domingo, 26 de setembro de 2021

Eu gostei do texto


Não só por ser atento à vida, como por, partindo dela, defender um ponto de vista que me parece correcto. O dever de votar! Faz parte do conceito de cidadania. Não entendi a razão dos comentários impregnados do tal ódio, o mesmo que Sofia Madureira, Psicóloga Clínica, com firmeza e realismo descreve, afinal. É caso para se dizer: Acertou na mouche!

Dever

Mais do que indiferença, a abstenção é a silenciosa anuência ao que quer que seja. Ao mal também. Se não votar apesar de ter esse direito, vote porque é o seu dever.

SOFIA MADUREIRA, Psicóloga Clínica, Neuropsicóloga Investigadora IMM/FML

OBSERVADOR, 25 set 2021

Estamos em Setembro. No centro de Lisboa, sentada na esplanada de um café de bairro dos anos 70, ali entre a Casa da Moeda e o Campo Pequeno, observo. É terça-feira. A vida agita-se no seu regresso à normalidade: os estafetas cruzam as ruas de moto, bicicleta ou trotineta eléctricas numa gincana entre ciclovias, passeios, passadeiras e transeuntes. Visto daqui, parece um bailado silencioso, complexo e cosmopolita.

De repente, do lado oposto da rua, um homem grita: “Filho da p*! Vai para a tua terra. Nós é que somos de Lisboa. Nós é que devemos estar aqui. Isto é nosso! Seu cab*, filho da p*! Dou-te uma facada se te apanho no Bairro Alto! Vai p’rá tua terra! Por isso é que é preciso votar no *, para acabar com esta gente! Era um tiro nos cor*!” A ameaça é dirigida ao estafeta que passou por ele sem aviso no momento em que o homem, jovem, grande e sólido de culturismo e esteróides, se preparava para atravessar a rua. Tarefa difícil, na verdade, uma vez que entre o passeio de um lado e o lancil do outro, tem de se atravessar o estacionamento para os carros, a ciclovia e a estrada. Quando se o faz fora da passadeira aumenta o nível de dificuldade. O estafeta seguiu, sem olhar. O homem ficou no mesmo sítio, ainda mais inchado de ódio, dono da rua, da cidade, do país. Os impropérios continuaram, já sem o motivo, repetidos em círculo, cada vez mais alto, acompanhado de gestos, de passos em frente e recuos. Já não lhe interessava o outro lado da rua. A máscara no queixo, a raiva a sair pelos olhos, as palavras atiradas como mísseis sem querer saber em quem acerta. O discurso de ódio agora politicamente legitimado e normalizado pela extrema-direita, pelas redes sociais, pelas caixas de comentários anónimos.

O que nos leva a normalizar o discurso de ódio? Ou melhor, os discursos de ódios vertidos nesta ou naquela direcção e de origens distintas? Ódios transversais ou tribalizantes, legitimados pelas extremas-direitas ou extremas-esquerdas, e ao abrigo das religiões ou de interpretações religiosas radicais, ou multiculturalmente justificados. A dessensibilização. Quanto mais vezes estivermos perante um acontecimento estranho, menos estranheza o acontecimento nos provocará. A repetição de um comportamento acaba por torná-lo aceitável. Regular. Normal. O que inicialmente nos repugna banaliza-se. A banalidade do mal, como referia Hannah Arendt, cresce na ausência de pensamento, de crítica e propaga-se pela trivialização do ódio e da violência. Cresce onde lhe é dado espaço. A abstenção também faz parte desse espaço: é o lugar omisso onde tudo cresce. Mais do que indiferença a abstenção é a silenciosa anuência ao que quer que seja. Ao mal também. Se não votar apesar de ter esse direito, vote porque é o seu dever.

EXTREMISMO  SOCIEDADE  ELEIÇÕES  POLÍTICA  AUTÁRQUICAS 2021  COMPORTAMENTO

COMENTÁRIOS:

Jorge Carvalho: Nesta altura em que está proibida a propaganda eleitoral, vem esta criatura sub-repticiamente influenciar a não votar no Chega. Vá dar banho ao cão.                 BatteringRam EU: Quem votar ou é partidocrata, ou avençado/corrupto ou idiota útil. Votar em partidocracias é eleger e apoiar o mal, é ser cúmplice de partidocratas mafiosos ao serviço de uma organização estrangeira mafiosa sediada em Bruxelas, é conceder poder e garantir enriquecimento a mafiosos às custas dos contribuintes portugueses, aliás, os contribuintes portugueses antes de nascerem já têm a vida penhorada devido a esses partidocratas e a quem neles votou. Se houver um voto para terminar com a partidocracia mafiosa, terminar com todos os partidos sem excepção, para terminar com a república assassina(regicida) e a errata democracia de nascença, eu voto.     Mestre Nhaga: Em dia de reflexão não é lícito apelar ao voto em A nem ao voto contra B! Além do mais, tudo leva a crer que a história está romanceada. Psicologia da treta!         Simplesmente Maria: Então Observador? Em véspera de eleições não há censura à vossa cronista em plena campanha eleitoral?         Jose Castro: Sem ódio não há amor, quem ama algo odeia o seu oposto. “Discurso de ódio” para uns é “discurso de amor” para outros. O que a esquerda considera “ódio” é para mim irrelevante. Quem defende coisas como o aborto ou eutanásia não tem como dar lições de moral. Depois votar é legitimar este sistema atroz que nos vai levar à extinção por substituição demográfica em poucas décadas. Não é possível resolver isso com democracia.           Carlos Quartel: Com textos destes é que se perde a credibilidade. Manobra primária, associando um anormal qualquer a um partido, pede descaradamente o voto anti- V, Bem se dispensava, semelhante descaramento ...           Pedro Sousa : Discordo, abstenção é dar menos legitimidade a um tipo de sistema que apenas serve uma parte da população. Só com uma taxa de abstenção elevadíssima haverá mobilização para mudar algo.          João Floriano: Achando que estava a ser civicamente correcto (não riam mas os simpatizantes do CHEGA sabem o que isso significa tanto como os dos outros partidos) tinha prometido a mim mesmo não tocar no assunto na véspera de eleições. Mas eis que a Sofia se sai com esta pérola de crónica. Censurável a todos os títulos pela maneira como influencia os indecisos na votação, o que a Sofia quer dizer é que votar é um dever desde que não votemos no CHEGA. Acredito que a Sofia passou pelas brasas numa qualquer esplanada aí junto à Casa da Moeda (belo sítio para se morar) e sonhou. Depois quando abriu os olhos confundiu sonho e realidade. E já agora se a Sofia se permite, eu também mando às urtigas a correcção cívica: Eu voto CHEGA porque estou farto disto tudo inclusive de crónicas mal enjorcadas e fabricadas a martelo como a que publicou hoje. A Sofia consegue fazer muito melhor.          bento guerra: Que mediocridade ovina              Meio Vazio: Raciocínio pouco consistente, ademais embrulhado em clichés literários risíveis, metendo à martelada nas suas premissas o pensamento de alguém - de quem grafa mal o nome, aliás- que o não merecia. Contrariar a abstenção será promover o "amor"? A história não o confirma.

 

Nenhum comentário: