quarta-feira, 31 de março de 2021

Recorro à Wikipédia


Para obter mais esclarecimentos a respeito da questão do Holomodor, que Louçã põe em dúvida, corroborado por um ou outro comentador sapiente, socorri-me uma vez mais da Wikipédia, esperando que ela seja suficientemente competente e convincente. Só sei que nada sei sobre o assunto. Mas recordarei sempre a figura do Louçã de outrora, a espumar no entusiasmo do seu proselitismo transparente de ódio, nesses tempos em que lutava pelo seu lugar ao sol. As violências estalinistas nunca o perturbaram, se bem me lembro, e assim continua, nos dias de hoje, bem soalheiros, e cada vez mais propícios à espuma bucal.

O Dr. Louçã /premium

O Dr. Louçã prefere ser um negacionista do Holomodor, um dos maiores genocídios da História. Está no seu direito. A SICN também. A estupidez, a mentira, a conivência com o Mal ainda não pagam impostos

JORGE FERNANDES           OBSERVADOR, 31 mar 2021

Na última Sexta-Feira, no seu espaço de comentário na SIC-N, o Dr. Louçã dedicou o momento Zen a mostrar um vídeo no qual Aline Beuvink, deputada à Assembleia Municipal de Lisboa eleita pelo PPM, criticava a recusa dos deputados de extrema-esquerda em aprovarem um voto de saudação pela deliberação do Parlamento Europeu, no qual este equiparava o Comunismo ao Nazismo. Na sua intervenção, Beuvink, deputada municipal de origem ucraniana, dizia que houve fome e canibalismo na Ucrânia durante o Holomodor. No seu tom habitual de escárnio e ironia, Louçã afirmou então que “alguns sectores da direita acreditam mesmo nas suas lendas mais sanguinolentas”, recebendo um risinho cúmplice do jornalista.

É lamentável, mas não surpreendente, que Louçã, um membro do Conselho de Estado, continue com a impunidade de sempre a espalhar mentiras. Qualquer pessoa que tenha tido a felicidade de viver para lá de Badajoz, o que manifestamente não aconteceu com o Dr. Louçã, sabe que, na Europa civilizada, os crimes contra a humanidade cometidos em nome da construção do Socialismo são hoje factos estabelecidos equiparados ao Nazismo. Infelizmente para todos nós, o Dr. Louçã nunca saiu da paróquia, fazendo toda a sua carreira política e académica ali na D. Carlos I, entre o ISEG e a Assembleia da República. O Dr. Louçã fala habitualmente das mentiras e da realidade paralela na qual vivem Trump ou Bolsonaro. É pena que nunca tenha parado para se olhar ao espelho. Uma vez que este tema é demasiado sério, decidi escrever este artigo no qual vou tentar elencar alguns factos básicos sobre o Holomodor. Tal como o Dr. Louçã, não sou especialista no tema. Portanto, troquei emails com três colegas nos Estados Unidos e na Europa, especialistas em genocídios na Europa de Leste no período entre guerras, que me indicaram algumas referências bibliográficas básicas.

Comecemos por um breve enquadramento. Ao contrário das profecias de Marx, o primeiro país do mundo onde a revolução chegou era uma nação de camponeses, com uma classe proletária mínima. Havia, pois, necessidade de industrializar e lançar as sementes para que a ditadura do proletariado lançasse frutos. Num ensaio na New York Review of Books, Sherhii Plohky, director do Harvard Ukranian Research Institute, explica como Estaline e Vyacheslav Molotov assinaram um decreto, em 1932, que visava utilizar cereais produzidos na Ucrânia e no Cáucaso como meios de troca comerciais com países estrangeiros para compra de maquinaria indispensável à industrialização da União Soviética. Os solos destas zonas são altamente férteis e rentáveis, daí a sua escolha pelo pai dos povos como centro cerealífero da União Soviética. À boa maneira Comunista, o decreto continha, naturalmente, um conjunto de provisões sobre o que deveria acontecer aos camaradas Ucranianos caso não conseguissem cumprir a quota de produção: prisão e execução sumária.  No entanto, e ainda segundo o mesmo decreto, Estaline procurava ainda a “sovietização” da Ucrânia: de forma breve, a eliminação das elites políticas e económicas de origem Ucraniana e a sua substituição por elites Russas, garantindo assim a fidelidade política.

