Para obter mais esclarecimentos a
respeito da questão do Holomodor, que Louçã põe em dúvida, corroborado por um ou
outro comentador sapiente, socorri-me uma vez mais da Wikipédia, esperando que ela seja suficientemente
competente e convincente. Só sei que nada sei sobre o assunto. Mas recordarei
sempre a figura do Louçã de outrora,
a espumar no entusiasmo do seu proselitismo transparente de ódio, nesses tempos
em que lutava pelo seu lugar ao sol. As violências estalinistas nunca o
perturbaram, se bem me lembro, e assim continua, nos dias de hoje, bem
soalheiros, e cada vez mais propícios à espuma bucal.
O
Dr. Louçã /premium
O Dr. Louçã prefere ser um
negacionista do Holomodor, um dos maiores genocídios da História. Está no seu
direito. A SICN também. A estupidez, a mentira, a conivência com o Mal ainda
não pagam impostos
JORGE
FERNANDES OBSERVADOR, 31 mar
2021
Na última Sexta-Feira, no seu espaço
de comentário na SIC-N, o Dr. Louçã dedicou o momento Zen a mostrar um vídeo no
qual Aline
Beuvink, deputada à Assembleia
Municipal de Lisboa eleita pelo PPM, criticava a recusa dos deputados de
extrema-esquerda em aprovarem um voto de saudação pela deliberação do
Parlamento Europeu, no qual este equiparava o Comunismo ao Nazismo.
Na sua intervenção, Beuvink, deputada municipal de origem ucraniana, dizia que
houve fome e canibalismo na Ucrânia durante o Holomodor. No seu tom habitual de escárnio
e ironia, Louçã afirmou então que “alguns sectores da direita acreditam mesmo
nas suas lendas mais sanguinolentas”, recebendo um risinho cúmplice do jornalista.
É
lamentável, mas não surpreendente, que Louçã, um membro do Conselho de Estado,
continue com a impunidade de sempre a espalhar mentiras. Qualquer pessoa que
tenha tido a felicidade de viver para lá de Badajoz, o que manifestamente não
aconteceu com o Dr. Louçã, sabe que, na Europa civilizada, os crimes contra
a humanidade cometidos em nome da construção do Socialismo são hoje factos
estabelecidos equiparados ao Nazismo. Infelizmente para todos nós, o Dr. Louçã
nunca saiu da paróquia, fazendo toda a sua carreira política e académica ali na
D. Carlos I, entre o ISEG e a Assembleia da República. O Dr. Louçã fala
habitualmente das mentiras e da realidade paralela na qual vivem Trump ou
Bolsonaro. É pena que nunca tenha parado para se olhar ao espelho. Uma vez que
este tema é demasiado sério, decidi escrever este artigo no qual vou tentar
elencar alguns factos básicos sobre o Holomodor. Tal como o Dr. Louçã, não sou especialista no tema.
Portanto, troquei emails com três colegas nos Estados Unidos e na Europa,
especialistas em genocídios na Europa de Leste no período entre guerras, que me
indicaram algumas referências bibliográficas básicas.
Comecemos
por um breve enquadramento. Ao contrário das profecias de Marx, o primeiro país do
mundo onde a revolução chegou era uma nação de camponeses, com uma classe
proletária mínima. Havia, pois, necessidade de industrializar e lançar as
sementes para que a ditadura do proletariado lançasse frutos. Num ensaio na New York
Review of Books, Sherhii Plohky, director do Harvard Ukranian Research
Institute, explica como Estaline
e Vyacheslav Molotov assinaram
um decreto, em 1932, que visava utilizar cereais produzidos na Ucrânia e no
Cáucaso como meios de troca comerciais com países estrangeiros para compra de
maquinaria indispensável à industrialização da União Soviética. Os solos destas zonas são altamente férteis e
rentáveis, daí a sua escolha pelo pai dos povos como centro cerealífero da
União Soviética. À boa maneira Comunista, o decreto continha, naturalmente,
um conjunto de provisões sobre o que deveria acontecer aos camaradas Ucranianos
caso não conseguissem cumprir a quota de produção: prisão e execução
sumária. No entanto, e ainda segundo o mesmo decreto, Estaline procurava
ainda a “sovietização” da Ucrânia: de forma breve, a eliminação das elites
políticas e económicas de origem Ucraniana e a sua substituição por elites
Russas, garantindo assim a fidelidade política.
