Mesmo que – segundo algumas opiniões – Teresa de Sousa talvez não seja inteiramente isenta de
preconceito político, o certo é que nos vai esclarecendo sobre as manobras diversas
de um mundo que mal conhecemos, neste cantinho da nossa vivência cultural na
sua maioria distante e alheia, como é o meu caso. Por isso lhes estou grata, a
ela e aos seus comentadores.
ANÁLISE
A triste história de um Conselho Europeu deprimente
O último Conselho Europeu terminou como começou. Sem
qualquer solução à vista.
PÚBLICO, 28 de
Março de 2021
1. Acabou
mais cedo, revelando o
cansaço e a falta de
soluções dos líderes europeus, depois de um ano tremendo. Teve como
convidado especial o Presidente Joe Biden, que foi, por um breve período de tempo, um líder
europeu honorário. Remeteu as questões mais intragáveis para os
representantes permanentes. Fez um arremedo de ameaça aos países onde o
processo de vacinação é mais rápido – leia-se Reino Unido –, que não será
mais do que uma forma de pressão. Seria muito pouco avisado proibir a
exportação de vacinas para países que exportam para a União Europeia
matéria-prima essencial para o seu fabrico, incluindo o funcionamento dos
biorreactores necessários para as produzir. A proposta da Comissão para travar a exportação de vacinas teve
desde o início a oposição de vários países, entre os quais os nórdicos ou a
Bélgica (e também de Portugal, embora mais discretamente, porque tem de manter
a isenção própria de quem exercesse a presidência).
O Conselho Europeu terminou como começou. Sem qualquer solução à vista.
Tudo
estaria melhor se a Europa não enfrentasse uma terceira vaga da pandemia, que volta a
obrigar ao confinamento mais ou menos generalizado e a aumentar a pressão sobre
os sistemas de saúde. Na
sexta-feira passada, durante toda a tarde, o título que fez manchete no site do Financial
Times foi este: “A Europa avisa que os hospitais se aproximam da
ruptura com a terceira vaga a crescer”. “Se não houver forma de a conter, corremos
o risco de o nosso sistema de saúde atingir o seu ponto de ruptura em Abril”,
disse em Berlim o ministro da Saúde alemão. O Bild, o tablóide mais
vendido na Alemanha e um indefectível apoiante da chanceler, questionava-se
sobre se “Merkel não estaria cansada demais para a tarefa”.
2. Talvez
o sintoma mais deprimente da reunião tenha sido o facto de ter passado horas
e horas a discutir as queixas do chanceler austríaco, Sebastian Kurz, que diz
que o seu país foi prejudicado na distribuição de vacinas, arrastando com ele a
Bulgária, Croácia e Letónia. Quer
agora que a próxima remessa da Pfizer compense a Áustria dessas alegadas
perdas. Não convenceu ninguém. Há uma chave de distribuição das vacinas pelos
Estados-membros em função da população que tem sido cumprida. Houve países que
apostaram mais na AstraZeneca por causa do preço, e que agora pagam pelas
falhas na sua distribuição. Mas isso não parece desencorajar Sebastian Kurz,
que aponta o dedo à incompetência da Comissão, irritando profundamente a
chanceler.
Depois
de horas de discussão, o assunto foi, pura e simplesmente, remetido para o
Coreper, que reúne os embaixadores permanentes dos Estados-membros em Bruxelas.
A imprensa europeia fala nas dificuldades internas do chanceler austríaco
para explicar o seu comportamento. O Governo de coligação entre os conservadores
de Kurz e os Verdes está envolvido em vários escândalos e o jovem chanceler vê
a sua popularidade baixar. Vale a pena recordar que a Áustria ameaça
vetar a ratificação do tratado de comércio livre entre a União Europeia e o
Mercosul, que se arrasta há anos, porque os ecologistas não aceitam as práticas
agrícolas do Brasil. A França ainda levanta algumas objecções,
mas por razões mais concretas: sendo o maior produtor agrícola da Europa teme a
concorrência brasileira. A questão não é apenas económica. É uma questão
de influência política num subcontinente com fortes afinidades com o velho
continente, hoje disputado abertamente pela China.
