É de Nicolau Tolentino o soneto “O
colchão dentro do toucado”, sátira aos cabelos altos, que o penteado da Duquesa de Devonshire, poderia ter
inspirado, tendo vivido no mesmo século XVIII do poeta português - moda essa
dos cabelos altos difundida, talvez até, por ela própria, como mulher ousada
que foi, leio na Internet…
Mas foram dois os textos que me chegaram por email, hoje, ambos sobre gentes ou factos do século XVIII, o primeiro, contudo, de origem anterior, este, uma excelente e carinhosa síntese descritiva sobre uma Igreja de Lisboa, a propósito de uma tradição inglesa, ditada por princípios educativos, o segundo, de um facebook - que me chegou não sei se por orientação do seu dono, ou por outra via – uma pequena síntese sobre um filme em torno de uma protagonista precoce na defesa das liberdades femininas e que teve projecção no seu tempo. Aproveitei, pois, para me entreter e “instruir”, lendo e vendo as imagens que a Internet oferece, tanto da “Igreja dos Santos Reis Magos”, como da biografia da duquesa de Devonshire, acompanhada dos respectivos quadros, numa tarde confinada de um frio Março, que me fez lembrar tempos da mocidade e de leituras de êxtase – tal como foi a da biografia da duquesa hoje, colhida na generosa Internet, com o acompanhamento das respectivas reproduções de quadros. E fico grata a quem me enviou os dados, tal como outrora trocávamos livros, entre amigos camaradas, que a electrónica veio substituir, mas, em parte, também, a enriquecer, no imediatismo bastante preenchido das consultas propícias...
I TEXTO: De MARIA EDUARDA VASSALLO-MCGEOCH
A igreja em que fui baptizada em 25 de Dezembro de
1952
Descrição
A origem da actual Igreja dos Santos Reis Magos, Igreja Paroquial do Campo Grande, remonta a uma pequena Ermida da invocação dos Três Santos Reis, datada do séc. XVI, que foi destruída quase na totalidade pelo Terramoto de 1755. A
reconstrução do templo ocorreu no final do séc.
XVIII, a partir de 1778, às expensas de donativos de particulares, de
receitas da Misericórdia e de taxas da "Feira das Nozes" instituída por
D. Maria I. Esta igreja foi objecto de
sucessivas intervenções ao longo do tempo: no final do séc. XIX, a sua
arquitectura inicial foi alterada, em especial a sua frontaria; no início do
séc. XX, viu
suprimido o seu adro circundante e apeado o cruzeiro datado de 1646; no final do séc. XX, para além das construções de um salão paroquial e de um
edifício para acolher os serviços do Centro Social e Paroquial do Campo Grande, foi refeito um pequeno adro lateral simbolicamente vedado, no
qual foi recolocado o cruzeiro. Com um projecto arquitectónico bastante simples, a sua
fachada surge rasgada por um portal rematado por cornija em chaveta,
sobrepujado por 3 janelões. Sobre o
entablamento frontal rasga-se um óculo rematado por frontão triangular encimado por cruz. A Torre
sineira, de secção quadrada, localiza-se na prumada ocidental. O interior
do templo, coberto por tecto em abobadilha de aresta, é constituído pela nave e
capela-mor, sobre cujo arco se ostenta o escudo real de D. Luís, com as armas
de Portugal. Em termos artísticos
encontramos na igreja: pinturas
seiscentistas no tecto, restauradas em 1880 por Pereira
Júnior; uma
composição pictórica nos alçados laterais da capela-mor, representando a Paixão
de Cristo; um
retábulo de talha dourada em estilo neoclássico; cenas figuradas dos Reis Magos no retábulo, da Natividade
no alçado lateral do lado da Epístola e da Circuncisão no alçado lateral do
lado do Evangelho; e ainda dois painéis de azulejos na sacristia, datados de
1798,representando, um deles, Nª Senhora da Conceição, Sto. António e S. Marçal
e, o outro, Cristo Crucificado e S. Caetano.
