segunda-feira, 8 de março de 2021

À sombra


Um olhar atento de Helena Matos sobre as jogadas finórias de um presidente do PSD, vivendo à sombra dos seus malabarismos de pretensa argúcia, bem longe dos ideais mais democráticos e esclarecidos que anteriormente impulsionaram outros representantes do seu partido. Agachado no seu poiso de pseudo sabedoria, ora em contradição fictícia com o governo, para mostrar labuta em prol desses ideais dos seus antecessores, (que duvido que reconheça, apenas preocupado consigo próprio), ora de apoio ao governo, a mostrar camaradagem na defesa do bem comum, que esse governo vai cozinhando, com os do seu apoio real, assim vai recolhendo os seus próprios nacos, para proveito pessoal, indiferente aos seus e ao seu próprio país, como Helena Matos demonstra, com a habitual argúcia interpretativa. Como afirmaram alguns comentadores, a Rui Rio não interessa governar, claramente, na modorra maquiavélica do seu cantinho previdente….

                                                                                                                                       

Rui Rio é parvo ou faz-se? /premium

Rui Rio, sempre disponível para ajudar o Governo, não teve disponibilidade para formalizar o interesse do PSD no apoio da IL à candidatura de Carlos Moedas. É caso para perguntar: Rio é parvo ou faz-se?

HELENA MATOS,  Colunista do Observador

OBSERVADOR, 07 mar 2021

1Lê-se e não se acredita: «presidente da IL estava desde janeiro à espera de um contacto de Rui Rio para falar de Lisboa, mas o contacto nunca aconteceu.»

Note-se que no mesmo período em que Rui Rio não teve disponibilidade para contactar os liberais de modo a formalizar junto deles o interesse do PSD no apoio da IL à candidatura de Carlos Moedas, desbaratou disponibilidade no apoio às mais destravadas propostas. Por exemplo, a 8 de Janeiro vimo-lo a declarar-se “disponível para adiar eleições” presidenciais; em meados de Fevereiro andou em palpos de aranha porque viu o PS mostrar-se disponível para alterar a legislação sobre as candidaturas independentes que com toda a disponibilidade PS e PSD tinham alterado em 2020. E agora, no início de Março, quando o PS foi confrontado com o chumbo por parte das autarquias à localização do novo aeroporto no Montijo, logo Rui Rio se veio mostrar disponível para “ajudar Governo a retirar poder de veto dos municípios ao aeroporto”. Não passa uma semana sem que Rui Rio se mostre disponível a ajudar o PS a ser menos ou mais qualquer coisa que só ele, Rio, vislumbra.

Estávamos já habituados a este modo único no mundo de fazer oposição por parte do líder do PSD, quando o lançamento da candidatura de Carlos Moedas veio mostrar que o caso Rui Rio pode ser bem pior. Depois de ter precipitado o anúncio da candidatura de Carlos Moedas em Lisboa, Rio logo a seguir lhe falhou no essencial, ou seja nas negociações com a IL. Com a candidatura há menos de uma semana no terreno, já é claro que ou Carlos Moedas se desembaraça de Rio ou se arrisca a que este se torne no maior problema da sua candidatura. (No meio de tanta petição por qualquer coisa e o seu contrário, creio que terá o maior cabimento fazer-se uma petição a pedir encarecidamente ao líder do PSD que visite a Venezuela. Talvez venha de lá esclarecido sobre as consequências da auto-destruição da oposição mas conhecendo-o é de temer que se convença precisamente do contrário.)

2Diz o PÚBLICO que o PCP anda há cem anos “Em busca de uma sociedade que nunca existiu”. Mente o PÚBLICO: essa sociedade existiu, existe e caracterizou-se invariavelmente por milhões de vítimas, fomes, genocídio, torturas, campos de concentração… Do Afeganistão ao Vietnam não houve praticamente uma letra do alfabeto que não identificasse um país onde foi implantado o comunismo. E que por isso mesmo e como tal foi elogiado pelo PCP. O mesmo partido que o PÚBLICO diz andar há cem anos “Em busca de uma sociedade que nunca existiu”. Porquê este rasurar da prática comunista? Porquê este negar da evidência? Porque esta dissociação entre o ideal comunista e a realidade dos regimes comunistas é essencial ao proselitismo que tudo cerca, das universidades às redacções. Os comunistas não são nem nunca foram viajantes românticos em busca duma sociedade perfeita. São gente que sabe o que quer e que não quis nem quer saber o que se fez em nome dos seus ideais.

