Jaime Nogueira Pinto, secundado
pelos seus comentadores, esclarece. Aprender
até morrer. Mas, de facto, já há muito que a penetração da China no mundo tranquilo de cá – julgo que
não se mete nos conflitos do Médio-Oriente, o que é pena – se faz sentir. Até
que dão jeito, as lojas chinesas, com a sua fartura colorida e aldrabada…
Aproveito para, a mando da Catarina, enviar um chi-coração à minha
mãe, que faria hoje 114 anos e que nunca aqui pôs os pés nas lojas chinesas, que
não têm a categoria que tinha, em Lourenço
Marques, a “Casa Coimbra”, onde nos
comprava as roupas, casa que era paquistanesa e imponente, embora sem a
pretensão de dominar o mundo, como as chinesas daqui, com a mesquinhez da sua
redução a uma única – às vezes duas – presenças silenciosas, altivamente avessas
a aprender a língua portuguesa, figuras hirtas, como bonecos mal articulados,
ali postos apenas para fazer as contas na caixa…
EUA vs RPC: os pontos quentes da nova Guerra Fria /premium
Ainda ninguém com a argúcia de um
Orwell baptizou o tipo de guerra que agora vivemos, nem alguém com a dimensão
Kennan sintetizou as raízes da conduta chinesa para articular uma estratégia de
resposta
JAIME NOGUEIRA
PINTO
OBSERVADOR, 26 mar
2021
Numa ordem mundial que deixou de ser
bipolar, o duelo entre os Estados-Unidos e a China, que tem vindo a ganhar
espaço e importância, promete condicionar a geopolítica internacional na
próxima década. E o duelo
não se esgota naquilo a que Graham T. Allison chamou a “armadilha de
Tucídides”, referindo-se à ameaça à hegemonia de Esparta que a ascensão de
Atenas representou, empurrando os prudentes espartanos para guerra. É uma
rivalidade económica e uma oposição de modelos político-sociais que geram a
desconfiança e o temor cruzados, com pontos quentes territoriais que podem
funcionar como rastilho.
E
este profundo antagonismo comercial e político, este quase choque de
civilizações, não dá
mostras de ter sofrido alterações com a mudança de estilo na Casa Branca,
mantendo-se praticamente inalterado quando o republicano ferrabrás Donald Trump
deu lugar ao democrático e simpático ancião Joe Biden.
Encontro no Alasca
O
recente encontro entre os responsáveis máximos pela política externa de
Washington e de Pequim, em Anchorage,
no Alasca, mostra-o
bem. O encontro juntou, no Hotel Captain Cook, o Secretário de Estado
norte-americano, Anthony Blinken, o Conselheiro Nacional de Segurança, Jake
Sullivan, o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e o Director da
Comissão Central para os Negócios Estrangeiros do Partido Comunista da China,
Yang Jiechi, que foi embaixador nos Estados Unidos entre 2001 e 2005 e depois
Ministro dos Negócios Estrangeiros de Pequim, entre 2007 e 2013.
De
acordo com o relato oficial do State Department, Blinken começou por falar nos
encontros que acabara de ter na Coreia do Sul e no Japão e das “profundas
preocupações” que ali tinha partilhado com coreanos e japoneses. E “as
profundas preocupações” então discutidas com os dois aliados – “dois dos
nossos mais próximos aliados” – incidiam sobre “as acções da China no
Sinkiang, em Hong Kong e em Taiwan”, os “ciberataques contra os Estados-Unidos”
e a “coerção económica” da China aos “nossos aliados”. Acções que não eram
“meros assuntos internos” já que ameaçavam a ordem internacional e as suas
regras elementares.
E
concluía: “The United States relationship with China will be competitive when
it should be, collaborative when it can be, adversarial where it must be”.
Curiosamente, este “competição quando devida, colaboração quando
possível, hostilidade quando necessária” aproxima Blinken do
“Contenção, Détente e Roll Back”, a estratégia para combater a
União Soviética na Guerra Fria, inspirada no “long telegram” de 1946, de George
F. Kennan, então número dois da embaixada americana de Moscovo.
Entretanto,
no Alasca, toma a
palavra o Conselheiro Nacional de Segurança, Sullivan, para continuar ao ataque, referindo a cimeira
virtual de Biden com os líderes do chamado grupo “Quad” – Índia, Japão, Austrália –, na sexta-feira, 12 de Março; um “encontro
histórico” de uma aliança mais ou menos adormecida, que nunca tinha reunido a
tão alto nível e que era claramente uma “aliança de democracias” para conter a
China. E sublinhou que a prioridade dos Estados-Unidos era
o bem dos Estados-Unidos e a protecção dos interesses dos seus parceiros e
aliados.