Querida Berta,
A talho de foice do meu último e-mail calha dizer que
o súbito interesse pela igreja em que fui baptizada vem de que, no próximo Domingo, o quarto da quaresma, os
anglicanos, e em geral os ingleses, celebram o dia da mãe. A origem da festa, posta nesta data, é a de que,
nesse particular domingo, era costume visitar a igreja em que se tinha sido
baptizado. A «mãe» é, pois, inicialmente,
a igreja de Cristo.
As pessoas que estavam ao serviço de grandes casas
tinham o dia livre para cumprir o que era quase um preceito. Porque
a igreja em que se tinha sido baptizado era normalmente a igreja da terra em
que viviam os pais, a visita à igreja tornava-se na visita aos pais, e
particularmente à mãe. Assim aparece o dia da mãe no meio da quaresma.
A nossa capelã, a Beth, anda a recolher testemunhos e fotografias das igrejas dos baptismos dos
membros da congregação. Tudo virtual, tudo on-line, está bem de ver. Beth
on-line e congregação on-line,
por enquanto.
O facto é que começa a não haver pachorra. Já me
chegava que, ao menos, as escolas abrissem.
O Alentejo continua lindo, e nós continuamos bem. E
vós aí, desde ontem?
Muitos beijinhos, com saudades,
Maria Eduarda
II - DE: LUÍS SOARES
DE OLIVEIRA (facebook)
O filme inglês intitulado Duquesa de Devonshire que a Fox filmes nos trouxe há dias, não faz justiça à muito estimada e bela Georgiana (1757-1806), Lady G, para os íntimos. A grande contribuição que a lady G, mulher do Duque, patrono supremo do Partido Whigh, deu, consistiu na interpretação e aplicação da doutrina política liberal (whig), influência que exerceu na atitude assumida pelos próceres do
Partido que dominou a política inglesa dois séculos e garantiu ao Reino Unido a
hegemonia mundial pós napoleónica. Os whigs tinham ido buscar inspiração a Calvino, mas
foi Georgiana pelo seu comportamento livre que lhes mostrou que o que faz a
união e consequentemente a força é a tolerância da fraqueza humana e não o
culto da virtude dos fortes.
Pintura:Georgiana Cavendish vista por
Gainsborough
DA INTERNET:
Georgiana Cavendish, Duquesa de Devonshire
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Georgiana Cavendish, duquesa de Devonshire (7 de junho
de 1757 — 30 de março
de 1806) foi uma nobre
britânica, ícone da
moda, autora e activista. Georgiana
fazia parte da família Spencer e,
através do seu casamento com William Cavendish, o 5.º Duque de
Devonshire, passou
a integrar a família Cavendish.
Como duquesa de Devonshire, Georgiana conseguiu bastante atenção e fama na
sociedade. Com uma posição proeminente no Pariato da Inglaterra, a
duquesa ficou famosa devido ao seu carisma, à sua influência política, à
sua beleza, ao seu casamento pouco convencional, aos seus casos amorosos, às
suas festas e à sua paixão pelos jogos de azar.
Primeiros
anos e família
Pintura: Georgiana Spencer em criança com
a sua mãe, Margaret Georgiana Spencer.
Por Sir Joshua Reynolds.
Georgiana
Spencer era a filha mais velha de John
Spencer, 1º Conde Spencer,
um bisneto de John Churchill, 1.º Duque de Marlborough, e
de sua esposa, Margaret Georgiana
Poyntz. Nasceu em Althorp, a residência da família Spencer. Após o nascimento
da sua filha, a sua mãe escreveu: "Admito que tenho um carinho tão
especial pela minha pequena Gee que me parece que não gostarei tanto de outra
pessoa".
