É claro que o texto de Alexandre Homem Cristo teria que receber as críticas de confinados
que se sentem perfeitamente à vontade – sou um desses – no seu novo estatuto de
encarcerados por imposição viral. Não há consequências funestas sobre o seu vencimento,
além de que a velhice criou um estatuto de habitual solidão, e não devo
estranhar a imposta, para além da estranheza de um mundo imóvel, visto pela
janela, ou na televisão. Mas entendo que muita confusão se deve estabelecer nas
famílias com crianças e sobretudo naquelas cuja retenção significa perda de
vencimentos.
O que acho nisto tudo, é uma
arbitrariedade injusta a violentar uns com o confinamento, e a libertar outros
que são indispensáveis à sustentabilidade geral. De facto, não são só os
sectores da alimentação, da farmácia ou da manutenção sanitária os implicados
no não-confinamento geral, outros há indispensáveis – os que processam os
vencimentos, por exemplo, ou a contabilidade da água, luz, gás, os
transportadores – e armazenadores das mercadorias… um sem-número de serviços é
indispensável, pondo em risco, a ser verdade, quem deles se ocupa. As próprias
pessoas que fazem, ou não, bicha para os supermercados, e as que lá estão
dentro, juntamente com os empregados, também se arriscam, é claro. Não percebo,
por isso, as tais arbitrariedades na condenação ao confinamento, quando as
bichas para os diversos comércios ou a alternância dos trabalhadores nas
indústrias, poderiam resolver – ainda que parcialmente - os diversos casos de
trabalho, como se faz nos sítios indispensáveis à continuidade da espécie - alimento
e remédio.
Com o que não me conformo é com as
viagens ao Papa ou ao monarca espanhol, do nosso PR, tão impositivo,
a falar às massas, juntamente com o PM,
preocupados, ao que parece, com a saúde pública, de bonzinhos que são.
Mas ai dos que tinham espectáculos a
apresentar e os perderam. Ai dos que tinham produtos a vender – calçado,
roupas, livros… - e fecharam, (excepto os chineses). Dos da restauração, nem se
fala… Quanto ao ensino à distância… será que resulta? Talvez, sim, para os
habituais, do ensino em presença…
As mulheres no ângulo morto
da pandemia /premium
Quem pede confinamentos longos, quem
garante que #vaificartudobem, quem insiste no mantra #fiqueemcasa está a
contribuir, mesmo que involuntariamente, para a degradação da situação das
mulheres.
ALEXANDRE HOMEM
CRISTO
OBSERVADOR, 25 MAR 2021,
A
Covid-19 é mais letal para os
homens. Mas são as mulheres as principais vítimas das medidas de
contenção da pandemia, nomeadamente dos confinamentos. Em França, na
primeira semana de confinamento, a violência doméstica aumentou
32%. Na Lituânia, foram 20% em três semanas. E em Espanha,
18% numa quinzena. Foram também as mulheres que mais esforço
exerceram para estar na primeira linha de combate à pandemia — nos
serviços de saúde, 76% dos profissionais cuidadores são mulheres. Se olharmos
para o desemprego, os dados também não são animadores. Em Dezembro 2020, nos EUA, as mulheres
perderam 156 mil postos de trabalho e
os homens ganharam 16 mil. Se se comparar a taxa de desemprego das
mulheres entre Dezembro de 2019 e de 2020, verifica-se que duplicou.
E olhando a todos os empregos perdidos desde o início da pandemia, 55% são de
mulheres. O que não surpreende se se constatar que, nos EUA ou na Europa, as
mulheres ocupam uma parte substancial das profissões mais abaladas pela
pandemia (hotelaria, trabalho doméstico, venda ao público).
Portugal
não é excepção neste retrato. As mulheres portuguesas passam cerca de 4h30 diárias em
tarefas domésticas (os homens apenas duas horas). Na
OCDE, pior do que nós só mesmo na Turquia. Com
o confinamento, a pressão nessas tarefas aumentou. Pior: como
Portugal é já um país recordista na duração de encerramento de escolas básicas,
tudo isso foi acumulado com o apoio aos filhos no ensino a distância, num muito
exigente sacrifício pessoal e profissional — que resultou frequentemente em
inactividade laboral. E com a frustração, como seria de esperar, as situações de tensão e de
violência física ou psicológica multiplicaram-se.
