sexta-feira, 12 de março de 2021

«Chaves na mão, melena desgrenhada…”


É de Nicolau Tolentino o soneto “O colchão dentro do toucado”, sátira aos cabelos altos, que o penteado da Duquesa de Devonshire, poderia ter inspirado, tendo vivido no mesmo século XVIII do poeta português - moda essa dos cabelos altos difundida, talvez até, por ela própria, como mulher ousada que foi, leio na Internet…

 Mas foram dois os textos que me chegaram por email, hoje, ambos sobre gentes ou factos do século XVIII, o primeiro, contudo, de origem anterior, este, uma excelente e carinhosa síntese descritiva sobre uma Igreja de Lisboa, a propósito de uma tradição inglesa, ditada por princípios educativos, o segundo, de um facebook - que me chegou não sei se por orientação do seu dono, ou por outra via – uma pequena síntese sobre um filme em torno de uma protagonista precoce na defesa das liberdades femininas e que teve projecção no seu tempo. Aproveitei, pois, para me entreter e “instruir”, lendo e vendo as imagens que a Internet oferece, tanto da Igreja dos Santos Reis Magos, como da biografia da duquesa de Devonshire, acompanhada dos respectivos quadros, numa tarde confinada de um frio Março, que me fez lembrar tempos da mocidade e de leituras de êxtase – tal como foi a da biografia da duquesa hoje, colhida na generosa Internet, com o acompanhamento das respectivas reproduções de quadros. E fico grata a quem me enviou os dados, tal como outrora trocávamos livros, entre amigos camaradas, que a electrónica veio substituir, mas, em parte, também, a enriquecer, no imediatismo bastante preenchido das consultas propícias...

I TEXTO: De MARIA EDUARDA VASSALLO-MCGEOCH

A igreja em que fui baptizada em 25 de Dezembro de 1952

Descrição

A origem da actual Igreja dos Santos Reis Magos, Igreja Paroquial do Campo Grande, remonta a uma pequena Ermida da invocação dos Três Santos Reis, datada do séc. XVI, que foi destruída quase na totalidade pelo Terramoto de 1755. A reconstrução do templo ocorreu no final do séc. XVIII, a partir de 1778, às expensas de donativos de particulares, de receitas da Misericórdia e de taxas da "Feira das Nozes" instituída por D. Maria I. Esta igreja foi objecto de sucessivas intervenções ao longo do tempo: no final do séc. XIX, a sua arquitectura inicial foi alterada, em especial a sua frontaria; no início do séc. XX, viu suprimido o seu adro circundante e apeado o cruzeiro datado de 1646; no final do séc. XX, para além das construções de um salão paroquial e de um edifício para acolher os serviços do Centro Social e Paroquial do Campo Grande, foi refeito um pequeno adro lateral simbolicamente vedado, no qual foi recolocado o cruzeiro. Com um projecto arquitectónico bastante simples, a sua fachada surge rasgada por um portal rematado por cornija em chaveta, sobrepujado por 3 janelões. Sobre o entablamento frontal rasga-se um óculo rematado por frontão triangular encimado por cruz. A Torre sineira, de secção quadrada, localiza-se na prumada ocidental. O interior do templo, coberto por tecto em abobadilha de aresta, é constituído pela nave e capela-mor, sobre cujo arco se ostenta o escudo real de D. Luís, com as armas de Portugal. Em termos artísticos encontramos na igreja: pinturas seiscentistas no tecto, restauradas em 1880 por Pereira Júnior; uma composição pictórica nos alçados laterais da capela-mor, representando a Paixão de Cristo; um retábulo de talha dourada em estilo neoclássico; cenas figuradas dos Reis Magos no retábulo, da Natividade no alçado lateral do lado da Epístola e da Circuncisão no alçado lateral do lado do Evangelho; e ainda dois painéis de azulejos na sacristia, datados de 1798,representando, um deles, Nª Senhora da Conceição, Sto. António e S. Marçal e, o outro, Cristo Crucificado e S. Caetano.

Querida Berta,  

A talho de foice do meu último e-mail calha dizer que o súbito interesse pela igreja em que fui baptizada vem de que, no próximo Domingo, o quarto da quaresma, os anglicanos, e em geral os ingleses, celebram o dia da mãe. A origem da festa, posta nesta data, é a de que, nesse particular domingo, era costume visitar a igreja em que se tinha sido baptizado. A «mãe» é, pois, inicialmente, a igreja de Cristo.