Georgiana
teve dois irmãos mais novos: Henrietta e George (a filha
da sua irmã Henrietta, Lady Carolina Lamb, tornou-se escritora e amante de Lord Byron). O pai de Georgiana, John Churchill, vinha de
uma família nobre e rica. Ele mandou construir uma residência para a sua
família em St. James, Londres e foi aí que criou os seus filhos. O seu casamento foi muito feliz e não há registos de
que tenha havido algum caso extra-conjugal, uma raridade naquela época. Georgiana desenvolveu uma relação muito próxima com a
sua mãe e dizia-se que ela era a sua filha preferida.
Quando
o pai de Georgiana assumiu o título de visconde Spencer em 1761, ela ganhou a
forma de tratamento: A Honorável Georgiana Spencer. Em 1765, o seu pai tornou-se conde e ela passou a ser conhecida como Lady
Georgiana Spencer.
Casamento
e filhos
Em
5 de Junho
de 1774, Georgiana, na
altura com 17 anos, desposou Sir William Cavendish, filho
de William Cavendish, 4.º
Duque de Devonshire, o homem mais desejado da sociedade inglesa. O casamento realizou-se na igreja Wimbledon Parish.
Foi uma pequena cerimónia onde apenas estiveram presentes os pais, avó
materna e futuros cunhados de Georgiana. Os seus pais estavam muito emocionados
por entregarem a filha, mas felizes por ela se estar a casar com um dos
homens mais ricos e poderosos do país. O seu pai, que sempre fora muito afectuoso
com os filhos, escreveu-lhe uma carta pouco depois da cerimónia: "Minha
querida Georgiana, só recentemente me apercebi do quanto te adoro; sinto cada
vez mais a tua falta, a cada dia e a cada hora". Georgiana escreveu
regularmente à sua mãe durante toda a sua vida e muitas das cartas chegaram aos
dias de hoje.
Para
a nobreza inglesa, o matrimónio era brilhante, mas foi infeliz. Ambos
tinham temperamentos diferentes e não combinavam. Desde o início do
casamento que o duque de Devonshire demonstrou ser um homem emocionalmente
reservado e muito diferente do pai da duquesa. O casal pouco tinha em
comum. O duque raramente fazia companhia à esposa, preferindo passar as
suas noites a jogar às cartas. O duque teve casos extra-conjugais
durante todo o casamento e a incapacidade temporária de Georgiana de gerar
filhos também foi outro problema, pois esposas aristocratas eram valorizadas
tanto por sua fertilidade como
por seus dotes e conexões.
A Duquesa de Devonshire
deu à luz duas filhas, antes do nascimento do muito esperado herdeiro e único
filho, William, que morreu sem deixar filhos.
Antes
do seu casamento com Georgiana, o duque teve uma filha ilegítima,
Charlotte Williams, fruto de
um caso com a ex-modista Charlotte Spencer. A duquesa desconhecia a existência desta filha
até vários anos após o seu casamento com o duque. Após a morte da mãe da
criança, Georgiana foi forçada a criá-la como sua filha. A duquesa ficou
"muito satisfeita" por ficar com Charlotte a seu cargo, mas a sua
mãe, a Condessa Spencer, não gostou do arranjo: "Espero que não tenhas
falado a ninguém sobre ela". A duquesa respondeu: "Ela é a
coisinha mais bem-humorada que alguma vez vi".
Em
1782, quando se encontrava no retiro de Londres com o duque, Georgiana
conheceu Lady
Elizabeth Foster
(conhecida por "Bess")
na cidade de Bath. Lady Elizabeth tornara-se indigente depois de se
separar do seu marido e dos três filhos e acabou por se tornar numa amiga
próxima de Georgiana. A situação precária de Elizabeth levou a que
Georgiana a convidasse a ir viver na sua casa. O marido de Georgiana e
Elizabeth acabaram por ter um caso
e criou-se um triângulo amoroso. O
duque acabou por fazer com que a estadia de Elizabeth fosse permanente. Apesar
de ser comum que membros masculinos da nobreza tivessem amantes, não
era tão comum, ou aceitável, que uma amante vivesse de forma tão aparente com
um casal. Além disso, a duquesa tornara-se
emocionalmente dependente de Lady Elizabeth e considerava-a a sua melhor amiga.