Os camponeses ucranianos resistiram em força à colectivização da economia,
não conseguindo cumprir a quota de produção imposta centralmente. Estaline,
pensando que os camponeses estavam a esconder a sua produção, respondeu
enviando tropas Soviéticas, as quais tinham ordens para fiscalizar todos os
locais de produção e simplesmente obrigar, à força se necessário, os camponeses
a entregar toda a sua produção para entregar ao Estado. Nada sobrava, então,
para os camponeses comerem. Começava então o que a literatura descreve como a Grande Fome Ucraniana.
Robert Conquest, Professor de História Russa em Stanford, escreveu em
1986 o livro The Harvest of Sorrow: Social
Colectivization and the Terror-Famine, na Oxford University Press. Neste livro, uma das maiores referências
académicas sobre o tema, Conquest estima que o total de mortos da Grande Fome
imposta por Estaline rondará os 3.5 milhões, com altíssima probabilidade de ter
chegado aos 5 milhões. Para se colocar isto em perspectiva, o número de Judeus
mortos no Holocausto é de 6 milhões. Para além do tremendo
número de mortos, ao contrário do que o Dr. Louçã afirma, o genocídio provocado
pela fome, envolveu práticas canibais, de onde viria a surgir o ‘mito’ de que
os comunistas comem criancinhas. Isto é,
obrigados a passar fome por Estaline, os ucranianos viraram-se para o
canibalismo como forma de sobreviver. Para sustentar esta afirmação, vou citar,
em Inglês, como na fonte, para não ser acusado de ter enviesado a tradução, um
conjunto de trabalhos académicos da vastíssima literatura sobre o tema.
No
seu livro The Years of Hunger: Soviet Agriculture, 1931–1933, R. W.
Davies e Stephen G. Wheatcroft afirmam que “there were many cases of
cannibalism by peasants desperate for food: both cannibalism in the strict
sense – that is, murder for food (known as lyudoedstvo – eating
people) and corpse-eating (trupoedstvo).” (p. 421). Nesse tempo, “the
Kiev GPU was receiving ten or more daily reports of cannibalism: in at least
one district ‘in the majority of occurrences is even becoming “normal” (p.
422). De acordo com relatos constantes dos arquivos ucranianos, abertos já
depois da queda da União Soviética, os próprios pais matavam um dos filhos
para se alimentarem a si e aos restantes filhos, “In a typical case: ‘A mother
or father kill a child, the meat is used for food, and their own children are
fed with it. Many prepare stocks [of human flesh] and salt the meat in barrels’”
(p. 422).A existência de canibalismo era reconhecida pelas próprias
autoridades ucranianas, que chegaram a abrir processos judiciais contra os
cidadãos que praticavam tais actos. O Harriman Institute da
Universidade de Columbia, um centro de investigação dedicado à Europa de Leste
e Rússia, num número especial de 2007 do Harriman Review, dedicado aos 75 anos da Grande Fome na Ucrânia,
afirma que foram instaurados mais de 2500 processos por canibalismo no
contexto da Grande Fome. Desses, e cito, “the documents for 1,000 of
these cases have survived. They include photographs of the material evidence
and of those who committed these crimes” (p. 30). O investigador termina
dizendo que, apesar de disponíveis ao público, na sua opinião “society is
still not ready today to accept these grizzly photos and textual records. It is
a matter for the future” (p. 30).
Para
último deixo uma citação de um livro de Timothy Snyder, Historiador de Yale,
que escreveu Bloodlands – Europe Between Hitler and Stalin. Nesse livro,
Snyder escreve que “survival was a moral as well as a physical struggle. A
woman doctor wrote to a friend in June 1933 that she had not yet become a
cannibal, but was ‘not sure that I shall not be one by the time my letter
reaches you’. The good people died first. Those who refused to steal or
to prostitute themselves died. Those who gave food to others died. Those who
refused to eat corpses died. Those who refused to kill their fellow man died.
Parents who resisted cannibalism died before their children did.” (p. 50).
Em
reacção ao livro de Timothy Snyder, Ta-Nehisi Coates, uma das vozes mais
activas nos Estados Unidos a denunciar o racismo sistémico da sociedade
Norte-Americana, escreveu, em 2014, na Atlantic, um artigo no qual diz que, apesar de ter um estômago
forte a ler sobre o Mal, não conseguiu ler o livro até ao fim.