As pessoas que estavam ao serviço de grandes casas tinham o dia livre para cumprir o que era quase um preceito. Porque a igreja em que se tinha sido baptizado era normalmente a igreja da terra em que viviam os pais, a visita à igreja tornava-se na visita aos pais, e particularmente à mãe. Assim aparece o dia da mãe no meio da quaresma.

A nossa capelã, a Beth, anda a recolher testemunhos e fotografias das igrejas dos baptismos dos membros da congregação. Tudo virtual, tudo on-line, está bem de ver. Beth on-line e congregação on-line, por enquanto.

O facto é que começa a não haver pachorra. Já me chegava que, ao menos, as escolas abrissem.

O Alentejo continua lindo, e nós continuamos bem. E vós aí, desde ontem?

Muitos beijinhos, com saudades,

Maria Eduarda

 

II - DE: LUÍS SOARES DE OLIVEIRA (facebook)

O filme inglês intitulado Duquesa de Devonshire que a Fox filmes nos trouxe há dias, não faz justiça à muito estimada e bela Georgiana (1757-1806), Lady G, para os íntimos. A grande contribuição que a lady G, mulher do Duque, patrono supremo do Partido Whigh, deu, consistiu na interpretação e aplicação da doutrina política liberal (whig), influência que exerceu na atitude assumida pelos próceres do Partido que dominou a política inglesa dois séculos e garantiu ao Reino Unido a hegemonia mundial pós napoleónica. Os whigs tinham ido buscar inspiração a Calvino, mas foi Georgiana pelo seu comportamento livre que lhes mostrou que o que faz a união e consequentemente a força é a tolerância da fraqueza humana e não o culto da virtude dos fortes.

Pintura:Georgiana Cavendish vista por Gainsborough

 

DA INTERNET:

Georgiana Cavendish, Duquesa de Devonshire

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Georgiana Cavendish, duquesa de Devonshire (7 de junho de 1757 30 de março de 1806) foi uma nobre britânica, ícone da moda, autora e activista. Georgiana fazia parte da família Spencer e, através do seu casamento com William Cavendish, o 5.º Duque de Devonshire, passou a integrar a família Cavendish.

Como duquesa de Devonshire, Georgiana conseguiu bastante atenção e fama na sociedade. Com uma posição proeminente no Pariato da Inglaterra, a duquesa ficou famosa devido ao seu carisma, à sua influência política, à sua beleza, ao seu casamento pouco convencional, aos seus casos amorosos, às suas festas e à sua paixão pelos jogos de azar.

Primeiros anos e família

Pintura: Georgiana Spencer em criança com a sua mãe, Margaret Georgiana Spencer. Por Sir Joshua Reynolds.

Georgiana Spencer era a filha mais velha de John Spencer, 1º Conde Spencer, um bisneto de John Churchill, 1.º Duque de Marlborough, e de sua esposa, Margaret Georgiana Poyntz. Nasceu em Althorp, a residência da família Spencer. Após o nascimento da sua filha, a sua mãe escreveu: "Admito que tenho um carinho tão especial pela minha pequena Gee que me parece que não gostarei tanto de outra pessoa".

Georgiana teve dois irmãos mais novos: Henrietta e George (a filha da sua irmã Henrietta, Lady Carolina Lamb, tornou-se escritora e amante de Lord Byron). O pai de Georgiana, John Churchill, vinha de uma família nobre e rica. Ele mandou construir uma residência para a sua família em St. James, Londres e foi aí que criou os seus filhos. O seu casamento foi muito feliz e não há registos de que tenha havido algum caso extra-conjugal, uma raridade naquela época. Georgiana desenvolveu uma relação muito próxima com a sua mãe e dizia-se que ela era a sua filha preferida.

Quando o pai de Georgiana assumiu o título de visconde Spencer em 1761, ela ganhou a forma de tratamento: A Honorável Georgiana Spencer. Em 1765, o seu pai tornou-se conde e ela passou a ser conhecida como Lady Georgiana Spencer.

Casamento e filhos

Em 5 de Junho de 1774, Georgiana, na altura com 17 anos, desposou Sir William Cavendish, filho de William Cavendish, 4.º Duque de Devonshire, o homem mais desejado da sociedade inglesa. O casamento realizou-se na igreja Wimbledon Parish. Foi uma pequena cerimónia onde apenas estiveram presentes os pais, avó materna e futuros cunhados de Georgiana. Os seus pais estavam muito emocionados por entregarem a filha, mas felizes por ela se estar a casar com um dos homens mais ricos e poderosos do país. O seu pai, que sempre fora muito afectuoso com os filhos, escreveu-lhe uma carta pouco depois da cerimónia: "Minha querida Georgiana, só recentemente me apercebi do quanto te adoro; sinto cada vez mais a tua falta, a cada dia e a cada hora". Georgiana escreveu regularmente à sua mãe durante toda a sua vida e muitas das cartas chegaram aos dias de hoje.