Sem mais alternativas, Georgiana tolerou o caso.
Lady Elizabeth Foster acabou por ter dois filhos com o duque: Caroline Rosalie St Jules e Augustus Clifford e, três anos
após a morte de Georgiana, casou-se com ele e tornou-se ela própria duquesa de
Devonshire.
Apesar
da sua infelicidade com o seu marido desligado e mulherengo e do seu casamento
frágil, a duquesa, como era o costume na época, não podia, de acordo com as
regras da sociedade, ter um amante sem primeiro dar um herdeiro ao marido. Da sua primeira gravidez que chegou a termo, nasceu
uma menina, Lady Georgiana Dorothy Cavendish, em 12 de julho de 1783. Ela recebeu a alcunha
de "Little G" e acabaria por se tornar na condessa
de Carlisle. A
duquesa desenvolveu um forte instinto maternal desde que começara a criar
Charlotte e fez questão de amamentar os seus filhos em vez de
procurar uma ama-seca, como era costume entre a aristocracia da época. Em 29 de agosto de 1785, nasceu a sua segunda
filha, Lady Harriet Elizabeth Cavendish, que recebeu a alcunha de "Harryo" e
acabaria por se tornar na condessa Granville. Finalmente, em 21 de maio de 1790, a duquesa deu
à luz um filho rapaz: William George Spencer Cavendish, que recebeu o título de marquês de Hartington assim
que nasceu e tinha a alcunha de "Hart". William nunca se casou e ficou conhecido
como "o duque solteirão". Com o nascimento de William, já era
permitido que a duquesa tivesse um amante.
Apesar de não existirem provas da data em que a duquesa começou o seu caso com Charles
Grey (mais tarde, Conde Grey), ela
engravidou dele em 1791. Em
consequência desta gravidez, a duquesa foi enviada para França e esta
acreditava que ia morrer a dar à luz. Foi com esse espírito que escreveu uma
carta ao seu filho recém-nascido que começava da seguinte forma: "Assim que tiveres idade suficiente para
compreender esta carta, ela ser-te-á entregue. Ela contém o único presente que
te posso dar: a minha bênção, escrita com o meu sangue. Bem, morri antes que me
pudesses conhecer, mas amei-te. Amamentei-te durante nove meses. Gosto muito de
ti". Em 20 de fevereiro de 1792, Eliza Courtney nasceu sem complicações e a duquesa foi forçada a
entregar a filha ilegítima à família de Grey. Mais tarde, a duquesa teve permissão para visitar
a filha ilegítima. As duas acabaram por criar uma boa relação e Eliza deu
o nome de Georgiana a uma das suas filhas.
Enquanto
esteve exilada na França, no início da década de 1790, a duquesa de Devonshire
esteve praticamente isolada e ficou afectada com a sua separação dos filhos.
Ela escreveu à sua filha mais velha: "A tua carta de 1 de Novembro foi
uma delícia para mim, mas deixou-me melancólica, minha querida filha. Este ano
foi o mais doloroso da minha vida... quando regressar para teu lado - e espero
nunca mais ter de te deixar - será demasiada felicidade para mim, minha
querida, querida Georgiana e ela será paga com muitos dias de saudades - na
verdade, cada hora que passo sem ti faz-me ter saudades tuas; se alguma coisa
me diverte ou se vejo algo que admire durante muito tempo, tenho vontade de
partilhar essa felicidade contigo. Se, por outro lado, estou sem energia,
desejo a tua presença, que só por si bastaria para me fazer bem". Para
que pudesse regressar à Inglaterra e aos seus filhos, a duquesa teve de aceitar
as exigências hipócritas do seu marido e separar-se de Charles Grey. Os
registos do tempo que passou em França foram apagados dos registos da família.
