A que propósito andará o PR a viajar - e no mesmo dia - para junto
do Papa e do Rei de Espanha, quando faz discursos de imposição de
regras à carneirada passiva, que somos todos nós, que não deixamos de nos ir
contaminar – e aos mais, que lá estão dentro - nos sítios onde nos vendem os
alimentos e os remédios para sobrevivermos, e a outros locais imprescindíveis,
como hospitais e casas chinesas para um arranjinho qualquer de última hora?
Além de abusivo, a merecer condenação, é muito risco, esse do PR a passear-se assim, não sei se a pedir
batatinhas se apenas bênçãos, não se importando que esses dignitários tenham
que desconfinar para o atenderem na devoção ou na pedinchice que deve estar por
trás dessa sem cerimónia viageira, a dar nas vistas.
Lembro-me, quando tudo começou, há 48
anos, eles bem que se fartaram de viajar, até fiz uns versos – “Georges, anda ver o meu país de viajantes…”
– (e não de “marinheiros”, como escrevera António Nobre) – que publiquei no livro “Cravos Roxos” em 1981, de que extraio os seguintes:
… “Georges,
anda ver o meu país de viajantes…”
Viajam
pelo mundo inteiro
- Especialmente
o terceiro –
Por
causa do petróleo
A
importar,
E
das pessoas em excesso
A
exportar
Do
reduzido território.
Também
viajam pelo segundo
E
pelo primeiro mundo
Procurando
esclarecimentos
E
empréstimos
E
mercados
Recusados
Pelos
povos
Incompreensivelmente
poupados» …
Na altura, havia ainda as reservas em
ouro deixadas pelo poupado Salazar, a servir para os primeiros embates e
viagens – de que resultou, pelo menos, a foto da viagem de Mário Soares às
Seychelles com o seu passeio montado na carapaça de uma tartaruga gigante, além
da outra foto na Índia, montado num elefante - e só uns anos depois se deu a
providencial entrada na CEE - hoje U E - a aparar esses custos viageiros e
outros muitos da nossa representatividade mundanal.
Alberto Gonçalves arrisca-se
a levar com comentários agressivos, sobretudo daqueles que se sentem bem assim,
no confinamento perturbador da ordem, mesmo sem tartarugas nem elefantes da
nossa visibilidade anterior. Porque a maioria de nós, está tranquila, apesar da
derrapagem económica. Excepto o PR que vai ao Papa e ao Rei, para estar sempre
de serviço, agora que, para mais, a praia da sua representatividade mais usual está
gelada… Excepto para os surfistas, que, esses, arriscam a multa.
É tempo de os portugueses perderem
a paciência /premium
Era fundamental empurrar a Covid para o
cantinho que lhe cabe e retomar o controlo das vidas. Sonho com um país aberto fora de horas, com indivíduos
livres fora da lei. Espero não acordar em Portugal.
ALBERTO GONÇALVES,
Colunista do Observador OBSERVADOR,
13 mar 2021, 00:10
Imagino que só os infelizes sem alternativas decentes
ou com perturbações emocionais tenham espreitado a tomada de posse do prof.
Marcelo. Ainda bem. Do que li e me contaram, foi um espectáculo triste. Triste
e escusado. Escusado e humilhante para os portugueses que o presidente da
República devia representar. Numa altura em que metade do país está fechado em
casa, a empobrecer e a enlouquecer a uma velocidade notável, o chefe de Estado,
que assina sucessivos estados de emergência e sonha em manter a clausura
colectiva até 2026, não abdicou do pagode.
Houve discursos, cumprimentos, marchinhas militares,
pilhas de repórteres, visita ao Porto, passeata em bairro “desfavorecido”, tudo
ao molho e fé na abdicação acabrunhada das pessoas proibidas de estudar,
trabalhar, confraternizar, viver em suma. Pensando melhor, é pena que o grotesco espectáculo
não fosse visto por mais espectadores: talvez esclarecesse alguns sobre o
desdém que os poderosos lhes dedicam, e convencesse uns poucos a ignorar as
regras que lhes impõem.