Os camponeses ucranianos resistiram em força à colectivização da economia, não conseguindo cumprir a quota de produção imposta centralmente. Estaline, pensando que os camponeses estavam a esconder a sua produção, respondeu enviando tropas Soviéticas, as quais tinham ordens para fiscalizar todos os locais de produção e simplesmente obrigar, à força se necessário, os camponeses a entregar toda a sua produção para entregar ao Estado. Nada sobrava, então, para os camponeses comerem. Começava então o que a literatura descreve como a Grande Fome Ucraniana.

Robert Conquest, Professor de História Russa em Stanford, escreveu em 1986 o livro The Harvest of Sorrow: Social Colectivization and the Terror-Famine, na Oxford University Press. Neste livro, uma das maiores referências académicas sobre o tema, Conquest estima que o total de mortos da Grande Fome imposta por Estaline rondará os 3.5 milhões, com altíssima probabilidade de ter chegado aos 5 milhões. Para se colocar isto em perspectiva, o número de Judeus mortos no Holocausto é de 6 milhões. Para além do tremendo número de mortos, ao contrário do que o Dr. Louçã afirma, o genocídio provocado pela fome, envolveu práticas canibais, de onde viria a surgir o ‘mito’ de que os comunistas comem criancinhas. Isto é, obrigados a passar fome por Estaline, os ucranianos viraram-se para o canibalismo como forma de sobreviver. Para sustentar esta afirmação, vou citar, em Inglês, como na fonte, para não ser acusado de ter enviesado a tradução, um conjunto de trabalhos académicos da vastíssima literatura sobre o tema.

No seu livro The Years of Hunger: Soviet Agriculture, 1931–1933, R. W. Davies e Stephen G. Wheatcroft afirmam que “there were many cases of cannibalism by peasants desperate for food: both cannibalism in the strict sense – that is, murder for food (known as lyudoedstvo – eating people) and corpse-eating (trupoedstvo).” (p. 421). Nesse tempo, “the Kiev GPU was receiving ten or more daily reports of cannibalism: in at least one district ‘in the majority of occurrences is even becoming “normal” (p. 422). De acordo com relatos constantes dos arquivos ucranianos, abertos já depois da queda da União Soviética, os próprios pais matavam um dos filhos para se alimentarem a si e aos restantes filhos, “In a typical case: ‘A mother or father kill a child, the meat is used for food, and their own children are fed with it. Many prepare stocks [of human flesh] and salt the meat in barrels’” (p. 422).A existência de canibalismo era reconhecida pelas próprias autoridades ucranianas, que chegaram a abrir processos judiciais contra os cidadãos que praticavam tais actos. O Harriman Institute da Universidade de Columbia, um centro de investigação dedicado à Europa de Leste e Rússia, num número especial de 2007 do Harriman Review, dedicado aos 75 anos da Grande Fome na Ucrânia, afirma que foram instaurados mais de 2500 processos por canibalismo no contexto da Grande Fome. Desses, e cito, “the documents for 1,000 of these cases have survived. They include photographs of the material evidence and of those who committed these crimes” (p. 30). O investigador termina dizendo que, apesar de disponíveis ao público, na sua opinião “society is still not ready today to accept these grizzly photos and textual records. It is a matter for the future” (p. 30).

Para último deixo uma citação de um livro de Timothy Snyder, Historiador de Yale, que escreveu Bloodlands – Europe Between Hitler and Stalin. Nesse livro, Snyder escreve que “survival was a moral as well as a physical struggle. A woman doctor wrote to a friend in June 1933 that she had not yet become a cannibal, but was ‘not sure that I shall not be one by the time my letter reaches you’. The good people died first. Those who refused to steal or to prostitute themselves died. Those who gave food to others died. Those who refused to eat corpses died. Those who refused to kill their fellow man died. Parents who resisted cannibalism died before their children did.” (p. 50).

Em reacção ao livro de Timothy Snyder, Ta-Nehisi Coates, uma das vozes mais activas nos Estados Unidos a denunciar o racismo sistémico da sociedade Norte-Americana, escreveu, em 2014, na Atlantic, um artigo no qual diz que, apesar de ter um estômago forte a ler sobre o Mal, não conseguiu ler o livro até ao fim.

