quarta-feira, 24 de março de 2021

“Um pouco mais de azul”


Da Internet, extraio um texto em brasileiro, mais pormenorizado, sobre a “maçonaria” britânica, com pormenores noticiosos e técnicos que ajudam a entender melhor as referências do texto de Pacheco Pereira – embora me pareça que a nossa maçonaria nada tem a ver com quaisquer outras desse outro mundo mais equilibrado…

Maçons britânicos têm optado por se defender publicamente de acusações

Os mistérios envolvendo os maçons voltaram recentemente ao noticiário britânico, desde que o jornal The Guardian informou, no início do mês, haver duas lojas maçônicas que operam em segredo no Parlamento do Reino Unido, compostas por políticos ou jornalistas. Além disso, o presidente do principal sindicato das polícias da Inglaterra e do País de Gales denunciou que os círculos maçons dentro da corporação estariam impedindo reformas voltadas à promoção de minorias, como mulheres e negros. Essas notícias reabriram o antigo debate sobre a suposta influência das elites dirigentes da maçonaria, que chegou a ter entre seus membros o ex-premiê britânico Winston Churchill. Estima-se que, ao redor do mundo, haja 6 milhões de pessoas ligadas à maçonaria. Ainda que originalmente a maçonaria tenha se constituído como uma sociedade secreta, hoje, ao menos no Reino Unido, tem optado por se defender publicamente das acusações. A Grande Loja Unida da Inglaterra publicou anúncios publicitários de página inteira em diversos jornais britânicos, pedindo o fim da "discriminação" sofrida por seus membros, os quais se queixam da representação "tergiversada" feita deles.

David Staples, líder dos maçons ingleses e galeses, negou as acusações apresentadas no Guardian e disse que nenhum de seus membros era parlamentar ou político. "Não somos uma sociedade secreta", afirmou ele à BBC, agregando ser "ridícula" a notícia sobre o veto de policiais maçons a reformas corporativas.

Encontro da Grande Loja na Inglaterra: detalhes do que é dito nas reuniões não são revelados ao público externo

Cerimônias secretas

Staples também falou que a maçonaria inglesa levaria a cabo uma série de eventos a portas abertas para responder a perguntas da população sobre a natureza e o funcionamento da organização. Assim, dizem querer combater o hermetismo tradicionalmente associado a maçons. Peter, um jovem maçom de Londres, disse ao Guardian: "Meus colegas de trabalho sabem que sou membro de uma loja, e nunca me encontrei com nenhum irmão maçom que se negasse a tornar pública sua filiação ou que escondesse o que fazemos".

Cada loja se reúne oficialmente quatro vezes ao ano, em cerimônias de acolhida a novos membros que podem ter uma hora de duração. Mas o que ocorre nesses eventos sempre foi um segredo bem guardado. "A melhor maneira de explicar é que é como se fosse uma peça de teatro, em que todo o mundo tem um papel", disse à BBC um integrante da maçonaria britânica, pedindo anonimato.

"O venerável mestre (um dos mais altos cargos nas lojas) é o ator principal, com a maioria das falas. À medida que você vai às cerimônias, tem de aprender coisas - há perguntas para as quais precisa aprender as respostas."

Mas o que é dito nessas cerimônias nunca é revelado ao mundo exterior.

De um lado, as maçonarias não veem com bons olhos que seus membros discutam política ou religião; de outro, porém, um dos requisitos para entrar para as lojas é, historicamente, a crença em um poder superior.

"(A tradição maçônica) é baseada no Templo de Salomão", diz à BBC Anna, integrante de uma das poucas lojas maçônicas femininas britânicas. "É uma alegoria, levemente baseada na religião."

Dados sobre os maçons:

- Estima-se que haja 6 milhões de maçons no mundo;       - Eles se reúnem em templos que chamam de lojas (em inglês, lodge, ou alojamento, que é onde antigamente se agrupavam os pedreiros responsáveis pela construção de igrejas ou catedrais);     - As lojas são organizadas por região;       - Os maçons geralmente usam uma espécie de avental, por conta de seu aparente elo com os antigos pedreiros das catedrais (stonemasons, em inglês);            - Entre personagens históricos com elos com a maçonaria estão o político Winston Churchill e os escritores Oscar Wilde, Rudyard Kipling e Arthur Conan Doyle.