Por mim, confesso modestamente que não precisei da
festarola do prof. Marcelo para perceber tal desdém e ignorar tais regras.
Desde há um ano, ou seja, desde que começou esta experiência social, que faço o
que me apetece, excepto quando o que me apetece colide com a submissão alheia à
repressão em curso. Por exemplo, não posso ir a restaurantes se estes estiverem
fechados. Mas nunca me passou pela cabeça respeitar as limitações de circulação
e os horários de recolhimento, os quais de resto desconheço.
No último fim-de-semana, à semelhança de boa parte dos
anteriores, cruzei uns 90 municípios, sem “autorizações” escritas ou desculpas
preparadas para criaturas que não têm o direito de as exigir em circunstâncias
assim. Se quero “circular”, circulo. Se quero estar com amigos, estou. Se quero
ficar em casa, fico – porque é a minha vontade e não porque o prof. Marcelo, o
dr. Costa, a orquídea da DGS, uma dúzia de “especialistas” em fancaria
estatística e um estúdio de televisão repleto de idiotas o recomendam. Se me
apanharem a desobedecer, multem-me. Se me apanharem a obedecer, internem-me.
Respeitar ordens implica aceitar a legitimidade das mesmas e de quem as
decreta. Há muito que não respeito essa gente, e há muito que as decisões dessa
gente são ilegítimas.
Claro que o modo como decorreram a tomada de posse
presidencial e o desfile do PCP, forrobodós sem intervenção da polícia
(concentrada em sancionar os criminosos que jogam dominó ou vendem calças ao
domicílio), constituem argumento bastante para qualquer adulto digno fazer o
contrário do que a oligarquia ordena. Porém, o desplante com que essa gente
não cumpre aquilo que exige da ralé é apenas um dos critérios que justificam o
dever da ralé retribuir o tratamento. Além dos morais, há também
critérios científicos, embora ultimamente a ciência tenha sido capturada por
maluquinhos que acreditam no socialismo e em todo o feirante que exiba gráficos
no Infarmed.
Se os maluquinhos se ajoelham perante os gráficos e
dados “oficiais”, ajudaria que reparassem nos restantes. A propósito, dois ou
três factos (factos, por oposição a palpites). Se o “confinamento” fosse a
solução para diminuir contágios, não haveria lugares com restrições mínimas ou
nulas em que os casos de Covid descessem. Em Maio passado, Portugal
“desconfinou” com relativo à-vontade e o número de infectados e mortos
tornou-se residual durante os cinco meses seguintes. Da Inglaterra à África do
Sul, as “estirpes” que justificam as patranhas do momento vêm de geografias em
que a quantidade de contágios desce espectacularmente. Ao contrário de nações
menos exóticas, Portugal não tem arcaboiço económico para aguentar estas
brincadeiras, orientadas por irresponsáveis com ambos os olhos nos índices de
popularidade, e ambas as mãos na massa do poder discricionário.
Admito que não vale a pena alertar os maluquinhos para
evidências: tolhidos pelo pavor e pela preguiça, os partidários das superstições, da
máscara permanente e do “fique em casa” possuem a agilidade dialéctica de um
taliban. É possível que despertem, se despertarem, no dia em que a factura
lhes chegue através dos impostos – mas por aí não vamos lá. A saída das
trevas onde nos enfiaram depende exclusivamente dos sujeitos que restam, os que
são capazes de distinguir um risco para a saúde de um pretexto para entregar o
seu destino a um bando de figuras sinistras. Dava jeito que os cidadãos
crescidos agissem em conformidade, em vez de se deixarem arrastar, tristonhos e
mudos, para um fim que sabem trágico. Seria bom que desprezassem
“desconfinamentos” mitigados e “reconfinamentos” pendentes. Era
importante que mandassem às favas partidos, televisões, comentadores, peritos e
profetas, quase todos cúmplices do horror em curso. Era decisivo que
perdessem o receio da multa e da denúncia e regressassem sem hesitações à
normalidade, a nossa e não o eufemismo de opressão que é a deles. Era
fundamental que empurrassem a Covid para o cantinho que lhe cabe e retomassem o
controlo das suas vidas. É urgente que as suas vidas não voltem a tolerar
intromissões abusivas. Eu sonho com um país aberto fora de horas, com
indivíduos livres fora da lei. Espero não acordar em Portugal.
