sábado, 27 de março de 2021

Nova História se fabrica


Jaime Nogueira Pinto, secundado pelos seus comentadores, esclarece. Aprender até morrer. Mas, de facto, já há muito que a penetração da China no mundo tranquilo de cá – julgo que não se mete nos conflitos do Médio-Oriente, o que é pena – se faz sentir. Até que dão jeito, as lojas chinesas, com a sua fartura colorida e aldrabada…

Aproveito para, a mando da Catarina, enviar um chi-coração à minha mãe, que faria hoje 114 anos e que nunca aqui pôs os pés nas lojas chinesas, que não têm a categoria que tinha, em Lourenço Marques, a “Casa Coimbra”, onde nos comprava as roupas, casa que era paquistanesa e imponente, embora sem a pretensão de dominar o mundo, como as chinesas daqui, com a mesquinhez da sua redução a uma única – às vezes duas – presenças silenciosas, altivamente avessas a aprender a língua portuguesa, figuras hirtas, como bonecos mal articulados, ali postos apenas para fazer as contas na caixa…  

EUA vs RPC: os pontos quentes da nova Guerra Fria /premium

Ainda ninguém com a argúcia de um Orwell baptizou o tipo de guerra que agora vivemos, nem alguém com a dimensão Kennan sintetizou as raízes da conduta chinesa para articular uma estratégia de resposta

JAIME NOGUEIRA PINTO

OBSERVADOR, 26 mar 2021

Numa ordem mundial que deixou de ser bipolar, o duelo entre os Estados-Unidos e a China, que tem vindo a ganhar espaço e importância, promete condicionar a geopolítica internacional na próxima década. E o duelo não se esgota naquilo a que Graham T. Allison chamou a “armadilha de Tucídides”, referindo-se à ameaça à hegemonia de Esparta que a ascensão de Atenas representou, empurrando os prudentes espartanos para guerra. É uma rivalidade económica e uma oposição de modelos político-sociais que geram a desconfiança e o temor cruzados, com pontos quentes territoriais que podem funcionar como rastilho.

E este profundo antagonismo comercial e político, este quase choque de civilizações, não dá mostras de ter sofrido alterações com a mudança de estilo na Casa Branca, mantendo-se praticamente inalterado quando o republicano ferrabrás Donald Trump deu lugar ao democrático e simpático ancião Joe Biden.

Encontro no Alasca

O recente encontro entre os responsáveis máximos pela política externa de Washington e de Pequim, em Anchorage, no Alasca, mostra-o bem. O encontro juntou, no Hotel Captain Cook, o Secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, o Conselheiro Nacional de Segurança, Jake Sullivan, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e o Director da Comissão Central para os Negócios Estrangeiros do Partido Comunista da China, Yang Jiechi, que foi embaixador nos Estados Unidos entre 2001 e 2005 e depois Ministro dos Negócios Estrangeiros de Pequim, entre 2007 e 2013.

De acordo com o relato oficial do State Department, Blinken começou por falar nos encontros que acabara de ter na Coreia do Sul e no Japão e das “profundas preocupações” que ali tinha partilhado com coreanos e japoneses.  E “as profundas preocupações” então discutidas com os dois aliados –  “dois dos nossos mais próximos aliados” –  incidiam sobre “as acções da China no Sinkiang, em Hong Kong e em Taiwan”, os “ciberataques contra os Estados-Unidos” e a “coerção económica” da China aos “nossos aliados”. Acções que não eram “meros assuntos internos” já que ameaçavam a ordem internacional e as suas regras elementares.

E concluía: “The United States relationship with China will be competitive when it should be, collaborative when it can be, adversarial where it must be”.  Curiosamente, este “competição quando devida, colaboração quando possível, hostilidade quando necessária” aproxima Blinken do “Contenção, Détente e Roll Back”, a estratégia para combater a União Soviética na Guerra Fria, inspirada no “long telegram” de 1946, de George F. Kennan, então número dois da embaixada americana de Moscovo.

