JAIME NOGUEIRA
PINTO.
Observatório da população em cargos de
gestão do pensamento neutro e inclusivo /premium
Para uma educação neutra, as
identidades nacionais devem ser substituídas por uma humanidade global, fluida,
indistinta, volátil, inclusiva. Bandeiras, só talvez a do arco-íris.
JAIME NOGUEIRA PINTO OBSERVADOR, 19 mar 2021
Em 2003, quando
ainda a procissão e o milénio iam no adro, Anthony Browne, um licenciado em Matemática por Cambridge, escritor,
jornalista e colaborador do Times, publicou The Retreat of Reason – Political
Correctness and the Corruption of Public Debate in Modern Britain. E a
título de exemplo, começava por denunciar
a cortina de silêncio com que, por puro pudor e paternalismo ideológico, a
imprensa britânica tinha velado a incidência de HIV nas comunidades de migrantes africanos. E isso era só um vislumbre: a Grã-Bretanha, que
“durante séculos tinha sido um farol da liberdade de pensamento, de credo e de
expressão”, via agora “a sua vida intelectual e política acorrentada”, com
“vastas áreas de conhecimento” excluídas do debate pelos novos
moralistas. Browne resumia depois a Longa Marcha do marxismo
cultural, da escola de Frankfurt à contracultura euro-americana dos anos 60, e
daí até à hegemonia académica, sobretudo nas Ciências Sociais e, mais especificamente,
nos “Estudos” sectoriais, que as universidades norte-americanas irradiavam para
o mundo.
E os “Estudos”, pós-coloniais, feministas, interseccionais,
proto-LGBTQ+ – que, no seu melhor, começaram por ser sedutoras “paranóias de tipo interpretativo”
com “a força e a estreiteza da loucura” (para usar a definição de Pessoa do
“critério psicológico de Freud”), capazes de nos alertarem para realidades
encobertas, de acordarem outros sentidos nas obras literárias, historiográficas
ou filosóficas, de abrirem caminhos e campos de investigação e de criaram novas
oportunidades de trabalho – foram tomados de assalto por zelotas.
Aconteceu também que o zelo destes
zelotas, com o seu vocabulário
esotérico (tanto mais complexo, sofisticado e “científico” na
forma, quanto mais oco, medíocre e manipulador no conteúdo), se foi
sobrepondo a tudo o resto… E
foi seduzindo fundações burguesas e governos que, quais aristocratas francesas
acarinhando nos seus salões as iluminadas ideias que haviam de cortar o pescoço
aos seus filhos e netos, se foram rendendo ao charme discreto dos novos “sábios
dos oprimidos”.
E assim os “Estudos” cresceram e
multiplicaram-se, enchendo e dominando a academia e reinando sobre todos os
animais exóticos da terra. E desdobraram-se em Centros, Fóruns, Iniciativas e
Observatórios, subjugando aqui, domesticando ali, preservando acolá, mas
observando sempre.
E eis que, em incansável demanda por
opressores e oprimidos, por macro e micro agressões, por visões alternativas e
por subvenções, os zelotas que, do alto dos seus observatórios de marfim,
tinham começado por promover a nova moral, passaram a perseguir os
recalcitrantes – passados, presentes e futuros. Cada tique de linguagem, cada acto,
palavra ou omissão, cada desvio do pensamento correcto, neutro e inclusivo,
cada cisco, por mais ínfimo, no olho de um “opressor”, ou de um autor
consagrado ou de uma figura histórica celebrada, era escrupulosamente
observado, pesado, medido, condenado. E não se pense que os
“oprimidos” conheciam melhor sorte: a eles também se exigia que não saíssem do
redil e que se cingissem à identidade em que os novos moralistas os
encurralavam… É que se não parassem quietos e se não se deixassem
ficar oprimidos como lhes competia, se começassem a pensar e a reivindicar individualidades
e especificidades, como é que queriam que os detentores da nova verdade e da
nova moral os libertassem, lhes arranjassem subsídios e empregos nos Centros,
Fóruns, Iniciativas e Observatórios que eles controlavam e os sustentam? “Pensamento correcto” foi uma expressão abundantemente
usada pelos partidos comunistas nos anos 20 e 30; Mao Tsé-Tung
repetiu-a incessantemente nos seus escritos. Correcto,
era todo o pensamento que estava de acordo com a linha do Partido ou que batia
certo com as categorias históricas e sociopolíticas cientificamente estipuladas
pelo Grande Timoneiro. Fora dessa correcção, não podia haver pensamento – mas
não deixava de haver consequências.
