terça-feira, 28 de setembro de 2021

Parafraseando Marco Paulo


Resposta de Jerónimo de Sousa a Paulo Tunhas, com idêntico poder vocal do cantor, mesmo que seja de empréstimo, por deferência do cantor: Ora essa!

«Ninguém, ninguém
Poderá mudar o mundo
Ninguém, ninguém
É mais forte que o amor
Ninguém, ninguém, ninguém

Acertaram sem saber que uma paixão
Anda agora dentro do meu coração
Desta vez podem dizer seja o que for mas isto agora é mesmo amor

De quem fui? E de quem sou? Onde vou?
Só eu sei mais ninguém sabe (Ninguém)
Sim ou não quem me dá a razão para tudo o que acontece (Ninguém)
Se te quero afinal bem ou mal ninguém nos vai separar (Ninguém)
Deixa lá que ninguém mudará este amor que me pertence (Ninguém)»

 

De “vitória” em “vitória” até à derrota final /premium

A perda de votos no PCP deve-se, em medida significativa, à mudança de gerações. Na era dos computadores e da internet, é muito mais difícil convencer os jovens a lutar por ideologias obsoletas.

PAULO TUNHAS

OBSERVADOR, 28 set 2021

O Partido Comunista Português não tira conclusões nem dos seus erros e fracassos, nem das forças políticas “irmãs” nas várias regiões do mundo. Por isso encontra-se em vias de extinção cada vez mais rápida. Mas como qualquer bom conselho que se possa dar é interpretado como “provocação burguesa”, que continuem a ser “consequentes” na sua cegueira ideológica.

O dirigente comunista Jerónimo de Sousa, na noite das eleições autárquicas, reconheceu que a Coligação Democrática Unitária, formada pelo PCP e PEV, “ficou aquém dos objectivos colocados” e que, por isso, tem “muito para avaliar”. Para ajudar nessa avaliação, deixo aqui algumas “provocações burguesas” sem esperar que haja uma resposta positiva a elas.

O fim da frente mais bem-sucedida

As autarquias eram uma das últimas frentes de combate mais bem-sucedidas até 2017, ano em que começou o descalabro com a perda de numerosas câmaras, tendo a queda sido menor, mas não menos importante nas eleições de Domingo passado. Os exemplos das derrotas em Almada, Loures, Mora, Montemor-o-Novo, Moita, etc., são o melhor exemplo disso. As autárquicas da CDU deixaram de ser exemplares.

Na próxima vez será ainda pior se o PCP não fizer mudanças radicais na sua ideologia e actividade política, pois o tempo passa rapidamente e os comunistas portugueses continuam a ser consequentes (isto na linguagem deles, porque, na realidade trata-se de miopia e teimosia ideológica).

Se o PCP quiser sobreviver tem de se transformar de partido de extrema-esquerda em força política da esquerda democrática, mas duvido que isso aconteça por várias razões.

Os comunistas portugueses deveriam abandonar completamente o chamado marxismo-leninismo-estalinista, teoria que falhou, falha e falhará em todos os países onde foi, é e será aplicada. A sociedade moderna já não pode ser lida à luz de ideias elaboradas no século XIX e princípio do século XX.  Por exemplo, tem de reformar (no sentido da segurança social e não política) “ideólogos” como o líder histórico Albano Nunes, que defende que “o capitalismo tem de ser derrubado pela força”.

O PCP teria de pôr de lado a sua posição negativa face a realidades como a União Europeia e a NATO, reconhecer a evidência de que a integração europeia teve e tem resultados mais positivos do que negativos para Portugal.

Será também imprescindível reconhecer que as experiências soviética e outras de construção do socialismo e do comunismo fracassaram e fracassam porque se baseavam e baseiam na ditadura de um partido único e na ausência dos mais elementares direitos humanos. O extermínio de classes sociais inteiras não conduz à igualdade, mas à formação de uma sociedade formada pela “nobreza” (nomenclatura) comunista, que se representa a si própria, e pelos servos desse grupo social que não têm qualquer influência nas estruturas do poder; a liquidação de toda e qualquer força política de oposição conduz à estagnação em todos os sectores da sociedade.

Neste contexto, recomenda-se o estudo aprofundado das páginas mais sangrentas da história do comunismo para que jovens comunistas responsáveis, como Rita Rato (directora do Museu do Aljube Resistência e Liberdade) ou João Ferreira (que dizem ser o provável sucessor de Jerónimo de Sousa à frente do PC) saibam o que foi o sistema do GULAG (campos de concentração soviéticos), ou Manuel Tiago, ex-deputado comunista, compreenda a ignorância que revela ao negar as grandes fomes na URSS como o Holodomor. A propósito, uma das muitas semelhanças entre comunistas e nazis consiste precisamente na negação das páginas mais negras desses regimes totalitários.

O estudo é tanto mais urgente, porque essas ideias são defendidas pela nova geração que irá suceder a Jerónimo de Sousa e à velha guarda à frente do Partido Comunista Português.

A renovação do PCP passa igualmente pela condenação de ditaduras como a Coreia do Norte, China, Venezuela, Nicarágua ou de regimes autoritários como o de Vladimir Putin, na Rússia, ou de Alexandre Lukachenko, na Bielorrússia.

Claro que a perda de votos no PCP se deve, em medida significativa, à mudança de gerações. Na era dos computadores e da internet, é muito mais difícil convencer os jovens a lutar por ideologias obsoletas, por regimes autoritários.

Ainda resta a influência do PCP nas estruturas sindicais, mas esta também está a descer.

Por enquanto, este partido ainda tem utilidade como “muleta” do Governo de António Costa, mas isso não contribui para o aumento da popularidade dos comunistas e é uma das razões do seu enfraquecimento.

Se os dirigentes do PCP continuarem a ser consequentes, pois bem, andarão de “vitória” em “vitória” até à derrota final. Será motivo para dizer: “Boa viagem!”

PCP  POLÍTICA  AUTÁRQUICAS 2021  ELEIÇÕES

COMENTÁRIOS:

Ricardo Nunes: Na realidade é precisamente o contrário, como o demonstram as lavagens cerebrais desde o circo covid ao circo do "aquecimento global" renomeado de alterações climáticas para lá caber tudo, passando pelos movimentos fascistas do BLM entre outras preciosidades.

Pedro Pedreiro:Já ontem aqui escrevi, com o renovar de gerações o PCP tornar-se-á obsoleto.  E agora com o aparecimento do IL, também os jovens começam a perceber que afinal o BE se resume a Doutrinação (hipócrita por sinal) e não à defesa das Liberdades Individuais como o IL tão bem o faz. Agora só falta o BE perder o palco desmesurado e desproporcional que tem na CS e em breve também passará à História. Abaixo os iliberais. Comunismo ou Liberdade!

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