Entretanto, no Alasca, toma a palavra o Conselheiro Nacional de Segurança, Sullivan, para continuar ao ataque, referindo a cimeira virtual de Biden com os líderes do chamado grupo “Quad”Índia, Japão, Austrália –, na sexta-feira, 12 de Março; um “encontro histórico” de uma aliança mais ou menos adormecida, que nunca tinha reunido a tão alto nível e que era claramente uma “aliança de democracias” para conter a China. E sublinhou que a prioridade dos Estados-Unidos era o bem dos Estados-Unidos e a protecção dos interesses dos seus parceiros e aliados.

Em resposta, o Conselheiro Yechi contra-atacou com o longo prazo, dizendo que a China esperava, em 2035, acabar a sua etapa de “modernização básica” e terminar, em 2050, “a modernização total”. Falou depois dos sucessos da China no combate à Covid 19 e à pobreza – apesar de o PNB per capita da China ser 1/5 do dos Estados-Unidos.  E passou à unidade da China, sublinhando que “o povo chinês” estava “todo à volta do Partido Comunista Chinês” e que os seus valores eram “os valores comuns da Humanidade”, a saber, “a paz, o desenvolvimento, a decência, a justiça, a liberdade e a democracia”.

E da unidade da China e dos seus valores democráticos seguiu para as divisões e fragilidades da arrogante democracia americana: era importante que os Estados-Unidos “mudassem a sua imagem” e parassem “de promover a sua própria democracia no resto do mundo”, até porque “muita gente nos Estados-Unidos” tinha “pouca confiança na democracia norte-americana”, enquanto na China, “de acordo com os inquéritos de opinião”, os líderes chineses tinham “o largo apoio do povo chinês”.

E voltou à Guerra Fria: os Estados-Unidos tinham de abandonar “a mentalidade de Guerra Fria”; de resto, um dos problemas pendentes no mundo resultava da hipervalorização, pelos Estados-Unidos, da segurança nacional “através da força e da hegemonia financeira” e “levantando obstáculos às actividades comerciais”; enquanto a China actuava com isenção ideológica nas relações ligadas à importação e exportação, isto é, “de acordo com os padrões científicos e tecnológicos.”

E antes de passar aos pontos mais quentes, referiu a conversa telefónica dos presidentes Xi Jinping e Joe Biden, na véspera do Ano Lunar chinês, conversa que estava na base daquele encontro em Anchorage, de que todos esperavam resultados práticos.

Vinha agora a resposta às “profundas preocupações” americanas. O Sinkiang, o Tibete e Taiwan eram “parte inalienável do território da China” e a China opunha-se firmemente à interferência dos Estados-Unidos nos seus assuntos internos: “exprimimos a nossa firme oposição a tal interferência, e adoptaremos acções firmes como resposta”. Quanto aos “direitos humanos”, que dizer dos Estados Unidos? Havia “muitos problemas de direitos humanos nos Estados-Unidos” e não tinham propriamente “começado com o Black Lives Matter”.  Qualquer tentativa para derrubar os “assim chamados Estados autoritários”, estava “condenada ao fracasso”. E seria lícito que os Estados Unidos, “campeões em ciberataques e nas suas tecnologias”, acusassem os chineses de ciberataque?

Para fechar, o Conselheiro disse que esperava que a “competição entre os dois países” fosse “sobretudo económica”, acrescentando, como quem arregimenta o resto do mundo como aliado para o duelo, que nem a América nem o Ocidente “representavam hoje a opinião pública mundial”.

Foi, por fim, a vez do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang, que falou em Mandarim, com intérprete.  Wang foi mais curto e começou por referir-se aos seus interlocutores americanos como “verdadeiros amigos do povo chinês”. Mas só para sublinhar que a China não tinha aceitado no passado – e não ia aceitar no futuro – “acusações americanas”. Identificou depois os últimos anos (os anos de Trump) como anos difíceis nas relações sino-americanas, mostrando-se, por isso, ainda mais surpreendido que, no dia 17 de Março, os Estados-Unidos tivessem escalado as sanções anti-chinesas por causa de Hong-Kong, interferência com que “o povo chinês se sentira ultrajado”.

A (outra) Guerra Fria

A pergunta que está no ar é se não será esta uma nova Guerra Fria. A expressão Guerra Fria é atribuída a Bernard Baruch, o milionário judeu de Nova Iorque conselheiro de Presidentes americanos, de Wodrow Wilson a J.F. Kennedy. Mas quando Baruch a usou em 1947 George Orwell a usara, em Setembro de 1945, poucas semanas depois de Hiroxima, intuindo que, com as armas atómicas, a guerra-guerra, a guerra quente, se tornara racionalmente impossível.

