terça-feira, 23 de março de 2021

Lições de vida económica


Lusitana. E há muito quem saiba da poda.

 Groundforce ou o regresso de capitalistas sem capital /premium

A crise financeira mostrou-nos que tínhamos vários capitalistas sem capital. A pandemia revela-nos que continuamos a padecer do mesmo mal. Salvar a Groundforce é uma coisa, salvar o accionista é outra

HELENA GARRIDO

OBSERVADOR, 22 mar 2021

O caso Groundforce merece ser de novo revisitado pelos dados que se conheceram durante as últimas semanas. Um ministro demasiado interventivo e que parece gostar de tratar os assuntos na praça pública não iliba um accionista privado que é mais um lamentável exemplo de capitalistas sem capital, como já parece ser a sina de Portugal. O que é que se soube?

Uma das novidades é que as acções de Alfredo Casimiro na Groundforce estão dadas como penhor ao Montepio e ao Novo Banco, como se pode ler no Observador e na Sábado. Razão pela qual não foi possível avançar com a proposta inicial da TAP, de realizar um empréstimo intercalar, ao que está a ser negociado desde o ano passado, tendo como garantia essas acções.

Sobre o negócio realizado em 2012, ficámos ainda a saber que Alfredo Casimiro pagou a compra da Groundforce à TAP por via de um empréstimo do Montepio que recebeu as acções como garantia, como nos conta Bruno Faria Lopes no artigo da Sábado. E que o pagamento final de um negócio realizado em 2012 só se completou em 2018. Também ficámos a saber que no quadro do acordo de venda, a Groundforce pagou à Urbanos – na altura a accionista da empresa – comissões de gestão de 1,5% da facturação.

No artigo de Ana Suspiro e Nuno Vinha no Observador sabemos ainda que as acções são dadas em segundo penhor ao Novo Banco, na sequência da renegociações de um crédito do grupo Urbanos, a empresa de Alfredo Casimiro que entretanto está em Processo Especial de Revitalização (PER).

Resumindo: a Groundforce foi comprada por um capitalista sem capital, usando as acções da empresa que ia comprar como garantia para obter o financiamento para a pagar. E melhor ainda, ficou a receber uma comissão de gestão que a prazo ultrapassaria o que (não) pagou pela empresa. Mesmo isso não foi suficiente para se libertar das garantias e ter as acções livres de ónus. Pior, usou a empresa para os seus problemas passados com a Urbanos.

Quem se lembra da Urbanos, ainda no tempo em que Ricardo Salgado era o “Dono Disto Tudo”, recorda-se do seu crescimento meteórico. Lisboa parecia invadida por aquele azul. Não acabou bem, como se percebe, e viu-se até envolvida no caso BES como se pode ler neste artigo de Carlos Rodrigues Lima na Sábado. Numa caixa forte climatizada, arrendada pela Urbanos, estavam mais de 136 obras de arte de Ricardo Salgado.

Haverá ainda muito por perceber neste caso, nomeadamente na guerra que envolve a TAP, o ministro Pedro Nuno Santos e Alfredo Casimiro para apoiar a Groundforce. Mas o que já sabemos até agora permite-nos concluir que nenhuma das partes está isenta de responsabilidades na forma como este dossier tem sido gerido. As criticas a Pedro Nuno Santos já foram feitas aqui. Com o que soube até agora, é preciso olhar também para o accionista privado.

Infelizmente para o País, este é mais um exemplo de capitalistas sem capital que vivem à sombra do dinheiro dos bancos e que, quando as coisas correm mal, exploram até ao limite as fragilidades que qualquer governo tem. É óbvio que este Governo, ou qualquer outro, não quer ver mais de duas mil famílias sem salário. Podia deixar cair a empresa? Podia, se o custo de colocar de pé uma empresa de handling não fosse enorme e não pusesse em causa a recuperação da própria TAP e do tráfego aéreo em Portugal. São essas as armas que Alfredo Casimiro sabe que tem. É um caso semelhante ao de “free riding”, de ter uma posição em que as perdas da TAP são tão grandes que a Groundforce e, por essa via, o seu accionista privado, estão protegidos da ameaça de falência.

E tem essas armas primeiro pela insensatez de a TAP se ter colocado nas mãos de apenas uma empresa, sendo simultaneamente cliente e accionista. E também pelo negócio que foi feito em 2012. Como foi possível vender a empresa a um accionista sem experiência no sector nem dinheiro, especialmente quando se tinha um concorrente, a Aviapartner, que conhecia o negócio? Terá sido, mais uma vez, porque não havia dinheiro? Não se percebe e é assim que se criam capitalistas sem capital.

