sábado, 20 de março de 2021

Ler para crer

 

JAIME NOGUEIRA PINTO.

Observatório da população em cargos de gestão do pensamento neutro e inclusivo /premium

Para uma educação neutra, as identidades nacionais devem ser substituídas por uma humanidade global, fluida, indistinta, volátil, inclusiva. Bandeiras, só talvez a do arco-íris.

JAIME NOGUEIRA PINTO         OBSERVADOR, 19 mar 2021

Em 2003, quando ainda a procissão e o milénio iam no adro, Anthony Browne, um licenciado em Matemática por Cambridge, escritor, jornalista e colaborador do Times, publicou The Retreat of Reason – Political Correctness and the Corruption of Public Debate in Modern Britain.  E a título de exemplo, começava por denunciar a cortina de silêncio com que, por puro pudor e paternalismo ideológico, a imprensa britânica tinha velado a incidência de HIV nas comunidades de migrantes africanos. E isso era só um vislumbre: a Grã-Bretanha, que “durante séculos tinha sido um farol da liberdade de pensamento, de credo e de expressão”, via agora “a sua vida intelectual e política acorrentada”, com “vastas áreas de conhecimento” excluídas do debate pelos novos moralistas. Browne resumia depois a Longa Marcha do marxismo cultural, da escola de Frankfurt à contracultura euro-americana dos anos 60, e daí até à hegemonia académica, sobretudo nas Ciências Sociais e, mais especificamente, nos “Estudos” sectoriais, que as universidades norte-americanas irradiavam para o mundo.

E os “Estudos”, pós-coloniais, feministas, interseccionais, proto-LGBTQ+ – que, no seu melhor, começaram por ser sedutoras “paranóias de tipo interpretativo” com “a força e a estreiteza da loucura” (para usar a definição de Pessoa do “critério psicológico de Freud”), capazes de nos alertarem para realidades encobertas, de acordarem outros sentidos nas obras literárias, historiográficas ou filosóficas, de abrirem caminhos e campos de investigação e de criaram novas oportunidades de trabalho –  foram tomados de assalto por zelotas.

Aconteceu também que o zelo destes zelotas, com o seu vocabulário esotérico (tanto mais complexo, sofisticado e “científico” na forma, quanto mais oco, medíocre e manipulador no conteúdo), se foi sobrepondo a tudo o restoE foi seduzindo fundações burguesas e governos que, quais aristocratas francesas acarinhando nos seus salões as iluminadas ideias que haviam de cortar o pescoço aos seus filhos e netos, se foram rendendo ao charme discreto dos novos “sábios dos oprimidos”.

E assim os “Estudos” cresceram e multiplicaram-se, enchendo e dominando a academia e reinando sobre todos os animais exóticos da terra. E desdobraram-se em Centros, Fóruns, Iniciativas e Observatórios, subjugando aqui, domesticando ali, preservando acolá, mas observando sempre.

E eis que, em incansável demanda por opressores e oprimidos, por macro e micro agressões, por visões alternativas e por subvenções, os zelotas que, do alto dos seus observatórios de marfim, tinham começado por promover a nova moral, passaram a perseguir os recalcitrantes – passados, presentes e futuros. Cada tique de linguagem, cada acto, palavra ou omissão, cada desvio do pensamento correcto, neutro e inclusivo, cada cisco, por mais ínfimo, no olho de um “opressor”, ou de um autor consagrado ou de uma figura histórica celebrada, era escrupulosamente observado, pesado, medido, condenado. E não se pense que os “oprimidos” conheciam melhor sorte: a eles também se exigia que não saíssem do redil e que se cingissem à identidade em que os novos moralistas os encurralavam… É que se não parassem quietos e se não se deixassem ficar oprimidos como lhes competia, se começassem a pensar e a reivindicar individualidades e especificidades, como é que queriam que os detentores da nova verdade e da nova moral os libertassem, lhes arranjassem subsídios e empregos nos Centros, Fóruns, Iniciativas e Observatórios que eles controlavam e os sustentam? “Pensamento correcto” foi uma expressão abundantemente usada pelos partidos comunistas nos anos 20 e 30; Mao Tsé-Tung repetiu-a incessantemente nos seus escritos. Correcto, era todo o pensamento que estava de acordo com a linha do Partido ou que batia certo com as categorias históricas e sociopolíticas cientificamente estipuladas pelo Grande Timoneiro. Fora dessa correcção, não podia haver pensamento – mas não deixava de haver consequências.