Do pensamento correcto ao pensamento neutro e
inclusivo
Dir-se-á que agora, com o actual “pensamento
neutro e inclusivo”, que actua essencialmente no condicionamento da
linguagem, não há consequências. Ou
não as haverá tão imediatamente brutais e fatais. Mas não deixa de haver
supressão do pensamento “incorrecto”, ou seja, inibição do pensamento. E se a
nova ortodoxia parece não aspirar já a um tradicional “assalto ao poder”, é só
porque a influência constante e progressiva nas mentalidades, traduzida depois
em leis e regulamentos, tornou o velho “assalto” irrelevante.
Fora do discurso consentido, todo o
discurso poderá facilmente ser denunciado como “discurso de ódio”, ao sabor do zelo e da criatividade dos sacerdotes
do novo credo e do seu Index. Acresce
que esta ortodoxia é
tendencialmente elitista,
acarinhando os magos e desprezando os pastores, procurando colonizar
preferencialmente, por doutrinação ou pressão, as elites funcionais – ou, para
usar uma linguagem mais consentânea, “a população em cargos académicos,
artísticos, mediáticos e empresariais”. Mas se a resistência vem das maiorias
que o pensamento “neutro e inclusivo” discrimina, como as classes médias
profissionais, as massas populares e religiosas e o grosso da população
“binária”; vem também das minorias que o mesmo pensamento cristaliza.
Portugal no bom caminho
É por isso que consideram urgente
domar a linguagem e explicar ao povo e às crianças o novo credo. Para uma
educação neutra, as identidades nacionais devem então ser substituídas por uma humanidade
global, fluída, indistinta, volátil, inclusiva. Bandeiras, só talvez a do arco-íris,
devendo a História nacional ser reavaliada à luz do que foram “verdadeiramente”
os “chamados Descobrimentos”:
nada mais do que uma empresa comercial lucrativa, racista, esclavagista e
exploradora dos povos africanos e ameríndios.
E
estamos no bom caminho: temos uma investigadora que quer anexar notas
pedagógicas anti-racistas aos Maias de Eça de Queiroz, um deputado
que quer destruir o Padrão dos Descobrimentos, uns anónimos que acham que
vandalizar a estátua do Padre António Vieira é lutar contra o racismo, e um
Conselho Económico e Social que acha fundamental para a nossa economia e para a
nossa sociedade que se adopte uma nova linguagem. Não restam dúvidas: entre a
profunda ignorância de quem aparentemente pertence à “população com baixa
visão” mas que frequentemente descobrimos como parte da “população em cargos de
gestão”, estamos mesmo no bom caminho.
São tempos estranhos para a razão e
para o senso comum, sob estas acometidas orwellianas, tão apartadas de qualquer
visão minimamente realista da natureza humana, da criatividade humana e do
pensamento e da acção humana que têm tudo para acabar mal.
Segundo o novo código de Hollywood, para
que um filme se candidate aos Óscares, deverá agora ter “pelo menos um
actor ou uma actriz principais de etnias sub-representadas” (asiática,
hispânica, afroamericana, nativa-americana); e o elenco secundário terá de
ter, “pelo menos, 30% de mulheres, LGBTQ+ ou pessoas com incapacidade”, que
deverão “estar também representadas, de alguma forma, no argumento”. Enfim,
perante esta sua sequela gramsciana, empalidece, acabrunhado, o realismo
socialista da Rússia de Estaline (que sempre tinha Dziga Vertov e Sergei
Eisenstein).