Também não se entende como é que a empresa chegou a este ponto quando também ela poderia ter-se candidatado às ajudas de Estado no âmbito da pandemia. A Aviapartner, por exemplo, foi autorizada, em Julho de 2020, a receber uma ajuda do Estado belga, no âmbito das regras Covid, através de um empréstimo convertível, no montante de 25 milhões de euros.  Porque é que a Groundforce e o Governo não fizeram um pedido semelhante? Uma das versões é que o accionista privado nunca deu a informação que era necessária para se construir o processo de financiamento, neste caso envolvendo a CGD e o Banco de Fomento, para depois de pedir a autorização a Bruxelas. Alfredo Casimiro diz o contrário, nomeadamente no Parlamento.

As circunstâncias excepcionais em que vivemos, com as empresas a serem afectadas por um problema de saúde pública, justificam medidas também de excepção em matéria de ajudas de Estado. A própria Comissão Europeia o reconheceu ao criar um regime excepcional de ajudas de Estado. Todos os Estados-membros o estão a fazer, alguns até de forma muito significativa, como é o caso da Alemanha – dos 3,1 biliões de euros de ajudas já aprovadas pela Comissão Europeia, a Alemanha absorve 51% como se pode ler no Euractiv. São apoios a aeroportos, empresas de “handling”, companhias aéreas, restaurantes, alojamentos turísticos e o sector da cultura. Nada contra, já que a paragem da actividade não é da responsabilidade dos empresários, mas sim da pandemia. E, além disso, é preciso manter a capacidade produtiva pronta para a recuperação. É para isso que o Estado também serve.

Mas a situação excepcional que justifica as ajudas do Estado não pode servir para continuarmos a alimentar capitalistas sem capital ou capitalistas que só o são por causa do Estado. A Groundforce não pode fechar porque a TAP se colocou nas mãos dela e o sector do turismo depende, pelo menos em parte e assim se acredita, da companhia aérea portuguesa. Mas não salvar a Groundforce é uma coisa, salvar o accionista privado é outra.

Tem de existir um momento em que fazer negócios com o Estado também é bom para o Estado, que somos todos nós contribuintes. Depois de tudo isto passado é tempo de a TAP ser privatizada de novo e vender também a totalidade da sua participação na Groundforce. Misturas de papéis, accionista, cliente e soberano, é sempre um péssimo negócio para o Estado. E é tempo também de deixar de alimentar capitalistas sem capital.