Separação por sexo: A maçonaria segrega homens e mulheres em lojas distintas. Na Inglaterra, por exemplo, a primeira loja feminina foi criada em 1908, com um venerável mestre do sexo masculino. Depois, passou a ser integrada apenas por mulheres, com um veto à presença masculina. Elas também são proibidas nas cerimônias masculinas. Segundo a maçom Anna, porém, "fazemos os mesmos rituais (que os homens), as mesmas cerimônias, ainda que estejamos completamente separados". Mas essa separação por gênero é comumente alvo de críticas, inclusive entre os próprios maçons.

Maçons usam espécie de avental, que remete aos pedreiros que construíram antigas igrejas e catedrais

O maçom Peter, por exemplo, disse desejar que "a Grande Loja (britânica) se modernize completamente algum dia e permita que ambos os sexos se misturem". "Seria magnífico para a organização", opina. Outro maçom que pediu anonimato afirmou que "a maçonaria está impregnada de tradições, e seus rituais são peculiares, mas não mais do que na Igreja Católica".

Lealdade ou nepotismo?

Questionados sobre os motivos que os levaram a ingressar nessa irmandade, os entrevistados citaram a "veia social" das lojas, que contribuem com ações beneficentes comunitárias, e com o sentimento de lealdade e pertencimento fomentado pela maçonaria. "Gosto de confiar nas pessoas, sou muito leal, então esse tipo de coisa (ser parte da comunidade) me atraiu", disse um deles à BBC. "Ao longo dos anos, você constrói relacionamentos, faz amigos e forma uma rede. (Mas) uso essa expressão com cuidado, porque essa rede não está lá para ser usada em seu benefício pessoal." De fato, uma das características que se costumam atribuir aos maçons é a de que eles se valem de suas posições sociais e profissionais para favorecer outros membros e a própria organização. Os maçons, porém, afirmam que isso é um "mito". "Acho que no passado provavelmente houve casos (de nepotismo e favorecimento), mas nunca soube de nenhum entre as maçons", afirmou Anna à BBC. Além disso, em diferentes momentos da história, a maçonaria foi acusada de conspirar e influenciar nos bastidores da política.

Maçonaria britânica negou ter influência no Parlamento de Westminster

Staples, o líder da Grande Loja britânica, afirmou que uma investigação de um comitê especial do Parlamento concluiu não haver "nada sinistro" na atividade da maçonaria do país. O relatório desse comitê, porém, recomendou que seja exigido que maçons com cargos na polícia e demais órgãos públicos declarem publicamente seu pertencimento à irmandade. Steve White, que acaba de deixar a presidência do sindicato policial britânico e que denunciou o suposto bloqueio de reformas por parte de maçons, opinou, em entrevista ao Guardian, que "o que as pessoas fazem em sua vida privada é assunto apenas delas. (Mas) se torna um problema quando afeta seu trabalho". "Houve ocasiões em que colegas meus suspeitaram que maçons foram um obstáculo para reformas. Temos que nos assegurar que as pessoas estão tomando as decisões pelos motivos certos", disse.

OPINIÃO:  O problema da Maçonaria na vida política democrática

Se alguém quer ser da Maçonaria em segredo, muito bem, desde que não seja na vida política. Até porque são os mecanismos de segredo que mais têm permitido os abusos de patrocinato, tráfico de influências e corrupção.

JOSÉ PACHECO PEREIRA     PÚBLICO, 20 de Março de 2021

A discussão actual foi suscitada por uma proposta original do PAN e outra do PSD que, com diferentes graus de obrigatoriedade, implicam a revelação na vida política da qualidade de membro da Maçonaria. Ambas estão mal feitas, são atabalhoadas e, no caso do PSD, misturam, por uma obsessão salomónica que passa por isenção, o Opus Dei e a Maçonaria. Ambas as organizações podem gerar efeitos políticos semelhantes, no âmbito do clientelismo e do patrocinato, mas são diferentes na sua génese e no seu modus operandi e, acima de tudo, distinguem-se no modo como tratam o segredo, o aspecto mais relevante para a actual discussão. Acresce que a Maçonaria intervém essencialmente pelos seus membros, as suas afinidades e “irmandades”, sem comando colectivo, embora haja uma hierarquia de graus, e o Opus Dei tem hoje uma intervenção na vida pública que envolve o seu papel nas instituições financeiras e no mundo dos negócios, para além da presença, que não é única na Igreja, nas instituições de ensino.