Em
resposta, o Conselheiro Yechi contra-atacou com o longo prazo, dizendo que a
China esperava, em 2035, acabar a sua etapa de “modernização básica” e terminar, em 2050, “a modernização total”.
Falou depois dos sucessos da China no
combate à Covid 19 e à pobreza – apesar de o PNB per capita da China
ser 1/5 do dos Estados-Unidos.
E passou à unidade da China, sublinhando que “o povo
chinês” estava “todo à volta do Partido Comunista Chinês” e que os seus valores
eram “os valores comuns da Humanidade”, a saber, “a paz, o desenvolvimento, a
decência, a justiça, a liberdade e a democracia”.
E da unidade da China e dos seus
valores democráticos seguiu para as divisões e fragilidades da arrogante
democracia americana: era importante que os Estados-Unidos “mudassem a sua imagem” e parassem “de promover a sua própria democracia no
resto do mundo”, até porque “muita gente nos Estados-Unidos” tinha “pouca
confiança na democracia norte-americana”, enquanto na China, “de
acordo com os inquéritos de opinião”, os líderes chineses tinham “o largo apoio do povo chinês”.
E voltou à Guerra Fria: os
Estados-Unidos tinham de abandonar “a mentalidade de Guerra Fria”; de resto, um
dos problemas pendentes no mundo resultava da hipervalorização, pelos
Estados-Unidos, da segurança nacional “através da força e da hegemonia
financeira” e “levantando obstáculos às actividades comerciais”; enquanto
a China actuava com isenção ideológica nas relações ligadas à importação e
exportação, isto é, “de acordo com os padrões científicos e tecnológicos.”
E
antes de passar aos pontos mais quentes, referiu a conversa telefónica
dos presidentes Xi Jinping e Joe
Biden, na véspera do Ano Lunar chinês,
conversa que estava na base daquele encontro em Anchorage, de que todos
esperavam resultados práticos.
Vinha
agora a resposta às “profundas preocupações” americanas. O Sinkiang, o Tibete e Taiwan eram “parte inalienável
do território da China” e a China opunha-se firmemente à interferência dos
Estados-Unidos nos seus assuntos internos: “exprimimos a nossa firme
oposição a tal interferência, e adoptaremos acções firmes como resposta”. Quanto
aos “direitos humanos”, que dizer dos Estados Unidos? Havia “muitos problemas
de direitos humanos nos Estados-Unidos” e não tinham propriamente “começado com
o Black Lives Matter”. Qualquer
tentativa para derrubar os “assim chamados Estados autoritários”, estava
“condenada ao fracasso”. E seria
lícito que os Estados Unidos, “campeões em ciberataques e nas suas
tecnologias”, acusassem os chineses de ciberataque?
Para
fechar, o Conselheiro disse que esperava que a “competição entre os
dois países” fosse “sobretudo económica”, acrescentando,
como quem arregimenta o resto do mundo como aliado para o duelo, que nem a
América nem o Ocidente “representavam hoje a opinião pública mundial”.
Foi,
por fim, a vez do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang, que falou em
Mandarim, com intérprete.
Wang foi mais curto e começou por referir-se aos seus interlocutores americanos
como “verdadeiros amigos do povo chinês”. Mas só para sublinhar que a
China não tinha aceitado no passado – e não ia aceitar no futuro – “acusações
americanas”. Identificou depois os últimos anos (os anos de Trump) como
anos difíceis nas relações sino-americanas, mostrando-se, por isso, ainda mais
surpreendido que, no dia 17 de Março, os Estados-Unidos tivessem escalado as
sanções anti-chinesas por causa de Hong-Kong, interferência com que “o povo
chinês se sentira ultrajado”.
A (outra)
Guerra Fria
A
pergunta que está no ar é se não será esta uma nova Guerra Fria. A expressão Guerra Fria é atribuída a Bernard Baruch, o milionário judeu
de Nova Iorque conselheiro de Presidentes americanos, de Wodrow Wilson a
J.F. Kennedy. Mas quando Baruch a usou em 1947 já George Orwell a usara, em Setembro de 1945, poucas semanas depois de Hiroxima, intuindo
que, com as armas atómicas, a guerra-guerra, a guerra quente, se tornara racionalmente
impossível.