AVIAÇÃO   MUNDO   GROUNDFORCE   EMPRESAS   CAPITALISMO   ECONOMIA

COMENTÁRIOS

Gabriel Moreira: Por aqui se nota que um dos males deste país é a falta do Gande Capital, ao contrário do que diz o tio Jerónimo.          old young: Pais falido! mas merecemos!          Antonio Mendes: Helena, penso que está a cometer um erro de análise, um comprador não precisa de capital se tiver crédito como qualquer pessoa que compra uma casa sabe. O que pode questionar é o Montepio ter emprestado apenas com a garantia das   acções (se foi esse o caso) mas pelo que diz recuperou o dinheiro. O que devia contestar é que o Estado apenas consiga vender a pessoas sem capital. Porquê? Porque as parcerias com o Estado são tóxicas? A nossa história parece demonstrar que sim!          Paulo Guerra > Antonio Mendes: A qualquer pessoa que compre uma casa além de algum capital de entrada são exigidas garantias com que pode ir amortizando o crédito. Vulgarmente os ordenados de um casal e não propriamente uma empresa qualquer falida. E lá vamos nós outra vez para as boas práticas da banca nacional. O crédito em causa nunca passaria qualquer análise de risco independente, como todos bem sabemos. De onde só podemos depreender que só algum tráfico de influências é que permitiu o crédito em causa e por sua vez a compra da Groundforce pelo Casimiro. Até porque para comprar uma empresa de handling não bastava ter dinheiro. O handling obriga a um know how e uma logística muito específica que nunca se conheceu em nenhuma empresa do Casimiro que basicamente fazia mudanças. Ainda ontem aqui se falava também que a logística da aviação implica grandes conhecimentos de matemática, de investigação operacional, de logística de operações. Ou como a HG diz, o Casimiro comprou a Groundforce com o Montepio, que por sua vez ficou com as acções como garantia. Como senão bastasse ainda voltou a penhorar as acções no BCP para resolver problemas na Urbanos – que está como está. Uma forma de descapitalizar a Groundforce como outra qualquer. Mesmo sem pagar 1 cêntimo pela Groundforce. Alias, como a HG também diz o próprio acordo de venda contratualiza comissões de gestão outra vez à Urbanos que a prazo até excederiam o valor acordado da compra que o Casimiro nunca pagou pela Groundforce. Outra forma de descapitalizar a Groundforce como outra qualquer. Que nesta altura já não era só uma vaca leiteira para o Casimiro mas uma autêntica vacaria. Já que pelos vistos nunca lhe passou pela cabeça resgatar as acções. Além dos lucros e dos dividendos destes anos todos como é óbvio. O que inevitavelmente nos obriga a recuar até ao à compra da Groundforce em 2012. Assim como aos principais envolvidos. Até para responder a outra pergunta do caro: Porquê o Casimiro sem capital? Quando até havia os belgas da Aviapartner, outra empresa de handling presente numa série de aeroportos europeus. Que entretanto com a necessidade do resgate à Groundforce, voltam inclusive a estar em cima da mesa. Já o Montepio por sua vez já está a exigir o que nunca exigiu ao Casimiro. Ou seja garantias que um novo comprador tenha condições para avançar com o pagamento do crédito em atraso por parte do Sr. Casimiro. De modo que mais que o Casimiro quem tem que explicar mais um excelente negócio é o Governo que o fez. Independentemente da pandemia que só o veio destapar. Só não percebe o que para aqui vai outra vez quem não quer. O Casimiro diz que foi um Ministro que lhe telefonou. Que é aliás uma forma de iniciar um processo de privatização ou até de concessão de algum serviço como outra qualquer. Alguns até estão presos por menos.    Luciano Barreira: Capitalistas sem capital e jornalistas sem assunto, um país de pobres.           Manuel Ferreira21: Esse é um problema crónico, até os ministros de Salazar, como o ministro da economia, engº Ferreira Dias, se lamentava da qualidade da maioria dos nossos empresários. Só com a adesão à EFTA, em 1960, se deu o grande salto em frente, com capital e empresários estrangeiros que ajudaram a  criar a célebre "cintura industrial de Lisboa" que o PCP e a CGTP se encarregou de destruir no pós-25 de Abril.  Mesmo assim, na década de 70  tivemos crescimentos do PIB superiores a 10%, a malta mais nova nem acredita. Além disso, antes do 25 de abril, as empresas eram ricas, mas os empresários eram pobres, agora temos empresas pobres e empresários ricos. Fizemos por merecer os Casimiros deste mundo.          Paulo Guerra > Manuel Ferreira21: Antes do 25 de Abril os empresários eram pobres?! Isto é alguma anedota? Ou não me diga que também andou a contar-lhes o dinheiro? E já agora o povo era o quê? Além de quase maioritariamente analfabeto claro.          