Pelo povo húngaro e a sua odisseia
histórica. Pelo P. Gonçalo
Portocarrero de Almada, que sempre gostamos de ler, nas suas afirmações ditadas
por uma informação honesta e serena, nem sempre atendida, naturalmente, e
sobretudo pelos que ironicamente se lhe opõem na visão ideológica, entre a
centena de comentadores que o texto mereceu. Agradeço o texto, como outros o
fizeram, alinhando no pensamento.
O Calvário Húngaro /premium
A Hungria logrou ultrapassar 150 anos
de dominação otomana e mais de 40 anos de ditadura comunista. Conseguirá vencer
os lobbys que, na Europa, atentam contra a sua identidade cristã?
P. GONÇALO
PORTOCARRERO DE ALMADA
OBSERVADOR, 11 set
2021
A
Hungria recebe amanhã, dia 12, a visita do Papa Francisco, que vai presidir à
solene Missa com que se encerra o Congresso Eucarístico Internacional, que está
a decorrer em Budapeste. Por isso, nestes dias, todos os católicos estão
especialmente unidos ao Papa e à mártir nação húngara que, depois de mais de
quatro décadas de dominação soviética, sofre agora as investidas do lobby LGBT.
O
primeiro-ministro dos Países Baixos chegou a sugerir que, por causa da lei
húngara que proíbe a pedofilia e a propaganda LGBT a menores, a Hungria saia da
União Europeia. O chefe do
governo do Luxemburgo, ao mesmo tempo que afirmava que “na nossa União não há
lugar para o ódio, nem para a intolerância ou a discriminação”, afirmava o seu
ódio anti-húngaro, bem como a sua intolerância e discriminação em relação aos
princípios da moral cristã. A Hungria conta, porém, com o apoio da
Polónia, um país cristão que igualmente sofreu o domínio
soviético, de que, a finais do século passado, se libertou, graças à acção heroica
de, entre outros, o Cardeal Stefan Wyszýnski, Primaz da Polónia, que o Papa
Francisco amanhã beatificará.
Santo
Estêvão foi o primeiro Rei da Hungria e,
segundo uma piedosa lenda, recebeu
do Papa Silvestre II uma coroa real, que tem a particularidade de ter, no seu
topo, um crucifixo que ficou, por um fortuito acidente, inclinado. A coroação com essa insígnia real não era meramente
simbólica: só depois de imposta a santa coroa é que o pretendente ao trono se
tornava, juridicamente, rei. Logo
que cessou a dominação soviética e a nação magiar recuperou a independência e
liberdade, retomou este
símbolo nacional, não obstante a Hungria ser uma república.
Em
Fátima, a Via Sacra termina, precisamente, na Capela de Santo Estêvão, mais
conhecida por Calvário Húngaro. As 15 estações e a capela foram oferecidas pelos
católicos húngaros refugiados no Ocidente.
Por ocasião do cinquentenário do Calvário Húngaro, o Primaz da Hungria, Cardeal
Péter Erdö, disse: “Fátima é de facto um santuário importantíssimo para a
nação húngara, símbolo da divina providência e da intercessão de Nossa Senhora
também pelo nosso povo. Esta devoção manifestou-se também através da construção
do Calvário Húngaro, com a bela capela que é próxima ao coração dos húngaros
que vivem na Hungria, ou em qualquer parte do mundo”.
A
história da Hungria foi, de facto, um autêntico calvário. De 1541 a 1699,
sofreu o domínio otomano. Em 1920, em virtude do Tratado de Trianon, perdeu 71%
do seu território e 58% da sua população. A sua adesão ao Eixo, durante a
segunda Guerra Mundial, teve consequências dramáticas: ficou integrada na zona
soviética, de que se libertou em 1989. Só então recuperou a sua independência
política e liberdade religiosa.
Em
1956, a Hungria foi protagonista de uma frustrada tentativa de libertação. Com
efeito, os sectores mais democráticos da sociedade magiar promoveram uma
insurreição nacional, na tentativa de se libertarem do jugo comunista, sob a
tutela moral do Cardeal József Mindszenty, cujo nome foi dado ao Calvário
Húngaro, em Fátima. A
intervenção do Primaz da Hungria nesse movimento político explica-se pelo facto
de, segundo as tradições magiares, na ausência do legítimo monarca, caber a
regência do reino à mais alta dignidade eclesiástica nacional. Devido à
invasão da Hungria pelo exército soviético e à passividade da comunidade
internacional, frustrou-se esta tentativa de restauração da independência e da
liberdade húngaras.
O
Cardeal József Mindszenty, cujo processo de canonização está em curso, é, para
além de um grande confessor da fé, um exemplo de heroica resistência à tirania. Como jovem sacerdote, tinha feito uma opção
pastoral pelos mais pobres, nomeadamente a comunidade cigana. Ainda antes de
ser nomeado bispo, foi preso pelo regime comunista de Bela Kun, em 1919. Depois
de ter ajudado inúmeros judeus a fugir dos nazis, voltou a ser detido em 1944 e
45, pelo governo nacional-socialista.