Porém, os filhos do duque e da duquesa foram informados do motivo da ausência
de Georgiana em alguma altura das suas vidas.
Apesar de a duquesa de Devonshire passar a impressão de que tolerava os
casos extra-conjugais do marido, a verdade é que sofreu com eles e procurou
refúgio de uma "existência dissoluta" nas suas paixões (socializar,
moda, política, escrita), em vícios (jogo, álcool e droga) e casos
(com vários homens, não apenas Charles Grey).
Fama e
envolvimento na política
Georgiana
Cavendish não ficou famosa somente por seu casamento, como também por sua
beleza e estilo, sua campanha política e sua paixão por jogos de azar. Alega-se
que ela tenha falecido completamente endividada, embora sua família e a família
do marido fossem bastante ricas.
Graças à sua beleza e personalidade reconhecidas, assim como ao seu
casamento com o rico e poderoso duque de Devonshire, a duquesa tinha um papel
proeminente na sociedade e foi um dos símbolos da sua época. O seu estilo fez
dela uma líder feminina extravagante na moda inglesa (o seu penteado atingia alturas extraordinárias para além das suas roupas
exuberantes). Georgiana
fez uso da sua influência como socialite e ícone da moda para contribuir para a política, ciência e literatura e fazia sempre
questão de incluir figuras da política e da literatura nos seus famosos eventos
sociais. Entre os seus amigos, contavam-se
algumas das figuras mais influentes da época, incluindo o Príncipe de
Gales (que
viria a tornar-se o rei Jorge IV), Maria Antonieta e
a sua amiga preferida da corte, a duquesa
de Polignac; Charles Grey (mais tarde, conde Grey e Primeiro-Ministro), e Lady
Melbourne (amante
do príncipe de Gales). Os
jornais seguiam de perto todas as suas aparições e actividades.
A duquesa participou
activamente de campanhas políticas numa época em que o direito de voto ainda
levaria um século para ser concedido às mulheres (ver sufrágio
feminino). Tanto sua família, os Spencer, como os Cavendish
eram whigs. Georgiana fazia campanhas pelos whigs, particularmente
para um primo distante, Charles
James Fox,
no tempo em que o rei George III e seus ministros tinham influência sobre a Casa dos Comuns.
Houve
rumores de que, durante a eleição geral de 1784, a duquesa de Devonshire trocava beijos
por votos
a favor de Fox. O desenhista Thomas Rowlandson (1756-1827) fez uma famosa sátira dela, na sua
pintura The Devonshire, or Most Approved Method of Securing
Votes (A Devonshire, ou o mais aprovado
método de assegurar votos).
A Duquesa de Devonshire foi pintada por grandes artistas, tais como Thomas Gainsborough e Joshua Reynolds.
O
famoso quadro de Gainsborough no qual
Georgiana usa um grande chapéu francês ficou desaparecido por anos. Entretanto, um descendente seu, Andrew
Cavendish, 11.º Duque de Devonshire, conseguiu recuperá-lo, e hoje o
retrato está em Chatsworth
House.
Outras
ocupações
Durante toda a sua vida, a duquesa foi uma escritora ávida e produziu vários trabalhos, tanto de
prosa como de poesia, alguns dos quais foram publicados.
Georgiana começou a escrever poesia em criança para o seu pai e
alguns dos seus poemas foram passando de mão em mão e chegaram a ser lidos por Robert
Walpole (que
disse que estes eram "simples e escritos de forma bonita, embora não digam
muito") e pelo reverendo William Mason (que tinha opiniões mais
positivas).
O
primeiro dos seus romances a ser publicado foi Emma; Or, The Unfortunate Attachment: A Sentimental Novel
em 1773.
Em
1778, foi publicado o romance epistolo, The Sylph. Publicado de forma anónima, o romance tem
elementos autobiográficos e a história centra-se numa esposa aristocrática que
foi corrompida. O romance foi descrito como "uma exposição da
aristocracia, descrita como um grupo de libertinos, chantagistas e
alcoólicos". The Sylph teve um grande sucesso e teve quatro edições.