A Guerra Fria foi um conflito de longa duração, com limitações cruzadas: em 1949 a União Soviética adquiria a bomba atómica e em 1953 a bomba de hidrogénio; a partir de então vigorou uma dissuasão bilateral que ultrapassou crises como a dos mísseis de Cuba, em 1962, no tempo de Kennedy e Kruschev. A coexistência pacífica dos anos 60, a Détente dos anos 70 e o “Telefone Vermelho” vêm daí.

A confrontação na Guerra Fria foi essencialmente territorial, em blocos de aliados alinhados formalmente (NATO, Pacto de Varsóvia). Os Estados-Unidos tiveram o cuidado de cercar a URSS de alianças regionais – SEATO, CENTO, OEA – e de apoiar países, movimentos e partidos anticomunistas em todo o mundo. Tal como os soviéticos o fizeram com os países, movimentos e partidos comunistas. Houve apoios e intervenções em  conflitos periféricos, mas houve também sempre o máximo cuidado de parte a parte de evitar o conflito directo, militar, quente.

Será hoje assim  com a República Popular da China?

A China é um Estado ideológico, mas, ao contrário da URSS e dos Estados Unidos na Guerra Fria, não parece querer exportar a sua ideologia, usando-a mais depressa como trunfo privativo. Não tem uma rede de partidos espalhados pelo mundo, com um ideário decalcado do modelo chinês, para promover os ideais chineses ou defender os interesses chineses. Bem pelo contrário, a China, a partir de Deng Xiau Ping, adoptou uma linha exclusiva de nacionalismo identitário capitalista e monopartidário. E na última década, com Xi Jinping, esse poder personalizou-se, num autoritarismo pessoal que foi neutralizando oposições internas, reais ou virtuais. É um regime oficialmente socialista, com centralização estatal, com vigilância, com repressão, mas com uma classe média nascente e com bilionários. Uma pragmática mistura de capitalismo e de socialismo, agilizado pelas empresas estratégicas e pelos novos milionários, levantados do chão mas sujeitos à tutela do Estado ou do Partido, que pode não ter a propriedade ou sequer o lucro dos negócios, mas que tem sobre  todos eles suprema autoridade. O trunfo da competitividade e da eficácia estratégica da China é precisamente o casamento da centralização e da mão pesada do Partido e do Estado, herdada de um socialismo que a China reafirma, com um capitalismo de contrafacção, ou seja, um capitalismo sem “chinesices ocidentais” – sem a rédea solta das liberdades e dos direitos individuais, empresariais e laborais e sem divisões ou oposições internas que se vejam ou se oiçam.

Ao contrário da União Soviética, que tinha uma economia de direcção central regulada estritamente, uma economia alheada do mercado em que os preços eram fixados pela burocracia estatal, a economia chinesa é atenta ao mercado e está internacionalizada, retendo do socialismo só a parte da direcção central, da vigilância orwelliana e da repressão e silenciamento da dissidência.

E o sistema chinês tem sido um sucesso, com taxas de crescimento excepcionais, a criação de uma classe média significativa (que, ao contrário das análises liberais mais optimistas se mantém integrada no Regime) e um avanço relativo em relação às economias industriais tradicionais da Europa e das Américas.

Nós, os mercados terceiros

Até há pouco, ainda em 2014-2015, a coexistência e a cooperação da China com o Ocidente eram modelares. Interesses económicos à frente de tudo, nada de política, cooperação e cooptação das elites empresariais, funcionais e políticas em toda a parte, fixação de indústrias. E Indústrias vindas de um Euromundo que foi desindustrializando, criando frustração, humilhação e ressentimento nas suas classes operárias.

A disputa era por mercados terceiros – como nas guerras anglo-francesas do século XVIII pelas Américas e pela Índia – e pelos recursos de países terceiros, compradores ou vendedores. E os espaços em disputa, a Europa, a África, a América Latina, actuaram como o antigo bloco neutralista na Guerra Fria, falando com ambas as partes e beneficiando disso, sem restrições, enquanto as escolhas não lhes fossem postas.

