Aqui as coisas são para perdurar, como a
calçada à portuguesa dos nossos luxos, de quem prefere olhar para o chão, para
evitar os malhanços, e não assumir as correrias dos povos despachados nos seus
trabalhos, em passeio de propício cimento, macio e plano. O mesmo acontece com
a máscara do encobrimento e da astúcia do nosso desmazelo de mão estendida...
Conhecem a sensação de ser enganados? /premium
As pessoas usam máscara porque tem de
ser, mantêm a distância porque tem de ser, untam as mãos com gosma porque tem
de ser, cumprem horários alucinados porque tem de ser, em suma fazem figuras de
urso
ALBERTO
GONÇALVES Colunista do Observador
OBSERVADOR, 04 set
2021
A
14 de Janeiro de 1978, em São Francisco, John
Lydon questionou o público: “Conhecem a
sensação de ser enganados?”. Imediatamente após esse momento célebre, Lydon
acabou com o concerto, com os Sex Pistols, com o movimento “punk” e com a farsa
em que aquilo se transformara.
“Conhecem a sensação de ser
enganados?”. É uma pergunta que me tem ocorrido bastante neste ano e meio de
folclore virológico. Não ocorre a
muitos, de certeza à maioria. Há dias, entrei num escritório para tratar de
rotinas e a funcionária, que estava de rosto descoberto como é normal em
pessoas honestas ou alheias a fanatismos religiosos, apressou-se a pegar no
farrapo e a prendê-lo nas orelhas pelo elástico. Disse-lhe que por mim não era
necessário o gesto, e acrescentei que achava a encenação ridícula. A
funcionária respondeu que “tinha de ser”. Não percebi se o imperativo se
prendia com a preocupação dela com a saúde ou o respeito por ordens
“superiores”. Percebi que ficou assaz espantada quando a informei de que em
inúmeros países já ninguém, excepto os assaltantes, esconde a cara. “Não me
diga!” Eu disse. E disse mais: “Não reparou nas bancadas dos estádios
estrangeiros, sem limites à lotação, sem “distanciamentos” e sem máscaras?
(contive-me para não adicionar “e sem as restantes poucas-vergonhas”). A
funcionária, de súbito sorridente, não reparara: “Ai, pois é!” Ai, pois é.
Para
demasiados portugueses, todos os delírios imputados à Covid tornaram-se tão
normais e inevitáveis quanto a chuva ou o bom tempo, isso na remota época em
que a chuva e o bom tempo eram normais e inevitáveis e não sintomas das
“alterações climáticas” que afligem o eng. Guterres. É, de facto,
a consagração do “tem de ser”. As pessoas
usam máscara porque tem de ser, mantêm as distâncias porque tem de ser, untam
as mãos com gosma porque tem de ser, contam os convivas à mesa porque tem de
ser, cumprem horários alucinados porque tem de ser, vacinam-se a elas e aos
filhos e aos periquitos porque tem de ser, enfiam cotonetes no nariz porque tem
de ser, exibem certificados de pureza porque tem de ser, em suma fazem figuras
de urso. Porquê? Porque tem de ser.
E
porque é que tem de ser? Aqui as opiniões divergem. Porque o
governo é que manda. Porque as “autoridades” assim decidem. Porque
“especialistas” alimentados por patrocinadores ou desejo de fama juram que sim.
Porque os “media” apelam ao pânico. Porque esta particular maleita suscita um
medo desproporcionado em sujeitos que não se imaginavam mortais. Porque há
denúncias. Porque há multas. Porque não há vontade de descobrir uma relação de
causalidade entre as medidas impostas e as respectivas consequências. Porque
essa causalidade não existe e convém ocupar o vazio com um nevoeiro de regras e
sanções, as quais, embora brutalmente irracionais, concedem aos pobres de espírito
um simulacro de “orientação” e uma prova de virtude. Porque o conformismo,
parente próximo da irresponsabilidade, é dos principais activos pátrios.