Por obra e desgraça de “estadistas” sem escrúpulos e
de uma população anestesiada, as ameaças que hoje pendem sobre os actos de
cidadania não são nada se comparadas às implicações da dúvida, do medo e da
resignação. Tradução: ou o pessoal se mexe, ou o pessoal está tramado. Se os
portugueses têm tudo a perder, que comecem por perder a paciência.
PUB GOVERNO POLÍTICA PANDEMIA SAÚDE
COMENTÁRIOS:
Alfaiate Tuga: Os portugueses que como eu trabalham durante a semana
e estão em prisão domiciliária no final da semana, sabem que se perderem a
paciência podem ver-se obrigados a contribuir com mais 200€ para o
estado, isto se forem apanhados pelas autoridades fora do concelho de
residência. Ora eu prefiro ficar com os 200€ no bolso e investir todo o
tempo que tenho livre a tentar convencer familiares, amigos e conhecidos
a não votarem nas próximas autárquicas em candidato apoiado pelo PS,PSD
ou CDS pois são estes partidos os principais responsáveis pela aprovação
do actual estado de emergência, que permite a privação de liberdade que nos é
imposta. No passado Natal valia tudo, com os números Covid piores do que estão
hoje, pôde-se sair do concelho e ir fazer a festança com a família tudo a
molhada sem máscara numa sala fechada, hoje não posso sair do concelho ao fim
de semana para ir ver o mar... Se há dois anos me dissessem que chegaria o dia
em que estaria proibido de circular livremente pelo meu país, não acreditava,
hoje é uma realidade, Concluindo, como isto ainda é uma democracia, os
partidos que permitem que o estado me corte as asas vão ver o meu voto a voar,
já estava habituado a ser depenado em impostos, agora arranjaram um novo, 200€
para sair do concelho, é para quem pode.... Maria Correia: Emigra para outro planeta. Joao
Monteiro: Disparate de
artigo. Olhe meu caro Sr,, se tivesse como eu familiares que faleceram com covid
não escrevia estas tretas. Saia do País enquanto o covid durar e vá contagiar lá
para o seu buraquinho os seus amigalhaços e familiares Caramba, que
caldinho de asneiras Jean Valjean > Joao Monteiro: Eu tenho familiares que morreram de acidente de
viação. Mas não defendo a proibição dos transportes privados.
Você usou o
argumento emocional. Por falta de argumentação intelectual. Joao Monteiro > Jean Valjean: Não tenho razão em não querer 300 mortos de covid por
dia como em Janeiro/Fevereiro ? Não diga disparates Jean Valjean > Joao Monteiro: 1. Ó homem, porque é que os 300 mortos não surgiram em
junho, quando se abriu o país? Pense um pouco. 2. Eu não quero morrer
atropelado. Mas não quero que o proíbam de conduzir. 3. A liberdade é uma coisa
que faz muita confusão em certas mentes. Antonio Mendes: Estará na altura de JMF lhe
dizer o mesmo que à MJM quando ela começou a ver mulheres oprimidas em tudo o
que escrevia? Assim, ainda acaba no Twitter a vociferar negacionismo e a
bloquear furiosamente todos quantos o contestam. Cuidado, o fanatismo tornado
obsessão em muitos casos leva à loucura ou suicídio! Jean Valjean > Antonio Mendes: António, consegue ver alguma
razoabilidade nas medidas aplicadas? Diga com sinceridade e após 20 segundos de
reflexão Paulo
Cardoso > Antonio Mendes: Não. Não têm razoabilidade. Mas que AG, com cujo ponto
de vista concordo, tem exagerado na forma, tem. Muitas vezes perdemos a razão
que nos assiste, ao expô-la de forma desadequada. E AG tem-se posto a jeito. Jean
Valjean: Os próximos quatro anos serão
“anormalmente quentes”. Esta notícia foi extraída do Público e foi publicada no dia 16 de agosto
de 2018 (para fazer um enquadramento, uns dias depois da onda de calor de
agosto de 2018). Isto veio a propósito do quê? Da arrogância, dos dogmas da ciência, do
positivismo exacerbado. Isto que vivemos
dever-nos-ia convidar à humildade, ao reconhecimento que o que sabemos é muito
pouco quando contrastado com a complexidade da vida e do mundo, que não
conseguimos encaixar essa complexidade em números e em gráficos. Mas duvido que
surta grande efeito. Fernando
Almeida: Nem depois de
tantos exemplos do que acontece com este vírus fica de controlo o autor
aprendeu alguma coisa. Esta obsessão pelo tema fica lhe mal. Vire o disco sff.