3Foi bonito ver Catarina Martins e Jerónimo de Sousa saindo pressurosamente do seu torpor para virem defender o Governo via ataques a Cavaco Silva após o antigo PR ter declarado que A democracia em Portugal está amordaçada… É em momentos como estes que se vê como os “queridos comunistas” são hoje indispensáveis à governação socialista, mesmo quando esta lhes dispensa os votos. Afinal, enquanto garantem a paz social ao PS, os comunistas do PCP e do BE reservam os slogans e as fúrias para aqueles que põem em causa o poder do PS. Ou que, como é o caso de Cavaco Silva, mantêm uma reserva de autoridade moral que lhes permite dizer o que pensam. Enquanto ouve as declarações de Catarina Martins e Jerónimo de Sousa sobre Cavaco Silva, António Costa não deixará de concluir que a compra do silêncio desta gente foi o seu melhor investimento.

PS. Entre anúncios, novas estratégias, desmentidos e reconfirmações perde-se o norte ao plano de vacinação e testagem à Covid 19. Fomos agora informados que Equipas móveis vão percorrer o país para testarem todas as escolas públicas. Apenas as escolas públicas? Recordo que a 19 de Janeiro foi anunciado que a testagem ia começar nas escolas secundárias públicas e privadas dos concelhos de risco extremamente elevado. A 26 de Fevereiro os testes de rastreio foram alargados a todas as escolas do continente, independentemente do nível de ensino. Agora em Março as escolas privadas desapareceram dos comunicados. Aguardam-se explicações.

CÂMARA MUNICIPAL LISBOA  LISBOA  PAÍS  RUI RIO  POLÍTICA  CARLOS MOEDAS  ANÍBAL CAVACO SILVA  PCP

COMENTÁRIOS:

António Serrano: Menos parvo do que parece... Ele foge do poder como o diabo da Cruz. Não quer ser PM, porque tem medo e entretanto, leva uma vida descansadinha. Logo, tudo fará, mesmo tudo! para não ter de ocupar o lugar de Costa.            JOSE DE CASTRO: Ainda a tempo, me lembro da frase de W C Churchill em 1936: «O maior defeito do capitalismo é não distribuir por igual a riqueza A maior vantagem do socialismo é distribuir por igual a miséria» Livremo-nos desta ditadura socialista! Devemos isso aos nossos filhos!          JOSE DE CASTRO: Após só agora ler o artigo e os numerosos comentários, confirmo o que há tempo penso: só uma votação intensa no Chega poderá tirar o sistema desta ditadura esquerdista onde nos encontramos e que tanto tem afundado a nossa economia, o nosso amor-próprio e a nossa moral! Digam bem ou digam mal, o Chega está já a mudar Portugal!         Alves Reis: Excelente artigo, parabéns à autora. Nenhum país aonde o comunismo/socialismo tenha sido implementado à força e pela força das armas, foi uma nação de miséria extrema e morte para os povos que tiveram essa ideologia imposta........não conheço nenhuma nação do mundo que tenha sido próspero sobre a matriz comunista/socialista         Luís Marques: Minha senhora, leio os seus artigos com grande interesse e proveito, mas desculpe que lhe diga: só agora descobriu que Rui Rio é parvo? Pior que parvo, é uma inexistência, um vácuo, uma ausência...          Joaquim Almeida >Luís Marques: Uma ausência intermitente, para dizer ou fazer tolices políticas. Inimaginável          Dali ou Picasso ?: As duas coisas?... Parabens pela coragem de Escrever!!         Carmo Araujos: Rui Rio não procurar o apoio da IL parece-me normal. Se chegassem a acordo e Moedas ganhasse, como ficava a relação de Rio com o grande líder? Mas tendo em conta a subserviência de Rio a Costa, não escolheria Moedas se este fosse diferente de Medina! Joaquim Moreira: Ainda hoje Rui Rio provou que não só não é parvo, como não se quer fazer, ao dizer: A ser verdade, envergonha-nos a todos e retira-nos respeitabilidade. O Governo português a dar uma triste oportunidade para o holandês Jeroen Dijsselbloem esboçar um sorriso sarcástico. A propósito da notícia do Público sobre a Presidência Portuguesa da UE: Dos fatos para motoristas aos vinhos: as despesas do Governo para uma Presidência Europeia digital. "Apesar de a pandemia ter atirado os encontros para o formato digital, as contas mostram que o Governo preparou a Presidência Portuguesa para eventos presenciais: há vinhos, brindes e até fatos para motoristas. E alguns contratos foram adjudicados a empresas com menos de um mês." (...) E continua a explicar o que este desgoverno, até agora já fez!         J Ferreira: Rui Rio tornou o PSD no Partido Socialista Democrata. Deixou a única oposição ao governo a cargo de André Ventura. CHEGA em frente e sempre a subir.               José Pinto de Sá: Helena Matos é actualmente a melhor jornalista da actualidade política nacional que contraria o main-stream.          Joao Mar: A IL tem muita gente que deixou o PSD por não se identificar. Que sentido faria sairem do PSD, fundarem outro partido para depois serem muleta do PSD do Rio que decidiram deixar?!?!?!?            Tiago Coimbra: Excelente artigo, Helena Matos. Sobre as escolas privadas, só há a dizer que estas são um (mais um) espinho entalado na garganta dos Xuxalo-Cumunas. Não podem dar aulas online por decreto, apesar de serem as únicas que se prepararam atempadamente, com competência e através de excelente trabalho feito por profissionais, mas podem e devem tratar da testagem dos seus alunos, arcando estas escolas e os pais dos alunos, com os custos dessa testagem, e aparentemente com a logística também. Sacanagem pura. A inconsistência destes incompetentes do desGoverno Português (que de resto nenhum teria emprego em nenhuma das empresas onde eu trabalhei/trabalho, por evidente falta de competência) e o espelho dos seus ideais... cuidado com esta malta.          Graciete Madeira: Excelente texto.              V. Oliveira: Como habitualmente, um excelente resumo de Helena Matos. A "liderança" de RR dificilmente passará das autárquicas. Enquanto isso, roda livre para o habilidoso...           Joaquim Rodrigues: Rui Rio é parvo ou faz-se? A “Oligarquia DDT” tem-se servido, umas vezes do PS, outras vezes do PSD e do CDS, conforme a conjuntura e conforme os que, em cada momento, lhe dão mais garantias quanto aos privilégios montados à volta do Estado e do Orçamento de Estado que o nosso Regime “Estatista” e “Centralista” permite e facilita. Sá Carneiro “topava-os bem” quando defendia como suas Prioridades Políticas, a “Libertação da Sociedade Civil”, a “Livre Iniciativa Privada”, o “Mercado e a Concorrência”, a “Liberalização da Economia”, a “Descentralização Política do Estado” e o “Desmame da Oligarquia DDT da mama do OE”. A “Oligarquia DDT” não confia em Rui Rio. Anseia é pela oportunidade de poder correr com ele da liderança do PSD. Mas só o quer fazer quando tiver garantias de que consegue pôr, no lugar de Rui Rio, um “lacaio” da sua confiança e de que não vai para lá alguém que não controle. É aqui que entra o Moedas. A verdadeira natureza do Moedas veio ao de cima quando, após o fim do Governo Passos Coelho (a quem tudo deve), como Comissário Europeu, se mostrou absolutamente subserviente ao Costa. Eles sabem que o Moedas não vai ganhar a Câmara de Lisboa. Pretendem apenas pô-lo na rampa de lançamento para seu “moço de recados” como futuro líder do PSD. Reparem que o Moedas (quarta escolha de Passos Coelho para Comissário Europeu) não informou e muito menos consultou o Passos Coelho quanto à possibilidade de aceitar ser candidato à C. M. de Lisboa. Só o informou após o facto consumado. É a traição ao legado de Sá Carneiro e de Passos Coelho que, no PSD, está a ser meticulosamente preparada pela “Oligarquia DDT” Rui Rio é parvo ou faz-se?          Mario Nunes. Excelente artigo. Mais um: simples, directo. O que está a acontecer hoje começa a assemelhar-se perigosamente com o PREC que destruiu completamente as infraestruturas deste País e proporcionou 3 bancarrotas. Talvez fosse uma boa ideia fazer umas reflexões sobre esse período negro da História de Portugal.

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