Do pensamento correcto ao pensamento neutro e inclusivo

Dir-se-á que agora, com o actual “pensamento neutro e inclusivo”, que actua essencialmente no condicionamento da linguagem, não há consequências. Ou não as haverá tão imediatamente brutais e fatais. Mas não deixa de haver supressão do pensamento “incorrecto”, ou seja, inibição do pensamento. E se a nova ortodoxia parece não aspirar já a um tradicional “assalto ao poder”, é só porque a influência constante e progressiva nas mentalidades, traduzida depois em leis e regulamentos, tornou o velho “assalto” irrelevante.

Fora do discurso consentido, todo o discurso poderá facilmente ser denunciado como “discurso de ódio”, ao sabor do zelo e da criatividade dos sacerdotes do novo credo e do seu Index. Acresce que esta ortodoxia é tendencialmente elitista, acarinhando os magos e desprezando os pastores, procurando colonizar preferencialmente, por doutrinação ou pressão, as elites funcionais – ou, para usar uma linguagem mais consentânea, “a população em cargos académicos, artísticos, mediáticos e empresariais”. Mas se a resistência vem das maiorias que o pensamento “neutro e inclusivo” discrimina, como as classes médias profissionais, as massas populares e religiosas e o grosso da população “binária”; vem também das minorias que o mesmo pensamento cristaliza.

Portugal no bom caminho

É por isso que consideram urgente domar a linguagem e explicar ao povo e às crianças o novo credo. Para uma educação neutra, as identidades nacionais devem então ser substituídas por uma humanidade global, fluída, indistinta, volátil, inclusiva. Bandeiras, só talvez a do arco-íris, devendo a História nacional ser reavaliada à luz do que foram “verdadeiramente” os “chamados Descobrimentos”: nada mais do que uma empresa comercial lucrativa, racista, esclavagista e exploradora dos povos africanos e ameríndios.

E estamos no bom caminho: temos uma investigadora que quer anexar notas pedagógicas anti-racistas aos Maias de Eça de Queiroz, um deputado que quer destruir o Padrão dos Descobrimentos, uns anónimos que acham que vandalizar a estátua do Padre António Vieira é lutar contra o racismo, e um Conselho Económico e Social que acha fundamental para a nossa economia e para a nossa sociedade que se adopte uma nova linguagem. Não restam dúvidas: entre a profunda ignorância de quem aparentemente pertence à “população com baixa visão” mas que frequentemente descobrimos como parte da “população em cargos de gestão”, estamos mesmo no bom caminho.

São tempos estranhos para a razão e para o senso comum, sob estas acometidas orwellianas, tão apartadas de qualquer visão minimamente realista da natureza humana, da criatividade humana e do pensamento e da acção humana que têm tudo para acabar mal.

Segundo o novo código de Hollywood, para que um filme se candidate aos Óscares, deverá agora ter “pelo menos um actor ou uma actriz principais de etnias sub-representadas” (asiática, hispânica, afroamericana, nativa-americana); e o elenco secundário terá de ter, “pelo menos, 30% de mulheres, LGBTQ+ ou pessoas com incapacidade”, que deverão “estar também representadas, de alguma forma, no argumento”. Enfim, perante esta sua sequela gramsciana, empalidece, acabrunhado, o realismo socialista da Rússia de Estaline (que sempre tinha Dziga Vertov e Sergei Eisenstein).