É sobre a Maçonaria que me vou pronunciar, porque sou a favor da obrigatoriedade de declaração de pertença, para o registo de interesses, dos participantes na vida política, em particular em eleições e cargos electivos. Toda esta matéria está armadilhada, por conspirações, desconhecimentos vários, análises sem contexto histórico, quer do lado antimaçónico quer do dos defensores da Maçonaria. Esclareço desde já que nada me move nem contra a Maçonaria, nem a sua pertença, nem comparticipo das teorias sobre a sua relevância como “sombra” de tudo o que acontece, posições, aliás, alimentadas pelo segredo que a envolve. Penso, de resto, que a sua importância é habitualmente exagerada e que a sua influência na coisa pública é hoje muito menor do que a que existiu no passado, mesmo depois do 25 de Abril.

Acresce também que não há apenas uma Maçonaria, mas duas, e que são diferentes em muitos aspectos. A antiga Maçonaria, aquela a que praticamente toda a gente se refere, é o Grande Oriente Lusitano, o GOL. Mas na década de 80 começou a surgir uma cisão que deu origem à Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal, GLLP/GLRP, em 1991. A influência do GOL é predominante no PS, está também presente no PSD e no CDS, mas tem sido a GLLP/GLRP que explica que, na vida política, o único partido em que a influência maçónica cresce é o PSD.

Qual o problema que justifica a obrigatoriedade da declaração de pertença no registo de interesses, em nome da transparência? É muito simples e a confusão que é lançada todos os dias é igualmente suspeita e releva para a importância desse registo: a Maçonaria tem uma intervenção na vida pública que produz efeitos na política, seja pela “protecção” de carreiras, seja pelas escolhas para certas áreas da política democrática de grande sensibilidade, como seja, por exemplo, os serviços de informação e segurança, em que a presença de maçons é relevante. Pode-se e deve-se perguntar porquê. A resposta envolve a horizontalidade da organização, que percorre diversos partidos e facilita os contactos não escrutináveis entre políticos e negócios, mútuas informações e mútuas protecções. E, depois, o oculto do segredo e as relações de confiança entre “irmãos” que tem papel nas escolhas e nas carreiras. Não precisa de estar decidido em reuniões ou em instruções, faz-se naturalmente pelos rituais de pertença, reconhecimento e “irmandade”. O exemplo que é mais conhecido é o da Loja Mozart, do GLLP/GLRP. Na lista dos seus “irmãos” encontram-se vários membros do PSD e da JSD, alguns que foram membros do governo, um líder parlamentar, deputados, o presidente da Ongoing, um grupo de gente do PSD envolvida no processo da Ongoing, chefes de gabinete, chefes militares, membros da chefia dos serviços de informação. Quando rebentou o escândalo envolvendo o SIED e a Ongoing e começou a haver escrutínio da comunicação social, houve uma debandada da Loja para outras da mesma obediência maçónica, e explicações esfarrapadas de que só lá tinham ido por curiosidade, como se à Maçonaria se fosse por curiosidade. Teve esta Loja e a sua pertença algum papel na vida política? Basta ver a lista de “irmãos” que é conhecida, e que não é total, para ver como nalguns cargos na Ongoing, no grupo parlamentar do PSD e nos serviços de informação estão lá o número um e o número dois, o patrão e o empregado. Para além do mais, é difícil ver na pertença à Loja qualquer especial dedicação ao Supremo Arquitecto, mas sim preocupações de carreira, dinheiro e influência.

A este exemplo podem acrescentar-se outros do PS, em que a presença da Maçonaria é historicamente relevante e mais antiga. A crescente influência no PSD é que é nova, até porque, por razões históricas, se trata de um partido com uma forte génese antimaçónica e anticomunista. Pode-se dizer que o objectivo de Rio é mostrar essa influência no PSD, até porque um número significativo dos seus adversários internos é maçon. Pode ser, mas também aqui é importante que se saiba, porque na vida política isto não é uma “questão de consciência”, nem matéria de privacidade, nem comparável à revelação da identidade religiosa ou de género. Pode a revelação da qualidade de pertença à Maçonaria ser um prejuízo pessoal, profissional e político? Pode, mas a qualidade de membro do PCP nuns meios ou do PSD noutros também é. E, no caso da Maçonaria, a manutenção do segredo aumenta a especulação que só é mitigada pela revelação da filiação.