A Guerra
Fria foi um conflito de longa duração, com
limitações cruzadas: em 1949 a União Soviética adquiria a bomba atómica e em
1953 a bomba de hidrogénio; a partir de então vigorou uma dissuasão bilateral
que ultrapassou crises como a dos mísseis de Cuba, em 1962, no tempo de Kennedy
e Kruschev. A coexistência pacífica dos anos 60, a Détente dos anos 70 e o “Telefone
Vermelho” vêm daí.
A
confrontação na Guerra Fria
foi essencialmente territorial, em blocos de aliados alinhados formalmente (NATO,
Pacto de Varsóvia). Os
Estados-Unidos tiveram o cuidado de cercar a URSS de alianças regionais –
SEATO, CENTO, OEA – e de apoiar países, movimentos e partidos anticomunistas em
todo o mundo. Tal como os soviéticos o fizeram com os países, movimentos e
partidos comunistas. Houve apoios e intervenções em conflitos
periféricos, mas houve também sempre o máximo cuidado de parte a parte de
evitar o conflito directo, militar, quente.
Será hoje assim com a República
Popular da China?
A
China é um Estado ideológico, mas, ao contrário da URSS e dos Estados Unidos na
Guerra Fria, não parece querer exportar a sua ideologia, usando-a mais depressa
como trunfo privativo. Não tem uma
rede de partidos espalhados pelo mundo, com um ideário decalcado do modelo chinês,
para promover os ideais chineses ou defender os interesses chineses. Bem pelo
contrário, a China, a
partir de Deng Xiau Ping, adoptou uma linha exclusiva de nacionalismo
identitário capitalista e monopartidário. E
na última década, com Xi Jinping, esse
poder personalizou-se, num autoritarismo pessoal que foi neutralizando
oposições internas, reais ou virtuais.
É um regime oficialmente socialista, com centralização estatal, com vigilância,
com repressão, mas com uma classe média nascente e com bilionários. Uma
pragmática mistura de capitalismo e de socialismo, agilizado pelas empresas
estratégicas e pelos novos milionários, levantados do chão mas sujeitos à
tutela do Estado ou do Partido, que pode não ter a propriedade ou
sequer o lucro dos negócios, mas que tem sobre todos eles suprema
autoridade. O trunfo da competitividade e da
eficácia estratégica da China é precisamente o casamento da centralização e
da mão pesada do Partido e do Estado, herdada de um socialismo que a
China reafirma, com um capitalismo de contrafacção, ou seja, um capitalismo sem
“chinesices ocidentais” – sem a rédea solta das liberdades e dos direitos
individuais, empresariais e laborais e sem divisões ou oposições internas que
se vejam ou se oiçam.
Ao contrário da União Soviética, que tinha uma economia de direcção central
regulada estritamente, uma economia alheada do mercado em que os preços eram
fixados pela burocracia estatal, a economia chinesa é atenta ao mercado e está
internacionalizada, retendo do socialismo só a parte da direcção central, da
vigilância orwelliana e da repressão e silenciamento da dissidência.
E o sistema chinês tem sido um sucesso, com taxas de crescimento
excepcionais, a criação de uma classe média significativa (que, ao contrário
das análises liberais mais optimistas se mantém integrada no Regime) e um
avanço relativo em relação às economias industriais tradicionais da Europa e
das Américas.
Nós, os
mercados terceiros
Até
há pouco, ainda em 2014-2015, a coexistência e a cooperação da China com o
Ocidente eram modelares. Interesses económicos à frente de tudo, nada de
política, cooperação e cooptação das elites empresariais, funcionais e
políticas em toda a parte, fixação de indústrias. E Indústrias vindas de um Euromundo
que foi desindustrializando, criando frustração, humilhação e ressentimento nas
suas classes operárias.
A disputa era por mercados terceiros
– como nas guerras anglo-francesas do século XVIII pelas Américas e pela Índia
– e pelos recursos de países terceiros, compradores ou vendedores. E os espaços
em disputa, a Europa, a África, a América Latina, actuaram como o antigo bloco
neutralista na Guerra Fria, falando com ambas as partes e beneficiando disso,
sem restrições, enquanto as escolhas não lhes fossem postas.