Eduardo L: Absolutamente espectacular artigo. Parabéns. Eu acrescentaria: nesta altura
já não há desculpas para alguém continuar a acreditar no que o cartel
'media-políticos-peritos' nos dizem e impõem. Toda a informação está
disponível. É TUDO baseado em mentiras e falsidades. Acreditar e seguir estas
instruções tenebrosas é duma prepotência inimaginável só para quem não preza
mesmo a vida e a liberdade com que nascemos. Não há desculpas! Saturno
V .: Alberto !! Desta vez foste
longe demais ! Estás a apelar à
desobediência civil ! Acho que vais ser
censurado . Jean Valjean
> Saturno V: Esse medo é o medo que sustenta os abusos. Paulo Cardoso > : Então porquê? Uns podem apelar
ao derrube do capitalismo pela força, outros à morte do homem branco... porque
não pode AG apelar ao bom senso, através da desobediência civil? São tudo
metáforas... Dá-lhe AG. Tens toda a razão, pese embora andes a radicalizar
demais. que falamos aqui,
não conta para nada! Mesmo a desobediência sugerida pelo Aberto, sabemos que
não há condições para acontecer. O único local onde podemos dizer que não temos
medo, é na hora do voto!
Jean Valjean > Saturno V .: Fiz a minha parte: votei Chega. Antonio Nunes: Artigo de opinião na “mouche”. Jose Costa: Não seria tão radical quanto o
AG porque o vírus existe e exige algum recato. No entanto, estou completamente
de acordo em que há um exagero, desproporcionalidade, arrogância e desprezo por
parte de quem nos governa. Isto vai acabar mal para os mesmos de sempre: os
privados Paulo Cardoso > Jose Costa: Subscrevo. Ricardo Corte: Ontem, após assistir a mais uma
sucessão de humilhações, faltas de respeito, poucas-vergonhas, da parte de quem
nos governa, o que aliás tem sido uma constante, pensei: "Amanhã o Alberto
Gonçalves dá-lhes uma coça". E deu. De facto, o pouco que nos resta são
estas crónicas do AG contra a menoridade e mediocridade predominantes. De
qualquer maneira, agradeço-lhe sinceramente. Carlos Quartel: Pode pensar-se que estamos a
ler uma crónica de um agente governamental, camuflado de grande opositor e de
grande defensor das santas liberdades de infectar quem lhe der na real gana.
Objectivamente,
as posturas do autor, se seguidas massivamente pela população, só trariam
paz, sossego e grandes economias para os cofres de estado. Menos uns largos
milhares de pensões para pagar, menos uns largos milhares de velhos a procurar
hospitais, a gastar medicamentos e a exigir compras de material e contratação
de pessoal. Um alívio para as ministras da Saúde e da Segurança Social, uns bons pontos
para compor as contas públicas. Não falando da criação de postos de trabalho, nos
cangalheiros nacionais .... Só vantagens, de facto ..... António
Lamas: "Je
suis Alberto" : Mais um enorme artigo de AG. Onde vão os tempos do "povo unido jamais será
vencido"
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