Fernando Soares > Paulo Guerra: Bem, analfabeto continua. E os capitalistas sem capital são cada vez mais. E siga para bingo         luis barreiro > Fernando Soares: na cabeça dos comunas nem conseguem imaginar um capitalista como o salvador caetano ir trabalhar de socas, sem dinheiro pra sapatos.         Vaipo Caraxo: Não é possível haver Capital Líquido positivo (Capitais Próprios) com a monstruosidade de dívida pública (e privada) que temos. Essa dívida gera necessariamente e de forma crescente (i) uma carga fiscal incomportável, e por isso (ii) um desincentivo ao investimento pelo facto do mesmo expectavelmente vir a gerar cash-flows/NPV actualizados muito baixos (se não mesmo nulos ou negativos) e IRR irrelevantes. Sendo Poupança = Investimento (e dessa forma o Capital só ser gerado por poupança), só é possível haver Capital reduzindo drasticamente a Divida Pública por forma a reduzir-se o nível de impostos e dessa forma libertar cash ao mesmo tempo que a inovação, a variedade e qualidade da oferta e o nível de preços ao consumidor baixa na proporção (ou similar). Mantendo-se a mesma 'receita' e respectivos 'ingredientes' de comunismo--socialismo, o resultado será sempre a mesma porcaria de 'cozinhado', indigesto e de péssima qualidade que inclusive leva muita gente ao hospital e mesmo à morte certa.           Andrade QB: Talvez que a pergunta não seja sobre capitalistas sem capital, mas sobre o que justifica que os impostos devem pagar os ordenados das duas administrações, o dos pilotos e o do pessoal de bordo da TAP e não devem pagar os ordenados dos carregadores de bagagem? Deixe-se funcionar o capitalismo e trate-se a TAP e a Groundforce como se trata um qualquer restaurante e acabe-se com essa baixeza de confundir os negócios de corredor do Estado com o capitalismo.  Pior do que um socialista (que há muitos (ou havia) que sabem que as moedas têm duas faces), é um  social-comunista disfarçado de liberal, como andam por aí muitos           Nuno Gaspar: Vejo um certo complexo de virala neste texto. O que é que a portuguesa Urbanos fez de diferente das estrangeiras Altice, da CTG, da Camargo Correa, da Fosun ou da Lone Star, por exemplo?  Não compraram estas a PT, a EDP, a Cimpor, a Fidelidade, o Novo Banco... com o pêlo do próprio cão? Alguma delas trouxe capital para o país, dinheiro ou tecnologia, ou apenas realizaram meras operações de dívida?            Paulo Guerra > Nuno Gaspar: Mesmo que as privatizações tivessem ocorrido todas sobre o mesmo diapasão não podíamos criticar nenhuma? Ou só podíamos criticar a primeira? Além de que põe no mesmo saco empresas completamente distintas e em situações completamente diferentes. Como um banco cheio de entulho, a PT exposta à falência do BES e uma das maiores empresas portuguesas que até devia integrar sempre a própria soberania do país como é o caso da EDP. Onde os chineses na 1ª fase pagaram ao Estado cerca de 3 mil Milhões por cerca de 21, 35%. E onde abriram linhas de financiamento fazendo com que hoje o total da incorporação de capital chinês na EDP ascenda a quase 6 mil Milhões. Mesmo que também só em dividendos já tenham recuperado mais de metade desse investimento. Que também é o que acontece nas empresas que depois de privatizadas distribuem dividendos muito acima dos lucros. Como também é o caso na REN e nos CTT. E em 2018 para ficarem com a totalidade da eléctrica desembolsaram mais cerca de 9 mil Milhões.   E também não percebo como é que os chineses privados compraram por exemplo a Fidelidade com o pelo do próprio cão?! A Fosum também pagou mais de mil Milhões pela maioria da Fidelidade. Mais praticamente 500 Milhões pela Luz Saúde e aqui sim com a tesouraria da Seguradora. Mais 400 Milhões pela participação no BCP. Mais cerca de 5% da REN. Onde a State Gride pública chinesa também pagou quase 400 Milhões por 25%. Aliás o investimento privado chinês em Portugal anda taco a taco com o público. E a Fosum como todos ainda nos lembramos também concorreu ao NB.  Desde que a China Three Gorges entrou na EDP, os investidores chineses já injectaram  na economia portuguesa mais de 13 mil Milhões. Em participações em empresas, muito imobiliário e algum até através dos vistos Gold. Só em investimento direto e indireto na compra de empresas são cerca de nove mil Milhões. Muito sinceramente não vejo onde na maioria destas operações estejam “meras operações de dívida”. A não ser que o Nuno Gaspar também esteja a pensar na nossa própria dívida, claro.            