A linha dura de Trump, o seu nacionalismo identitário e pouco preocupado com as cortesias e retóricas da diplomacia e do multilateralismo, ajudou a manter essa nossa inconsciente douceur de vivre.

Assim, nós, os mercados terceiros, sobretudo os europeus, habituados ao para-raios do atlantismo militar durante a Guerra Fria, fomo-nos queixando do unilateralismo e das ausências da América e fazendo os nossos negócios com a China. E, com Biden já eleito e o ano a acabar, a Europa fechou um acordo comercial União Europeia/China, sem perguntar nada a Washington.

Mas as coisas parecem estar a mudarSerá esta uma nova Guerra Fria? Ainda não apareceu ninguém com a argúcia e a criatividade de Orwell, para baptizar o tipo de guerra que agora vivemos ou vamos viver, nem com a dimensão e a autoridade de Kennan para sintetizar as raízes da conduta chinesa e articular uma estratégia de resposta. Todos temos uma ideia geral das condicionantes históricas da China moderna – o século da humilhação, das guerras do ópio a 1949; a ideia de uma permanente transcendência do tempo curto e médio, até pela longevidade e estabilidade do poder, sempre de olhos postos, como o Conselheiro Yang Jiechi, em 2035 e 2050; a oferta generosa das novas “Rotas da Seda”; os financiamentos abertos para a África; as compras de empresas na Europa.

Com as crescentes tensões e as recentes acusações de parte a parte no encontro do Alasca, há muito quem se pergunte se estaremos perante uma nova Guerra Fria.

Como em todas as guerras ou competições, o que está em causa são países, mercados, pessoas, lealdades, interesses; mas se esta é uma outra Guerra Fria não lhe faltam pontos quentes e emocionais, pontos de honra, possíveis rastilhos, como, para a China, Hong Kong, o Tibete, Taiwan… E, desta vez, há também novas tecnologias, novos atalhos para galgar distâncias, novas rotas cibernéticas, novos sistemas de comunicação, de destruição e de pirataria, com implicações civis e militares.

Mas porque a força do ferro e do fogo, da Terra e do Céu, parece, por agora, contida e interditada, esta, tal como outra, vai ser também, uma guerra de força política. A força para conquistar as cabeças e os corações – ou para os ir ciberatacando, até que se diluam todas as dúvidas e todas as perguntas num marasmo de pequenas vantagens e de consumo imediato e acrítico.

Mas, antes que seja tarde, convém que não nos esqueçamos pelo menos de uma das dúvidas e das perguntas decisivas: preferimos viver num mundo dominado pela América ou pela China?

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COMENTÁRIOS:

Anarquista Inconformado: Caro Jaime Nogueira Pinto, a maioria destes comentários confirma a sua afirmação de sábado passado, que politicamente o povo português tinha muito mais preparação politica nos anos sessenta e setenta do século passado, do que aquela que tem actualmente. E sabemos qual o motivo para isso acontecer, embora cada um de nós esteja em campos diferentes.        Antonio Mendes: Tema importante que precisa de ser revisitado. O nacionalismo Chinês vem do tempo do Chiang Kai Chek que se deixou tentar pelos ideais fascistas. Enquanto a China precisar da globalização para sustentar o seu crescimento económico não deverá ser expansionista militarmente mas será que o regime perante uma crise não se deixará tentar por um nacionalismo agressivo?         Paulo Nunes Do Rosário: Pela América.          bento guerra. Ouvi agora, na TV5, que a China ofereceu 500 milhões de vacinas entre os países onde constrói a sua presença. A guerra das vacinas, outra derrota da indústria europeia         Ahmed Ganybento guerra: Contra a retórica ocidental, o pragmatismo, faz toda a diferença.           Nuno Borges: A situação normal dos povos é a guerra. Seja quente, fria ou morna a guerra pretende sempre sujeitar o outro à nossa vontade, ou dito de outro modo derrotá-lo. O presente ataque biológico da China ao resto do mundo não pode ser considerado guerra fria, é bem quente. Assim como a guerra económica que nos move desde há décadas que pretende o mesmo propósito destruir a nossa indústria. Se Napoleão fez avançar os seus exércitos para depois nos dominar economicamente, o Xi preferiu dominar-nos economicamente para depois fazer avançar o seu exército. Na guerra a nova estratégia costuma vencer a mais antiga e já conhecida.           Ahmed Gany: O que tem feito a China em concreto? Tem injectado biliões de dólares (parte deles até provém da maturidade dos empréstimos aos EUA) a países como: Sri Lanka, Paquistão, A. de Sul, Maldivas, Papua, Laos, Egipto, Mongólia, Quénia, Egipto, Zâmbia, Cazaquistão, Malásia entre outros, para construção de infraestruturas. Ora, esse dinheiro acaba, muitas vezes, nos bolsos dos governantes dos países com elevados índices de corrupção que, incapazes de liquidarem os empréstimos, "hipotecam" a sua soberania (não sendo esse o objectivo principal da China). Portugal, Itália e outros países com economias débeis (e altos níveis de corrupção) fazem parte do roteiro chinês e o porto de Sines é o alvo que se segue.          bento guerraAhmed Gany: "One belt, one road" o polvo global         Nuno Borges > bento guerra: o povo global prostrado diante do trono do dragão          Álvaro Aragão Athayde: Preferimos viver num mundo dominado pela América, ou pela China? Curiosa pergunta! Será que Portugal tem possibilidade de preferir? Não creio que tenha. Talvez fosse melhor perguntar como poderá Portugal evitar naufragar.      Nuno Borges > Álvaro Aragão Athayde: Portugal já se rendeu aos chineses. Que mais poderia fazer um povo que nem no seu exército pode confiar.           Álvaro Aragão AthaydeNuno Borges: Sabe pouca História, caro Nuno Borges, os Chins são aliados desde o tempo da Conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque. E mesmo supondo que o não eram, mesmo supondo que Portugal tinha participado na Segunda Guerra do Ópio, que faria Portugal? Mandaria um submarino para o Mar do Sul da China? Ou, talvez, um Companhia de Comandos para a Formosa, Os Chins ficariam certamente impressionadíssimos!           josé maria: EUA vs RPC : parece uma guerra de cow-boys, os bons de um lado e os maus do outro...           Nuno Borges > josé maria: Os bons somos sempre nós, os maus são sempre os outros. Ou isso ou então mais vale beber a cicuta proverbial, sempre dá menos trabalho.           Manuel Martins:  “preferimos viver num mundo dominado pela América ou pela China?” Em boa parte a resposta a essa pergunta é dada pelos multi-milionários e outros abastados chineses (consta que entre eles o próprio presidente) quando enviam os filhos estudar para os EUA e onde quase todos têm uma residência de reserva e segurança. Isto para não referir que é também um dos pousos preferidos para as suas fortunas. Um excelente artigo.             granel cardoso: Muiro claro e incisivo, bravo.  PortugueseMan: ...Numa ordem mundial que deixou de ser bipolar,... Começo de artigo curioso. Porque há muitos anos que se diz que a ordem mundial é unipolar. Deixou de ser bipolar? então em que estamos agora? ...Com as crescentes tensões e as recentes acusações de parte a parte no encontro do Alasca, há muito quem se pergunte se estaremos perante uma nova Guerra Fria... Este encontro do Alasca, foi muito mau. Muito mau mesmo. Os EUA actuam com uma posição de força que já não têm. E essa realidade vai-lhes bater à porta com força.  