A linha
dura de Trump, o seu nacionalismo identitário e pouco preocupado com as
cortesias e retóricas da diplomacia e do multilateralismo, ajudou a manter essa
nossa inconsciente douceur de vivre.
Assim,
nós, os mercados terceiros, sobretudo os europeus, habituados ao para-raios
do atlantismo militar durante a Guerra Fria, fomo-nos queixando
do unilateralismo e das ausências da América e fazendo os nossos negócios com a
China. E, com Biden já eleito e o ano a acabar, a Europa fechou um acordo
comercial União Europeia/China, sem perguntar nada a Washington.
Mas as coisas parecem estar a mudar.
Será esta uma nova Guerra Fria?
Ainda não apareceu ninguém com a argúcia e a criatividade de Orwell, para
baptizar o tipo de guerra que agora vivemos ou vamos viver, nem com a dimensão
e a autoridade de Kennan para sintetizar as raízes da conduta chinesa e
articular uma estratégia de resposta. Todos temos uma ideia geral das
condicionantes históricas da China moderna – o século da humilhação, das
guerras do ópio a 1949; a ideia de uma permanente transcendência do tempo curto
e médio, até pela longevidade e estabilidade do poder, sempre de olhos postos,
como o Conselheiro Yang Jiechi, em 2035 e 2050; a oferta generosa das novas
“Rotas da Seda”; os financiamentos abertos para a África; as compras de empresas
na Europa.
Com
as crescentes tensões e as recentes acusações de parte a parte no encontro do
Alasca, há muito quem se pergunte se estaremos perante uma
nova Guerra Fria.
Como em todas as guerras ou competições, o que está em causa são
países, mercados, pessoas, lealdades, interesses; mas se esta é uma outra
Guerra Fria não lhe faltam pontos quentes e emocionais, pontos de honra,
possíveis rastilhos, como, para a China, Hong Kong, o Tibete, Taiwan… E, desta
vez, há também novas tecnologias, novos atalhos para galgar distâncias, novas
rotas cibernéticas, novos sistemas de comunicação, de destruição e de
pirataria, com implicações civis e militares.
Mas
porque a força do ferro e do fogo, da Terra e do Céu, parece, por agora,
contida e interditada, esta, tal como outra, vai ser também, uma
guerra de força política. A força
para conquistar as cabeças e os corações – ou para os ir ciberatacando, até que
se diluam todas as dúvidas e todas as perguntas num marasmo de pequenas
vantagens e de consumo imediato e acrítico.
Mas,
antes que seja tarde, convém que não nos esqueçamos pelo menos de uma das
dúvidas e das perguntas decisivas: preferimos viver num mundo dominado pela
América ou pela China?
RELAÇÕES INTERNACIONAIS POLÍTICA ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA AMÉRICA MUNDO CHINA
COMENTÁRIOS:
Anarquista Inconformado: Caro Jaime Nogueira Pinto, a
maioria destes comentários confirma a sua afirmação de sábado passado, que
politicamente o povo português tinha muito mais preparação politica nos anos
sessenta e setenta do século passado, do que aquela que tem actualmente. E
sabemos qual o motivo para isso acontecer, embora cada um de nós esteja em
campos diferentes. Antonio Mendes: Tema importante que precisa de
ser revisitado. O nacionalismo Chinês vem do tempo do Chiang Kai Chek que se
deixou tentar pelos ideais fascistas. Enquanto a China precisar da
globalização para sustentar o seu crescimento económico não deverá ser
expansionista militarmente mas será que o regime perante uma crise não se
deixará tentar por um nacionalismo agressivo? Paulo
Nunes Do Rosário: Pela América. bento
guerra. Ouvi agora, na TV5, que a China
ofereceu 500 milhões de vacinas entre os países onde constrói a sua presença. A
guerra das vacinas, outra derrota da indústria europeia Ahmed
Ganybento guerra: Contra a retórica ocidental, o pragmatismo, faz toda a
diferença. Nuno Borges: A situação normal dos povos é a
guerra. Seja quente, fria ou morna a guerra pretende sempre sujeitar o outro à
nossa vontade, ou dito de outro modo derrotá-lo. O presente ataque biológico
da China ao resto do mundo não pode ser considerado guerra fria, é bem quente.