Outro
trabalho da duquesa, The Passage of the Mountain of Saint Gothard, um poema dedicado aos seus filhos, foi publicado
no jornal Morning
Chronicle em
dezembro de 1799.
A
duquesa interessou-se ainda por Ciência:
assistiu a experiências científicas e mantinha uma colecção de cristais em Chatsworth,
a residência oficial dos duques de Devonshire. Teve ainda um papel fundamental na criação do Instituto
de Pneumologia de Bristol.
O
afastamento da duquesa de Devonshire da sociedade inglesa enquanto esteve
exilada em França foi um ponto baixo da sua vida em vários aspectos. Quando regressou a Inglaterra, a duquesa era
"uma mulher mudada". O duque começou a sofrer de gota e ela
passou muito do seu tempo a cuidar dele. Um novo aborto espontâneo e esta
doença levou a que os duques se aproximassem.
Em 1796, a duquesa teve uma doença
num olho e o tratamento provocou cicatrizes no seu rosto. No entanto,
"essas cicatrizes libertaram-na dos seus medos. Todas as inibições que
recaíam sobre se ela era suficientemente bonita ou se estava à altura da sua
posição deixaram-na". Quando
se aproximava dos 40 anos, a duquesa reconquistou a sua proeminência e o gosto
de estar em sociedade, apesar de a sua vida pessoal continuar a ser marcada por
episódios de infelicidade, dívidas e problemas de saúde.
Depois de fazer 40 anos, a duquesa
dedicou-se à apresentação da sua filha mais velha à sociedade. O seu baile de
debutante ocorreu em 1800 e a duquesa viu a sua filha casar com o herdeiro
aparente do ducado de Carlisle, Lord
Carlisle, em 1801. Esta foi a
primeira e única filha que a duquesa viu casar.
A sua saúde continuou a deteriorar-se
ao longo da década, assim como o seu vício no jogo. A duquesa chegou a pedir
dinheiro emprestado várias vezes aos pais para pagar as suas dívidas
astronómicas. A mãe da duquesa acreditava que a sua filha estava a ficar doente
em consequência desse vício, mas mais tarde veio a descobrir-se que ela tinha
um abcesso no fígado.
Georgiana Cavendish, a 5.º duquesa de Devonshire, morreu em 30 de
março de 1806, aos 48 anos de idade. Morreu
rodeada pela sua família e amigas mais próximas: o seu marido, a sua mãe, a sua
irmã, a sua filha mais velha, Lady Morph (grávida de oito meses) e Lady
Elizabeth Foster. Todos ficaram inconsoláveis com a sua morte. Pela
primeira vez, o duque de
Devonshire demonstrou sentimentos fortes pela sua mulher, como
descreveu um amigo: "o
duque ficou fortemente afectado e e demonstrou mais sentimentos do que alguém
achou possível, de facto, todos os membros da família estão num estado terrível
de sofrimento". A filha mais velha da duquesa escreveu: "Oh,
minha querida, minha adorada mãe que partiste, partiste mesmo para sempre para
longe de mim. Será que nunca mais verei o teu rosto angélico, nem ouvirei mais
a tua voz abençoada. Tu, que amei com tanto carinho, tu que foste... a melhor
das mães. Adeus. Queria espalhar violetas no seu leito de morte como ela
espalhou doçura na minha vida, mas não me deixaram". O príncipe de
Gales também lamentou a sua morte: "A melhor mulher, e com o melhor
carácter da Inglaterra, partiu".
Milhares de pessoas em Londres
reuniram-se em Piccadilly, onde ficava a casa da cidade dos Cavendish para
prestar as suas últimas homenagens. A duquesa foi enterrada no jazigo da
família na igreja All Saints Parish (actualmente a Catedral de Derby) em Derby.
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