Não estamos numa guerra fria. Estamos a assitir a  algo muito mais perigoso. Até onde estão os EUA dispostos a ir de modo a manter a sua supremacia? E parece-me que andam ali umas cabecinhas pensadoras com umas ideias muito preocupantes. Para todos nós. O artigo é muito interessante, mas não concordo com a perspectiva de ver a China e só a China. A China não está sozinha. A China tem uma aliança com a Rússia, aliança essa que está a crescer e a acelerar a cada ano que passa. E nós europeus estamos a empurrar a Rússia para os braços da China. Não devíamos. Veja-se o encontro logo a seguir com Lavrov. Os chineses deram um murro na mesa com os americanos e os russos deram um pontapé no traseiro de Borrell. Estas duas nações estão a trabalhar em conjunto em várias esferas de interesse. E ambas têm os americanos na mira. E na minha opinião, há uma movimentação bastante mais assertiva este ano, estas nações tomaram algumas decisões como devem tratar os americanos e europeus daqui para a frente. Se vamos gostar? não, não vamos. ...preferimos viver num mundo dominado pela América ou pela China?...  Nenhum deles. Definitivamente nem pensar num mundo dominado pela China. Mas também não quero um mundo dominado pelos americanos. Estes estão a usar os europeus para carne para canhão. A quebra do tratado INF não é inocente. Nós vamos ser o canário da mina. Sabe quanto tempo de resposta têm os russos para tomar uma decisão, sobre algo colocado na Polónia? Faça as contas. O factor humano será muito curto para uma tomada de decisão. Com os avanços da IA, quanto tempo demorará a que se decida que será necessário ter um sistema automatizado para poder avaliar e dar uma resposta em tempo útil? Sabe o que isto significa? onde nos estamos a enfiar? E somos aliados??          Ia ficar tudo bem: "preferimos viver num mundo dominado pela América ou pela China?" Deduzo que a pergunta seja dirigida aos portugueses. Não creio que o JNP tenha a pretensão de ser lido pelo mundo. Donde, fico pasmo como um homem inteligente é falho no mais elementar senso comum. A resposta é de tal modo evidentíssima que a pergunta soa i.m.be.cil. Resposta do Marcelo, do Costa, dos Portugueses, enfim dos mendigos por hábito e vocação: Preferimos viver num mundo dominado por quem assuma em relação a nós o papel de esmoler. Sinceramente, JNP, essa pergunta é tão cliché que faria corar o Vasco Pulido Valente com vergonha alheia.   Paulo NevesIa ficar tudo bem: Bolas. Acho que tem razão. Para mim a resposta é óbvia, mas de facto olhando para o Portugal presente a China é a resposta óbvia. Por outro lado para o governo português para sempre cobarde, prefere pensar que dá para jogar nos 2. Devem pensar que sacam um número de equilibrismo como nos tempos de Salazar.       Nuno BorgesPaulo Neves: não temos estadistas com o estofo de Salazar, único nos nossos 800 anos de História            Duarte Figueiroa Rego: Como sempre excelente análise. Quanto a resposta a sua pergunta, sem qualquer dúvida, “América “          Gil Lourenço: Excelente texto JNP! Como sempre! Pelo menos uma coisa eu sei: Não quero estar dominado pela China! Uma máfia de plagiadores, até já fabricam cortiça e tapetes de Arraiolos. Trafulhas de comunistas!        Manuel Magalhães: O actual desenvolvimento da China, para além dos seus desenvolvimentos tecnológicos (muitos copiados no Ocidente) é sobretudo devido a uma impiedosa exploração laboral (baixos salários) que torna os produtos chineses imbatíveis em termos de preços comparados com os ocidentais, importante seria o Ocidente “exportar” para lá um sindicalismo aguerrido a fim de equilibrar este problema, não será fácil pois o PC chinês lá estará para o evitar, mas se estamos no início de uma nova guerra fria há que atacar os problemas nas suas géneses...        F. B. > Manuel Magalhães: Exactamente, exploração laboral; mas também isenção criminosa de controlo de poluição que nas empresas ocidentais constitui pesada factura. Foi essa a mensagem e a "guerra" de Trump. Manuel Magalhães: Mais uma vez claro como água, artigo muito interessante e sobre o qual é importante que todos, e repito todos, deveríamos meditar!!!            