A Maçonaria tem um sistema de valores que a colocam no plano cívico e político em sentido estrito e uma forma de organização que implica o segredo ou a “discrição” que é uma aberração em democracia. Se alguém quer ser da Maçonaria em segredo, muito bem, desde que não seja na vida política. Até porque são os mecanismos de segredo que mais têm permitido os abusos de patrocinato, tráfico de influências e corrupção.       Historiador

TÓPICOS: MAÇONARIA  TRANSPARÊNCIA  PARTIDOS POLÍTICOS  ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA  ONGOING  PARLAMENTO  PSD

COMENTÁRIOS:

JME  INFLUENTE: Gosto sempre de ler os artigos Dr. JPP. Foi informativa a distinção que fez entre os diversos tipos de maçonaria. Afinal não existe só uma. Também se podia falar da Opus Dei, é verdade. E do grupo Bilderberg. A verdade é que qualquer rede de contactos de pessoas com poder e uma relação de confiança entre elas é capaz de mover influências. E isso cria uma área cinzenta em termos do que se deve ou não declarar, pois pertencer ao GOL pode ser mais inofensivo do que pertencer a uma máfia financeira que nada declara como entidade organizada, até porque, oficialmente, não existe...     VivaViriatoLusitano  EXPERIENTE: Concordo JPP. Pegando no que diz um maçom em artigo desta edição, Se "Os maçons são respeitadores das leis, defensores da liberdade e promotores da fraternidade", então devem fazê-lo claramente, juntando-se, por ex. ao movimento associativo, o qual bem precisa no nosso País, pois, a meu ver, o principal defeito nacional é a falta de participação. Os maçons além de contribuirem para o problema complicam-no ao participar na sociedade, mas secretamente.     Luis  INICIANTE: Muito bom, artigo claro, corajoso e democrático.      fernando jose silva  INFLUENTE: Sem dúvida, as opções são duas, ou serviço público ou maçónico. Em Portugal, como sempre, o segredo prevalece sobre a honra e as influências acentuam-se e a obediência alheia impõe-se. É um factor do descrédito dos políticos e partidos, uma máfia suave mas destrutiva, ao contrário da santidade que lhe dão os seguidores. MMRdM EXPERIENTE:Aplaudo demoradamente este texto. vinha2100  MODERADOR: Magistral. Este artigo é um verdadeiro serviço público. Tiradentes  EXPERIENTE: Engraçado como os "repúblicas" gostavam muito dos "maçónicos" quando este derrubaram num golpe de estado completamente ilegal um regime legal, apoiadíssimo na grande maioria pelo povo português que era a monarquia constitucional. quando o bicho se vira contra a republicazita já se torcem todos...      Paulo Batista  EXPERIENTE: Bom artigo JPP. Obviamente que é força que domina a vida politica com repercussão noutros sectores. A Maçonaria é uma escadinha do dinheiro e da protecção. A Maçonaria protege, defende e apoia os seus membros. Obviamente serve para muita coisa ... e também concordo que devia existir uma declaração de interesses quando os seus membros intervêm no espaço político. Se não é legalmente permitida a actividade de lobbying, a Maçonaria consegue fazê-lo de forma encapotada. É ou não é ? Nada contra contudo não basta pedir transparência, é preciso praticar.         José Luís Sousa  EXPERIENTE: Vamos ao absurdo. Se eu pertencer a uma associação de swingers devo indicar na candidatura? Talvez não. Tenho direito à minha privacidade. Seja a maçonaria ou a ass. dos bombeiros da terra, opus dei, ou outra, não é demasiado importante. É um debate inconsequente. Seria mais importante saber todas as relações económicas dos deputados e famílias respectivas. Seria muito melhor aprofundar a democracia directa e passar ao lado destes jogos. Seria deveras importante que a PJ Ministério Público Juízes fossem imunes a jogos de poder, nomeações políticas etc. O problema é a percepção paternalista de que o povo em geral é ignorante e tem que ser orientado. Como diziam: Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte é tolo ou não sabe a arte...Ditado nunca tão verdadeiro para quem manda aqui.        pedro.f.a.lourenco  INICIANTE: Declarar ser swinger não me parece relevante. Já declarar que todas as semanas vai dar umas cambalhotas com alguém com o qual depois vai ter negociações com impacto político-social, se calhar já cai no campo da declaração de conflito de interesses.      orion  INFLUENTE: Curioso: Lobo Xavier, conhecido advogado e colega de JPP na "Circulatura do Quadrado", da TVI24, diz ter clientes que foram lesados por elementos da Maçonaria. Espera-se que Lobo Xavier diga o que tem a dizer para ficarmos informados.          Maria Beatriz Guedes  INICIANTE: Excelente artigo de Pacheco Pereira!!  