É todo um novo catecismo laico, mas promovido com fúrias de Torquemada. Aplicou-se, consciente ou inconscientemente, um princípio de desconstrução marxista, que passou da “classe social” para outras determinantes. Onde, na Vulgata, havia Burgueses e Proletários, Exploradores e Explorados, Patrões e Trabalhadores, há agora o mais fluído binómio Opressor-Oprimido – ainda que com categorias igualmente inflexíveis, de raça, de género, de comportamento social e político.

E tal como Marx, Engels, Lenine e Trotsky, que não eram propriamente proletários, adoptaram “a teoria do Partido como vanguarda da classe operária” para poderem liderar a revolução, também  os pioneiros da Correcção Política, que, na sua maioria, também não são propriamente “oprimidos de origem”, adoptam agora a teoria da vanguarda para poderem guiar e pastorear convenientemente os “novos proletários”. E assim como Marx e Engels sofriam com a adesão dos operários franceses e alemães ao bonapartismo ou ao socialismo patriótico, também os novos comissários políticos sofrem com os  trânsfugas das modernas massas “minoritárias” ou “oprimidas”  e sabem que não as podem deixar ao abandono. Têm de ser educadas e controladas. E, para isso, lá estão os capatazes, os quadros médios vigilantes, na Academia, no jornal ou na estação televisiva, prontos a seguir, por convicção, ignorância, ou dependência, a “linha geral” e correcta, a linha do Partido, e a punir os oposicionistas e os desviacionistas.

Para singrar neste mundo “neutro e inclusivo” há inúmeros filões a explorar, e as figuras e os escritores de outras épocas abrem toda uma vasta gama de apetecíveis e subsidiáveis possibilidades. E se ao ler Eça somos imediatamente confrontados com a ausência – e a necessidade, e a urgência – de notas pedagógicas anti-racistas, o mundo machista de Camilo, por exemplo, pleno de “discurso de ódio” contra “brasileiros”, de mulheres que acabam em conventos por paixões contrariadas, ou, pior ainda, que casam, têm filhos e estão contentes, afigura-se ainda mais necessitado de delações censórias. E Camões, e Gil Vicente, que riqueza para denúncias!

Lorena Germán, presidente do National Council of English Teatcher’s Comittee Against Racism and Bias in Teaching of English é um exemplo a seguir. À semelhança de Mao, que não gostava de Shakespeare ou o achava impróprio para as massas e por isso o proibiu durante a Revolução Cultural, Germán também não morre de amores pelo Bardo. Ou melhor, concede que “como qualquer outro dramaturgo” Shakespeare até terá um certo “mérito literário”, mas nada que ofusque a abjecta demonstração de “supremacia branca e colonialista” que os seus textos, e a importância que se lhes dá, exalam. E a violência, a misoginia e o racismo que descortina em Shakespeare, levam a professora a sugerir que se celebrem nas salas de aula “as vozes dos marginalizados”, até para mostrar aos estudantes “uma sociedade melhor”. Defende ainda que “é imperativo corrigir a mensagem que os educadores e os sistemas escolares dão às crianças”: Haverá uma linguagem “superior”? E qual deverá ser ela?  Quais são as histórias verdadeiramente “universais”? Que História devemos transportar para o futuro?

Cancelar Shakespeare

Shakespeare não será, evidentemente, um dos eleitos, uma das vozes a transportar para o futuro.  Até porque está longe de reunir os requisitos da nova linguagem e do novo pensamento neutro e inclusivo. É difícil encontrar um escritor onde a Humanidade, na sua grandeza e miséria, nos limites do sublime e da queda, no elenco dos sentimentos e dos sentidos, seja tão intrincada e completamente recriada – e isso, não só não é bom para as massas, como é, claramente, demais para a simplista e maniqueísta neutralização do pensamento que nos deverá guiar.