A ironia desta história é que a União chegou ao Verão do ano passado
cheia de orgulho e de confiança pela forma como estava a enfrentar a pandemia.
Hoje, esse espírito parece ter-se esfumado
3. As
expectativas de recuperação económica ficam para cada vez mais tarde. O esforço dos governos para compensar
empresas e pessoas é cada vez maior. As
perspectivas de crescimento económico para este ano vão sendo reduzidas. Nos Estados Unidos, com a vacinação a cobrir já mais
de 100 milhões de americanos e com Biden a garantir 200 milhões até ao 100.º
dia da sua presidência, no início de Maio, as previsões da Reserva Federal são
de um crescimento de 6,5% – um valor quase “chinês”.
A ironia desta história é que
a União chegou ao Verão do ano passado cheia de orgulho e de confiança pela
forma como estava a enfrentar a pandemia – quer do ponto de vista da saúde
pública, quer do ponto de vista económico.
Houve quem falasse, ainda que com algum exagero, em “Momento
Hamiltoniano”, quando os líderes europeus aprovaram em
Julho um impressionante fundo de recuperação de
750 mil milhões de euros para fazer face aos efeitos económicos devastadores da
pandemia, sobretudo nos países mais frágeis, financiado pela emissão de dívida
conjunta. “Esta decisão marcou uma mudança em relação à última década,
durante a qual a União avançou de crise em crise recorrendo a soluções
conservadoras e de curto prazo, que não enfrentaram os problemas da zona euro,
da segurança, das migrações ou de um ambiente internacional hostil”, escreve Rosa
Balfour, directora do Carnegie Europe.
Hoje, esse espírito parece ter-se
esfumado. O Fundo de Recuperação e
Resiliência continua à espera de ratificação pelos parlamentos
nacionais para poder chegar ao terreno. Talvez lá para o Verão. Na sexta-feira, a sua ratificação enfrentou mais
um obstáculo, quando o Tribunal Constitucional alemão decidiu suspender o processo de ratificação, depois
de um grupo de cidadãos ter interposto recurso contra a emissão de dívida
conjunta. O fundo já tinha sido aprovado pelo Bundestag por uma ampla
maioria, ainda que pondo a ênfase na sua natureza provisória. Entretanto, Joe
Biden tomou posse a 20 de Janeiro,
apresentou algumas semanas depois um pacote de recuperação da economia de quase
dois biliões de dólares (o terceiro desde o início da pandemia), o Congresso
aprovou no dia 10 de Março e o dinheiro já chegou às empresas, às pessoas e aos
governos estaduais. É verdade que os Estados Unidos são um país e a União reúne
27 países, tornando os processos de decisão mais demorados. Mas isso não
explica tudo.
4. A
presença de Joe Biden foi o único momento agradável e descontraído do encontro
dos líderes. As palavras de boas-vindas de Charles
Michel foram simpáticas, mas não mais do que
isso. Aliás, partiu dele o convite ao Presidente. As de
Biden e as do primeiro-ministro português, a quem
coube falar em nome dos 27, foram mais do que circunstanciais. Para além das referências ao combate às
alterações climáticas, que os EUA querem liderar, Biden falou da importância vital de reforçar a
competitividade das duas economias e voltou à mensagem mais forte da sua
política externa, desafiando a Europa a juntar-se aos EUA no “desafio mais
galvanizador do nosso tempo” – enfrentar a ascensão do
autoritarismo no mundo. A sua
esperança é que os EUA e a União, se agirem em conjunto, possam levar a uma
mudança de comportamento da China e a resolver alguns problemas com a Rússia.
O
primeiro-ministro português disse duas ou três coisas politicamente relevantes.
Referiu o interesse dos dois lados numa recuperação
que permita reconstruir “melhor”, assente em três vectores essenciais: uma
transição verde e digital que seja justa; um comércio mundial aberto e justo,
mesmo em tempo de crises; uma aposta em energias mais sustentáveis e mais
seguras. A nota mais
importante da sua intervenção foi sobre as mudanças a que assistimos à escala
global, as quais “aconselham a revitalização da parceria única com os EUA”,
incluindo uma abordagem cooperativa para lidar com os seus principais
“competidores”, de forma a garantir a defesa dos seus valores comuns à escala
global.