Eu sei que escrever sobre desigualdade e mulheres atira a discussão
para o campo da ideologia e para a inconsequente gritaria das redes sociais. E
também sei que o tema parece estar demasiadas vezes capturado pelos piores
radicalismos, suportados na inconsistência das visões identitárias. Mas tudo
isso é enviesamento próprio de panfletários.
O ponto aqui é muito simples: as políticas públicas geram efeitos —
alguns esperados, outros inesperados — nos sectores onde se aplicam e não
raramente esses efeitos manifestam-se de forma desigual entre homens e
mulheres. Isto é problemático se os efeitos forem inesperados e acentuarem o
fosso existente entre mulheres e homens. E, quando assim acontece, compete a
quem desenha políticas públicas percebê-lo, corrigir os efeitos indesejados e
compensar os prejudicados. Ponto
final. Existem dezenas de exemplos (na educação, na segurança social, na
saúde, na legislação laboral) onde esses efeitos indesejados aparecem e
justificam medidas de compensação destinadas especificamente a mulheres ou a
homens.
Os
efeitos da pandemia estão na vida real, são palpáveis e nada têm de ideológico:
todos os indicadores acima resultam de dados e evidências confiáveis. E todos apontam no mesmo sentido, seja no desemprego,
na pressão familiar, na violência, no apoio aos filhos em casa: vivemos há
um ano em pandemia e, nesse período, o impacto foi desigual entre homens e
mulheres, para prejuízo das mulheres. A questão que se coloca agora:
encolhem-se os ombros ou faz-se alguma coisa? O silêncio sobre este debate
esclarece: as mulheres podem fazer parte dos discursos, mas
moram no ângulo morto das políticas públicas de combate à pandemia.
Não
seria justo nomear culpados únicos para essa indiferença ou simplesmente
apontar o dedo acusatório ao Governo. A pandemia agravou um desequilíbrio
estrutural já existente na sociedade portuguesa e, se tanto do mais elementar
está a falhar (na educação, na saúde ou na economia), seria estranho se não
falhasse também a resposta para as desigualdades dos efeitos da pandemia sobre
as mulheres. Dito
isto, apesar de demonstrar consciência
do problema, o Governo pouco tem feito para o elevar nas suas
prioridades, para o corrigir ou para o atenuar.
Mais
importante é esta constatação: recusar a enumeração dos culpados não
significa que abundem os inocentes. Quem pede confinamentos
longos e sucessivos, quem acha que as escolas só devem reabrir em Junho ou até
em Setembro, quem garante que #vaificartudobem, quem insiste no mantra
#fiqueemcasa, quem quer negócios fechados sem data de reabertura, quem toma
estas posições está a contribuir, mesmo que involuntariamente, para a
degradação da situação das mulheres. Está a cavar mais fundo o fosso da
desigualdade. Querem defender as mulheres? Óptimo.
Mas, hoje, isso dispensa apelos panfletários e slogans ideológicos e
faz-se, simplesmente, reagindo aos efeitos dos confinamentos.
DESIGUALDADE SOCIEDADE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA VIOLÊNCIA CRIME PANDEMIA
COMENTÁRIOS:
Joaquim Albano Duarte: Lá vem ele com
a problemática das escolas encerradas! Santa paciência. Será que o senhor não
percebe que estamos em pandemia? O senhor já esqueceu as 15000 infecções
diárias? As 300 mortes diárias? As filas de ambulâncias à espera de dar entrada
nos hospitais? João Castro > Joaquim Albano Duarte: Aparentemente, privar eternamente os jovens de viverem
a sua juventude, e de terem aquilo a que têm direito, parece não ser um
problema que o incomode particularmente. Qual é para si o nível aceitável para
uma pessoa poder pôr o pezinho fora de casa? 3 mortes diárias? 2 mortes
diárias? Zero mortes diárias? 15 contágios? 5 contágios? Zero? Essa fase a que
o senhor alude já passou. Estamos agora numa das situações mais favoráveis
desde que começou a pandemia. Mantemos tudo fechado, eternamente? Você é
louco ou apenas cobarde? josé maria: Alexandre
Homem Cristo, prefere 300 mortos/dia, mais de 700 internados em cuidados
intensivos e todo o sistema de saúde a colapsar com o excesso de
hospitalizações dos doentes covid ? É essa a sua alternativa ética e
metodológica ? Diga-nos qual é a sua preferência. Antonio Monge > josé maria: O
que eu queria ver era os arautos do confinamento geral e indiscriminado a
praticarem-no em vez de andarem sempre a passear como o Marcelo. Assim é fácil.