Nuno Gaspar > Paulo Guerra: É público que a Fosun utilizou os recursos da Fidelidade para adquirir a sua própria dívida. "Following these acquisitions, the group would have Rmb239.8 billion ($37.7 billion) of investable assets from its insurance arm. It has invested 1.1 billion euros of assets held by Fidelidade in Fosun debt"    Nuno Gaspar > Paulo Guerra:  “Owning that insurance company means we own €13bn in insurance assets that we can use for investment,” he says, adding that assets from the Portuguese group funded Fosun’s $100m stake in Alibaba’s recent US listing. Entrevista a Guo Guangchang ao Financial Times, em Novembro de 2014             Paulo Guerra > Nuno Gaspar: Antes de mais só esclarecer, como julgo que nunca troquei comentários com o Nuno, que não tenho qualquer apreço pelo período em que o país não esteve só todo à venda como esteve mesmo todo a saque. Também já comentei aqui por inúmeras vezes a política do backoffice inscrita em todas as intervenções do FMI. Até porque muitas destas privatizações também estavam inscritas no plano da Troika. Aliás, Cavaco é que chegou a dizer publicamente que tínhamos muitos anéis para vender. Em suma, longe de mim concordar com a intervenção da Troika que só serviu para nos empobrecer ainda mais e não foi por acaso que a própria Troika também já veio pedir desculpas. Como não tenho qualquer apreço pela Ditadura chinesa, onde nem sequer conseguimos perceber muito bem onde acaba o público e começa o privado. Se é que chega a começar. Como não tenho qualquer apreço por estas lógicas de mercado neoliberais, que no fim do dia até dão alguma razão ao Nuno. Ninguém nos veio dar nada! Acontece que como todos também sabemos, depois do crash ficamos sem acesso aos mercados para nos financiarmos devido à especulação dos mesmos mercados e infelizmente não nos deixaram outra saída à época. Como não tenho qualquer apreço pela Fosum que em poucos anos passou a controlar empresas líderes em áreas tão  relevantes, como a banca, os seguros e a saúde. Porque coincidiu no tempo a internacionalização da própria Fosum, à procura de boas oportunidades de negócio e o facto de um pequeno país como Portugal - que até podia perfeitamente servir de plataforma para a Europa e para o mundo Lusófono - estar vendedor de empresas líderes a preços muito atractivos. E a Fosun avançou. Mas avançou com pilim. Logo não podemos comparar muitas destas aquisições com as práticas da nossa banca como os Berardo e os Casimiros que já nos custaram o que custaram depois do crash. Pelo menos no curto prazo. E claro que a Fidelidade foi um instrumento essencial na fase inicial de investimento da Fosun em Portugal. Foi com o dinheiro da Seguradora, com uma tesouraria superior a 3 mil Milhões e um activo que atingia 13 Mil Milhões, que a Fosun comprou a Luz Saúde. E também se sabe que Seguradora a seguir investiu na Fosun Internacional quase o equivalente ao valor desembolsado pela sua compra, ou seja mil Milhões em obrigações. E a Fidelidade também foi usada para outras aquisições lá fora. A Fosun investiu 100 Milhões de dólares no capital da Alibaba, também financiados pela Fidelidade. Fidelidade que voltou a ser usada para aquisições no Japão e na Austrália, onde gastou cerca 337 milhões em imobiliário. E até financiou a compra da antiga sede do banco italiano Unicrédito num Palácio em Milão por uma fortuna, cerca de 345 milhões de euros. E julgo que finalmente em 2015 a Fosum procedeu a um aumento de capital de 500 milhões na Fidelidade. E também sei isto, porque tenho algum capital aplicado na Fidelidade. O que me obriga a andar com mais atenção. Mas isto tudo é a vida de uma empresa compradora como a Fosum. Que está atenta às boas oportunidades e não apontou nenhuma arma a ninguém para comprar a Fidelidade. Como outros investimentos muito bons que também fez. Muito menos vislumbro alguma ilicitude na forma como uma holding ou um conglomerado gere as suas empresas. A desregulamentação dos mercados serviu essencialmente para globalizar o capital. Onde pequenas economias periféricas como a nossa como uma enorme dívida externa têm sempre muito a perder e de sobremaneira depois do crash do subprime.         Paulo Guerra > Nuno Gaspar: E sobre a China Three Gorges também há alguma coisa? Se as empresas portuguesas não fossem estratégicas para a internacionalização das empresas chinesas, assim como para a própria China, eles nunca tinham posto cá um cêntimo. Há décadas que eles andam a comprar infraestruturas capitais por todo o mundo, Europa inclusive. Devíamos perguntar era por onde andava a UE aquando da última grande crise financeira?          Paulo Guerra: "A crise financeira mostrou-nos que tínhamos vários capitalistas sem capital" Capitalistas e banqueiros. E ainda pior, bancos sem dinheiro. Onde os portugueses estão fartos de enfiar dinheiro! E a empresa não se candidatou às ajudas da mesma forma que o BES também não se candidatou. Grande dúvida. Porque nunca podia expor a negociata que a HG expõe aqui e sobretudo os políticos que estão por trás da negociata e que HG prefere continuar a não expor. Não é preciso ser um grande cineasta para já ter percebido os dois filmes há muito tempo. O da Urbanos e o da Groundforce. E a Opus Dei também é grande uma máquina a trabalhar nos subterrâneos. Ninguém deixa as testemunhas de jeová por dá cá aquela palha.   