O Dr. Louçã prefere ser um negacionista do Holomodor, um dos maiores genocídios da História. Está no seu direito. A estupidez, a mentira e a conivência com o Mal ainda não pagam impostos. A SIC-N e o Expresso também estão no seu direito de lhe dar visibilidade mediática. Charlatões é o que mais há para aqueles lados. Quem não se lembra de Artur Baptista da Silva? Todavia, que um membro do Conselho de Estado de Portugal brinque de forma leviana em prime-time com um genocídio parece-me, no mínimo, de gosto duvidoso. 

POLÍTICA  FRANCISCO  LOUÇà PAÍS  BLOCO DE ESQUERDA EXPRESSO   JORNAIS   MEDIA

SOCIEDADE  SIC   TELEVISÃO   UCRÂNIA   EUROPA MUNDO

COMENTÁRIOS:

Pedro Ferreira:Mas ele não foi o único a ouvir Aline e por isso nós também temos opinião sobre o que ela disse e não me parece que ele tenha distorcido o que quer que seja .         Mario Guimaraes: A televisão deveria obrigar o Dr Loucã a retratar-se. A ler partes deste texto originais. Por favor envie este texto ao Dr Loucã para ele se rir na TV. Os comunistas têm uma grande capacidade em alterar a história.        censuraautomatica censuraautomatica: Quem sabe tratar deste Loução é a Guardia Civil Espanhola! Lembram-se de quando queria ir protestar a Madrid contra a adesão da Espanha á NATO? Não passou de Badajoz e "aqueceram-lhe a focinheira", devolvendo-o á procedência      Jorge Almeida: Obrigado pelo seu artigo. É um imperativo moral denunciar sem descanso o esgoto que esta gente, como o louçã, é. A palavra à SIC, ao Expresso e à Presidência da República, que, caso tenham alguns valores básicos, têm agora a oportunidade de higienizar a sua grelha de programação, lista de comentadores e o Conselho de Estado.     António Alves: E ainda há quem defenda estas ideologias sangrentas, alimentadas pelo egoísmo e ignorância, que só levam o povo à miséria e à morte. O comunismo e o nazismo deveriam causar igual repulsa.               Ivan Simões: Um dos melhores artigos que li no observador!           Carlos Quartel: O PC foi. durante muitos anos, a única oposição visível ao salazarismo. Isto rendeu-lhe uma aura de lutador pela liberdade, pela democracia, pelo progresso. Nos espíritos  de muita gente e de muito boa gente. Após o 25A fez o possível por capturar as universidades e é o controleiro das chamadas "ciências sociais" e tem 80% do jornalismo na algibeira. No clima de ignorância nacional é difícil desmascarar a sua narrativa e hoje vemos o pessoal do PC a falar de liberdade e democracia como se fossem eles os paladinos desses valores. Há que viver com isto, há que ver centenas de milhar no funeral de Cunhal, um implacável fanático com um total desprezo pelo povo e há que viver com Louçãs, oportunistas e mentirosos.           Amilcar Pires: Dois camaradas comentadores, rapidamente a fazer o que os comunistas muito gostam de fazer: reescrever a historia ao jeito do comunismo! Anarquista Inconformado: "Os aparelhos ideológicos e intelectuais da burguesia estão em trabalho frenético para nos 100 anos da Revolução Russa difamar como podem a primeira experiência de poder operário consolidada da história — não sem contribuição fundamental, como sempre, de sectores expressivos da esquerda. Um dos maiores mitos, isto é, uma construção historiográfica sem qualquer base factual e referencial em pesquisa histórica séria, mas que se sustenta de acordo com sua função política-ideológica na luta de classes, é a da grande fome ucraniana ou Holodomor. É afirmado que o Estado soviético através de uma política de fome planejada operou o extermínio de 6 ou 10 milhões (o número depende do grau de anticomunismo do autor) de ucranianos. Evidentemente, esse suposto episódio serve para equiparar o socialismo soviético com o nazismo: os ucranianos teriam sido o equivalente aos judeus no Holocausto. Vejamos com breves comentários como esse mito não tem qualquer base factual.