António Costa não mencionou a
China ou a Rússia, mas também não invocou o novo chavão europeu da “autonomia
estratégica”. Pelo contrário, Angela Merkel elaborou longamente sobre o tema, na conferência
de imprensa final, insistindo que a Europa não precisa da caução dos EUA para
tomar as suas decisões. No seu espírito estava certamente o Acordo de Investimento com a China e o Nord Stream 2 – duas manifestações
do que Berlim entende ser essa “autonomia”. A
Europa está longe de um consenso sobre as suas relações com os Estados Unidos e
com as potências autoritárias a que Biden se referiu. Seria uma pena se viesse a desperdiçar a oportunidade
que Biden lhe oferece e que não durará para sempre. Como disse também
António Costa, a sua eleição “foi uma vitória da esperança” e “as decisões que
já tomou, bem como a determinação de que a sua administração dá mostras, são
impressionantes”.
TÓPICOS
OPINIÃO
EUROPA CONSELHO EUROPEU PANDEMIA CRISE JOE BIDEN UNIÃO EUROPEIA
COMENTÁRIOS:
DemocrataXXI EXPERIENTE: Uma belissima
utopia, esta a da UE, que a cada dia que passa, mais comprova isso mesmo 28.03.2021
AARR EXPERIENTE: ... e o mundo
pula e avança ... lá diz o Gedeão ... TdS lê demasiado o Financial Times e
similares e depois só sabe debitar por essa cartilha. É muito fel. É bom voltar
a repetir os factos, pois há muitas mentiras e meias mentiras que circularam
durante muito tempo e ainda continuam... O Reino Unido produz vacinas mas não
exporta. Recebe muitas da UE. Os EUA produzem muito e recebem também de fora,
tendo acumulado um grande stock da Astra-Zeneca (que nem sequer tinha aprovação
lá). Quando lhes foi pedido para dispensar algumas para outros países, qual
a resposta dos EUA? Uma nega. Açambarcam. Agora parece que finalmente aceitaram
"emprestarem" umas quantas para o Can. e para o Méx. E é a UE que é
deprimente e que pratica o nacionalismo nas vacinas. É precisamente o
contrário, e não vale a pena vir com meias verdades à la Boris. Roberto34 MODERADOR: O RU não tem
praticamente capacidade de produção nenhuma. Só 1/3 das vacinas que usou foram
produzidas lá, o resto veio da UE e da Índia. E não esquecer que a A
AstraZeneca não forneceu nem metade das vacinas ao RU que deveria também ter
fornecido. Apesar dos erros na aquisição de vacinas e da reacção
de alguns líderes Europeus, os factos não podem ser ignorados. Tendo em
conta a escassez de vacinas, se tivesse sido cada país por si, teríamos neste
momento a Alemanha com metade da população vacinada e Malta ou Portugal ainda a
zeros. Imagem o que era a Bélgica bloquear a exportação das vacinas que são
produzidas lá. É fácil criticar, mas é preciso também ser realista. AARR EXPERIENTE: Caro Roberto34 E
quanto aos EUA? Também não têm capacidade de produção? Voltando ao RU -
entendo o que diz, mas então porque se pavoneiam tanto e acusam a UE de
nacionalismo de vacinas? E vêm com a conversa de ser uma vitória do brexit e
coisas do género. E depois no Público artigos à la TdS a enaltecer tudo
o que seja britânico ou anglo-saxónico e a lançar fel sobre tudo o que tenha
que ver com a UE? Sim, a UR fez/faz coisas mal ... mas por isso é interessante
fazer comparações! Roberto34 MODERADOR: Tem toda a razão.
Não faz sentido. A atitude do RU é apenas para tentar manipular os Brexit
porque não têm razão no que dizem obviamente.