O
Dr. Louçã prefere ser um negacionista do Holomodor, um dos maiores genocídios
da História. Está no
seu direito. A estupidez, a mentira e a conivência com o Mal ainda não pagam
impostos. A SIC-N e o Expresso também estão no seu direito de lhe dar
visibilidade mediática. Charlatões é o que mais há para aqueles lados. Quem não
se lembra de Artur Baptista da Silva? Todavia, que um membro do Conselho de
Estado de Portugal brinque de forma leviana em prime-time com um
genocídio parece-me, no mínimo, de gosto duvidoso.
POLÍTICA
FRANCISCO LOUÇÃ PAÍS BLOCO DE ESQUERDA EXPRESSO JORNAIS MEDIA
SOCIEDADE
SIC TELEVISÃO UCRÂNIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS:
Pedro Ferreira:Mas ele não
foi o único a ouvir Aline e por isso nós também temos opinião sobre o que ela
disse e não me parece que ele tenha distorcido o que quer que seja . Mario Guimaraes: A televisão deveria obrigar o Dr Loucã a retratar-se.
A ler partes deste texto originais. Por favor envie este texto ao Dr Loucã para
ele se rir na TV. Os comunistas têm uma grande capacidade em alterar a
história. censuraautomatica
censuraautomatica: Quem sabe
tratar deste Loução é a Guardia Civil Espanhola! Lembram-se de quando queria ir
protestar a Madrid contra a adesão da Espanha á NATO? Não passou de Badajoz e
"aqueceram-lhe a focinheira", devolvendo-o á procedência Jorge Almeida: Obrigado pelo seu artigo. É um
imperativo moral denunciar sem descanso o esgoto que esta gente, como o louçã,
é. A palavra à SIC, ao Expresso e à Presidência da República, que, caso tenham
alguns valores básicos, têm agora a oportunidade de higienizar a sua grelha de
programação, lista de comentadores e o Conselho de Estado. António Alves: E ainda há quem defenda estas ideologias sangrentas,
alimentadas pelo egoísmo e ignorância, que só levam o povo à miséria e à morte.
O comunismo e o nazismo deveriam causar igual repulsa. Ivan Simões: Um dos melhores artigos que li no observador! Carlos Quartel: O PC foi. durante muitos anos, a única oposição
visível ao salazarismo. Isto rendeu-lhe uma aura de lutador pela liberdade,
pela democracia, pelo progresso. Nos espíritos de muita gente e de muito
boa gente. Após o 25A fez o possível por capturar as universidades e é o
controleiro das chamadas "ciências sociais" e tem 80% do jornalismo
na algibeira. No clima de ignorância nacional é difícil desmascarar a sua
narrativa e hoje vemos o pessoal do PC a falar de liberdade e democracia como
se fossem eles os paladinos desses valores. Há que viver com isto, há que ver
centenas de milhar no funeral de Cunhal, um implacável fanático com um total
desprezo pelo povo e há que viver com Louçãs, oportunistas e mentirosos. Amilcar Pires: Dois camaradas comentadores, rapidamente a fazer o que
os comunistas muito gostam de fazer: reescrever a historia ao jeito do
comunismo! Anarquista Inconformado: "Os
aparelhos ideológicos e intelectuais da burguesia estão em trabalho frenético
para nos 100 anos da Revolução Russa difamar como podem a primeira
experiência de poder operário consolidada da história — não sem contribuição
fundamental, como sempre, de sectores expressivos da esquerda. Um dos
maiores mitos, isto é, uma construção historiográfica sem qualquer base factual
e referencial em pesquisa histórica séria, mas que se sustenta de acordo com
sua função política-ideológica na luta de classes, é a da grande fome ucraniana
ou Holodomor. É afirmado que o Estado soviético através de uma política de fome
planejada operou o extermínio de 6 ou 10 milhões (o número depende do grau de
anticomunismo do autor) de ucranianos. Evidentemente, esse suposto episódio
serve para equiparar o socialismo soviético com o nazismo: os ucranianos teriam
sido o equivalente aos judeus no Holocausto. Vejamos com breves comentários
como esse mito não tem qualquer base factual.- Os documentos secretos da
alta administração e dos serviços de inteligência dos EUA, França, Inglaterra e
Itália já estão disponíveis há anos para consulta e pesquisa. Nenhum desses
país, nos seus documentos da época, retrata uma política de fome provocada em
escala industrial tendo como resultado o extermínio de milhões. Nenhum! Na
época do alegado auge da fome, ou seja, em 1932–1933, existia uma grande guerra
pelo poder no seio do PCUS (Partido Comunista da URSS) e ninguém da oposição ao
grupo majoritário, Leon Trotski à frente, fala de qualquer genocídio na Ucrânia.