É todo um novo catecismo laico, mas
promovido com fúrias de Torquemada. Aplicou-se, consciente ou
inconscientemente, um princípio de desconstrução marxista, que passou da
“classe social” para outras determinantes. Onde, na Vulgata, havia Burgueses e Proletários, Exploradores e
Explorados, Patrões e Trabalhadores, há agora o mais fluído binómio Opressor-Oprimido – ainda que com categorias igualmente
inflexíveis, de raça, de género, de comportamento social e político.
E tal como Marx, Engels, Lenine e
Trotsky,
que não eram propriamente proletários, adoptaram “a teoria do Partido como
vanguarda da classe operária” para poderem liderar a revolução, também
os pioneiros da Correcção Política, que, na sua maioria, também não são
propriamente “oprimidos de origem”, adoptam agora a teoria da vanguarda para
poderem guiar e pastorear convenientemente os “novos proletários”. E assim
como Marx e Engels sofriam com a adesão dos operários franceses e alemães ao
bonapartismo ou ao socialismo patriótico, também os novos comissários políticos
sofrem com os trânsfugas das modernas massas “minoritárias” ou “oprimidas”
e sabem que não as podem deixar ao abandono. Têm de ser educadas e controladas. E, para isso, lá estão os capatazes, os quadros médios vigilantes,
na Academia, no jornal ou na estação televisiva, prontos a seguir, por
convicção, ignorância, ou dependência, a “linha geral” e correcta, a linha do
Partido, e a punir os oposicionistas e os desviacionistas.
Para singrar neste mundo
“neutro e inclusivo” há inúmeros filões a explorar, e as figuras e os
escritores de outras épocas abrem toda uma vasta gama de apetecíveis e
subsidiáveis possibilidades. E se ao ler Eça somos imediatamente confrontados
com a ausência – e a necessidade, e a urgência – de notas pedagógicas
anti-racistas, o mundo machista de Camilo, por exemplo, pleno de “discurso de
ódio” contra “brasileiros”, de mulheres que acabam em conventos por paixões
contrariadas, ou, pior ainda, que casam, têm filhos e estão contentes,
afigura-se ainda mais necessitado de delações censórias. E Camões, e Gil
Vicente, que riqueza para denúncias!
Lorena Germán, presidente do National
Council of English Teatcher’s Comittee Against Racism and Bias in Teaching of
English é um exemplo a seguir. À semelhança de Mao, que não gostava de
Shakespeare ou o achava impróprio para as massas e por isso o proibiu durante a
Revolução Cultural, Germán também não morre de amores pelo Bardo. Ou melhor,
concede que “como qualquer outro dramaturgo” Shakespeare até terá um certo
“mérito literário”, mas nada que ofusque a abjecta demonstração de “supremacia
branca e colonialista” que os seus textos, e a importância que se lhes dá,
exalam. E a violência, a misoginia e o racismo que descortina em
Shakespeare, levam a professora a sugerir que se celebrem nas salas de aula
“as vozes dos marginalizados”, até para mostrar aos estudantes “uma sociedade
melhor”. Defende ainda que “é imperativo corrigir a mensagem que os
educadores e os sistemas escolares dão às crianças”: Haverá uma linguagem
“superior”? E qual deverá ser ela? Quais são as histórias verdadeiramente
“universais”? Que História devemos transportar para o futuro?
Cancelar Shakespeare
Shakespeare
não será, evidentemente, um dos eleitos, uma das vozes a transportar para o
futuro. Até porque está longe de reunir os
requisitos da nova linguagem e do novo pensamento neutro e inclusivo. É
difícil encontrar um escritor onde a Humanidade, na sua grandeza e miséria, nos
limites do sublime e da queda, no elenco dos sentimentos e dos sentidos, seja
tão intrincada e completamente recriada – e isso, não só não é bom para as
massas, como é, claramente, demais para a simplista e maniqueísta neutralização
do pensamento que nos deverá guiar.