PAULO CARVALHO FREIRE INICIANTE: E sobre esse
aumento do PIB ``chinês'' dos EUA de 6.5 %, que eu saiba, é mais ou menos o
previsto para a Europa pós-pandemia - e um efeito de recuperação normal depois
de uma grande queda provocada pelo covid-19. Só que nos EUA vão imprimir uma
quantidade de dinheiro colossal. Vamos a ver no que dá, se der certo, a Europa
poderá fazer o mesmo. Sobre os crescimentos, sempre ouvi dizer que os EUA
crescem muito mais que a Europa, mas, misteriosamente, o PIB per capita entre a
Europa e os EUA está há décadas estacionário num rácio de 3/4. Algo não bate
certo. Jonas Almeida INICIANTE: Tem razão, os
seus números não batem certo, dê um salto ao Google para os actualizar. Acabo
de o fazer e os números do site do trading Economics dizem $56k per capita para
os EUA e $37k para a UE. A UE tem uma população bem maior 440M vs 330M mas não
o suficiente para mais ser a 1a zona económica que era há uns anos. Caiu
para 3o lugar, atrás dos EUA e China. O facto que é difícil de admitir por
aqui, apesar de uma mão cheia de nóbeis da economia o terem previsto, é que o
monopólio monetário do euro estagnou completamente a inovação na UE. De Cloud à
AI e agora até nas farmacêuticas. O crescimento económico da UE está há anos
desproporcionadamente fora da zona euro, em países como a Polónia, que acaba de
nos passar em per capita. Roberto34 MODERADOR: O Jonas gosta
muito de mostrar números mas depois não sabe como usá-los. Primeiro você
compara PIB per capita e nem usa PPP. Mas se for a esse site que cita pode ver
que o PIB per capita dos EUA já era superior a da UE desde os anos 90 e
antes do Euro. E nos últimos anos o PIB per capita da UE aumentou mais que
nos EUA. E quanto ao facto de passar a ser a 3 maior economia no mundo, é
apenas porque o RU deixou de contar para a média. E não existe nenhuma previsão
de Nóbeis. Nem o crescimento está fora da zona Euro. E a inovação continua a
ser forte na UE e muito tem a Comissão Europeia contribuído para isso através
de programas como o Horizonte 2020. Deixe lá de manipular a informação e olhe
para os factos. IZANAGI01
EXPERIENTE: Jonas Nestes últimos anos quanto dinheiro imprimiu os
USA? Naturalmente que assim o PIB per capita aumenta. Deixe o mundo de comprara
com $dollars e vamos ver qual o aumento do PIB americano. jvgama.1051342 INICIANTE: "Vale a pena
recordar que a Áustria ameaça vetar a ratificação do tratado de comércio livre
entre a União Europeia e o Mercosul, que se arrasta há anos, porque os
ecologistas não aceitam as práticas agrícolas do Brasil." Fazem muito bem.
Jair Bolsonaro afirmou «O interesse da Amazónia não é o índio nem a porra da
árvore. É o minério» e, apontando para um mapa de depósitos minerais por
explorar, «são [as] reservas indígenas no Brasil. Onde tem uma reserva
indígena tem uma riqueza por baixo dela. Temos que mudar isso daí.».