Os grandes jornais burgueses da época, como The Economist, também não citam
esse suposto episódio. Também não existe fotos e registros desse
“extermínio em massa” — Robert Conquest, historiador ligado a CIA e um dos
grandes defensores da existência do “Holodomor”, não apresenta qualquer prova
material desse suposto massacre. Será esse episódio o primeiro da
história da humanidade onde supostamente uma grande máquina industrial de
genocídio em massa foi montada sem que ninguém — inclusive os serviços secretos
dos países mais poderosos do mundo! — tenha tomado conhecimento (compare, por
exemplo, com o número de provas que temos da existência do Holocausto)?- Entre
1931–32 houve sim uma redução da oferta de alimentos com aumento da fome, mas
não uma escalada industrial de fome matando milhões. As duas
principais razões que explicam essa redução de alimentos são de ordem económica-climática
e sociopolítica. A URSS, no período 1930–33, ainda não tinha operado
sua industrialização, desenvolvimento tecnológico e se recuperado totalmente
dos estragos da Primeira Guerra Mundial e da Guerra Civil. Os eventos
naturais acabavam tendo um impacto muito maior. Tivemos em 1932 uma seca
catastrófica que reduziu e muito a produtividade das colheitas e havia um
intenso e forte conflito político entre o Estado soviético e os camponeses
ricos em luta contra a colectivização da agricultura; nesse confronto,
como forma de resistência, muitos camponeses ricos queimavam colheitas e
matavam animais, o que reduziu a oferta de alimentos. A questão, contudo, é que
essa fome não atingiu especialmente a Ucrânia, mas foi algo de todo território
soviético, e no segundo semestre de 1933, como mostra qualquer pesquisa básica,
a colheita teve alta produtividade e os efeitos mais nocivos da fome já tinham
sido contornados. Basta estudar a história da agricultura soviética para
ver que na época (1933) que os anticomunistas dizem que milhões estavam
morrendo por fome tínhamos uma das melhores colheitas da história soviética
depois da Primeira Guerra. Os
“nacionalistas” ucranianos e os historiadores anticomunistas que defendem a
existência do “Holodomor” como símbolo de “resistência nacional” gostam de
esconder que o grande promotor da suposta existência de uma opressão nacional
soviética sobre a Ucrânia nos anos 30 foi a Alemanha Nazista. Devido à
posição estratégica de Kiev, seus recursos naturais e a fertilidade de sua
terra, era central para o Reich em seus planos de guerra conquistar essa
região. Para isso o nazismo buscou criar uma associação com os “nacionalistas”
visando combater o socialismo soviético. É notório a colaboração dos grupos
independentistas ucranianos com os nazistas. Nos
anos 60 em diante, com foco maior nos anos 90, a lenda da opressão nacional
contra a Ucrânia ganhou cada vez mais peso, ocultando, é claro, as origens
nazistas desse mito histórico — hoje os liberais e conservadores de toda ordem
com ajuda não desprezível de sectores da esquerda continuam o “trabalho” dos
nazistas. "A minha verdade é diferente da sua, qual delas é um panfleto
publicitário? Amando Marques > Anarquista Inconformado: Já vi muitos anarquistas, mas agora um anarquista
comuna, essa é nova !! josé maria: O Dr. Fernandes convive bem com a remoção dos
comentários de que não gosta ? O meu anterior comentário foi rapidamente levado
para a "moderação" porque não consegue aguentar com uma crítica
incisiva, nem com a desmontagem da sua desonestidade intelectual, quando usa a
falácia do espantalho para atacar Francisco Louçã e distorcer aquilo que
exactamente foi escrito pela Aline e por ele estritamente citado?
NOTAS DA
INTERNET
Holodomor
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
«1932-1933:
o Holodomor ucraniano: … A escalada da crise
Em 1931 - em consequência das más
colheitas na Sibéria Ocidental e
no Cazaquistão - milhares de kolkhozes da Ucrânia,
do Cáucaso do Norte e da região do rio Don, foram
alvo de requisições acrescidas.