Assim como a guerra económica que nos move desde há décadas que pretende o
mesmo propósito destruir a nossa indústria. Se Napoleão fez avançar
os seus exércitos para depois nos dominar economicamente, o Xi preferiu
dominar-nos economicamente para depois fazer avançar o seu exército. Na guerra
a nova estratégia costuma vencer a mais antiga e já conhecida. Ahmed
Gany: O que tem feito a China em
concreto? Tem injectado biliões de dólares (parte deles até provém da
maturidade dos empréstimos aos EUA) a países como: Sri Lanka, Paquistão, A. de
Sul, Maldivas, Papua, Laos, Egipto, Mongólia, Quénia, Egipto, Zâmbia, Cazaquistão,
Malásia entre outros, para construção de infraestruturas. Ora, esse dinheiro
acaba, muitas vezes, nos bolsos dos governantes dos países com elevados índices de corrupção que, incapazes
de liquidarem os empréstimos, "hipotecam" a sua soberania (não sendo
esse o objectivo principal da China). Portugal,
Itália e outros países com economias débeis (e altos níveis de corrupção) fazem
parte do roteiro chinês e o porto de Sines é o alvo que se segue. bento
guerraAhmed Gany: "One belt, one road" o polvo global Nuno
Borges > bento guerra: o povo global prostrado diante do trono do dragão Álvaro
Aragão Athayde: Preferimos viver num mundo dominado pela América, ou pela China? Curiosa
pergunta! Será que Portugal tem possibilidade de preferir? Não creio que tenha.
Talvez fosse melhor perguntar como poderá Portugal evitar naufragar. Nuno
Borges > Álvaro Aragão Athayde: Portugal já se rendeu aos
chineses. Que mais poderia fazer um povo que nem no seu exército pode confiar. Álvaro
Aragão AthaydeNuno Borges: Sabe pouca História, caro Nuno Borges, os Chins são
aliados desde o tempo da Conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque. E mesmo
supondo que o não eram, mesmo supondo que Portugal tinha participado na Segunda
Guerra do Ópio, que faria Portugal? Mandaria um submarino para o Mar do Sul da
China? Ou, talvez, um Companhia de Comandos para a Formosa, Os Chins ficariam
certamente impressionadíssimos! josé maria: EUA vs RPC : parece uma guerra
de cow-boys, os bons de um lado e
os maus do outro... Nuno Borges
> josé maria: Os bons somos sempre nós, os maus são sempre os
outros. Ou isso ou então mais vale beber a cicuta proverbial, sempre dá menos
trabalho.
Manuel Martins: “preferimos
viver num mundo dominado pela América ou pela China?” Em boa parte a resposta a
essa pergunta é dada pelos multi-milionários e outros abastados chineses
(consta que entre eles o próprio presidente) quando enviam os filhos estudar
para os EUA e onde quase todos têm uma residência de reserva e segurança. Isto
para não referir que é também um dos pousos preferidos para as suas fortunas. Um
excelente artigo. granel cardoso: Muiro claro e incisivo, bravo. PortugueseMan: ...Numa ordem mundial que
deixou de ser bipolar,... Começo de artigo
curioso. Porque há muitos anos que se diz que a ordem mundial é unipolar. Deixou de ser bipolar? então em que estamos
agora? ...Com as crescentes tensões e as
recentes acusações de parte a parte no encontro do Alasca, há muito quem se
pergunte se estaremos perante uma nova Guerra Fria... Este encontro do
Alasca, foi muito mau. Muito mau mesmo. Os EUA actuam com uma posição de força
que já não têm. E essa realidade vai-lhes bater à porta com força. Não
estamos numa guerra fria. Estamos a assitir a algo muito mais perigoso.