Francisco Tavares de Almeida: Mais um excelente artigo de JNP. Apreciei toda a lição mas senti-me especialmente tocado pela pergunta final: Preferimos viver num mundo dominado pela América ou pela China? Acredito que se todos respondessem a essa pergunta com verdade, até em sectores duros da "geringonça" a opção seria a América. Nos comentários também apreciei a pergunta de Maria Nunes: E Portugal já está nas mãos dos chineses? Atrevendo-me a comentar, não creio que a UE esteja convencida que tem de escolher entre os EUA e a China. E o mais alarmante é que a Alemanha, a potência económica da UE, continua a negociar estrategicamente com os inimigos dos EUA, Rússia e China. Portugal tem muito mais capital chinês do que seria prudente mas, como o mesmo acontece com o capital espanhol o problema é mesmo Portugal e não os estrangeiros. Brevemente teremos uma pedra-de-toque. Como se sabe as duas únicas empresas que apareceram no concurso para Sines 2 eram chinesas e o embaixador americano fez saber em entrevista ao Expresso quais as consequências da adjudicação aos chineses. Passou despercebida uma visita ministerial ao Japão mas como não se conhecem resultados, provavelmente deu em nada. Ora a equação tem de ser resolvida. Com o domínio sindical que temos, países democráticos dificilmente aceitariam gerir Sines o que evidentemente não afecta os chineses que lidaram com isso no porto do Pireu: nem sindicatos nem direitos sindicais nem nada. Por isso aguardo a adjudicação de Sines 2 antes de oferecer uma resposta à pergunta de Maria Nunes.          Joaquim Rodrigues > Francisco Tavares de Almeida: O problema é que ninguém quer Sines a não ser os chineses e sabe-se lá a que custo.         Nuno Chambel Lima: Pela América! Sem sombra de dúvida.        d f: Análise altamente informativa. Muito bom. Gostei especialmente das "chinesices ocidentais".        Ahmed Gany: Os ingleses assistindo ao avanço (pelos frágeis e empobrecidos muros do sul da UE) dos que outrora haviam humilhado, trataram logo de se pôr a milhas e em posição neutra (ou "defensiva"). A guerra do ópio ainda não terminou, apenas tomou novas formas. Os descendentes de Qing têm contas a ajustar e querem a sua honra ressarcida nem que isso leve 1000 anos           bento guerra: A China é imbatível. Tem a tecnologia nova, tem o capital, tem mão de obra domesticada e tempos de espera ,sem sujeição aos prazos bolsistas. E teve a capacidade de lançar um vírus global, que eles controlariam mais facilmente. Depois ,para eles, comprar influentes é o b,á-bá           Luis Teixeira-Pintobento guerra: Concordo em absoluto. E além disso a China tem "carne para canhão" para dar e vender. Enquanto os americanos têm de justificar 5 ou 6 baixas, os chineses podem perder perfeitamente 2 milhões. É que as guerras ainda não se fazem só com drones ou com mísseis.  Esse é o perigo da China, sentir-se tentada a avançar à primeira questão que se coloque. E se os americanos recuarem dessa primeira vez, vai haver guerra pela certa.        José Santos > bento guerra: Talvez, mas os EUA agora contam com diversidade e inclusão, e com universidades onde se identificam pelo menos 50 novos géneros por semana. A China nem vai saber o que a atingiu.         bento guerra > José Santos: Ontem ouvi dizer, na  RTP2, um tipo que dizia "agora que a identidade de género é uma coisa fluida"             José Santos > bento guerra: Estamos muito atrasados, isso já diziam faz anos na América. Agora estão a descobrir que a matemática e as respostas certas são supremacia branca. É esta a nova ciência a sair das universidades de topo. Como vê, esses chineses estão feitos. Mas olhe por via das dúvidas aprenda mandarim e russo. Pode dar jeito          Maria Nunes: Excelente. E Portugal, já está nas mãos dos chineses?         Manuel Barradas: "preferimos viver num mundo dominado pela América ou pela China?" Tendo que escolher, não hesito. Prefiro viver num mundo dominado pela América, onde se dá valor à vida humana e a liberdade individual ainda é possível.         Hugo Gonçalves: Interessante análise, mas para mim fica a faltar a análise ao sentimento dos chineses. Os chineses trabalham 12 a 14h por dia. Estão habituados a isto, tal cm na alegoria da caverna ñ conhecem o mundo lá fora. Mas c o crescimento da classe média chinesa, c o turismo crescente de chineses para países democráticos, calculo eu q se consciencializarão de q o Mundo fora da China é mais livre, c mais tempo para a família e q o equilíbrio casa-trabalho é melhor e especialmente o Big Brother ñ está tão presente. Portanto diria q ainda teremos de aguentar uns 20 anos chineses, para depois assistirmos à implosão desse regime.       Fernando Fernandes > Hugo Gonçalves: Hong Kong é a bomba de relógio. Quem provou o sabor da liberdade não quer dela abdicar. Temos hoje uma excelente oportunidade, talvez a última de re-industrializar o espaço europeu/ocidental para acabar com a dependência chinesa, mas quem pensa nisso?        Jose Norton: Bom desafio! Fico a pensar num nome para esta guerra ... talvez os meus netos o descubram.

 

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