Mas haverá palavras “neutras” para
falar de paixão mais inclusivas do que as que Shakespeare usou em Romeu
e Julieta? Será só de “branquitude” que nos fala quando disseca
os caminhos da tragédia, da ambição e do poder em Júlio César? Ou
quando nos confronta com o ressentimento, a malevolência e o ciúme, em Otelo? Sim,
Otelo, o “Mouro”, ou o “Negro” de Veneza, o condottiere mercenário,
integrado por Desdémona, mas olhado sempre como um “cristão-novo” pelos
patrícios. E a revolta das “minorias”, não estará lá na tirada defensiva de
Shylock, no Mercador de Veneza, ou na sombra de Caliban,
na Tempestade? Pouco importa: deixámos de precisar de Shakespeare,
que só por preconceito e por imposição racista resistiu a séculos de leitura; o
que o mundo e os estudantes agora precisam, o que todos nós precisamos agora, e
urgentemente, é de linguagem neutra e inclusiva.
Marx era um grande leitor e admirador
de Shakespeare, lia-o aos filhos e a família chamava-lhe “O Mouro”, por causa
da sua obsessão por Otelo. Via em Shylock o retrato do explorador
e Timon de Atenas serviu-lhe de ponto de partida para uma reflexão
sobre os paradigmas do ouro e do dinheiro. Mas isso eram outros tempos, tempos
opressores, em que “a cultura” era mais depressa valorizada do que cancelada, e
em que o pensamento não era ainda suficientemente neutro e inclusivo.
Felizmente, e para desgosto das Lorenas Germáns deste mundo, não são
só as “maiorias opressoras” que reagem… Alguns dos mais qualificados membros
pensantes das “minorias oprimidas” também fogem ao espartilho imposto,
resistindo ainda e sempre à neutralização do pensamento. A grande
poetiza negra americana, Maya Angelou,
estava bem ciente que Shakespeare era branco, inglês e do Renascimento, mas,
recordando a sua própria condição marginal na Carolina do Norte dos meados do
século XX, escreveu a propósito do Soneto 29 (aquele que começa “When, in disgrace with fortune and men’s
eyes /I all alone beweep my outcast state”): Shakespeare escreveu-o para
mim, esta é a condição da mulher negra. Claro, Shakespeare era uma mulher
negra. Percebo-o bem. Ninguém mais o
sabe, mas eu sei que Shakespeare era uma “mulher negra”. Estamos com ela. Resistimos e vamos
resistir à neutralização do pensamento. Pelas maiorias e pelas minorias. PUB POLITICAMENTE
CORRETO SOCIEDADE
COMENTÁRIOS:
Joaquim Almeida: Soberbo texto magistral ! Obrigado, J. N. Pinto. Liberales
Semper Erexitque: É o exageradão do costume, muito palrador, mas suficientemente míope para
não se aperceber de que o grupelho cripto-comunista global que é realmente
perigoso no nosso tempo para o mundo inteiro são os chamados
"ambientalistas". Meio Vazio: Assustador, simplesmente
assustador!
TIM DO Ó
> Meio Vazio: Muito assustador o suicídio dos ocidentais cansados. TIM
DO Ó: Todas estas derivas artificiais
e dementes da sociedade ocidental de hoje dominada pelo marxismo cultural, não
é mais do que um modelo que a China e os liberais multimilionários
gananciosos da globalização e dos mercados, aliados à extrema esquerda idiota
útil, querem implantar no mundo ocidental para o dominarem. Para isso, precisam
de enfraquecê-lo tornando-o mais instável, mais desregulado, mais caótico e
mais violento, mais fútil e quase fratricida. É isso.
Vaipo Caraxo: A verdade é que um dia isto (e muito mais) vai ser contado e ninguém vai
acreditar. ´Hard times create strong men.