Na GroundForce então é exactamente o mesmo filme da privatização da TAP. Até com Governo já fora do prazo. O que só por si foi sempre mais que esclarecedor. E mais uma vez o Relvas, o Pedro e a Marilu combinaram a negociata e as comissões de gestão entre si e depois algum ligou ao Casimiro. E ele continua a insistir que não foi o Relvas. Que foi só falar com o Tomás do Montepio com as acções com um lacinho e tudo. Já só lhe falta acrescentar que era a prática corrente da banca. E de lá para cá já é tudo mais que público há muito tempo como diz a HG. Que mais uma vez só não explica o que é o Governo que fica sempre com a batata quente na mão, sobretudo as famílias que dependem dos milhares de postos de trabalho, podia fazer de muito diferente? Mas uma coisa a HG já podia ter feito. Pedir desculpas por algumas críticas que me pareceram sempre completamente infundadas. Recordo-me de acompanhar uma visita de empresários alemães a Portugal continental, nos anos 90 por altura da Expo 98. Após visitas a várias empresas e reuniões com vários empresários, do Minho ao Algarve, o grupo de empresários alemães estava confuso com a lógica do modelo-norma do capitalismo empresarial português: não compreendiam como estavam a generalidade das empresas portuguesas tão descapitalizadas, e com tão pouco investimento por unidade produtiva, sendo evidentes os sinais de riqueza desses mesmos empresários...           CarlosMSantos :Os alemães não compreendem, mas quem vive em Portugal e acompanhou as empresas, percebe que algumas são "desnatadas"* e por isso ficam descapitalizadas. Assim como alguns bancos se desviaram da função de financiar actividades e começaram a financiar negócios e viu-se como acabaram.        Pedro Ferreira: E como é que os Alemães viram os sinais de riqueza desses empresários, foram almoçar a casa deles ou adivinharam?         advoga diabo: Portugal, depois de décadas de obscurantismo e outras tantas e tentar resistir aos saudosistas desse tempo, continua, em parte, refém de self made men, outrora tão admirados, maioritariamente empresários retrógrados, pequenos e grandes vigaristas, e uma mão cheia de grandes empreendedores, tudo consubstanciado numa esmagadora rede de micro a pequenas empresas. Para o bem e para o mal o  país deves-lhes muito, seguramente mais que a economistas a soldo.         josé maria: A sina dos capitalistas sem capital faz-me lembrar os autodesignados liberais: todos muito Adam Smith, da boca para fora, mas sempre atrás do dinheiro dos nossos impostos.          Elvis Wayne > josé maria: "Dos nossos impostos" ? Não digas "inverdades", és um FP Zé. Não és melhor que o Casimiro, a sugar o erário público e a dizer barbaridades dia sim dia não. Só tem duas diferenças: O Casimiro usa o nome verdadeiro. Só não sonegas tanto à pátria porque não és tão esperto como o Casimiro.         Mario Silva > josé maria: "Quem cala consente" Era como dizia um famoso milionário norte-americano nos anos 50, numa entrevista sobre o seu trajecto empresarial: «Sempre fui um capitalista... mas na verdade, quando entrei para o mundo dos negócios, o capital estava nas carteiras dos outros, pelo que tive que ir lá buscá-lo com planos arriscados, conversa muita ousada e nem sempre verdadeira, e alguns métodos imaginativos que acicatassem o apetite dos meus interlocutores pelo lucro rápido e fácil.» Alves Reis também comprou empresas com o capital... destas...      Joaquim Moreira: Este capitalismo sem capital, é um desenvolvimento do rentismo em Portugal. Direi até mais, é o capitalismo protegido pelo Estado e por dinheiro emprestado. Na verdade, há muitas empresas que ainda vivem encostadas ao Estado e à Banca do malparado. E não se trata de um qualquer fado, trata-se da forma como ao longo dos anos o poder foi montado. O mesmo poder que ainda não quer aceitar que a transparência é fundamental em quem nos quer governar.  Como é o caso das declarações que devem ser exigidas aos políticos, e outros detentores de poder, e que, com as suas vidas privadas, não tem nada a ver. Mas ainda há muita gente a não querer. Chegam até a considerar que são medidas de alarmar. Por isso, nada disto nos deve admirar. Têm é mesmo que acabar! António Lamas: Tem sido a sina Portuguesa. Falta de uma verdadeira elite empresarial e não o que temos agora na sua maioria os chamados chico-espertos, que usando e abusando da sua teia de ligações banqueiras e politicas, vão construindo impérios suportados por estacas de madeira podre, que ao primeiro sobressalto caem como castelos de cartas, para de seguida irem a correr ao santo protector do Estado sempre com a falácia que é preciso garantir os postos de trabalho. Os outros ditos "empresários", não passam de merceeiros finos que se limitam a criar riqueza a comprar (a quem faça mais barato) e a vender a quem tem poucas alternativas. O último EMPRESÁRIO digno do nome chamava-se ANTÓNIO CHAMPALIMAUD.       