Mas haverá palavras “neutras” para falar de paixão mais inclusivas do que as que Shakespeare usou em Romeu e Julieta? Será só de “branquitude” que nos fala quando disseca os caminhos da tragédia, da ambição e do poder em Júlio César? Ou quando nos confronta com o ressentimento, a malevolência e o ciúme, em Otelo? Sim, Otelo, o “Mouro”, ou o “Negro” de Veneza, o condottiere mercenário, integrado por Desdémona, mas olhado sempre como um “cristão-novo” pelos patrícios. E a revolta das “minorias”, não estará lá na tirada defensiva de Shylock, no Mercador de Venezaou na sombra de Caliban, na Tempestade? Pouco importa: deixámos de precisar de Shakespeare, que só por preconceito e por imposição racista resistiu a séculos de leitura; o que o mundo e os estudantes agora precisam, o que todos nós precisamos agora, e urgentemente, é de linguagem neutra e inclusiva.

Marx era um grande leitor e admirador de Shakespeare, lia-o aos filhos e a família chamava-lhe “O Mouro”, por causa da sua obsessão por Otelo. Via em Shylock o retrato do explorador e Timon de Atenas serviu-lhe de ponto de partida para uma reflexão sobre os paradigmas do ouro e do dinheiro. Mas isso eram outros tempos, tempos opressores, em que “a cultura” era mais depressa valorizada do que cancelada, e em que o pensamento não era ainda suficientemente neutro e inclusivo.

Felizmente, e para desgosto das Lorenas Germáns deste mundo, não são só as “maiorias opressoras” que reagem… Alguns dos mais qualificados membros pensantes das “minorias oprimidas” também fogem ao espartilho imposto, resistindo ainda e sempre à neutralização do pensamento. A grande poetiza negra americana, Maya Angelou, estava bem ciente que Shakespeare era branco, inglês e do Renascimento, mas, recordando a sua própria condição marginal na Carolina do Norte dos meados do século XX, escreveu a propósito do Soneto 29 (aquele que começa “When, in disgrace with fortune and men’s eyes /I all alone beweep my outcast state”): Shakespeare escreveu-o para mim, esta é a condição da mulher negra. Claro, Shakespeare era uma mulher negra. Percebo-o bem. Ninguém mais o sabe, mas eu sei que Shakespeare era uma “mulher negra”. Estamos com ela. Resistimos e vamos resistir à neutralização do pensamento. Pelas maiorias e pelas minorias.          PUB  POLITICAMENTE CORRETO   SOCIEDADE

COMENTÁRIOS:

Joaquim Almeida: Soberbo texto magistral !   Obrigado, J. N. Pinto.           Liberales Semper Erexitque: É o exageradão do costume, muito palrador, mas suficientemente míope para não se aperceber de que o grupelho cripto-comunista global que é realmente perigoso no nosso tempo para o mundo inteiro são os chamados "ambientalistas".              Meio Vazio: Assustador, simplesmente assustador!          TIM DO Ó > Meio Vazio: Muito assustador o suicídio dos ocidentais cansados.           TIM DO Ó: Todas estas derivas artificiais e dementes da sociedade ocidental de hoje dominada pelo marxismo cultural, não é mais do que um modelo que a China e os liberais multimilionários gananciosos da globalização e dos mercados, aliados à extrema esquerda idiota útil, querem implantar no mundo ocidental para o dominarem. Para isso, precisam de enfraquecê-lo tornando-o mais instável, mais desregulado, mais caótico e mais violento, mais fútil e quase fratricida. É isso. Vaipo Caraxo: A verdade é que um dia isto (e muito mais) vai ser contado e ninguém vai acreditar. ´Hard times create strong men. Strong men create easy times. Easy times create weak men. Weak men creat hard times.´ advoga diabo: Uma coisa são "exageros" praticados em prol de uma sociedade mais equitativa, outra são os abusos que persistem na perseguição de todas as minorias. Acresce que aqueles, em boa medida, surgem para compensar estes que, mesmo assim, seguem prevalecentes.            Gil Lourenço > advoga diabo: Esses são os descompensados. E para os descompensados existe um remédio e não é as parvoíces da linguagem: psicólogos ou psiquiatras.           José Paulo C Castro: O conceito de 'gestão do pensamento neutro' está muito bom. Pensamento neutro é não pensar. Os gestores dos que não pensam são as 'vanguardas'. E gerem aqueles para um 'pensamento inclusivo' como convém a qualquer pastor que pretenda meter o rebanho num redil, todo junto. Muito bom.            Vaipo Caraxo:  No fundo, o objectivo dos comunistas e socialistas é sempre o mesmo: tornar a Humanidade uma sociedade de insectos, de térmitas. A esquerda é o maior cancro da História da Humanidade. Antonio Castro: Muito bom!          lulu lemon: como sempre, muito bom. Só discordo da classificação da Maya Angelou como grande poetisa, banal no máximo...          Anarquista Coroado > lulu lemon: Leio poesia, mas nunca tinha ouvido falar dela.              Anarquista Coroado >  Anarquista Coroado: Bem, já li. Nem poesia parece. Nada que tenha a ver com Píndaro ou Eugénio de Andrade, ou Maria Teresa Horta.         João Paulo Reis: Ao enorme prazer que é ler Jaime Nogueira Pinto todas as sextas, junta-se a tristeza de reconhecer que tudo o que escreve está a acontecer e que estes tempos nos reservam uma nova Inquisição, já actuante e castradora dos valores e cultura em que fomos educados. Que Deus nos ajude!         Gil Lourenço: Muito Bom!           Alberto Pereira: Excelente artigo.            Luis Teixeira-Pinto: "Aconteceu também que o zelo destes zelotas, com o seu vocabulário esotérico (tanto mais complexo, sofisticado e “científico” na forma, quanto mais oco, medíocre e manipulador no conteúdo), se foi sobrepondo a tudo o resto…" É difícil escolher neste artigo/ensaio magnífico qualquer ponto mais relevante. Tudo o que foi abordado é oportuna e sabiamente escalpelizado e desmascarado. Mas a frase acima, pelo que refere do vocabulário esotérico que o CES português, nas mãos de gente medíocre e inferior (há que dizê-lo), mas também as Forças Armadas (é preciso atingir as bases essenciais da Força, que em ultíssima análise nos defenderá), pretendem impor de forma perfeitamente abusiva e irracional, é de destacar, pois marca o momento a que chegámos. E daqui, ou anuímos e nos quedamos derrotados ou deitamos abaixo estes mostrengos desnaturados que nada têm para lhes alimentar a existência senão o ódio a quem não conseguem sequer entender, quanto mais imitar; e uma profunda, raivosa e maldosa inveja a todos os demais que os ultrapassam sem dificuldade, no mérito e nas capacidades.       Francisco Tavares de Almeida: Abençoada decisão de subscrever o Observador. Obrigado JNP.             MCMCA A: Notável artigo.         Carlos Reis: Infelizmente não há muitos JNP.          Ana Paiva: Brilhante!!!              Miguel Benis: Graças a Deus ainda há quem, de forma fulgurante, resista e denuncie !!              josé maria: E Deus também vai continuar a ser referenciado por Ele, ao modo tradicionalista e patriarcal, ou já é do género neutro e inclusivo ? Tem opinião formada, sobre essa problemática filosófica, Jaime Nogueira Pinto ? Catalogação monocromática ou só talvez a do arco-íris?             L. Perry > josé maria: Ó Zé!! Deus já nos revelou os seus pronomes...          josé maria > L. Perry: E é unissexo ou hermafrodita ? Monocromático ou arco-íris ?  Do género neutro e inclusivo ? Ou misógino e racista ?       L. Perry > josé maria: As formas de como nos podemos dirigir a Deus estão plasmadas na Bíblia, entre outros documentos, que poderá facilmente encontrar online. Não estou a entender porque insiste em impor características humanas a uma entidade que não é humana.     josé maria > L. Perry: Mas não são vocês, os católicos, que se dirigem a Deus pela forma  exclusivamente masculina, como Ele e Senhor? Não são vocês que afirmam a natureza simultaneamente divina e humana de Jesus ? São vocês, sim, que masculinizaram Deus e que lhe atribuíram forma humana. Porque é que não são coerentes com a vossa própria dogmática? Porque é que tanto dizem uma coisa como o seu contrário? Claro que foram vocês que antropomorfizaram Deus, nas vossas formas masculinas, preconceituosas e misóginas. E a bíblia é uma demonstração típica dessa antropomorfização. Claro que também nessa temática, a designação neutra não vos interessa.           João Alves > josé maria: Antes dos católicos, já o judaísmo o fez. O Deus pessoal, antropomórfico e vivo já se encontra no judaísmo.            josé maria > João Alves: E depois ? Isso só vem confirmar o que disse nos meus anteriores comentários.          Gil Lourenço > josé maria: Não te preocupes pois tu não consegues atingir a verdadeira dimensão teológica de Deus!         lulu lemon > josé maria: e se for?? transfóbico!!       josé mariaGil Lourenço: Conseguem vocês que têm uma ligação directa com "Ele", mas já não são capazes de responder a questões teológicas basilares e, quando confrontados com contradições óbvias, metem os pés pelas mãos a uma velocidade astronómica...            Ana Sofia Quintana > josé maria: Se Deus é Pai, é masculino. E foi o Filho que nos ensinou o Pai Nosso.              Gil Lourenço > josé maria: Questões teológicas basilares? Mas você vem com os clichês woke da esquerda americanizada e vem falar de Teologia? Com coisas completamente tontas de lugares-comuns como patriarcado, Ele masculino, monocromático, etc... e depois fala em contradições?!! Oh, Homem, vá ler Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, S. Bernardo, etc, etc. E entenda uma coisa: há coisas que são supra-racionais... Deixe lá o discurso básico e com tão pouca cultura do woke politicamente correcto.            Gil Lourenço > josé maria: E como é que faz a designação neutra? E desde quando "masculinizar" Deus é preconceituoso e misógino? O facto de você ser homem faz de si um ser preconceituoso e misógino? E já agora sabe a quem Jesus Cristo apareceu primeiro? Foi a mulheres. E quem é mãe do filho de Deus? É naturalmente uma mulher. Como deve saber, a Virgem tem um papel central no catolicismo... A quem é dedicado um dos santuários mais visitados do mundo?         Paulo Alexandre : Ateu > Gil Lourenço: sabe a quem Jesus Cristo apareceu primeiro? Foi a mulheres. E quem é mãe do filho de Deus? É naturalmente uma mulher.  Que argumentação mais ridícula! E sabe quem é que deu à luz Buda? Uma mulher! Veja lá, uma mulher! UAU! Não se vê logo que o budismo exalta a mulher? E no islão? Não teve Maomé uma filha? Uma mulher!! Veja lá que podia ter tido um "Fátimo" mas teve uma "Fátima". Só pode ser porque o islão exalta a mulher, certo? E, melhor ainda, as religiões da Pérsia, do Egipto, da Grécia, de Roma? Todas com divindades femininas! Logo, todas muito dignas porque veneravam deusas! Simplesmente ridículo!         Gil Lourenço > Paulo Alexandre : Ateu: Alguém falou contigo, oh Mongolóide? Baza!          Paulo Alexandre : Ateu > Gil Lourenço: Mongolóide será o idiota que defende a tese de que o cristianismo dá uma grande importância à mulher porque, imagine-se, Jesus nasceu de uma mulher! Não, devia ter nascido de uma ratazana!        