Faz o que eu digo não faças o que eu faço. É fácil defender medidas que só prejudicam os outros e
nos deixam incólumes. Quem
defende este confinamento cego que se confine. Ponto. Santa hipocrisia. josé maria > Antonio Monge: Profana
hipocrisia e cobardia intelectual vêm exactamente daqueles que nem sequer têm a
hombridade de dizerem, sem tibiezas e com toda a clareza, qual a sua
alternativa ética e metodológica para os confinamentos. Antonio Monge > josé maria: Confinamento
focado. Proteger
grupos de risco. Criar
condições de transporte público para que as pessoas não se amontoem.
Testar em massa. Rastrear e
identificar cadeias. Comunicar eficazmente as medidas, o seu
racional e o resultado esperado. Enfim,
tudo coisas que dão trabalho para mentes pequenas como a sua e a dos seus
heróis. Fechar tudo é mais fácil. É para salvar a praia do Costa e as 4
refeições de Natal do Marcelo. São estes os patriotas que lambuza. E já agora,
cobarde é ele. josé maria >Antonio Monge: As mentes pequeninas, como a sua, é que não conseguem
perceber que todos os países da Europa, sem excepção, como a "incivilizada"
Alemanha da Ângela Merkel, se viram obrigados ao confinamento, só assim conseguiram
evitar o descalabro dos seus sistemas de saúde e o aumento exponencial de
mortes. As mentes pequeninas, como a sua,
não entendem que proteger os grupos de risco passa por evitar que os mesmos
possam ser infectados pelos seus familiares, amigos e colegas de trabalho. As mentes pequeninas, como a sua, não entendem,
que, sem prejuízo das medidas que propôs, e com as quais concordo, elas não
seriam suficientes para evitar a disseminação do vírus, dada também a enorme
inconsciência e irresponsabilidade de milhares de portugueses que, nas suas
rotinas quotidianas, sempre se estiveram nas tintas para a adopção de regras
elementares de profilaxia social, sem as quais nenhum controlo da pandemia é
possível. As mentes pequeninas, como a sua,
vivem num mundo irreal e lunático, onde não existe pandemia, onde toda a
economia pode funcionar sem nenhum tipo de restrições, onde se consegue
realizar todos os rastreamentos desejáveis e onde os SNS são ilimitados, sejam
quais forem as necessidades de prestação de cuidados de saúde. E, como as mentes pequeninas, como a sua, não
possuem neurónios e sinapses suficientes para perceberem essas coisas
elementares, limitam-se a negar as evidências e a tentar tapar a pandemia com
uma peneira. Antonio Monge > josé maria: Já
as mentes brilhantes como as do nosso governo que tanto defende levou Portugal
em dada altura à pior situação do Mundo. Não fale do que não sabe em relação à
Alemanha onde o confinamento é muito diferente, onde a economia do negócio fechado
é prontamente assistida, onde os doentes não COViD não são esquecidos e onde a
sua líder é exemplar (sabe o que isso é?) e até dá a vez na vacinação. Não
compare nunca numa desonestidade ignorante ou demagógica o confinamento de
Portugal ao resto do mundo. Ou a sua mente brilhante não consegue descortinar e
matizar as diferenças? Já lhe disse, confine-se e deixe os outros em paz. O
tempo da ditadura já era.
Jorge Almeida > Antonio Monge: Caro António,
não gaste o seu latim com esse indivíduo. Desonesto, ignorante e demagógico são
os nomes do meio dele.