Desse
modo, os órgãos estatais de colecta, apesar de uma colheita bastante medíocre
(69 milhões de toneladas), conseguiram obter perto de 23 milhões de toneladas.
A
Ucrânia foi obrigada a contribuir com 42% da sua produção cerealífera, o que
provocou o agravamento da desorganização do ciclo produtivo, iniciada com a
colectivização forçada e a deskulakização.
Na Ucrânia e em outras regiões, a
partir da primavera de 1932, assistiu-se ao alastramento da fome e ao êxodo
dos camponeses em direcção às cidades, suscitando a preocupação das
autoridades, nomeadamente dos dirigentes de várias repúblicas. Por seu lado o governo,
animado com o êxito das requisições, fixou o plano de colecta para 1932 em 29,5
milhões de toneladas, dos quais 7 milhões deveriam ser obtidos na Ucrânia. Deste modo, tornou-se inevitável o conflito entre
os camponeses, determinados a usar todos os meios para conservar uma parte da
produção, e as autoridades locais, obrigadas a cumprir o plano de colecta, o
qual, nas palavras do dirigente soviético Sergei
Kirov, representava:
“ |
A pedra de toque da nossa força ou da
nossa fraqueza, da força ou da fraqueza dos nossos inimigos. |
” |
Com efeito, esses planos são de tal
modo elevados, que os obrigam a tentar esconder a maior quantidade possível de
cereais, para garantir as reservas alimentares indispensáveis à sua
sobrevivência.
A campanha
de colecta de 1932 depara-se,
por isso, desde o início, com numerosas dificuldades: manifestações dos camponeses atingidos pela fome; fuga
dos kolkhozes de um crescente número de trabalhadores; roubo dos bens
pertencentes aos kolkhozes (gado, alfaias e sobretudo colheitas) e recusa de
muitos funcionários locais e regionais do partido ou dos sovietes em
aplicar planos de colecta que condenariam à fome dezenas de milhões de pessoas.
Inicialmente, Estaline manifestou a sua crescente impaciência face ao ritmo
lento que caracteriza a campanha de requisições na Ucrânia, acusando os
dirigentes locais de serem os responsáveis pela situação, devido ao seu laxismo
e falta de firmeza perante os "actos de sabotagem"
e de "terrorismo". Para superar essas dificuldades, a 7 de
Agosto de 1932, entrou em vigor a lei sobre o " roubo e delapidação
da propriedade social " (mais conhecida por "lei
das cinco espigas"),
punível com dez anos de campo de trabalho forçado, ou com a pena capital.
As brigadas encarregues da colecta efectuaram
autênticas expedições punitivas, nomeadamente nas regiões cerealíferas. Estas
requisições foram acompanhadas de numerosos abusos, violências físicas e
detenções maciças de kolkhozianos.
Apesar
de uma ligeira diminuição nos objectivos dos planos de colecta e de uma
repressão extremamente dura (mais de 100 000 pessoas foram condenadas nos
primeiros meses de aplicação da lei), em 25 de
Outubro, Moscovo só
colectara 39% da quantidade de cereais exigida à Ucrânia.
……. A
"interpretação nacional" de Stalin: Mas entre Julho e Agosto de 1932, Stalin
concebeu uma nova análise da situação na Ucrânia e das suas causas, expressa a
11 de Agosto, numa carta endereçada a Kaganovitch:
“ |
[A Ucrânia] é hoje em dia a principal
questão, estando o partido, o Estado e mesmo os órgãos da polícia política da
república, infestados de agentes nacionalistas e
de espiões polacos,
correndo-se o risco de se perder a Ucrânia, uma Ucrânia que, pelo contrário,
é preciso transformar numa fortaleza bolchevique sem
olhar a custos. |
…A repressão do campesinato ucraniano: As medidas repressivas: Em resultado da "interpretação nacional" que
Estaline fez da situação ucraniana, a decisão de utilizar a fome nesses
territórios adquire características específicas de natureza genocidária, confirmadas
pela recente desclassificação de milhares de documentos provenientes dos
arquivos ucranianos.
Vyacheslav
Molotov. Membro do Politburo e
responsável pela campanha de requisições na Ucrânia …Assiste-se a uma escalada de
medidas repressivas, em grande parte diferentes das aplicadas noutras regiões
da União Soviética:……………»
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