advoga diabo: Uma coisa são "exageros" praticados em prol de uma sociedade mais equitativa, outra são os abusos que persistem na perseguição de todas as minorias. Acresce que aqueles, em boa medida, surgem para compensar estes que, mesmo assim, seguem prevalecentes.        Filipe Brandao: Obrigado por esta lufada de ar fresco JNP.          Ahmed Gany: Bem vindos à nova normalidade!            Sr Leão: JNP, os leitores do Observador só têm que lhe agradecer a excelência do texto de hoje. Comentários nem sequer fazem falta. O texto é perfeitamente auto-suficiente.       Manuel Barradas > Sr Leão: Acho que o primeiro a dever agradecer é o próprio Observador.         bento guerra: Todos iguais, mas uns mais iguais Quinta Sinfonia: Neste dia do pai, perdão, dia do progenitor, lhe garanto que enquanto for gestor, perdão, pessoa que gere, e trabalhador, perdão, pessoa que trabalha. irei resistir à neutralidade do pensamento e de tudo o mais...          VICTORIA ARRENEGA > Quinta Sinfonia: Quinta Sinfonia não diga trabalhador; diga colaborador        Quinta Sinfonia > VICTORIA ARRENEGA: Tem toda a razão, peço desculpa por esse lamentável erro, queria dizer pois pessoa que colabora em vez de pessoa que trabalha, que por sua vez vem substituir esse substantivo masculino universal horrível, trabalhador.       Pedro Robalo > Quinta Sinfonia: Mas pior ainda é a palavra "funcionário". Que cheiro nauseabundo a Estado Novo!!!           Manuel Barradas > VICTORIA ARRENEGA: Afirma que o trabalhador não trabalha ?         VICTORIA ARRENEGA > Manuel Barradas:  Caro Manuel: O que me parece é que existe uma diferença entre colaborador e trabalhador. O vínculo de trabalhador para uma determinada identidade ou por conta própria é muito mais concreto do que colaborador. Existe uma legislação muito extensa em relação a quem é trabalhador quer por conta própria quer por conta de outrem. A legislação sobre o colaborador é muito menos concreta. A bem da verdade nem conheço o que está envolvido no estatuto de colaborador.  Foi este o raciocínio que eu fiz quando foi sugerida a mudança. Anarquista Coroado >  Pedro Robalo: Deve ser substituído por pessoa que funciona.         L. Perry: Não entendo o Jaime Nogueria Pinto. Enquanto estivermos sobre a alçada da Comissão Europeia e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos não temos mecanismos democráticos para nos protegermos desses desvarios. Não vale a pena queixar-se do problema se apenas deseja ser o último a ser devorado pelo crocodilo.         Maria Nunes: JNP, hoje superou-se. Absolutamente brilhante. Obrigada.         Jorge Tomaz: Absolutamente avassalador para as consciências e para o pensamento social actual que está a ser contaminado pela "pandemia" da ignorância e da falta de recursos intelectuais sólidos. Este artigo é SUPERIOR! MAGNÍFICO!           H Almeida: Caro Professor Jaime Nogueira Pinto: Parabéns pela clareza e substância. Texto lapidar!           VICTORIA ARRENEGA: Crónica belíssima como é costume com Jaime Nogueira Pinto. Temos de começar pela nossa «casa» e repudiar sem descanso estes exageros disparatados da linguagem inclusiva. Como dizia Helena Matos esta semana num canal televisivo, acerca da Universidade de Manchester (perdão Personchester), existe um propósito de engenharia social destinada a moldar o nosso mundo ocidental de acordo  com uma visão, um desígnio. Uma das coisas mais desajustadas é passar a indicar os trabalhadores como colaboradores. Subverte completamente a situação do trabalhador.         ricardo gomes: Absolutamente brilhante!          Adelino Lopes: Este artigo é tremendo. Eu sou dos que vou acreditando que qualquer “Teoria que defende a superioridade de um grupo sobre outros” só pode ser repudiada. É o que faço quando a superioridade é definida em termos raciais, por exemplo. Mas não mudo de opinião, ou de critério, quando em vez da raça passamos para o campo político-ideológico. É esse o princípio que aplico aos progressistas da “longa marcha do marxismo cultural”. São pessoas que não respeitam a liberdade individual (não é a libertinagem; é a liberdade de pensamento) nem a democracia (impõem a sua retórica). E são desonestas, na medida em que alteram a percepção da realidade.

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