A 2 de Janeiro de 1949, Mindszenty foi
de novo encarcerado, desta feita pelo regime comunista húngaro, sendo libertado
em 1956, durante a insurreição popular. Dado o fracasso desta revolta, viu-se
obrigado a refugiar-se na Embaixada dos Estados Unidos da América em Budapeste,
onde permaneceu até 1971, data em que foi autorizado a exilar-se em Roma, na
condição de renunciar à sua sede arquiepiscopal, a que acedeu. Nessa ocasião, disse: “A pretensão de construir um mundo sem Deus será sempre
ilusória; e isso levará somente ao reforço e união da Igreja com o povo e com
todos os que sofrem. Só os que têm medo da verdade temem a Cristo”. Foi impedido, pelo regime comunista do seu país, de
participar nos conclaves que elegeram os Papas São João XXIII e São Paulo VI. Viria a falecer em Viena, a 6 de Maio de 1975.
São
João Paulo II, outro grande herói da resistência contra os totalitarismos nazi e
comunista, disse, a 24 de Outubro de 2002, que o Cardeal József Mindszenty, de
“venerada memória”, é um modelo a ser seguido pelos católicos húngaros, por ter
sido uma “verdadeira testemunha da fé durante a perseguição do regime
comunista”.
Da mesma forma como a Hungria logrou
ultrapassar cento e cinquenta anos de dominação otomana e quase meio século de
ditadura comunista, é de crer que também conseguirá resistir aos ataques dos lobbys
que, na Europa comunitária, querem impor a agenda LGBT, que contradiz a sua
tradição cultural e religiosa e a sua identidade nacional.
Portugal
tem uma remota relação com a Hungria, por via da Rainha Santa Isabel, cuja avó paterna era filha do Rei André II da Hungria
e irmã de Santa Isabel da Hungria, a quem também se atribui o milagre das
rosas. É também digna
de nota a presença, no nosso país, de húngaros que aqui se exilaram e
distinguiram pela sua virtude e saber, como o Padre Luís Kondor, devotíssimo de Nossa Senhora de Fátima, promotor da construção do Calvário Húngaro e principal
impulsionador da canonização dos pastorinhos, bem como o Professor Doutor Luís de Pape, primeiro doutorado, a
nível mundial, em reumatologia, e precursor desta especialidade clínica em
Portugal.
Que Nossa Senhora, Rainha e Padroeira
de Portugal, que também o é da Hungria, proteja este país, agora abençoado com
a visita do Papa Francisco, para que seja, nesta descristianizada Europa, o que
foi a católica Polónia para os países da cortina de ferro: o motor de ignição
de uma nova cruzada pela verdadeira liberdade, porque “foi para a liberdade que
Cristo nos libertou” (Gl 5, 1).
HUNGRIA MUNDO PAPA
FRANCISCO IGREJA
CATÓLICA RELIGIÃO SOCIEDADE
Antonio Mendes: O senhor Padre esqueceu S. António, que os Húngaros também reclamam como
seu. Mas sobretudo esquece que o regime proto-fascista de Orban usa a questão
LGBT e os ataques a Soros para esconder a sua verdadeira agenda. É uma vergonha
que alguma igreja portuguesa não tenha aprendido nada com o que se passou no
início do século XX. Laurentino
Cerdeira: Deus o ouça,
Reverendo Padre! Carminda
Damiao: Felizmente
ainda temos, na Europa, países que defendem a saúde mental das crianças.
Parabéns à Hungria. Luís
Barreto: É um claro
exagero comparar o domínio otomano ou soviético a uma pressão internacional por
causa de uma lei interna. O senhor padre, não obstante a inteligência e a
qualidade da argumentação é, com todas as letras, um melodramático! Aposto que
vê novelas às escondidas. Dito isto, tive a enorme felicidade de viver em
Budapeste durante um ano e pouco, há cerca de 20 anos. O povo húngaro é bonito,
caloroso, sensato e inteligente. Interessa-se muito mais pela cultura que o
português. Despreza qb a política e desconfia dos políticos, internos e
externos. No tempo que lá vivi, havia uma espécie de revolução sexual em curso:
a Hungria tinha uma indústria pornográfica florescente (a Cicciolina é
húngara) e havia oferta de tudo e mais alguma coisa nos bas-fonds das
cidades, além de uma liberalização de costumes bastante acentuada. Suponho que
as pessoas se fartaram… Em todo o caso, a lei em causa, apesar de todo o
barulho e poeira à volta, não é virada contra a homossexualidade nem a tem como
tema principal. Visa, essencialmente, a não exposição de menores a conteúdos sexuais
explícitos e a repressão da pedofilia. Foi referendada e aprovada por mais de 50%
dos votantes. É um problema de soberania interna. A UE está a fazer figura de
urso nesta questão. Fernando
Soares Loja: A Hungria é um exemplo de resistência à destruição da soberania dos estados
membros da UE pela própria UE. Deixem a Hungria em paz, respeitem a sua soberania,
demonstrem ser tolerantes (que afirmam ser mas não são). A UE e os EUA são governados por
incompetentes. Ricardo
Ferreira: Nunca li
tanto disparate... este homem nunca leu os ensinamentos de Cristo, pertence a
outra seita... Portanto deixemos a Hungria atentar contra direitos individuais
e lutemos em cruzada contra o inimigo luxemburguês e holandês (portanto
conhecidas ditaduras da nossa praça e 2 países subdesenvolvidos). São estas
pessoas cegas que pertencem à igreja católica que conduzirão a sua extinção na
Europa... em décadas teremos apenas igreja católica nos países pobres e iletrados.
Sr padre da minha parte sinto-me muito satisfeito porque todos os dias me deito
e levanto num país em que respeitamos os direitos dos outros e sei que os meus
filhos continuarão a viver nesse país: Portugal. Se calhar quem não está
satisfeito pode mudar-se para a Hungria! E levar o chega e essa gente toda, já
que em Portugal nunca terão hipótese de retrocesso que aconteceu na Hungria.
Lamento por todos vós. Lembrem-se só do que dizia Cristo: "amai-vos uns
aos outros como eu vos amei" Pedro Pedreiro > Ricardo Ferreira: Mas você acharia bem o seu filho ter
numa aula de Cidadania um vídeo da Marisa Matias a doutrinar sobre identidade
de género? Eu não aceitaria tamanha idiotice. Coronavirus corona > Ricardo Ferreira: Este é o típico comentário da pessoa
doutrinada: não esboça um único argumento; apenas gesticula contra o artigo de
opinião pelo facto de ir contra a opinião inconsciente que tem dentro de si.
Pense porque tem essa opinião,
porque não a consegue sustentar com argumentos e porque é que o seu escândalo
não se alicerça a nada em concreto. Talvez aí perceba que é o produto acabado
da propaganda estatal. Filipe
Costa: A Hungria
está no bom caminho Gustavo
Ferreira: Qualquer
opinião, sobre qualquer assunto, que o P. Portocarrero de Almada exponha, à
partida é vilipendiada por 95% dos democratas e intelectuais da nossa praça…
Ora algumas feições da moderna sexualidade, que tocam aspectos da educação de
crianças e adolescentes, não são aceites pelo governo húngaro. Sendo assim,
este governo só poderia ser atacado pela progressista e decadente U.E. que é
hiperliberal na abordagem dos costumes. As teorias acerca do movimento LGBTI
devem ser analisadas, estudadas, compreendidas e, de qualquer modo, os seus
seguidores deverão ter a mais completa liberdade para viverem a sua feliz
ventura, dentro do âmbito das leis, sem provocações nem escândalos. Parte-se do
princípio que se trata de opões, feitas por pessoas que podem arcar, em
definitivo, com as respectivas responsabilidades. Julgo que é diferente querer
doutrinar estes princípios a jovens menores, e por vezes desde tenra idade, que
não estão psicológica nem fisiologicamente capazes de discernir com sensatez
aspectos tão fundamentais da vida. Se o governo húngaro, eleito
democraticamente e por isso aceite no seio da U.E., entende que as crianças e
adolescente do seu país não devem ser precocemente arregimentados com este tipo
de ensinamentos - que parecem reduzir-se a mera propaganda - que têm as outras
nações a ver com isso? Às crianças subsiste o direito de acolherem certos
conceitos que podem ser deturpados ou falseados pela sua natural imaturidade?
Julgo que é isto que está em causa. Pedro Pedreiro > Gustavo Ferreira: Sim. Uma coisa é cada um ser feliz
como é, direito básico, uma não questão. Outra coisa é propaganda e
"orgulho gay". Isso aí já me parece subversão. José Miranda: A Hungria quer ser livre.
A União
Europeia quer ser politicamente correcta. Não manifesta determinação em nada,
com excepção da agenda LGBT. A Polónia é atacada, entre outras questões, por criar
um órgão para julgar juízes. Será que isso é um retrocesso? Veja-se o caso do juiz Ivo Rosa, que
faz impunemente o que lhe apetece. A última diz respeito aos terroristas
iraquianos. Amandio
Oliveira: Boa exposição
sobre o calvário húngaro..., que continua! Desta vez contra a União Socialista
Soviética Europeia com sede em Bruxelas e mascarada de democrata, como é típico
por quem defende o totalitarismo ideológico e mental! E por cá? Quando será que os portugueses
ganham coragem e dizem CHEGA a tanta corrupção, impunidade e pobreza Rui Lima: A Hungria tem sucesso económico e o
cidadão médio gosta do regime, a promoção e publicidade de certas práticas só é
possível depois do 18 anos todos os pais concordam ,depois não querem ter
certas minorias viram os atentados do ocidente será uma minoria que é perigosa
mas eles jogam pelo seguro . Manuel
Arriaga: Obrigado,
Padre GPA, por tão excelente artigo que elucida bem o heroísmo desse povo em
contraste com a loucura que grassa pela Europa e ocidente em geral...
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