Coerente com esta "perspectiva", a desflorestação tem batido recordes
ano após ano, e o homicídio de povos indígenas também. Queremos contribuir para
esta destruição irreversível da biodiversidade e para este genocídio? Mesmo
sabendo que o acordo vai baixar os salários? viana EXPERIENTE: "(...) a
Áustria ameaça vetar a ratificação do tratado (...) entre a União Europeia e o
Mercosul (...) porque os ecologistas não aceitam as práticas agrícolas do
Brasil. A França (...) levanta (...) objecções, mas por razões mais concretas:
sendo o maior produtor agrícola da Europa teme a concorrência
brasileira.(...)" ?!! Ser contra o aumento da destruição da floresta
amazónia, bem como outros ecossistemas no continente sul-americano, que
aconteceria se o acordo com o Mercosul fosse avante, não é uma razão
concreta?!... É o quê então?!! TdS deve achar que a "politicamente
relevante (...) transição verde" que António Costa mencionou é apenas um
chavão para papalvos engolirem. Na verdade, também acho. Mas enquanto eu
denuncio-o, TdS ajuda à manipulação da opinião pública. Não passará. Jonas Almeida INICIANTE: Essa também me
ficou atravessada - que o acordo que troca o diesel europeu pelas cinzas da
Amazónia persista como um objectivo da Comissão Europeia é absolutamente
espantoso. É um nível de criminalidade ambiental à escala do genocídio. Não
acredito que a Áustria seja a única a levantar objecções, aliás não estou certo
de conhecer pessoalmente alguém capaz de assinar uma monstruosidade dessas. Uma
coisa é certa, que a Comissão Europeia persista nessa direcção anula qualquer
pretensão de genuinamente querer uma "economia verde". É difícil não
concluir que a Comissão Europeia tem como alma os lobbies com apetites
neoliberais completamente à solta. A Áustria não é o único membro da UE que
está com dificuldades em digerir a cumplicidade criminosa. MH INICIANTE: Exactamente,
Jonas Almeida, totalmente de acordo. Quando se deixará de, como aqui faz TdS, ver
o mundo como um xadrez de influências e se passará a vê-lo como o planeta
ameaçado e injusto em que se tornou? Como já nem a economia lhes dá
argumentos, agora é a "influência política", à descarada, quer se
trate de um acordo em total contradição com o Pacto Verde, ou não. E depois
acena-se sempre com o espectro do proteccionismo, que é sempre uma narrativa
fácil. Comércio sim, mas pelas pessoas e o planeta, não para o negócio das
multinacionais. Muito menos para trazer carne para a Europa, quando temos todos
é de comer menos carne. Para não falar nos pesticidas que são proibidos na
Europa e que a Europa exporta para o Brasil e no fim vêm cá parar, bem
contaminados. Basta de tanta incongruência. Amélia - you're fired :) INFLUENTE: "..que o
acordo que troca o diesel europeu pelas cinzas da Amazónia!!!!!??? What? Que
diesel? O Brasil é produtor de combustível e também faz a refinição de
combustíveis. Já ouvi falar na PETROBRAS? Por outro lado, é proibida a venda de
gasóleo para as viaturas ligeiras. Só os pesados é que utilizam o diesel no
Brasil. Também o Jonas já ouviu falar em viaturas ligeiras eléctricas? Na
caverna onde vive já chegou esta informação? O Brasil, tal como várias outras
economias emergentes, também está a desenvolver o seu carro eléctrico. É uma
oportunidade de ouro para cortar a hegemonia dos construtores clássicos de
automóveis. O acordo vai falhar porque a UE também tem uma força motriz na
Agricultura que é altamente subsidiada. O que actualmente não acho errado neste
novo Mundo. Amélia - you're fired :) INFLUENTE: "Para não
falar nos pesticidas que são proibidos na Europa e que a Europa exporta para o
Brasil " Saiu de coma hoje? O Brasil tem capacidade química para produzir
qualquer pesticida que quiser. Alias, durante décadas até foi o contrário. A
Europa recusava exportar pesticidas para Africa por causa da contaminação, mas
também por motivos económicos. O que quer dizer que na Europa utilizava-se
pesticidas que não eram exportados para não aumentar a concorrência do
exterior. O Brasil tem as maiores multinacionais químicas e metalomecânicas
do Mundo em seu solo. Para além de muitas indústrias nacionais. P.ex. a
EMBRAER é a 3ª maior construtora mundial de aviões de passageiros e que investe
também em Portugal. Há muito desequilíbrio social no Brasil. É um facto. Mas
está longe de pobre e coitado. jvgama.1051342 INICIANTE: Que o Brasil
importa pesticidas da UE que são proibidos na UE é um facto. A questão aqui não
é a capacidade, é aquilo que de facto acontece. De resto, que o acordo vai
estimular a destruição irreversível da biodiversidade (seja fazendo disparar a
desflorestação na Amazónia, no Cerrado, no Gran Chaco, ou destruindo outros
ecossistemas únicos) e contribuir para as alterações climáticas no processo,
isso é algo que as organizações ambientalistas dos dois lados do Atlântico têm
dito. Amélia - you're fired :) INFLUENTE: Os pesticidas são
utilizados em todo o mundo. Inclusive nos EUA. Até nós no canto da Europa
fabricamos pesticidas e os utilizamos. Tem de ser mais específico. Que
pesticida? O Brasil já utiliza pesticidas, como a UE, há décadas. Não se trata
de engenharia aeroespacial (que o Brasil também o tem) fabricar pesticidas.