ana cristina  MODERADOR: Não há duas maçonarias. Há muitas e muitas formas de ser maçon. Esta análise do PP é simplista e caricatural. Associar o ser-se maçon a conluios e corrupção é como associar ser-se sócio do Benfica a conluios e corrupção.           A. Martins  EXPERIENTE: Tem razão. É exactamente a mesma coisa.          vvgaspar  EXPERIENTE: Concordo inteiramente consigo, é por isso mesmo que é importante que seja pública essa informação.     ana cristina MODERADOR: Por a informação ser pública é que deixou de haver conluios no futebol.       JME INFLUENTE: A questão é que podem existir redes de contactos e relações de confiança entre grupos de pessoas que movem influências sem que estas pertençam a algo que tenha um nome com GOL, Loja Morzart, Opus-Dei, Bielderberg, SLB, FCP. Pode até ser um grupo suspeito sediado num escritório de advogados, os quais até têm dever de sigilo em relação aos clientes... :-)         orion INFLUENTE: Não é a mesma coisa. É muito sério pois os membros da Maçonaria são exemplo de ascensões meteóricas a cargos de direcção em empresas e também em organismos públicos de elevada importância(vide direcção da tutela dos seguros e fundos de pensões). Digam-me lá se não vale a pena - 15.000 euros / mês, mais cartão de crédito + viatura e despesas de representação. Para mim, não: eu sou um estudante vitalício mas sinto-me bem na minha pele de middle class sem ambições. Basta-me respirar e ir vivendo. Por isto, vê-se o caso das vacinas: quando a economia precisa das vacinas para retomar a normalidade, a ganância de alguns trava o ritmo da retoma. É o mundo que temos; não se retribui o mérito; mandam as influências.    ana cristina  MODERADOR: nada como as ascensões meteóricas às claras: filho do primeiro-ministro a presidente da junta, ministra filha de ministro, mulher de ministro assessora do colega, etc. Nada como a boa velha consanguinidade.    JME  INFLUENTE: orion, compreendo o seu pesar e estou solidário consigo. Há, de facto, coisas que deveriam mudar em Portugal. Só não sei é se o tráfego de influências acaba com a declaração de inexistência de conflito de interesses, quer da maçonaria, quer de outra organização qualquer, pelos motivos que já tentei expor.   A. Martins  EXPERIENTE: Esta proposta vinda do PAN (os ignorantes cujo mantra é: proibir, proibir, ... ) não me admira, agora que também o PSD se junte à festa, é para mim uma decepção, pois tinha Rui Rio como pessoa informada e inteligente. Se a Maçonaria é uma máfia combata-se através das leis e das polícias, é para isso que elas existem. Agora transformar o Parlamento numa polícia do pensamento, copia perigosamente a lei do Salazar que nos anos 30 do séc. passado, queria proibir estas organizações, lei contra a qual até Fernando Pessoa se insurgiu. Além de que uma lei deste tipo é ridícula, um dilema tipo Catch 22: "Se alguém afirma pertencer a uma organização secreta, é porque não pertence". "Se uma organização secreta permite que os seus membros digam a ela pertencer, é porque não é secreta".   Retábulo Galante  EXPERIENTE: Tal e qual. Mario Coimbra  INFLUENTE: Tal e qual   Madala1903 INICIANTE: A. Martins, tem toda a razão. Tenho um certo apreço intelectual por JPP e não estava à espera que ele fosse prisioneiro destes preconceitos (obscurantistas) dignos do século passado. GMA  EXPERIENTE: Vale a pena a leitura de Público, apesar dos Tavares e das Peraltas!   RM  EXPERIENTE: Excelente. A pertença à Maçonaria hoje em dia é uma demonstração de que o interesse em “subir na vida” se sobrepõe ao interesse no bem público. cisteina  EXPERIENTE: Muito bem explicado, muito mais haveria para dizer, o que foi a maçonaria e o seu braço armado desde a monarquia, a carbonária, com maior acuidade e influência na constitucional, envolvida em muitos assassinatos como o do rei D. Carlos, durante a I República, menos durante o Estado Novo por força da perseguição que lhe foi movida. Mas é isto o que JPP aqui refere, são associações secretas (agora dizem, discretas) que, como outras máfias, lobbies de todo o tipo, seitas e organizações lutam por interesses individuais dos "irmãos" ou corporativos, prejudicando o bem comum e a melhor distribuição da riqueza que é de todos. E tal deve ser combatido, estas propostas do PAN e do PSD são um bom primeiro passo. DemocrataXXI  EXPERIENTE: Muito bom artigo, como invariavelmente costumam ser. Olhando, de cima, o Pacheco Pereira, leva do princípio ao fim, a justificar, o que à partida seria dispensável explicar, a óbvia e inquestionável importância, da transparência. E é, quando se lê a coisa assim, que se percebe, o quão enraizados, tentaculares e insidiosos, são estes fenómenos.

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