João Castro > Antonio Monge: Repare,
António. Esta malta da Gestapo sanitária engoliu o comprimido inteiro, sem água
nem nada. Quando me refiro ao comprimido, refiro-me à retórica totalitária do
medo absoluto e do risco zero. Para esta malta, nunca haverá um nível
considerado "ideal" para meterem o pé fora de casa. Nem 500 casos,
nem 100, nem 50. Nem 15 mortes, nem 7, nem 2. Mais: ainda se arrogam o poder de
impor a um povo inteiro esta visão e de ostracizar quem não embandeira em arco
com esta demência. Isto é tudo malta que tem uma bela vidinha, não perderam o
trabalho, não perderam o negócio, eram mansos antes da pandemia, e continuam
mansos pandemia adentro. Para eles, a pandemia pode durar para sempre, é-lhes
igual. As vidas deles mantiveram-se inalteradas e é por isso que se julgam no
direito de ditar aos outros como devem viver as suas vidas. Na realidade, são o
que de pior Portugal tem. Piores que os negacionistas. josé maria > Antonio Monge: O
actual governo tem muitas culpas no cartório, sim, pelo estado a que o país
chegou em Janeiro. Como igualmente têm todos os partidos políticos, sem
excepção, que, na altura do Natal, quando a perigosidade da variante inglesa,
já era conhecida, reclamaram do governo o alívio das medidas restritivas e
alguns até queriam o total desconfinamento. E essas responsabilidades, sim,
também são co-extensivas àqueles portugueses que, de uma forma irresponsável,
por vezes, criminosa, negligenciaram as medidas de profilaxia social, que a
pandemia exige. Ou você acha que, nesta tragédia, não há igualmente culpados de
parte significativa da população, que se amontoava nos mais diversos locais,
como se vivêssemos no mundo ideal das suas efabulações atoleimadas? Só uma
mente, mesmo muito pequenina, como a sua, é que não percebe o óbvio: todo o
mundo foi atingido por uma pandemia de proporções gigantescas e quase todo o
mundo confinou. Aqueles que aligeiraram as medidas, pagaram e estão a pagar um
preço muito elevado por isso, em vidas humanas e em concomitante degradação da
actividade económica. Pensar que a contenção da pandemia se resolve com as
medidas específicas e restritas, que você propôs, é uma autêntica tontaria,
bastaria estar atento àquilo que é defendido pela quase totalidade dos
especialistas. A vida é o que é, não aquilo que você imagina no seu
diletantismo lunático. Sim, fomos atingidos por um tsunami catastrófico. Sim,
ninguém, de elementar bom senso, gostaria que tivesse havido mortes nem
afectação da economia. Mas, sim, a realidade é o que é. Desça à terra, aprenda
a orientar-se de acordo com o princípio da realidade, não em conformidade com a
sua demagogia barata e a sua forma pacóvia de ver o mundo. censuraautomatica
censuraautomatica: Não se amofine
com tantas razões. Afinal elas duram em média mais seis anos o que vai
compensar, nomeadamente nas reformas e como diria o grande pensador da bola
João Pinto, prognósticos só no fim do jogo da vida! J. Saraiva > censuraautomatica censuraautomatica: Ai, que feio..... tenho 1 colega (Homem) que quer ser
ele a ficar em casa, e já disse que mesmo depois de vacinado, deve continuar a
haver outras estirpes de coronavirus, pelo que quer continuar confinado.
Eu acho que o confinamento lhe está a fazer bem, pois
nunca o vi, com um ar tão descansado e um bronze, tão dourado. Antonio Monge: O ângulo morto desta pandemia são as pessoas que vivem
sozinhas, são as classes mais baixas e são as crianças sobretudo aquelas em
seio familiar problemático. A violência doméstica contra as mulheres é um
problema tal como é um problema a violência psicológica contra os homens e a
chantagem sexual. (O Homem Manipulado, Esther Vilar, 1970). Mas ambos são
adultos e têm normalmente escolha. Já a violência doméstica contra crianças
ouço pouco falar. Finalmente a pensão de alimentos já é negócio nos EUA onde
mulheres têm 3 filhos um de cada homem e vivem dessas pensões que deveriam ser
para os filhos. Do outro lado temos homens que se demitem da sua obrigação de
ajudar os filhos após o divórcio. Em suma, estas questões são muito complexas e
não se pode dar de uma assentada um veredicto tão taxativo como a crónica
pretende. Há muita gente no ângulo morto desta pandemia. Gente que a maior
parte dos políticos, jornalistas e os fazedores de opinião nem sabem que
existe. Nos seus gabinetes de 40 metros quadrados são-lhes alheias realidades
inaudíveis. J.