Até onde estão os EUA dispostos a ir de modo a manter a sua supremacia? E
parece-me que andam ali umas cabecinhas pensadoras com umas ideias muito
preocupantes. Para todos nós. O artigo é muito interessante, mas não
concordo com a perspectiva de ver a China e só a China. A China não está
sozinha. A China tem uma aliança com a Rússia, aliança
essa que está a crescer e a acelerar a cada ano que passa. E nós europeus estamos a empurrar a
Rússia para os braços da China. Não devíamos. Veja-se o encontro logo a
seguir com Lavrov. Os chineses deram um murro na mesa com os americanos e os
russos deram um pontapé no traseiro de Borrell. Estas duas nações estão a
trabalhar em conjunto em várias esferas de interesse. E ambas têm os americanos
na mira. E na minha opinião, há uma movimentação bastante mais assertiva
este ano, estas nações tomaram algumas decisões como devem tratar os americanos
e europeus daqui para a frente. Se vamos gostar? não, não vamos. ...preferimos viver num mundo dominado
pela América ou pela China?... Nenhum
deles. Definitivamente nem pensar num mundo dominado pela China. Mas também
não quero um mundo dominado pelos americanos. Estes estão a usar os europeus
para carne para canhão. A quebra do tratado INF não é inocente. Nós vamos
ser o canário da mina. Sabe quanto tempo de resposta têm os russos para tomar
uma decisão, sobre algo colocado na Polónia? Faça as contas. O factor humano
será muito curto para uma tomada de decisão. Com os avanços da IA, quanto tempo
demorará a que se decida que será necessário ter um sistema automatizado para
poder avaliar e dar uma resposta em tempo útil? Sabe o que isto significa? onde
nos estamos a enfiar? E somos aliados?? Ia ficar tudo bem: "preferimos viver num
mundo dominado pela América ou pela China?" Deduzo que a pergunta seja
dirigida aos portugueses. Não creio que o JNP tenha a pretensão de ser lido
pelo mundo. Donde, fico pasmo como um homem inteligente é falho no mais
elementar senso comum. A resposta é de tal modo evidentíssima que a pergunta
soa i.m.be.cil. Resposta do Marcelo, do Costa, dos Portugueses, enfim dos
mendigos por hábito e vocação: Preferimos viver num mundo dominado por quem
assuma em relação a nós o papel de esmoler. Sinceramente, JNP, essa pergunta é
tão cliché que faria corar o Vasco Pulido Valente com vergonha alheia. Paulo
NevesIa ficar tudo bem: Bolas.
Acho que tem razão. Para mim a resposta é óbvia, mas de facto olhando para o
Portugal presente a China é a resposta óbvia. Por outro lado para o governo
português para sempre cobarde, prefere pensar que dá para jogar nos 2. Devem
pensar que sacam um número de equilibrismo como nos tempos de Salazar. Nuno
BorgesPaulo Neves: não temos estadistas com o estofo de Salazar, único
nos nossos 800 anos de História Duarte Figueiroa Rego: Como sempre excelente análise.
Quanto a resposta a sua pergunta, sem qualquer dúvida, “América “ Gil
Lourenço: Excelente texto
JNP! Como sempre! Pelo menos uma coisa eu sei: Não quero estar dominado pela
China! Uma máfia de plagiadores, até já fabricam cortiça e tapetes de
Arraiolos. Trafulhas de comunistas! Manuel
Magalhães: O actual
desenvolvimento da China, para além dos seus desenvolvimentos tecnológicos
(muitos copiados no Ocidente) é sobretudo devido a uma impiedosa exploração
laboral (baixos salários) que torna os produtos chineses imbatíveis em termos
de preços comparados com os ocidentais, importante seria o Ocidente “exportar”
para lá um sindicalismo aguerrido a fim de equilibrar este problema, não será
fácil pois o PC chinês lá estará para o evitar, mas se estamos no início de uma
nova guerra fria há que atacar os problemas nas suas géneses... F.
B. > Manuel Magalhães: Exactamente, exploração
laboral; mas também isenção criminosa de controlo de poluição que nas empresas
ocidentais constitui pesada factura. Foi essa a mensagem e a "guerra"
de Trump. Manuel Magalhães: Mais uma vez claro como água,
artigo muito interessante e sobre o qual é importante que todos, e repito
todos, deveríamos meditar!!! Francisco Tavares de
Almeida: Mais um excelente
artigo de JNP. Apreciei toda a lição mas senti-me especialmente tocado pela
pergunta final: Preferimos viver num mundo dominado pela América ou pela China? Acredito que se todos respondessem a essa pergunta com verdade, até em
sectores duros da "geringonça" a opção seria a América. Nos
comentários também apreciei a pergunta de Maria Nunes: E Portugal já está nas
mãos dos chineses? Atrevendo-me a comentar, não creio que a UE esteja
convencida que tem de escolher entre os EUA e a China. E o mais alarmante é que
a Alemanha, a potência económica da UE, continua a negociar estrategicamente
com os inimigos dos EUA, Rússia e China. Portugal tem muito mais capital
chinês do que seria prudente mas, como o mesmo acontece com o capital espanhol
o problema é mesmo Portugal e não os estrangeiros. Brevemente teremos uma
pedra-de-toque. Como se sabe as duas únicas empresas que apareceram no concurso
para Sines 2 eram chinesas e o embaixador americano fez saber em entrevista ao
Expresso quais as consequências da adjudicação aos chineses. Passou
despercebida uma visita ministerial ao Japão mas como não se conhecem resultados,
provavelmente deu em nada. Ora a equação tem de ser resolvida. Com o domínio
sindical que temos, países democráticos dificilmente aceitariam gerir Sines o
que evidentemente não afecta os chineses que lidaram com isso no porto do
Pireu: nem sindicatos nem direitos sindicais nem nada. Por isso aguardo a adjudicação de Sines 2 antes de oferecer uma resposta à
pergunta de Maria Nunes. Joaquim Rodrigues > Francisco Tavares de Almeida: O problema é que ninguém quer Sines a não ser os chineses e sabe-se lá a
que custo. Nuno
Chambel Lima: Pela América! Sem sombra de dúvida. d f: Análise altamente informativa.