Aliás, uma das profissões que existem no interior do país é o de piloto de
avião agrícola. Se o Brasil respeita ou não as convenções internacionais é
outra coisa. O certo que a massificação produtiva está em todos os continentes.
29.03.2021 Amélia - you're fired :) INFLUENTE:
Sugiro ao Jonas e
multis que façam Google: Produtos Químicos e Pesticidas Agrícolas. Entrem no
site do NEI para não escreverem tanta besteira. Já agora, há instalações
químicas industriais maiores que algumas aldeias em Portugal. Dantes INICIANTE: Parece-me que o
Brasil está a importar este produto não por incapacidade produtiva/industrial,
mas por questões comerciais. De referir que o Reino Unido também é um dos
maiores exportadores deste produto. Por outro lado, se há culpa, a maior é
de quem utiliza pesticidas proibidos pela ONU. É nisto que o mundo deve
apostar. O Brasil é o maior produtor de mundo de soja. A sua gigante
parte é para exportação. Ora, a Europa e os EUA consomem muito desta soja do
Brasil. Se o Brasil está a utilizar pesticidas proibidos, estes acabam por
chegar aos frigoríficos e armários dos europeus e dos norte americanos. Antonio Pacheco INICIANTE: Não estaremos a
exigir demais da comissão europeia, que é simplesmente uma organização de
acomodação de interesses comerciais? Se queremos mais, precisamos de um
estado federal. Mas ainda não existe um ideal de pátria Europeia. Isso demora
décadas a construir... Agora questões práticas. Sendo uma organização
comercial, estamos a exportar vacinas em mercado aberto. Só estaríamos melhor
se não as exportássemos, como fazem alguns estados produtores. Devemos aplaudir
a abertura da Europa em exportar para países pobres e devemos apontar o dedo
aos proteccionistas. A nível de capacidade industrial estamos perto da
capacidade de outros blocos. Em poucos meses o problema da escassez das vacinas
será resolvido. MMRdM EXPERIENTE: Do que aqui leio
a única parte deprimente foi a Austríaca. Foi uma primeira reunião colectiva
com Biden, não se exigiria ou recomendaria um entrar matador... Roberto34 MODERADOR: O Conselho
Europeu quis eleger uma espécie de marionete Alemã para poderem controlar bem a
Comissão Europeia, agora colhem o que semearam. Merkel foi e é uma estadista
mas nota-se cansaço. É preciso alguém novo na liderança da Alemanha, quem sabe
os Verdes. Macron tinha e tem grandes ideias mas infelizmente não as consegue
implementar sozinho. Mas o que esta situação demonstra é que a UE precisa de
continuar com o processo de integração, com instituições mais ágeis e acima de
tudo mais democráticas. Os cidadãos Europeus não querem acabar com a UE, só
querem é políticos competentes e uma UE que realmente funcione bem. Rita Cunha Neves INICIANTE: O problema talvez
não seja o cansaço de Merkel, mas sim ser cada vez mais claro que a Alemanha
está a trilhar o seu próprio caminho. E isso não se compagina em ser locomotiva
da UE ou pau-de-cabeleira dos EUA. Roberto34 MODERADOR: A Alemanha sempre
seguiu o seu caminho Rita, tal como os outros países Europeus. A Alemanha
enquanto grande economia que é, irá continuar a ser a locomotiva da Europa. O
essencial é que a oposição que se está a definir para as próximas eleições
continua a ser pró Europeia. 28.03.2021 o gaivotas INICIANTE: o bouquet anti-UE
atacou logo de madrugada e em grupo! Realmente não perdem uma oportunidade de
desancar na União, sem admitirem que sem esta seríamos um país autónomo e
independente (lol) do género da Mauritânia, com o escudo cotado a 0,01 dólar,
