Resposta de Jerónimo de Sousa a Paulo Tunhas, com idêntico poder vocal do cantor, mesmo que seja de empréstimo, por deferência do cantor: Ora essa!
«Ninguém,
ninguém
Poderá mudar o mundo
Ninguém, ninguém
É mais forte que o amor
Ninguém, ninguém, ninguém
Acertaram
sem saber que uma paixão
Anda agora dentro do meu coração
Desta vez podem dizer seja o que for mas isto agora é mesmo amor
De
quem fui? E de quem sou? Onde vou?
Só eu sei mais ninguém sabe (Ninguém)
Sim ou não quem me dá a razão para tudo o que acontece (Ninguém)
Se te quero afinal bem ou mal ninguém nos vai separar (Ninguém)
Deixa lá que ninguém mudará este amor que me pertence (Ninguém)»
De “vitória” em “vitória” até à
derrota final /premium
A perda de votos no PCP deve-se, em
medida significativa, à mudança de gerações. Na era dos computadores e da
internet, é muito mais difícil convencer os jovens a lutar por ideologias
obsoletas.
PAULO TUNHAS
OBSERVADOR, 28 set
2021
O
Partido Comunista Português não tira conclusões nem dos seus erros e fracassos,
nem das forças políticas “irmãs” nas várias regiões do mundo. Por isso
encontra-se em vias de extinção cada vez mais rápida. Mas como qualquer bom
conselho que se possa dar é interpretado como “provocação burguesa”, que
continuem a ser “consequentes” na sua cegueira ideológica.
O
dirigente comunista Jerónimo de Sousa,
na noite das eleições autárquicas, reconheceu que a Coligação
Democrática Unitária, formada
pelo PCP e PEV, “ficou aquém
dos objectivos colocados” e que, por isso, tem “muito para avaliar”. Para
ajudar nessa avaliação, deixo aqui algumas “provocações burguesas” sem esperar que haja uma resposta positiva a elas.
O fim da frente mais bem-sucedida
As
autarquias eram uma das últimas frentes de combate mais bem-sucedidas até 2017,
ano em que começou o descalabro com a perda de numerosas câmaras, tendo a queda
sido menor, mas não menos importante nas eleições de Domingo passado. Os exemplos das derrotas em Almada, Loures, Mora,
Montemor-o-Novo, Moita, etc., são o
melhor exemplo disso. As autárquicas da CDU deixaram de ser exemplares.
Na
próxima vez será ainda pior se o PCP não fizer mudanças radicais na sua
ideologia e actividade política, pois o tempo passa rapidamente e os comunistas
portugueses continuam a ser consequentes (isto na linguagem deles, porque, na
realidade trata-se de miopia e teimosia ideológica).
Se o PCP quiser sobreviver tem de se
transformar de partido de extrema-esquerda em força política da esquerda
democrática, mas duvido que isso aconteça por várias razões.
Os comunistas portugueses deveriam
abandonar completamente o chamado marxismo-leninismo-estalinista, teoria
que falhou, falha e falhará em todos os países onde foi, é e será aplicada. A
sociedade moderna já não pode ser lida à luz de ideias elaboradas no século XIX
e princípio do século XX. Por exemplo, tem de reformar (no sentido
da segurança social e não política) “ideólogos” como o líder histórico Albano
Nunes, que defende que “o capitalismo tem de ser derrubado pela força”.
O
PCP teria de pôr de lado a sua posição negativa face a realidades como a União
Europeia e a NATO, reconhecer a evidência de que a integração europeia teve e
tem resultados mais positivos do que negativos para Portugal.
Será
também imprescindível reconhecer que as experiências soviética e outras de
construção do socialismo e do comunismo fracassaram e fracassam porque se
baseavam e baseiam na ditadura de um partido único e na ausência dos mais
elementares direitos humanos. O extermínio de classes sociais
inteiras não conduz à igualdade, mas à formação de uma sociedade formada pela
“nobreza” (nomenclatura) comunista, que se representa a si própria, e pelos
servos desse grupo social que não têm qualquer influência nas estruturas do
poder; a liquidação de toda e qualquer força política de oposição conduz à
estagnação em todos os sectores da sociedade.
Neste
contexto, recomenda-se o estudo aprofundado das páginas mais sangrentas da
história do comunismo para que jovens comunistas responsáveis, como Rita
Rato (directora
do Museu do Aljube Resistência e Liberdade)
ou João Ferreira (que dizem
ser o provável sucessor de Jerónimo de Sousa à frente do PC) saibam o que
foi o sistema do GULAG (campos de
concentração soviéticos), ou Manuel Tiago, ex-deputado
comunista, compreenda a ignorância que revela ao negar as grandes fomes
na URSS como o Holodomor. A propósito, uma das muitas
semelhanças entre comunistas e nazis consiste precisamente na negação das
páginas mais negras desses regimes totalitários.
O estudo é tanto mais urgente,
porque essas ideias são defendidas pela nova geração que irá suceder a Jerónimo
de Sousa e à velha guarda à frente do Partido Comunista Português.
A
renovação do PCP passa igualmente pela condenação de ditaduras como a Coreia do Norte, China, Venezuela, Nicarágua ou
de regimes autoritários como o de Vladimir Putin, na Rússia, ou de Alexandre
Lukachenko, na Bielorrússia.
Claro
que a perda de votos no PCP se deve, em medida significativa, à mudança de
gerações. Na era dos computadores e da internet, é muito mais difícil convencer
os jovens a lutar por ideologias obsoletas, por regimes autoritários.
Ainda resta a influência do PCP
nas estruturas sindicais, mas esta também está a descer.
Por enquanto, este partido ainda
tem utilidade como “muleta” do Governo de António Costa, mas isso não contribui
para o aumento da popularidade dos comunistas e é uma das razões do seu
enfraquecimento.
Se
os dirigentes do PCP continuarem a ser consequentes, pois bem, andarão de
“vitória” em “vitória” até à derrota final. Será motivo para dizer: “Boa
viagem!”
PCP POLÍTICA AUTÁRQUICAS
2021 ELEIÇÕES
COMENTÁRIOS:
Ricardo Nunes: Na realidade é precisamente o
contrário, como o demonstram as lavagens cerebrais desde o circo covid ao circo
do "aquecimento global" renomeado de alterações climáticas para lá
caber tudo, passando pelos movimentos fascistas do BLM entre outras preciosidades.
Pedro Pedreiro:Já ontem aqui escrevi, com o renovar de gerações o PCP tornar-se-á
obsoleto. E agora com o aparecimento do IL, também os jovens começam a perceber que
afinal o BE se resume a Doutrinação (hipócrita por sinal) e não à defesa das
Liberdades Individuais como o IL tão bem o faz. Agora só falta o BE perder o
palco desmesurado e desproporcional que tem na CS e em breve também passará à
História. Abaixo os iliberais. Comunismo ou Liberdade!
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