Para a nobreza inglesa, o matrimónio era brilhante, mas foi infeliz. Ambos tinham temperamentos diferentes e não combinavam. Desde o início do casamento que o duque de Devonshire demonstrou ser um homem emocionalmente reservado e muito diferente do pai da duquesa. O casal pouco tinha em comum. O duque raramente fazia companhia à esposa, preferindo passar as suas noites a jogar às cartas. O duque teve casos extra-conjugais durante todo o casamento e a incapacidade temporária de Georgiana de gerar filhos também foi outro problema, pois esposas aristocratas eram valorizadas tanto por sua fertilidade como por seus dotes e conexões. A Duquesa de Devonshire deu à luz duas filhas, antes do nascimento do muito esperado herdeiro e único filho, William, que morreu sem deixar filhos.

Antes do seu casamento com Georgiana, o duque teve uma filha ilegítima, Charlotte Williams, fruto de um caso com a ex-modista Charlotte Spencer. A duquesa desconhecia a existência desta filha até vários anos após o seu casamento com o duque. Após a morte da mãe da criança, Georgiana foi forçada a criá-la como sua filha. A duquesa ficou "muito satisfeita" por ficar com Charlotte a seu cargo, mas a sua mãe, a Condessa Spencer, não gostou do arranjo: "Espero que não tenhas falado a ninguém sobre ela". A duquesa respondeu: "Ela é a coisinha mais bem-humorada que alguma vez vi".

Em 1782, quando se encontrava no retiro de Londres com o duque, Georgiana conheceu Lady Elizabeth Foster (conhecida por "Bess") na cidade de Bath. Lady Elizabeth tornara-se indigente depois de se separar do seu marido e dos três filhos e acabou por se tornar numa amiga próxima de Georgiana. A situação precária de Elizabeth levou a que Georgiana a convidasse a ir viver na sua casa. O marido de Georgiana e Elizabeth acabaram por ter um caso e criou-se um triângulo amoroso. O duque acabou por fazer com que a estadia de Elizabeth fosse permanente. Apesar de ser comum que membros masculinos da nobreza tivessem amantes, não era tão comum, ou aceitável, que uma amante vivesse de forma tão aparente com um casal. Além disso, a duquesa tornara-se emocionalmente dependente de Lady Elizabeth e considerava-a a sua melhor amiga. Sem mais alternativas, Georgiana tolerou o caso.

Lady Elizabeth Foster acabou por ter dois filhos com o duque: Caroline Rosalie St Jules e Augustus Clifford e, três anos após a morte de Georgiana, casou-se com ele e tornou-se ela própria duquesa de Devonshire.

Apesar da sua infelicidade com o seu marido desligado e mulherengo e do seu casamento frágil, a duquesa, como era o costume na época, não podia, de acordo com as regras da sociedade, ter um amante sem primeiro dar um herdeiro ao marido. Da sua primeira gravidez que chegou a termo, nasceu uma menina, Lady Georgiana Dorothy Cavendish, em 12 de julho de 1783. Ela recebeu a alcunha de "Little G" e acabaria por se tornar na condessa de Carlisle. A duquesa desenvolveu um forte instinto maternal desde que começara a criar Charlotte e fez questão de amamentar os seus filhos em vez de procurar uma ama-seca, como era costume entre a aristocracia da época. Em 29 de agosto de 1785, nasceu a sua segunda filha, Lady Harriet Elizabeth Cavendish, que recebeu a alcunha de "Harryo" e acabaria por se tornar na condessa Granville. Finalmente, em 21 de maio de 1790, a duquesa deu à luz um filho rapaz: William George Spencer Cavendish, que recebeu o título de marquês de Hartington assim que nasceu e tinha a alcunha de "Hart". William nunca se casou e ficou conhecido como "o duque solteirão". Com o nascimento de William, já era permitido que a duquesa tivesse um amante. Apesar de não existirem provas da data em que a duquesa começou o seu caso com Charles Grey (mais tarde, Conde Grey), ela engravidou dele em 1791. Em consequência desta gravidez, a duquesa foi enviada para França e esta acreditava que ia morrer a dar à luz. Foi com esse espírito que escreveu uma carta ao seu filho recém-nascido que começava da seguinte forma: "Assim que tiveres idade suficiente para compreender esta carta, ela ser-te-á entregue. Ela contém o único presente que te posso dar: a minha bênção, escrita com o meu sangue. Bem, morri antes que me pudesses conhecer, mas amei-te. Amamentei-te durante nove meses. Gosto muito de ti". Em 20 de fevereiro de 1792, Eliza Courtney nasceu sem complicações e a duquesa foi forçada a entregar a filha ilegítima à família de Grey. Mais tarde, a duquesa teve permissão para visitar a filha ilegítima. As duas acabaram por criar uma boa relação e Eliza deu o nome de Georgiana a uma das suas filhas.