- Os documentos secretos da alta administração e dos serviços de inteligência dos EUA, França, Inglaterra e Itália já estão disponíveis há anos para consulta e pesquisa. Nenhum desses país, nos seus documentos da época, retrata uma política de fome provocada em escala industrial tendo como resultado o extermínio de milhões. Nenhum! Na época do alegado auge da fome, ou seja, em 1932–1933, existia uma grande guerra pelo poder no seio do PCUS (Partido Comunista da URSS) e ninguém da oposição ao grupo majoritário, Leon Trotski à frente, fala de qualquer genocídio na Ucrânia. Os grandes jornais burgueses da época, como The Economist, também não citam esse suposto episódio. Também não existe fotos e registros desse “extermínio em massa” — Robert Conquest, historiador ligado a CIA e um dos grandes defensores da existência do “Holodomor”, não apresenta qualquer prova material desse suposto massacre. Será esse episódio o primeiro da história da humanidade onde supostamente uma grande máquina industrial de genocídio em massa foi montada sem que ninguém — inclusive os serviços secretos dos países mais poderosos do mundo! — tenha tomado conhecimento (compare, por exemplo, com o número de provas que temos da existência do Holocausto)?- Entre 1931–32 houve sim uma redução da oferta de alimentos com aumento da fome, mas não uma escalada industrial de fome matando milhões. As duas principais razões que explicam essa redução de alimentos são de ordem económica-climática e sociopolítica. A URSS, no período 1930–33, ainda não tinha operado sua industrialização, desenvolvimento tecnológico e se recuperado totalmente dos estragos da Primeira Guerra Mundial e da Guerra Civil. Os eventos naturais acabavam tendo um impacto muito maior. Tivemos em 1932 uma seca catastrófica que reduziu e muito a produtividade das colheitas e havia um intenso e forte conflito político entre o Estado soviético e os camponeses ricos em luta contra a colectivização da agricultura; nesse confronto, como forma de resistência, muitos camponeses ricos queimavam colheitas e matavam animais, o que reduziu a oferta de alimentos. A questão, contudo, é que essa fome não atingiu especialmente a Ucrânia, mas foi algo de todo território soviético, e no segundo semestre de 1933, como mostra qualquer pesquisa básica, a colheita teve alta produtividade e os efeitos mais nocivos da fome já tinham sido contornados. Basta estudar a história da agricultura soviética para ver que na época (1933) que os anticomunistas dizem que milhões estavam morrendo por fome tínhamos uma das melhores colheitas da história soviética depois da Primeira Guerra. Os “nacionalistas” ucranianos e os historiadores anticomunistas que defendem a existência do “Holodomor” como símbolo de “resistência nacional” gostam de esconder que o grande promotor da suposta existência de uma opressão nacional soviética sobre a Ucrânia nos anos 30 foi a Alemanha Nazista. Devido à posição estratégica de Kiev, seus recursos naturais e a fertilidade de sua terra, era central para o Reich em seus planos de guerra conquistar essa região. Para isso o nazismo buscou criar uma associação com os “nacionalistas” visando combater o socialismo soviético. É notório a colaboração dos grupos independentistas ucranianos com os nazistas. Nos anos 60 em diante, com foco maior nos anos 90, a lenda da opressão nacional contra a Ucrânia ganhou cada vez mais peso, ocultando, é claro, as origens nazistas desse mito histórico — hoje os liberais e conservadores de toda ordem com ajuda não desprezível de sectores da esquerda continuam o “trabalho” dos nazistas. "A minha verdade é diferente da sua, qual delas é um panfleto publicitário?          Amando Marques > Anarquista Inconformado: Já vi muitos anarquistas, mas agora um anarquista comuna, essa é nova !!            josé maria: O Dr. Fernandes convive bem com a remoção dos comentários de que não gosta ? O meu anterior comentário foi rapidamente levado para a "moderação" porque não consegue aguentar com uma crítica incisiva, nem com a desmontagem da sua desonestidade intelectual, quando usa a falácia do espantalho para atacar Francisco Louçã e distorcer aquilo que exactamente foi escrito pela Aline e por ele estritamente citado?

 

NOTAS DA INTERNET

Holodomor

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

«1932-1933: o Holodomor ucraniano:  A escalada da crise

Em 1931 - em consequência das más colheitas na Sibéria Ocidental e no Cazaquistão - milhares de kolkhozes da Ucrânia, do Cáucaso do Norte e da região do rio Don, foram alvo de requisições acrescidas.

