitores.

Entretanto,

DIZ A DIRECÇÃO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO E DO EMPREGO PÚBLICO QUE

Em Dezembro de 2018, o emprego no sector das administrações públicas se situava em 683.469 postos de trabalho, revelando um aumento de 2,1% em termos homólogos (mais 14.190 postos de trabalho).

E DIGO EU QUE
Não há Contribuinte que possa suportar tamanha carga fiscal e que está mais do que na hora de desvincular o sistema de ensino.



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