Muito bom. Gostei especialmente das "chinesices ocidentais". Ahmed
Gany: Os ingleses
assistindo ao avanço (pelos frágeis e empobrecidos muros do sul da UE) dos que
outrora haviam humilhado, trataram logo de se pôr a milhas e em posição neutra
(ou "defensiva"). A guerra do ópio ainda não
terminou, apenas tomou novas formas.
Os descendentes
de Qing têm contas a ajustar e querem a sua honra ressarcida nem que isso leve
1000 anos bento
guerra: A China é imbatível. Tem a
tecnologia nova, tem o capital, tem mão de obra domesticada e tempos de espera
,sem sujeição aos prazos bolsistas. E teve a capacidade de lançar um vírus
global, que eles controlariam mais facilmente. Depois ,para eles, comprar
influentes é o b,á-bá Luis Teixeira-Pintobento guerra: Concordo em absoluto. E além disso a China tem
"carne para canhão" para dar e vender. Enquanto os americanos têm de
justificar 5 ou 6 baixas, os chineses podem perder perfeitamente 2 milhões. É
que as guerras ainda não se fazem só com drones ou com mísseis. Esse é o
perigo da China, sentir-se tentada a avançar à primeira questão que se coloque.
E se os americanos recuarem dessa primeira vez, vai haver guerra pela certa. José
Santos > bento guerra: Talvez, mas os EUA agora contam com diversidade e
inclusão, e com universidades onde se identificam pelo menos 50 novos géneros
por semana. A China nem vai saber o que a atingiu. bento
guerra > José Santos: Ontem ouvi dizer, na RTP2, um tipo que dizia
"agora que a identidade de género é uma coisa fluida" José
Santos > bento guerra: Estamos muito atrasados, isso já diziam faz anos na
América. Agora estão a descobrir que a matemática e as respostas certas são
supremacia branca. É esta a nova ciência a sair das universidades de topo. Como
vê, esses chineses estão feitos. Mas olhe por via das dúvidas aprenda mandarim
e russo. Pode dar jeito Maria
Nunes: Excelente. E Portugal, já está
nas mãos dos chineses? Manuel Barradas: "preferimos viver num mundo
dominado pela América ou pela China?" Tendo que escolher, não hesito. Prefiro
viver num mundo dominado pela América, onde se dá valor à vida humana e a
liberdade individual ainda é possível.
Hugo Gonçalves: Interessante análise, mas para mim fica a faltar a análise ao sentimento
dos chineses. Os chineses trabalham 12 a 14h por dia. Estão habituados a isto,
tal cm na alegoria da caverna ñ conhecem o mundo lá fora. Mas c o crescimento
da classe média chinesa, c o turismo crescente de chineses para países democráticos,
calculo eu q se consciencializarão de q o Mundo fora da China é mais livre, c
mais tempo para a família e q o equilíbrio casa-trabalho é melhor e
especialmente o Big Brother ñ está tão presente. Portanto diria q ainda teremos
de aguentar uns 20 anos chineses, para depois assistirmos à implosão desse
regime. Fernando
Fernandes > Hugo Gonçalves: Hong Kong é a bomba de relógio.
Quem provou o sabor da liberdade não quer dela abdicar. Temos hoje uma excelente
oportunidade, talvez a última de re-industrializar o espaço europeu/ocidental
para acabar com a dependência chinesa, mas quem pensa nisso? Jose
Norton: Bom desafio! Fico
a pensar num nome para esta guerra ... talvez os meus netos o descubram.
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