Strong men create easy times. Easy times create weak men. Weak men creat hard
times.´ advoga diabo: Uma coisa são
"exageros" praticados em prol de uma sociedade mais equitativa, outra
são os abusos que persistem na perseguição de todas as minorias. Acresce que
aqueles, em boa medida, surgem para compensar estes que, mesmo assim, seguem
prevalecentes. Gil Lourenço
> advoga diabo: Esses são os descompensados. E para os descompensados
existe um remédio e não é as parvoíces da linguagem: psicólogos ou
psiquiatras. José Paulo C
Castro: O conceito de 'gestão do
pensamento neutro' está muito bom. Pensamento
neutro é não pensar. Os gestores dos que não pensam são as 'vanguardas'. E
gerem aqueles para um 'pensamento inclusivo' como convém a qualquer pastor que
pretenda meter o rebanho num redil, todo junto. Muito
bom. Vaipo
Caraxo: No fundo, o objectivo dos comunistas e socialistas é
sempre o mesmo: tornar a Humanidade uma sociedade de insectos, de térmitas. A
esquerda é o maior cancro da História da Humanidade.
Antonio Castro: Muito bom! lulu lemon: como sempre, muito bom. Só
discordo da classificação da Maya Angelou como grande poetisa, banal no
máximo...
Anarquista Coroado > lulu lemon: Leio poesia, mas nunca tinha ouvido falar dela. Anarquista
Coroado > Anarquista Coroado: Bem, já li. Nem poesia parece.
Nada que tenha a ver com Píndaro ou Eugénio de Andrade, ou Maria Teresa Horta. João Paulo Reis: Ao enorme prazer que é ler
Jaime Nogueira Pinto todas as sextas, junta-se a tristeza de reconhecer que
tudo o que escreve está a acontecer e que estes tempos nos reservam uma nova
Inquisição, já actuante e castradora dos valores e cultura em que fomos
educados. Que Deus nos ajude! Gil Lourenço: Muito Bom! Alberto Pereira: Excelente artigo. Luis
Teixeira-Pinto: "Aconteceu também que o zelo destes
zelotas, com o seu vocabulário esotérico (tanto mais complexo, sofisticado e
“científico” na forma, quanto mais oco, medíocre e manipulador no conteúdo), se
foi sobrepondo a tudo o resto…" É difícil escolher neste
artigo/ensaio magnífico qualquer ponto mais relevante. Tudo o que foi abordado
é oportuna e sabiamente escalpelizado e desmascarado. Mas a frase acima, pelo
que refere do vocabulário esotérico que o CES português, nas mãos de gente
medíocre e inferior (há que dizê-lo), mas também as Forças Armadas (é preciso
atingir as bases essenciais da Força, que em ultíssima análise nos defenderá),
pretendem impor de forma perfeitamente abusiva e irracional, é de destacar,
pois marca o momento a que chegámos. E daqui, ou anuímos e nos quedamos
derrotados ou deitamos abaixo estes mostrengos desnaturados que nada têm para
lhes alimentar a existência senão o ódio a quem não conseguem sequer entender,
quanto mais imitar; e uma profunda, raivosa e maldosa inveja a todos os demais
que os ultrapassam sem dificuldade, no mérito e nas capacidades. Francisco
Tavares de Almeida: Abençoada decisão de subscrever o Observador. Obrigado JNP. MCMCA
A: Notável artigo. Carlos Reis: Infelizmente não há muitos JNP. Ana Paiva: Brilhante!!! Miguel
Benis: Graças a Deus
ainda há quem, de forma fulgurante, resista e denuncie !! josé
maria: E Deus também vai continuar a
ser referenciado por Ele, ao modo tradicionalista e patriarcal, ou já é do
género neutro e inclusivo ? Tem opinião formada, sobre essa problemática
filosófica, Jaime Nogueira Pinto ? Catalogação monocromática ou só talvez a do
arco-íris? L. Perry >
josé maria: Ó Zé!! Deus já nos revelou os seus pronomes... josé
maria > L. Perry: E é unissexo ou hermafrodita ? Monocromático ou
arco-íris ? Do género neutro e inclusivo ? Ou misógino e racista ? L.
Perry > josé maria: As formas de como nos podemos dirigir a Deus estão
plasmadas na Bíblia, entre outros documentos, que poderá facilmente encontrar
online. Não estou a entender porque insiste
em impor características humanas a uma entidade que não é humana. josé
maria > L. Perry: Mas não são vocês, os católicos, que se dirigem a Deus
pela forma exclusivamente masculina, como Ele e Senhor? Não são vocês que
afirmam a natureza simultaneamente divina e humana de Jesus ? São vocês, sim,
que masculinizaram Deus e que lhe atribuíram forma humana. Porque é que não são
coerentes com a vossa própria dogmática? Porque é que tanto dizem uma coisa
como o seu contrário? Claro que foram vocês que antropomorfizaram Deus, nas
vossas formas masculinas, preconceituosas e misóginas. E a bíblia é uma
demonstração típica dessa antropomorfização. Claro que também nessa temática, a
designação neutra não vos interessa. João Alves >
josé maria: Antes dos católicos, já o judaísmo o fez. O Deus
pessoal, antropomórfico e vivo já se encontra no judaísmo. josé
maria > João Alves: E depois ? Isso só vem confirmar o que disse nos meus
anteriores comentários. Gil Lourenço
> josé maria: Não te preocupes pois tu não consegues atingir a
verdadeira dimensão teológica de Deus! lulu lemon > josé maria: e se for?? transfóbico!! josé mariaGil Lourenço: Conseguem vocês que têm uma ligação directa com
"Ele", mas já não são capazes de responder a questões teológicas
basilares e, quando confrontados com contradições óbvias, metem os pés pelas
mãos a uma velocidade astronómica... Ana Sofia Quintana > josé maria: Se Deus é Pai, é masculino. E foi o Filho que nos ensinou o
Pai Nosso. Gil Lourenço
> josé maria: Questões teológicas basilares? Mas você vem com os
clichês woke da esquerda americanizada e vem falar de Teologia? Com coisas
completamente tontas de lugares-comuns como patriarcado, Ele masculino,
monocromático, etc... e depois fala em contradições?!! Oh, Homem, vá ler Santo
Agostinho, São Tomás de Aquino, S. Bernardo, etc, etc. E entenda uma coisa: há coisas
que são supra-racionais... Deixe lá o discurso básico e com tão pouca cultura
do woke politicamente correcto. Gil Lourenço >
josé maria: E como é que faz a designação neutra? E desde quando
"masculinizar" Deus é preconceituoso e misógino? O facto de você ser
homem faz de si um ser preconceituoso e misógino? E já agora sabe a quem Jesus
Cristo apareceu primeiro? Foi a mulheres. E quem é mãe do filho de Deus? É
naturalmente uma mulher. Como deve saber, a Virgem tem um papel central no
catolicismo... A quem é dedicado um dos santuários mais visitados do mundo? Paulo
Alexandre : Ateu > Gil Lourenço: sabe a quem Jesus Cristo apareceu primeiro? Foi a
mulheres. E quem é mãe do filho de Deus? É naturalmente uma mulher.
Que argumentação
mais ridícula! E sabe quem é que deu à luz Buda? Uma mulher! Veja lá, uma
mulher! UAU! Não se vê logo que o budismo exalta a mulher? E no islão? Não teve Maomé uma
filha? Uma mulher!! Veja lá que podia ter tido um "Fátimo" mas teve
uma "Fátima". Só pode ser porque o islão exalta a mulher, certo?
E, melhor ainda,
as religiões da Pérsia, do Egipto, da Grécia, de Roma? Todas com divindades
femininas! Logo, todas muito dignas porque veneravam deusas! Simplesmente ridículo! Gil
Lourenço > Paulo Alexandre : Ateu: Alguém falou contigo, oh
Mongolóide? Baza! Paulo Alexandre
: Ateu > Gil Lourenço: Mongolóide será o idiota que defende a tese de que o
cristianismo dá uma grande importância à mulher porque, imagine-se, Jesus
nasceu de uma mulher! Não, devia ter nascido de uma ratazana! advoga
diabo: Uma coisa são
"exageros" praticados em prol de uma sociedade mais equitativa, outra
são os abusos que persistem na perseguição de todas as minorias. Acresce que
aqueles, em boa medida, surgem para compensar estes que, mesmo assim, seguem
prevalecentes. Filipe Brandao: Obrigado por esta lufada de ar
fresco JNP. Ahmed Gany: Bem vindos à nova normalidade! Sr
Leão: JNP, os leitores
do Observador só têm que lhe agradecer a excelência do texto de hoje. Comentários nem sequer fazem falta. O texto é
perfeitamente auto-suficiente. Manuel
Barradas > Sr Leão: Acho que o primeiro a dever agradecer é o próprio
Observador.
