A ambliopia que o Dr. Salles diz que tem
- e que segundo leio na Internet é uma doença comum nestes tempos de
aparelhagem electrónica destruidora da sanidade ocular (e auditiva), pelo menos,
de que nos vamos queixando, presos repetidamente ao assento da leitura e da
escrita do nosso prazer mental – a ambliopia não lhe retirou o gosto pela graça
irónica e pela escolha de temas para nosso enriquecimento interior. Na realidade,
aproveitar-se de um patrono célebre de uma ordem religiosa, que confessou
pecados para gradualmente propor doutrina – eu tive o livro “Confessions” de
Saint Augustin, de que só li a parte inicial, a dos pecados e travessuras, a
doutrina seguinte sendo demasiado árida para a minha – então – tendência para o
lado da travessura – dizia eu que, aproveitar-se de um pecador que foi santo,
para propor doutrina e fazer humor sobre o pobre do Salazar, que era recatado e
parco por dever de ofício – de salvação, também – de uma pátria mesquinha e
arruinada por carência de orientação – é obra. Por mim, reconhecendo-lhe o
rigor – justificável – da actuação – admirarei sempre Salazar, talvez porque
não tivesse tido a experiência da sardinha assada para quatro, embora me lembre
da minha avó paterna a comer uma sardinha assada num naco de broa – e com que
prazer o fazia! Não fora Salazar e talvez já nem existíssemos como nação, numa
Europa que ainda não estava unificada para distribuir, democraticamente, os
dinheiros do seu esforço, pelos da lei do menor esforço.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 27.09.21
Hoje, refiro-me a Salazar, a Santo
Agostinho e ao Capitão Agostinho Lourenço.
Tudo começou numa conversa com Luís Soares de Oliveira que referiu
a sua tese de que Salazar era devoto de Santo Agostinho ao que eu, algo
humoradamente, repliquei com o envolvimento do outro Agostinho no secularismo
do «nosso» autocrata.
O Luís Soares de Oliveira ficou de me enviar a sua tese mas, entretanto, eu fui
procurar saber mais alguma coisa sobre Santo Agostinho para tentar descortinar
a razão da devoção de Salazar.
E, do que
encontrei, destaco que Agostinho, o Santo,…
…viveu o mundo, teve um filho (Adeodato), antes de se remeter a um regime de mais pensamento e menos acção;
…dissertou sobre vários temas para
que não encontrou explicação (nomeadamente o «tempo» cronológico, não o
meteorológico) donde resultou o seu
conceito de «conhecimento intuitivo» («sei o que é mas não sei explicar»);
…grande
conhecedor do zoroastrismo, promoveu
a transposição para o monoteísmo – e, concomitantemente no seu caso, para o
cristianismo – da oposição entre o bem e o
mal: Deus é o bem; o
afastamento de Deus é o mal;
…como «Padre apologista da Igreja», promoveu a adopção da filosofia
grega (Platão, Aristóteles…) pela nascente filosofia cristã;
…deixou escritas as «Confissões»
(autobiografia) e «Cidade de Deus» em que disserta sobre dogmas relacionados com a vida eterna da alma e a
bem-aventurança, além do paraíso e da bondade de Deus. Diz quem já
a leu que os escritos contidos nesta
obra se mostram como o princípio para a compreensão de uma filosofia cristã.
Uma vez que não li qualquer livro de
Santo Agostinho (nem o farei devido à minha ambliopia que, dizem os médicos,
veio para ficar), recorri à Internet onde
encontrei quase trezentas frases atribuídas ao Santo. Sem meios (conhecimentos)
que me permitam verificar a autenticidade das ditas frases, fico-me pelo
palpite correndo o risco de ignorar verdadeiras e aceitar falsas. Que, na sua
enorme sabedoria, o Santo me proteja!
ALGUNS PENSAMENTOS DE SANTO AGOSTINHO
O orgulho é a fonte de todas as
fraquezas porque é a fonte de todos os vícios.
O supérfluo dos ricos é
propriedade dos pobres.
Ninguém faz bem o que faz contra
a vontade mesmo que seja bom o que faz.
Conhece-se melhor a Deus na
ignorância.
Ter fé é assinar uma folha em
branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.
O dom da fala foi concedido aos
homens não para que eles se enganassem uns aos outros, mas sim para que
expressassem pensamentos uns aos outros.
Se não podes entender, crê para
que entendas. A fé precede, o intelecto segue.
Na essência, somos iguais; nas
diferenças nos respeitamos.
Fizeste-nos, Senhor, para ti e o
nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.
Milagres não são contrários à
natureza, mas apenas contrários ao que nós sabemos sobre a natureza.
Se dois amigos te pedirem para
julgares uma disputa não aceites porque irás perder um amigo; por outro lado,
se dois estranhos pedirem o mesmo, aceita porque ganharás um amigo.
Se crês apenas naquilo de que
gostas no Evangelho e rejeitas o que nele não gostas, não é no Evangelho que
crês mas sim em ti mesmo.
A esperança tem duas filhas: a
indignação e a coragem. A indignação ensina-nos a não aceitarmos as coisas como
estão; a coragem, a mudá-las.
No amor ao próximo o pobre é
rico; sem amor ao próximo, o rico é pobre.
Se o homem soubesse as vantagens
de ser bom, seria homem de bem apenas por egoísmo.