Enquanto esteve exilada na França, no início da década de 1790, a duquesa de Devonshire esteve praticamente isolada e ficou afectada com a sua separação dos filhos. Ela escreveu à sua filha mais velha: "A tua carta de 1 de Novembro foi uma delícia para mim, mas deixou-me melancólica, minha querida filha. Este ano foi o mais doloroso da minha vida... quando regressar para teu lado - e espero nunca mais ter de te deixar - será demasiada felicidade para mim, minha querida, querida Georgiana e ela será paga com muitos dias de saudades - na verdade, cada hora que passo sem ti faz-me ter saudades tuas; se alguma coisa me diverte ou se vejo algo que admire durante muito tempo, tenho vontade de partilhar essa felicidade contigo. Se, por outro lado, estou sem energia, desejo a tua presença, que só por si bastaria para me fazer bem". Para que pudesse regressar à Inglaterra e aos seus filhos, a duquesa teve de aceitar as exigências hipócritas do seu marido e separar-se de Charles Grey. Os registos do tempo que passou em França foram apagados dos registos da família. Porém, os filhos do duque e da duquesa foram informados do motivo da ausência de Georgiana em alguma altura das suas vidas.

Apesar de a duquesa de Devonshire passar a impressão de que tolerava os casos extra-conjugais do marido, a verdade é que sofreu com eles e procurou refúgio de uma "existência dissoluta" nas suas paixões (socializar, moda, política, escrita), em vícios (jogo, álcool e droga) e casos (com vários homens, não apenas Charles Grey).

Fama e envolvimento na política

Georgiana Cavendish não ficou famosa somente por seu casamento, como também por sua beleza e estilo, sua campanha política e sua paixão por jogos de azar. Alega-se que ela tenha falecido completamente endividada, embora sua família e a família do marido fossem bastante ricas.

Graças à sua beleza e personalidade reconhecidas, assim como ao seu casamento com o rico e poderoso duque de Devonshire, a duquesa tinha um papel proeminente na sociedade e foi um dos símbolos da sua época. O seu estilo fez dela uma líder feminina extravagante na moda inglesa (o seu penteado atingia alturas extraordinárias para além das suas roupas exuberantes). Georgiana fez uso da sua influência como socialite e ícone da moda para contribuir para a política, ciência e literatura e fazia sempre questão de incluir figuras da política e da literatura nos seus famosos eventos sociais. Entre os seus amigos, contavam-se algumas das figuras mais influentes da época, incluindo o Príncipe de Gales (que viria a tornar-se o rei Jorge IV), Maria Antonieta e a sua amiga preferida da corte, a duquesa de Polignac; Charles Grey (mais tarde, conde Grey e Primeiro-Ministro), e Lady Melbourne (amante do príncipe de Gales). Os jornais seguiam de perto todas as suas aparições e actividades.

A duquesa participou activamente de campanhas políticas numa época em que o direito de voto ainda levaria um século para ser concedido às mulheres (ver sufrágio feminino). Tanto sua família, os Spencer, como os Cavendish eram whigs. Georgiana fazia campanhas pelos whigs, particularmente para um primo distante, Charles James Fox, no tempo em que o rei George III e seus ministros tinham influência sobre a Casa dos Comuns.

Houve rumores de que, durante a eleição geral de 1784, a duquesa de Devonshire trocava beijos por votos a favor de Fox. O desenhista Thomas Rowlandson (1756-1827) fez uma famosa sátira dela, na sua pintura The Devonshire, or Most Approved Method of Securing Votes (A Devonshire, ou o mais aprovado método de assegurar votos).

A Duquesa de Devonshire foi pintada por grandes artistas, tais como Thomas Gainsborough e Joshua Reynolds. O famoso quadro de Gainsborough no qual Georgiana usa um grande chapéu francês ficou desaparecido por anos. Entretanto, um descendente seu, Andrew Cavendish, 11.º Duque de Devonshire, conseguiu recuperá-lo, e hoje o retrato está em Chatsworth House.