bento guerra: Todos iguais, mas uns mais iguais Quinta Sinfonia: Neste dia do pai, perdão, dia
do progenitor, lhe garanto que enquanto for gestor, perdão, pessoa que gere, e
trabalhador, perdão, pessoa que trabalha. irei resistir à neutralidade do
pensamento e de tudo o mais... VICTORIA ARRENEGA
> Quinta Sinfonia: Quinta Sinfonia não diga trabalhador; diga colaborador Quinta
Sinfonia > VICTORIA ARRENEGA: Tem toda a razão, peço desculpa
por esse lamentável erro, queria dizer pois pessoa
que colabora em vez de pessoa
que trabalha, que por sua vez vem substituir esse substantivo masculino
universal horrível, trabalhador. Pedro
Robalo > Quinta Sinfonia: Mas pior ainda é a palavra
"funcionário". Que cheiro nauseabundo a Estado Novo!!! Manuel
Barradas > VICTORIA ARRENEGA: Afirma que o trabalhador não
trabalha ? VICTORIA
ARRENEGA > Manuel Barradas: Caro Manuel: O que me parece é que existe
uma diferença entre colaborador e trabalhador. O vínculo de trabalhador para
uma determinada identidade ou por conta própria é muito mais concreto do que
colaborador. Existe uma legislação muito extensa em relação a quem é
trabalhador quer por conta própria quer por conta de outrem. A legislação sobre
o colaborador é muito menos concreta. A bem da verdade nem conheço o que está
envolvido no estatuto de colaborador. Foi este o raciocínio que eu fiz
quando foi sugerida a mudança. Anarquista
Coroado > Pedro Robalo: Deve ser substituído por pessoa que funciona. L.
Perry: Não entendo o
Jaime Nogueria Pinto. Enquanto estivermos sobre a alçada da Comissão Europeia e
do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos não temos mecanismos democráticos para
nos protegermos desses desvarios. Não vale a pena queixar-se do problema se
apenas deseja ser o último a ser devorado pelo crocodilo. Maria Nunes: JNP, hoje superou-se.
Absolutamente brilhante. Obrigada. Jorge Tomaz: Absolutamente avassalador para
as consciências e para o pensamento social actual que está a ser contaminado
pela "pandemia" da ignorância e da falta de recursos intelectuais
sólidos. Este artigo é SUPERIOR! MAGNÍFICO! H Almeida: Caro Professor Jaime Nogueira
Pinto: Parabéns pela clareza e substância. Texto lapidar! VICTORIA ARRENEGA: Crónica belíssima como é costume com Jaime
Nogueira Pinto. Temos de começar pela nossa «casa» e repudiar sem descanso
estes exageros disparatados da linguagem inclusiva. Como dizia Helena Matos esta semana num canal
televisivo, acerca da Universidade de Manchester (perdão Personchester), existe
um propósito de engenharia social destinada a moldar o nosso mundo ocidental de
acordo com uma visão, um desígnio. Uma das coisas mais desajustadas é
passar a indicar os trabalhadores como colaboradores. Subverte completamente a
situação do trabalhador. ricardo gomes: Absolutamente brilhante! Adelino
Lopes: Este artigo é
tremendo. Eu sou dos que vou acreditando que qualquer “Teoria que defende a
superioridade de um grupo sobre outros” só pode ser repudiada. É o que faço
quando a superioridade é definida em termos raciais, por exemplo. Mas não mudo
de opinião, ou de critério, quando em vez da raça passamos para o campo
político-ideológico. É esse o princípio que aplico aos progressistas da “longa
marcha do marxismo cultural”. São pessoas que não respeitam a liberdade
individual (não é a libertinagem; é a liberdade de pensamento) nem a democracia
(impõem a sua retórica). E são desonestas, na medida em que alteram a percepção
da realidade.
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