sábado, 18 de setembro de 2021

Mas em todos os tempos


Tal aconteceu, já desde Abel e Caim, e aí, por simples direito de primogenitura, mas os motivos para ela são variados, entre os homens e entre as nações, por hedionda que a morte seja. De resto, o Homem ensina a violência, instigando-a nos seus filmes e nos seus livros, tantas vezes. Desde sempre. A lei da selva é geral. Ou mesmo do Alcorão: olho por olho… O próprio Jeová interferiu nos destinos humanos, quer com o Dilúvio Universal, quer em Sodoma e Gomorra … E no resto dos tempos nem se fala. O Homem lá vai atamancando nobres conceitos, a condenar, mas o sentido da vida é, ele próprio absurdo, pois infalivelmente, já o dizia Hamlet, o resto é silêncio.

O SENTIDO DA VIDA

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 17.09.21

Esqueçamos as transcendências e admitamos que a vida é só esta em que nos encontramos.

Então, que sentido faz tirar a vida seja a quem for? A resposta só pode ser uma: nenhum!

Não temos o direito de tirar aquilo que não demos. E, mesmo assim, também não temos o direito de tirar a vida a quem a demos, os nossos filhos. Porquê? Porque, ao existirem, passaram a ter vida própria e deixaram de ser nossos, no sentido de que deles podemos dispor. Não podemos! E não podemos porque também isso seria contrário ao desígnio fundamental da preservação da espécie, à tranquilidade do ânimo de quem entretanto tem vida própria e sente.

Nem sequer é necessário apelar à semelhança com a imagem de Deus, basta ver que o ser criado sente e que esse sentimento tem que ser considerado supremo na escala da intimidade, da delicadeza íntima e da nossa compaixão para com o próximo, esse sobre que temos – ou não – o poder de vida ou de morte.

A morte faz parte da vida? Não! A morte é definitivamente um absurdo da vida.

Mas resta a convicção de que há uma outra dimensão para além da morte física. Todos queremos acreditar nisso e todos conhecemos exemplos que o provam.

Deixemos então viver e vivamos em compaixão, esse grande sentimento da vida.

Henrique Salles da Fonseca

 

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