* * *
Meu Caro Luís Soares de Oliveira:
Do exposto, concluo pelo rotundo
falhanço da minha busca da razão pela qual Salazar teria especial devoção por
Stº Agostinho. No máximo,
apenas vislumbro uma certa coincidência no louvor à pobreza e naquele
pensamento do Santo em que é na ignorância que melhor se vê a Deus. Terá sido
nesta opinião que Salazar se inspirou para idealizar Portugal como um «paraíso»
bucolicamente analfabeto com a vida a mexer ao ritmo do sino da igreja?
Acho muito laconismo do Santo para justificar a idealização de um cenário tão
inocente e na paz divina, sem perspectivas materiais de mais do que uma
sardinha amarelecida para quatro pessoas em dias especiais…
Ou seja, preciso mesmo de ler essa
tese da devoção de Salazar por Stº Agostinho; por mim, não chego lá.
Onde chego, sim, é à realidade de «Jimmy»,
o homem do MI6, em português descodificado, Capitão Agostinho Lourenço, ter
ajudado Salazar a «acalmar» aqueles que achavam curta a teologia da sardinha
amarela em dias de festa.
Fico, assim, à espera da interessante
tese.
Abraço,
Henrique Salles da Fonseca
BIBLIOGRAFIA:
«Santo Agostinho» - Wikipédia
«Frases de Santo Agostinho» - Internet
Tags: história
Anónimo 27.09.2021: Caro Dr. Salles da Fonseca, Não me espanta que Salazar, coimbrão, nutrisse uma especial devoção por Santo Agostinho. O Mosteiro de Santa Cruz de Coímbra foi fundado no séc. XII por cónegos-regrantes (da regra de Santo Agostinho). Eram os célebres "crúzios" ou "monges negros" (por causa do burel que usavam) que com tão grande empenho escreveram a crónica da nossa 1ª dinastia. Alguns relatos devem mais à fantasia do que à verdade histórica, como é o caso da mítica Batalha de Ourique (isto é, de ibn Arrik).
Meu Caro Luís Soares de Oliveira:
Do exposto, concluo pelo rotundo
falhanço da minha busca da razão pela qual Salazar teria especial devoção por
Stº Agostinho. No máximo,
apenas vislumbro uma certa coincidência no louvor à pobreza e naquele
pensamento do Santo em que é na ignorância que melhor se vê a Deus. Terá sido
nesta opinião que Salazar se inspirou para idealizar Portugal como um «paraíso»
bucolicamente analfabeto com a vida a mexer ao ritmo do sino da igreja?
Acho muito laconismo do Santo para justificar a idealização de um cenário tão
inocente e na paz divina, sem perspectivas materiais de mais do que uma
sardinha amarelecida para quatro pessoas em dias especiais… Ou seja, preciso
mesmo de ler essa tese da devoção de Salazar por Stº Agostinho; por mim, não
chego lá.
Onde chego, sim, é à realidade de
«Jimmy», o homem do MI6, em português descodificado, Capitão Agostinho
Lourenço, ter ajudado Salazar a «acalmar» aqueles que achavam curta a teologia
da sardinha amarela em dias de festa.
Fico, assim, à espera da interessante
tese.
Abraço, Henrique Salles da Fonseca
BIBLIOGRAFIA:
«Santo Agostinho» - Wikipédia
«Frases de Santo Agostinho» - Internet
Tags: história
Anónimo 27.09.2021: Caro Dr. Salles da Fonseca, Não me espanta que Salazar,
coimbrão, nutrisse uma especial devoção por Santo Agostinho. O Mosteiro de
Santa Cruz de Coímbra foi fundado no séc. XII por cónegos-regrantes (da regra
de Santo Agostinho). Eram os célebres "crúzios" ou "monges
negros" (por causa do burel que usavam) que com tão grande empenho
escreveram a crónica da nossa 1ª dinastia. Alguns relatos devem mais à fantasia
do que à verdade histórica, como é o caso da mítica Batalha de Ourique (isto é,
de ibn Arrik).
Anónimo 28.09.2021: Henrique,
enquanto aguardas pela Tese alheia, envio-te duas ou três dicas.
Tom Gallagher inicia praticamente a sua recente obra – “Salazar, o
ditador que se recusa a morrer” – com o seguinte
período: “A perspectiva sustentada por pensadores que vão de Tucídides a Santo
Agostinho e de Hobbes a Sigmund Freud convenceram-no de que a democracia era
uma perigosa inovação destinada muito provavelmente a acabar numa catástrofe (…)”.
Dos 8 anos que Salazar passa no Seminário (dos 11 aos 19 anos de idade) deve
ter lido e estudado o autor da “Cidade de Deus” e certamente terá sido
influenciado por ele.
Filipe Ribeiro de Meneses transcreve, no seu estudo biográfico sobre o
governante português, a seguinte frase de Salazar: “(…) nem por isso
reconhecemos outra democracia verdadeira que não seja fundada no Cristianismo,
porque fora do Cristianismo não compreendemos o que seja ou possa ser a liberdade,
a igualdade e a fraternidade humana.” (pág, 35, 3ª edição). Ora, é sabido
que Santo Agostinho encontra na queda do Império de Roma a prova de que todo
o governo que despreza os valores religiosos está fadado ao fracasso. Nenhum
Estado, ainda segundo o pensamento político agostiniano, cumprirá com êxito a
sua função enquanto não se esforçar por valorizar a dimensão espiritual da
pessoa humana. Ele entende que o homem, por si mesmo, não concretizará o
ideal de um Estado verdadeiramente justo sem o auxílio Divino. Abraço. Carlos
Traguelho DOMINGO, 20
Nenhum comentário:
Postar um comentário