Outras ocupações

Durante toda a sua vida, a duquesa foi uma escritora ávida e produziu vários trabalhos, tanto de prosa como de poesia, alguns dos quais foram publicados.

Georgiana começou a escrever poesia em criança para o seu pai e alguns dos seus poemas foram passando de mão em mão e chegaram a ser lidos por Robert Walpole (que disse que estes eram "simples e escritos de forma bonita, embora não digam muito") e pelo reverendo William Mason (que tinha opiniões mais positivas).

O primeiro dos seus romances a ser publicado foi Emma; Or, The Unfortunate Attachment: A Sentimental Novel em 1773.

Em 1778, foi publicado o romance epistolo, The Sylph. Publicado de forma anónima, o romance tem elementos autobiográficos e a história centra-se numa esposa aristocrática que foi corrompida. O romance foi descrito como "uma exposição da aristocracia, descrita como um grupo de libertinos, chantagistas e alcoólicos". The Sylph teve um grande sucesso e teve quatro edições.

Outro trabalho da duquesa, The Passage of the Mountain of Saint Gothard, um poema dedicado aos seus filhos, foi publicado no jornal Morning Chronicle em dezembro de 1799.

A duquesa interessou-se ainda por Ciência: assistiu a experiências científicas e mantinha uma colecção de cristais em Chatsworth, a residência oficial dos duques de Devonshire. Teve ainda um papel fundamental na criação do Instituto de Pneumologia de Bristol.

O afastamento da duquesa de Devonshire da sociedade inglesa enquanto esteve exilada em França foi um ponto baixo da sua vida em vários aspectos. Quando regressou a Inglaterra, a duquesa era "uma mulher mudada". O duque começou a sofrer de gota e ela passou muito do seu tempo a cuidar dele. Um novo aborto espontâneo e esta doença levou a que os duques se aproximassem.

Em 1796, a duquesa teve uma doença num olho e o tratamento provocou cicatrizes no seu rosto. No entanto, "essas cicatrizes libertaram-na dos seus medos. Todas as inibições que recaíam sobre se ela era suficientemente bonita ou se estava à altura da sua posição deixaram-na". Quando se aproximava dos 40 anos, a duquesa reconquistou a sua proeminência e o gosto de estar em sociedade, apesar de a sua vida pessoal continuar a ser marcada por episódios de infelicidade, dívidas e problemas de saúde.

Depois de fazer 40 anos, a duquesa dedicou-se à apresentação da sua filha mais velha à sociedade. O seu baile de debutante ocorreu em 1800 e a duquesa viu a sua filha casar com o herdeiro aparente do ducado de Carlisle, Lord Carlisle, em 1801. Esta foi a primeira e única filha que a duquesa viu casar.

A sua saúde continuou a deteriorar-se ao longo da década, assim como o seu vício no jogo. A duquesa chegou a pedir dinheiro emprestado várias vezes aos pais para pagar as suas dívidas astronómicas. A mãe da duquesa acreditava que a sua filha estava a ficar doente em consequência desse vício, mas mais tarde veio a descobrir-se que ela tinha um abcesso no fígado.

 

Georgiana Cavendish, a 5.º duquesa de Devonshire, morreu em 30 de março de 1806, aos 48 anos de idade. Morreu rodeada pela sua família e amigas mais próximas: o seu marido, a sua mãe, a sua irmã, a sua filha mais velha, Lady Morph (grávida de oito meses) e Lady Elizabeth Foster. Todos ficaram inconsoláveis com a sua morte. Pela primeira vez, o duque de Devonshire demonstrou sentimentos fortes pela sua mulher, como descreveu um amigo: "o duque ficou fortemente afectado e e demonstrou mais sentimentos do que alguém achou possível, de facto, todos os membros da família estão num estado terrível de sofrimento". A filha mais velha da duquesa escreveu: "Oh, minha querida, minha adorada mãe que partiste, partiste mesmo para sempre para longe de mim. Será que nunca mais verei o teu rosto angélico, nem ouvirei mais a tua voz abençoada. Tu, que amei com tanto carinho, tu que foste... a melhor das mães. Adeus. Queria espalhar violetas no seu leito de morte como ela espalhou doçura na minha vida, mas não me deixaram". O príncipe de Gales também lamentou a sua morte: "A melhor mulher, e com o melhor carácter da Inglaterra, partiu".

Milhares de pessoas em Londres reuniram-se em Piccadilly, onde ficava a casa da cidade dos Cavendish para prestar as suas últimas homenagens. A duquesa foi enterrada no jazigo da família na igreja All Saints Parish (actualmente a Catedral de Derby) em Derby.

 

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