Saraiva > Antonio Monge: Esqueça os USA, onde o rendimento de cada família é
grande e é possível apenas 1 pessoa do casal trabalhar, terem 3 filhos e terem
um bom nível de vida. Aliás sou completamente a favor da igualdade Homem/Mulher
e nos USA, existem muitos Homens que optam por serem eles a ficar em casa a
cuidar dos filhos. Estamos em Portugal, e vou-lhe dar uma novidade: o povo Português é .....
pobre : ( e a ficar cada vez, ainda mais pobre. Cá, ambos os membros do
casal têm de trabalhar, se for preciso só têm 1 filho e não lhes sobra dinheiro
ao final do Mês. Uma Mulher cá se tiver 3 filhos e ficar divorciada, vai passar muitas
necessidades... Entretanto, fique também com a noção que em muitos lares Portugueses, já
são as Mulheres que trazem maior rendimento para casa. Quanto às mulheres serem
interesseiras, existem muitos homens trabalhadores, mas também já existem
muitos homens que querem ser sustentados (cada vez mais). Existem Homens/Mulheres
trabalhadores e existem Homens/Mulheres que querem ser sustentados. Antonio Monge > J. Saraiva: Caríssimo,
longe de mim entrar na guerra homens vs mulheres. Até sou dos que apela ao
mútuo entendimento pois acho que uma mulher não entende muito bem o que é um
homem e nem um homem entende muito bem o que é uma mulher. Defendo um maior
diálogo e abertura para coisas que podem às priori parecer chocantes pois há
diferenças na vivência de cada sexo perante a vida. A realização profissional,
emocional e familiar são diferentes para ambos os sexos. Temos formas distintas
de interpretar o sucesso, o lazer e o amor. Mas também não gosto de discursos
pretensamente feministas que na minha opinião diminuem mais as mulheres do que
as enaltecem. Já agora, interesseiros somos nós todos. J. Saraiva > Antonio Monge :)
Caríssima, sou uma Mulher. Longe de mim, discursos feministas. Detesto
quando me perguntam se sou uma. Defendo igualdade de oportunidades e acima de
tudo meritocracia, pelo que também não sou a favor do sistema de quotas. Que
estejam lá os que nos servem melhor, mesmo que venham de Marte. Antes pelo contrário: Primeiro, estou muito mais
preocupado com a situação das pessoas que vivem sozinhas, que são hoje em dia a
maioria, homens e mulheres, sobretudo idosos. Mesmo aqueles ou aquelas que têm
família. Segundo, a violência doméstica nunca é culpa de uma só pessoa. E além do
mais, muitas mulheres sujeitam-se a ela voluntariamente, com medo de perder os
rendimentos e o conforto que lhes são facultados pelos companheiros com os
quais já só mantêm uma relação de ódio e de dependência. Isso é apenas uma forma de prostituição.
Há dias li uma frase
extraordinária sobre "a angústia das mulheres que não sabem se vão receber
as pensões de alimentos a que têm direito". Pensões de alimentos?! Então e
a igualdade?? Pensões de alimentos, devem existir para os filhos do casal, se
forem menores à guarda das mães. E para mais nada!!! Até porque a simples existência
de tal coisa, é menosprezar e apoucar as mulheres, criando nelas dependências
pouco saudáveis. Terceiro, se 76% dos cuidadores são mulheres - que não foram
forçadas a isso e escolheram essas profissões - é natural que 76% tenham estado
na primeira linha dos cuidados de saúde... como diria Monsieur de La Palice!
Quarto, se as mulheres são 52%
da população, e "olhando a todos os empregos perdidos desde o início da
pandemia, 55% são de mulheres", a discrepância são apenas 3%, o
que demonstra até que ponto todo este artigo é enviesado. bento guerra: É evidente que o autor tem
razão , a carga é maior quando a família está sempre metida em casa e apesar de
haver agora, uns rapazes mais colaborativos Keep it Simple: O autor defende o fim do
confinamento para que se proceda ă abertura dos negócios, daí a necessidade
de abrir as escolas. Está no seu direito. Não
precisa de se escudar na situação das mulheres para justificar o seu
argumento. Embora seja uma realidade
dramática no contexto da pandemia, como aqui invoca, não se vislumbra que AHC
se tenha preocupado assim tanto com as tais condições das desigualdades. Veja-se que AHC nunca deu conta que a maioria
das pessoas que trabalham na Educação são mulheres. Ironicamente AHC julga ser
um expert em Educação, mas nunca reparou nessa realidade. Nem quando vai à tv
como comentador... Je Vous Emmerde: E também sei que o tema parece
estar demasiadas vezes capturado pelos piores radicalismos, suportados na
inconsistência das visões identitárias. Mas tudo isso é enviesamento próprio de
panfletários. Mas... não é isso que está precisamente a fazer com este artigo
de opinião?
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