Um exemplo do absurdo em vigor? Tomem lá
vários. Se a vacina impede a doença e a morte (as
“autoridades” garantem ter havido apenas 70 vítimas entre os milhões de
vacinados com menos de 80 anos), a que título se quer separar os vacinados,
que estão protegidos, dos que escolheram não estar? O que justifica a vacinação
de jovens que nem querendo adoecem com Covid? Se alunos e professores são
testados à entrada, as máscaras nas escolas servem para quê? Se alunos e
professores andam de máscara nas escolas, os testes servem para quê? Como é
que os hotéis, em que mal nos cruzamos com estranhos, são forçados ao “certificado”
e os supermercados e autocarros, com a promiscuidade de um curral, não são? O que explica que os “pivots”, “especialistas” e
políticos que nos exigem farrapo nas trombas mesmo na rua conversem sem farrapo
em estúdios fechados? De que forma 40 moços nos copos constituem um perigoso
ajuntamento ilegal e 40 mil devotos de Estaline aos molhos perfazem a
legalíssima e sanitária Festa do “Avante!”? Qual a probabilidade de cada “parecer técnico” sofrer
convulsões até se encaixar direitinho nas decisões prévias do dr. Costa? A que
se deve o empenho de esquerdistas na defesa de vacinas obtidas graças ao
capitalismo da estirpe “selvagem”? Que
buraco negro engoliu, pelo menos dos noticiários, os países e lugares que não
ligam à Covid e obtêm resultados similares a um charco de proibições do calibre
de Portugal? Qual o
argumento para banir por cá a entrada de cidadãos de Israel, pioneiro na
terceira dose? A terceira dose da vacina dispensa a administração da quarta,
quinta e vigésima oitava? Conhecem a sensação de ser enganados?
Admito
que são perguntas ingénuas, infantis até. Não vamos confundir as cabecinhas de gente que
faz um semi-círculo de 5 metros na calçada para se desviar de nós, que se
besunta com álcool-gel na praia e que tem a melhor impressão do desempenho das
dras. Graça & Marta. Isto é gente simples, para quem a “ciência” são os
palpites saídos do conselho de ministros. Se
inventariarmos o conhecimento científico de tais portentos, aprendemos que as
vacinas, os “certificados”, as máscaras, os testes, os “distanciamentos”, os
recolhimentos e os horários esquizofrénicos são indispensáveis no combate à
Covid – e indispensáveis a ponto de nenhuns dispensarem os demais. Essa gente
não entende que a valoração obsessiva e simultânea de tudo é igual a não valorizar
nada. Essa gente não quer realidade: quer delírios confortáveis. Se procuram
“negacionistas” a sério, ei-los.
Se
procurarem John Lydon, vive em Venice Beach e confessa pouco receio da ameaça
da moda. É que a mulher sofre de Alzheimer, uma das inúmeras chatices que
reduzem ao ridículo a histeria com a Covid. Também tem de ser.
PANDEMIA SAÚDE CORONAVÍRUS
SAÚDE PÚBLICA
COMENTÁRIOS:
Coronavirus corona: Quando acabei
de ler pensei em escrever um comentário a dizer que esta crónica devia ser lida
logo à noite, na abertura de todos os noticiários. Mas quando li dois
comentários em baixo pensei: não adiantava nada. Bastava a seguir o António
Costa vir dizer que foi um negacionista, terraplanista que escreveu e as
pessoas gritavam palavras de ódio contra o autor do texto. Isto é hilariante. É
estupenda a permeabilidade dos portugueses à propaganda estatal, a apatia, a
falta de reflexão, o seguidismo, a subserviência. Não adianta: é assistir e ir
rindo. António
Lamas: Brilhante como sempre. Eu já desconfio que aquilo que nos injectam a que chamam
vacina, não será soro fisiológico.