Antonio Mendes > António Lamas: Que recomprou o seu antigo grupo com dinheiro de quem?         Portugal, que Futuro: Helena Garrido, "Resumindo: a Groundforce foi comprada por um capitalista sem capital, usando as acções da empresa que ia comprar como garantia para obter o financiamento para a pagar. E melhor ainda, ficou a receber uma comissão de gestão que a prazo ultrapassaria o que (não) pagou pela empresa." - A senhora anda atrasada duas semanas! Há exactamente duas semanas, no seu artigo de opinião, também sobre o mesmo assunto, "A TAP e a Olívia patroa", escrevi-lhe: "3.- O problema com o senhor Casimiro na Groundforce é o mesmo que ocorreu com o senhor Neelman na TAP: alguém teve a infeliz ideia de privatizar empresas públicas, vendendo-as a “capitalistas” tesos que à primeira dificuldade financeira dizem: eu não tenho dinheiro, o Estado que ponha a sua parte e a minha. No caso da TAP, o Estado ficou com mais 22,5% do capital social para colmatar a TOTAL falta de dinheiro dos acionistas privados e agora espero que fique com cem por cento da Grounforce." Nuno Borges > Portugal, que Futuro: O estado terá é de privatizar todos os activos que tem. Desde já ou mais a prazo. Este estado é financiado pela Europa e fará o que Bruxelas mandar por muito que rabie.      Luis de Freitas: Visão do costume. Os empresários em Portugal não têm capital por muitas razões, uma delas por uma fiscalidade que mata tudo. O Estado encarrega-se de fazer desaparecer as empresas  portuguesas. Olhem bem e vejam o que sobra à vossa volta.          Nuno Borges > Luis de Freitas: Só investe em Portugal quem for estúpido ou aldrabão. Vivemos em socialismo, o estado é o único que lucra.         Luis de Freitas: Está confuso... Estes empresários têm capital, profusamente investido na sua vida particular nos mais variados items, desde casas luxuosas a automóveis exóticos, não surgindo para tal como obstáculo as questões fiscais... As empresas geradoras desse capital é que nem por isso... É o velho conto da galinha dos ovos de ouro...         Pedro Campos: Obviamente a TAP tem que ser novamente privatizada. Caso contrário haverá sempre uma enorme promiscuidade!      Manuel Magalhães: Por este andar chegamos à conclusão que o único “capitalista” com dinheiro é o Estado, que afinal é nosso, mas infelizmente muito mal gerido além de objectivamente destruidor de capitalistas, como o presunçoso Pedro Nuno Santos é um exemplo!!!       Joao Matos > Manuel Magalhães: Se o estado tivesse dinheiro não tínhamos a divida externa que temos. Chegados a 2021, ninguém tem dinheiro       Pedro Ferreira > Joao Matos: E não tem dinheiro por quê? Com tanto que nos roubam como é possível ? O grande problema é que o estado é um poço  sem fundo e por mais que nos saque, continua sempre a distribui-lo na compra de votos e assim manter-se no poleiro.       Manuel Magalhães > Joao Matos: Pois o Estado ainda é mais devedor do que os capitalistas aqui criticados neste artigo, portanto ainda muito mais mal gerido o que deverá ser realmente criticado é o governo deste nosso pobre estado!!!   CarlosMSantos: Toda esta história está muito mal contada. Aguardemos pelos próximos capítulos.      Antes pelo contrário: "Salvar a Groundforce é uma coisa, salvar o accionista é outra"??? O problema dos accionistas sem capital, são os investimentos em empresas sem viabilidade!!! Por conseguinte "salvar a empresa" é em si um disparate, igual ao de investir nessa empresa, se ela não produz lucro, mas perda!!! Em Portugal, existe uma incapacidade endémica de entender a diferença entre um serviço público e uma empresa. E continua-se a confundir investimento com especulação!!! Especulativo, é um banco público ou privado emprestar dinheiro a um empresário sem dinheiro, que pretende enriquecer quer com outras operações especulativas, quer à custa de empresas sem viabilidade económica! Esse empresário não é um "accionista", a não ser em termos meramente jurídicos, por ser detentor de acções, mas não é um accionista investidor com fundos próprios. Continua-se a baralhar tudo e a querer penalizar quem investe, mas não quem assume riscos indevidos - a começar pelo próprio Estado!!! Este é um país de INCAPAZES. E se atentarmos bem no fulcro da questão - o verdadeiro problema de tudo isto é a regulamentação europeia, desligada da realidade e sobretudo das diferentes realidades dos diversos Estados, designadamente a da concorrência que obriga à existência de empresas separadas para diversas funções, as quotas de acções e de mercado, etc. Se a TAP continuasse