Tal aconteceu, já desde Abel e Caim, e
aí, por simples direito de primogenitura, mas os motivos para ela são variados,
entre os homens e entre as nações, por hedionda que a morte seja. De resto, o
Homem ensina a violência, instigando-a nos seus filmes e nos seus livros,
tantas vezes. Desde sempre. A lei da selva é geral. Ou mesmo do Alcorão: olho
por olho… O próprio Jeová interferiu nos destinos humanos, quer com o Dilúvio
Universal, quer em Sodoma e Gomorra … E no resto dos tempos nem se fala. O Homem
lá vai atamancando nobres conceitos, a condenar, mas o sentido da vida é, ele
próprio absurdo, pois infalivelmente, já o dizia Hamlet, o resto é silêncio.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 17.09.21
Esqueçamos as transcendências e
admitamos que a vida é só esta em que nos encontramos.
Então, que sentido faz tirar a
vida seja a quem for? A resposta só pode ser uma: nenhum!
Não temos o direito de tirar
aquilo que não demos. E, mesmo assim, também não temos o direito de tirar a
vida a quem a demos, os nossos filhos. Porquê? Porque, ao existirem, passaram a
ter vida própria e deixaram de ser nossos, no sentido de que deles podemos
dispor. Não podemos! E não podemos porque também isso seria contrário ao
desígnio fundamental da preservação da espécie, à tranquilidade do ânimo de
quem entretanto tem vida própria e sente.
Nem sequer é necessário apelar à
semelhança com a imagem de Deus, basta ver que o ser criado sente e que esse
sentimento tem que ser considerado supremo na escala da intimidade, da
delicadeza íntima e da nossa compaixão para com o próximo, esse sobre que temos
– ou não – o poder de vida ou de morte.
A morte faz parte da vida? Não! A
morte é definitivamente um absurdo da vida.
Mas resta a convicção de que há
uma outra dimensão para além da morte física. Todos queremos acreditar nisso e
todos conhecemos exemplos que o provam.
Deixemos então viver e vivamos em
compaixão, esse grande sentimento da vida.
Henrique Salles da Fonseca
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