Desse modo, os órgãos estatais de colecta, apesar de uma colheita bastante medíocre (69 milhões de toneladas), conseguiram obter perto de 23 milhões de toneladas.

A Ucrânia foi obrigada a contribuir com 42% da sua produção cerealífera, o que provocou o agravamento da desorganização do ciclo produtivo, iniciada com a colectivização forçada e a deskulakização.

Na Ucrânia e em outras regiões, a partir da primavera de 1932, assistiu-se ao alastramento da fome e ao êxodo dos camponeses em direcção às cidades, suscitando a preocupação das autoridades, nomeadamente dos dirigentes de várias repúblicas. Por seu lado o governo, animado com o êxito das requisições, fixou o plano de colecta para 1932 em 29,5 milhões de toneladas, dos quais 7 milhões deveriam ser obtidos na Ucrânia. Deste modo, tornou-se inevitável o conflito entre os camponeses, determinados a usar todos os meios para conservar uma parte da produção, e as autoridades locais, obrigadas a cumprir o plano de colecta, o qual, nas palavras do dirigente soviético Sergei Kirov, representava:

A pedra de toque da nossa força ou da nossa fraqueza, da força ou da fraqueza dos nossos inimigos.

Com efeito, esses planos são de tal modo elevados, que os obrigam a tentar esconder a maior quantidade possível de cereais, para garantir as reservas alimentares indispensáveis à sua sobrevivência.

A campanha de colecta de 1932 depara-se, por isso, desde o início, com numerosas dificuldades: manifestações dos camponeses atingidos pela fome; fuga dos kolkhozes de um crescente número de trabalhadores; roubo dos bens pertencentes aos kolkhozes (gado, alfaias e sobretudo colheitas) e recusa de muitos funcionários locais e regionais do partido ou dos sovietes em aplicar planos de colecta que condenariam à fome dezenas de milhões de pessoas. Inicialmente, Estaline manifestou a sua crescente impaciência face ao ritmo lento que caracteriza a campanha de requisições na Ucrânia, acusando os dirigentes locais de serem os responsáveis pela situação, devido ao seu laxismo e falta de firmeza perante os "actos de sabotagem" e de "terrorismo". Para superar essas dificuldades, a 7 de Agosto de 1932, entrou em vigor a lei sobre o " roubo e delapidação da propriedade social " (mais conhecida por "lei das cinco espigas"), punível com dez anos de campo de trabalho forçado, ou com a pena capital.

 As brigadas encarregues da colecta efectuaram autênticas expedições punitivas, nomeadamente nas regiões cerealíferas. Estas requisições foram acompanhadas de numerosos abusos, violências físicas e detenções maciças de kolkhozianos.

Apesar de uma ligeira diminuição nos objectivos dos planos de colecta e de uma repressão extremamente dura (mais de 100 000 pessoas foram condenadas nos primeiros meses de aplicação da lei),  em 25 de Outubro, Moscovo só colectara 39% da quantidade de cereais exigida à Ucrânia.

……. A "interpretação nacional" de Stalin: Mas entre Julho e Agosto de 1932, Stalin concebeu uma nova análise da situação na Ucrânia e das suas causas, expressa a 11 de Agosto, numa carta endereçada a Kaganovitch:

[A Ucrânia] é hoje em dia a principal questão, estando o partido, o Estado e mesmo os órgãos da polícia política da república, infestados de agentes nacionalistas e de espiões polacos, correndo-se o risco de se perder a Ucrânia, uma Ucrânia que, pelo contrário, é preciso transformar numa fortaleza bolchevique sem olhar a custos.

 A repressão do campesinato ucraniano: As medidas repressivas: Em resultado da "interpretação nacional" que Estaline fez da situação ucraniana, a decisão de utilizar a fome nesses territórios adquire características específicas de natureza genocidária, confirmadas pela recente desclassificação de milhares de documentos provenientes dos arquivos ucranianos.

Vyacheslav Molotov. Membro do Politburo e responsável pela campanha de requisições na Ucrânia …Assiste-se a uma escalada de medidas repressivas, em grande parte diferentes das aplicadas noutras regiões da União Soviética:……………»

 

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