a ser "dona" do Aeroporto e a cobrar taxas às outras companhias, a ter o seu próprio pessoal de manuseamento e controlo, etc. etc. as actividades mais rentáveis cobririam as menos rentáveis, haveria várias entradas de receitas, etc. Mas como a UE quis acabar coma s fronteiras e criar consórcios como a Lufthansa que possui várias outras companhias entre elas a Swiss e a Brussels, ou o consórcio entre a Air France e a KLM, ou ainda o da British com a Iberia - obviamente teve de separar todas as outras actividades, pois nenhuma dessas empresas podia continuar a ser "dona" dos aeroportos. Tal como na "construção" europeia, trata-se de dividir para reinar!!! O problema, é que assim não temos verdadeiros investidores - não confundir com o depreciativo "accionistas", como se aliás os accionistas fossem uma espécie de vacas gordas e não tivessem direitos - os "investimentos" são sempre para cobrir buracos, e os lucros, quando os há - voam para longe!!!      Joao Matos: "Como foi possível vender a empresa a um accionista sem experiência no sector nem dinheiro, especialmente quando se tinha um concorrente, a Aviapartner, que conhecia o negócio? Terá sido, mais uma vez, porque não havia dinheiro? Não se percebe" Percebe-se sim... assim o estado manda e o "capitalista" baixa as orelhas e obedece. Quando dá a capitalistas com capital, como a Vinci, Engie etc.. é o estado que se sujeita, e isso não dá tanto jeito. É simples            Luis Fernandes Machado: "Salvar a Groundforce é uma coisa, salvar o accionista é outra". Outra ainda é o meu dinheiro ser usado para financiar a carreira política de um ministro.       bento guerra: O Casimiro serviu-se, ou serviu, para a TAP satisfazer as imposições de Bruxelas, de não possuir a empresa de "handling", daí a ridícula repartição de acções. Sem actividade, por decisão política, começaram os problemas de tesouraria. Só um ministro "aéreo" como o Santos, não perceberia qua ao nacionalizar a TAP , tinha de levar o anexo. Portanto, o problema, neste caso, não tem a ver com o que escreve            Henrique Costa: Sempre achei que o sucesso da Urbanos foi devido a ser uma empresa do regime Socrático. Assim que ele se foi, foi-se... Pelo vistos o dono arranjou outra mama à custa do estado, um verdadeiro empreendedor 😂           Mario Silva > Henrique Costa: Bem visto: foi mais um que se "pendurou" no Estado com o beneplácito do "Engº" Sócrates, tal como o Grupo Lena     Quinta SinfoniaPois um dos dramas de Portugal é também esse, infelizmente, não temos capital e consequentemente, verdadeiros capitalistas. Tão mal vistos são em Portugal os empresários que cada vez há menos, os que ficam são os chicos-espertos, vindos do nada, sem qualquer formação e sem nada para perder,  que  se atrelam ao estado em regime de rendas e outras espertices...claro que ainda há algumas excepções mas empresários ou como lhe chamava Medina Carreira, industriais a sério, só houve um, António Champalimaud, precisamos de homens destes como de pão para a boca... mas não os podemos tratar tão mal.          Libertário PortuguêsCara Helena, o seu artigo é excelente mas não chega ao fundo da questão. A razão por que a Groundforce foi entregue a mais um aldrabão português e não a uma empresa estrangeira foi como sempre, porque os governos, e a opinião pública condicionada por jornalistas como a Helena, passam os dias a falar dos famosos "centros de decisão nacionais" como justificação para pôr os bancos a alavancar a compra de empresas privatizadas por empresários nacionais sem qualquer capital próprio. Só quem nunca foi ao Ministério das Finanças em representação de um comprador estrangeiro é que não sabe o que lhe é dito quando lá chega. "Os Srs. têm que arranjar um parceiro português ou não se macem". E um político que diz isto não é alguém com vontade ou juízo próprio mas sim a típica amiba que segue a opinião pública formada por vós jornalistas. Ponha a mão na consciência por favor.         José Carvalho Libertário Português : Excelente. Elvis Wayne Libertário Português: "Os Srs. têm que arranjar um parceiro português ou não se macem" Tal e qual como fazem em Angola ou na China e ainda há quem tenha a coragem de dizer que Portugal não é a Venezuela da Europa.       Filipe Paes de Vasconcellos: Ser milionário e homem grande sucesso , Com o Dinheiro dos Outros, também eu! Ser milionário e homem grande sucesso , Com o Dinheiro dos Outros, também eu! Ser milionário e homem grande sucesso , Com o Dinheiro dos Outros, também eu! Ser milionário e homem grande sucesso , Com o Dinheiro dos Outros, também eu!              JB DiasFilipe Paes de Vasconcellos: Então por que não o faz ... Então por que não o faz ... Então por que não o faz ... Então por que não o faz ...

 

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