hotéis em barda só para turistas e um PIB comparável ao do Bangladesh... PAULO CARVALHO FREIRE INICIANTE: Que falta de
paciência. A vacinação começou há três meses. Creio que daqui a um mês ou dois
as coisas vão parecer bastante diferentes. Aconselho ler as entrevistas do
Thierry Breton, o comissário Europeu encarregado deste assunto. Ele diz que a
14 de Julho a Europa vai atingir a imunidade de grupo. Em três meses de
vacinação, a Europa já distribuiu 100 milhões de vacinas, e vai até meio de
Junho receber mais 350 milhões. A nova fábrica da Biontech em Puurs (Bélgica)
está agora a produzir 50 milhões de vacinas por mês, acelerando em Junho para
100 milhões, só essa fábrica vai entregar até ao fim do ano mais de mil milhões
de vacinas. A Europa vai continuar a ser o produtor e exportador #1 de vacinas,
em 2022 serão 2-3 mil milhões, que serão importantes para vacinar o resto do
mundo. Jonas Almeida INICIANTE: TdS explica
claramente "Seria muito pouco avisado proibir a exportação de vacinas para
países que exportam para a União Europeia matéria-prima essencial para o seu
fabrico, incluindo o funcionamento dos biorreactores necessários para as
produzir", como tb explicou mais suavemente António Costa esta semana. Mas
a Comissão Europeia mantém a proposta de o fazer. Eu acho que deviam ignorar os
nórdicos e parar mesmo a exportação, para a propaganda ficar exposta como
aquilo que é: o encobrimento do facto de a UE não ter um ano depois de rebentar
a pandemia a capacidade de produção própria. Um desastre inqualificável com
todas as probabilidades de agravar a crise económica da qual o Covid é apenas o
preâmbulo. Não é obviamente a primeira crise assassina que a UE catalisa Joao MODERADOR: Bom, face a isto,
e decerto é bem mais sombrio do que a Teresa descreve, há que carregar mais
ainda na propaganda e dezenas de vezes por dia os euroactiv, os europress, os
euronews, os similares e o meio milhão de "jornalistas" publicarem e
publicarem artigos inúmeros a laurear a Comissão e a elogiar Bruxelas pelo
"excelente" trabalho e desempenho que já matou escusadamente mais de
meio milhão de pessoas. Jose MODERADOR: Realmente, Caro
Jonas Almeida, a acta da reunião do chamado Conselho, feita por TdS, mostra que
o valor mais transversal e intenso da união é a desunião. Outra coisa
não seria de esperar. Os altos funcionários da união não respondem
politicamente perante nenhum eleitorado, na realidade não respondem perante
nada e ninguém. São autocratas servidos por tecnocratas que trabalham para lobbies.
Os representantes dos Estados membros têm de responder perante os seus
eleitorados e isso retira-lhes qualquer possibilidade de estarem de acordo uns
com os outros. Não há vacinas, nem economia, nem clima, política externa,
acordos comerciais....Há problemas que se acumulam de crise em crise. Há
impotência a gerar arrogância. Já não são capazes de ir juntos às compras. Jonas Almeida INICIANTE: Para lá das
opiniões e anseios há os factos e o senso comum. Nesses dois últimos junto-me a
vocês numa vénia a TdS. Agora virá um dilúvio da propaganda do costume. graça dias EXPERIENTE:UE - o espírito
dos seus co-fundadores Robert Schuman e Jean Monnet há muito se perdeu. Desde
há muito que a UE é um grande Offshore onde se cruzam múltiplos interesses
protagonizados por gente não eleita democraticamente. Roberto34 MODERADOR: Graça dias,
Schuman e Monnet eram federalistas, e sabiam que só uma Federação Europeia iria
realmente funcionar bem. Devia-se acabar esse processo.
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