Não só por ser
atento à vida, como por, partindo dela, defender um ponto de vista que me
parece correcto. O dever de votar! Faz parte do conceito de cidadania. Não entendi a razão dos comentários impregnados do tal ódio, o mesmo
que Sofia Madureira, Psicóloga Clínica, com firmeza e realismo descreve, afinal. É caso para
se dizer: Acertou na mouche!
Dever
Mais do que indiferença, a abstenção é
a silenciosa anuência ao que quer que seja. Ao mal também. Se não votar apesar
de ter esse direito, vote porque é o seu dever.
SOFIA MADUREIRA, Psicóloga
Clínica, Neuropsicóloga Investigadora IMM/FML
OBSERVADOR, 25 set
2021
Estamos
em Setembro. No centro de Lisboa, sentada na esplanada de um café de bairro dos
anos 70, ali entre a Casa da Moeda e o Campo Pequeno, observo. É terça-feira. A
vida agita-se no seu regresso à normalidade: os estafetas cruzam as ruas de
moto, bicicleta ou trotineta eléctricas numa gincana entre ciclovias, passeios,
passadeiras e transeuntes. Visto daqui, parece um bailado silencioso, complexo
e cosmopolita.
De
repente, do lado oposto da rua, um homem grita: “Filho da p*! Vai para a tua
terra. Nós é que somos de Lisboa. Nós é que devemos estar aqui. Isto é nosso!
Seu cab*, filho da p*! Dou-te uma facada se te apanho no Bairro Alto! Vai p’rá
tua terra! Por isso é que é preciso votar no *, para acabar com esta gente! Era
um tiro nos cor*!” A ameaça é dirigida ao estafeta que passou por ele sem aviso
no momento em que o homem, jovem, grande e sólido de culturismo e esteróides,
se preparava para atravessar a rua. Tarefa difícil, na verdade, uma vez que
entre o passeio de um lado e o lancil do outro, tem de se atravessar o estacionamento
para os carros, a ciclovia e a estrada. Quando se o faz fora da passadeira
aumenta o nível de dificuldade. O estafeta seguiu, sem olhar. O homem ficou no
mesmo sítio, ainda mais inchado de ódio, dono da rua, da cidade, do país. Os
impropérios continuaram, já sem o motivo, repetidos em círculo, cada vez mais
alto, acompanhado de gestos, de passos em frente e recuos. Já não lhe
interessava o outro lado da rua. A máscara no queixo, a raiva a sair pelos
olhos, as palavras atiradas como mísseis sem querer saber em quem acerta. O
discurso de ódio agora politicamente legitimado e normalizado pela extrema-direita,
pelas redes sociais, pelas caixas de comentários anónimos.
O
que nos leva a normalizar o discurso de ódio? Ou melhor, os discursos de ódios
vertidos nesta ou naquela direcção e de origens distintas? Ódios transversais
ou tribalizantes, legitimados pelas extremas-direitas ou extremas-esquerdas, e
ao abrigo das religiões ou de interpretações religiosas radicais, ou
multiculturalmente justificados. A dessensibilização. Quanto mais vezes
estivermos perante um acontecimento estranho, menos estranheza o acontecimento
nos provocará. A repetição de um comportamento acaba por torná-lo aceitável.
Regular. Normal. O que inicialmente nos repugna banaliza-se. A banalidade do mal, como referia Hannah Arendt,
cresce na ausência de pensamento, de crítica e propaga-se pela trivialização do
ódio e da violência. Cresce onde lhe é dado espaço. A abstenção também faz
parte desse espaço: é o lugar omisso onde tudo cresce. Mais do que indiferença
a abstenção é a silenciosa anuência ao que quer que seja. Ao mal também. Se não
votar apesar de ter esse direito, vote porque é o seu dever.
EXTREMISMO SOCIEDADE ELEIÇÕES POLÍTICA AUTÁRQUICAS
2021 COMPORTAMENTO
COMENTÁRIOS:
Jorge Carvalho:
Nesta altura em
que está proibida a propaganda eleitoral, vem esta criatura sub-repticiamente
influenciar a não votar no Chega. Vá dar banho ao cão. BatteringRam EU: Quem votar ou é partidocrata,
ou avençado/corrupto ou idiota útil. Votar em partidocracias é eleger e apoiar
o mal, é ser cúmplice de partidocratas mafiosos ao serviço de uma organização
estrangeira mafiosa sediada em Bruxelas, é conceder poder e garantir
enriquecimento a mafiosos às custas dos contribuintes portugueses, aliás, os
contribuintes portugueses antes de nascerem já têm a vida penhorada devido a
esses partidocratas e a quem neles votou. Se houver um voto para terminar com a
partidocracia mafiosa, terminar com todos os partidos sem excepção, para
terminar com a república assassina(regicida) e a errata democracia de nascença,
eu voto. Mestre Nhaga: Em dia de reflexão não é lícito
apelar ao voto em A nem ao voto contra B! Além do mais, tudo leva a crer que a
história está romanceada. Psicologia da treta! Simplesmente Maria: Então Observador? Em véspera de
eleições não há censura à vossa cronista em plena campanha eleitoral? Jose Castro: Sem ódio não há amor, quem ama
algo odeia o seu oposto. “Discurso de ódio” para uns é “discurso de amor” para
outros. O que a esquerda considera “ódio” é para mim irrelevante. Quem defende
coisas como o aborto ou eutanásia não tem como dar lições de moral. Depois votar é legitimar este
sistema atroz que nos vai levar à extinção por substituição demográfica em
poucas décadas. Não é possível resolver isso com democracia. Carlos Quartel: Com textos destes é que se
perde a credibilidade. Manobra primária, associando um anormal qualquer a um
partido, pede descaradamente o voto anti- V, Bem se dispensava, semelhante
descaramento ... Pedro
Sousa : Discordo,
abstenção é dar menos legitimidade a um tipo de sistema que apenas serve uma
parte da população. Só com uma taxa de abstenção elevadíssima haverá mobilização
para mudar algo. João
Floriano: Achando que estava
a ser civicamente correcto (não riam mas os simpatizantes do CHEGA sabem o que
isso significa tanto como os dos outros partidos) tinha prometido a mim mesmo
não tocar no assunto na véspera de eleições. Mas eis que a Sofia se sai com esta
pérola de crónica. Censurável a todos os títulos pela maneira como influencia
os indecisos na votação, o que a Sofia quer dizer é que votar é um dever desde
que não votemos no CHEGA. Acredito que a Sofia passou pelas brasas numa
qualquer esplanada aí junto à Casa da Moeda (belo sítio para se morar) e
sonhou. Depois quando abriu os olhos confundiu sonho e realidade. E já agora se
a Sofia se permite, eu também mando às urtigas a correcção cívica: Eu voto
CHEGA porque estou farto disto tudo inclusive de crónicas mal enjorcadas e
fabricadas a martelo como a que publicou hoje. A Sofia consegue fazer muito
melhor. bento
guerra: Que mediocridade
ovina Meio
Vazio: Raciocínio pouco
consistente, ademais embrulhado em clichés literários risíveis, metendo à
martelada nas suas premissas o pensamento de alguém - de quem grafa mal o nome,
aliás- que o não merecia. Contrariar a abstenção será promover o
"amor"? A história não o confirma.
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