FME: Sempre duvidei
da lógica dos novos vidros nos estúdios de televisão para impedirem o voo das
gotículas entre participantes numa mesma mesa. A solução do vidro ou acrílico
tem por princípio a velocidade e a lei da gravidade. Os inventores desta
solução para suprimir a máscara dos estúdios de televisão - imaginem o espaço
de opinião de Francisco Louçã sem o seu sorriso de cabaré - pensaram que os
indivíduos que falam na televisão são como uma máquina de projectar estuque nas
paredes, só que em vez de gesso, cospem perdigotos. A velocidade do perdigoto
(gotícula) que sai da boca combinada com a lei da gravidade determinam-lhe a
rota certa para o embate no vidro. O problema é que ninguém fala a cuspir, à
excepção de um senhor que conheço, mas que já antes da pandemia tinha que
garantir uma certa distância, nem a lei da gravidade tem a mesma actuação numa
gotícula que tem um diâmetro de cerca 5 milésimos de um milímetro. Vamos
imaginar o senhor perdigoto que eu conheço a falar com a boca cheia de penas,
do tipo das que se usam nos blusões, mas mais pequenas, com diâmetros de cerca
de 5 mm, incomparavelmente maiores que as gotículas. Se o acrílico estivesse a
uma distância de 1 metro, quantas penas iriam parar de encontro no vidro?
Nenhuma, diria. Se o estúdio tivesse corrente de ar provocada pelo AVAC, as
penas andariam pelo ar em rotas aleatórias até acabarem por pousar nas
imediações. As gotículas, imensamente menores que uma pequeníssima pena, não
tem o mesmo comportamento de uma pedra lançada por uma fisga. Concluo, que numa
mesa composta dentro de um estúdio de televisão, um perdigoteiro mor
contaminado, que tivesse que contagiar alguém, não seriam os painéis acrílicos
que o impediriam, e, se houvesse coerência com a pandemia, a DGS, na pessoa da
sua directora, recomendaria aos comentadores, como por exemplo, os do Eixo do
Mal, para estarem todos com os trapos nas ventas durante o programa. Pedra Nussapato:
Sim dr AG, o comportamento da sra que o atendeu é
entendível e básico até para uma criança, é de facto o imperativo de nos
preocuparmos com a nossa saúde e com a dos outros, num esforço conjunto e
comunitário para combatermos esta epidemia. A forma como tem tratado este e
outros assuntos mostra que não existe no dr AG o mais ínfimo pingo de sentido
cívico e solidariedade, apenas maledicência barata para entreter frustrados e
gerar cliques. Chega a meter dó a forma como AG se diminui... Coronavirus corona
> Pedra Nussapato: Concluo portanto que os holandeses, ingleses e suecos
em peso são milhões de pessoas sem sentido cívico e solidariedade. Trata-se de
um bando de frustrados que metem dó.
Posso ? Este insiste
em fazer figura de urso, mas o mais lastimável é não ter um único amigo
inteligente que o alerte, para a figurinha que teima em fazer. Coronavirus corona >
Posso ?: A
mim espanta-me como a doutrinação estatal consegue fazer com que as pessoas
fiquem apáticas ao ponto de, perante factos, perante a nossa singularidade no
contexto europeu em matéria de proibicionismos, conseguem defender todas as
medidas do sacro santo Governo. É difícil perceber porque é que em Portugal,
Espanha Grécia e Itália as ditaduras pegaram de estaca e na Inglaterra, Holanda
e Suécia sempre primaram pela liberdade? A permeabilidade à propaganda e a
aceitação dos portugueses à supressão da liberdade é um caso de estudo José Maria Tartufo: Agora é só esperar pelas renovações infindáveis do
certificado, condicionadas à toma de mais uma e outra e outra, doses. Eram só
15 dias para achatar a curva. Quem viu isto a chegar era o negacionista a quem
faltavam parafusos. Pois bem, aqui estão os primeiros passos da ditadura
despótica higienista: ou és puro como eles, ou ficas à parte da sociedade.
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