Bem longe estamos dos discursos poéticos
de antigamente, como exemplificara Luís
Góis,
em metáfora adequada, contudo, aos tempos de crença na mudança delicada, desconhecendo
ainda que essa seria o caminho ideal para os rugidos de fera em ânsias de
rasgar, embora com a respectiva máscara da virtude altruística. Helena Matos o explicita com a maestria usual, não
de apelo aos pensamentos puros, com os prós e os contras dos seus comentadores,
mas com o sorriso sardónico de quem se não ilude mais.
É preciso acreditar
É preciso acreditar
Que o sorriso de quem passa
É um bem para se guardar
Que é luar ou sol de graça
Que nos vem alumiar
Com amor, alumiar
É preciso acreditar
É preciso acreditar
Que a canção de quem trabalha
É um bem para se guardar
E não há nada que valha
A vontade de cantar
A qualquer hora, cantar
É preciso acreditar
É preciso acreditar
Que uma vela ao longe, solta
É um bem para se guardar
Que se um barco parte ou volta
Passará no alto mar
E que é livre o alto mar
É preciso acreditar
É preciso acreditar
Que esta chuva que nos molha
É um bem para se guardar
Que há sempre terra
que colha
Um ribeiro a despertar
Para um pão por despertar
Negacionismos e verdades convenientes / premium
Apelo
aos jornalistas: deixem de colar o rótulo negacionista a tudo e todos que não
se comportam como determina a norma do dia que, convém não esquecer, pode ser
absolutamente contrária à da véspera.
HELENA MATOS,
Colunista do Observador
OBSERVADOR, 19 set
2021
Será a Festa do Avante um encontro de
negacionistas? Afinal há
mais de um século que por todo o planeta, todas as tentativas de impor o
comunismo levaram sempre ao mesmo resultado: miséria e repressão. Nunca falhou. Na Ásia, na Europa, em África e na
América foram sempre e só pobreza e repressão os resultados conseguidos pelos
comunistas. Contudo os comunistas continuam a acreditar ou a dizer que
acreditam que o comunismo visa uma sociedade mais justa e próspera. Logo os
comunistas são negacionistas, ou não? A fazer fé no dicionário são, pois o negacionismo consiste na “acção de
negar ou não reconhecer como verdadeiro um facto ou um conceito que pode ser
verificado empiricamente”. Mas
felizmente para os comunistas portugueses o seu negacionismo é poética e
impropriamente designado como utopia e
sonho e assim em vez de lunáticos perigosos passam os comunistas por justiceiros românticos.
Esta
imunidade ao negacionismo é uma vantagem acrescida nestes tempos em que em
Portugal tudo e todos correm o risco de ser rotulados como negacionistas: ao
juiz negacionista, juntou-se a mãe negacionista a par de um colectivo de
negacionistas que se destacaram não pelo que negaram mas sim pelo que afirmaram
sobre Ferro Rodrigues. Entretanto
a expressão “eu não sou negacionista mas” tornou-se um mantra para não ficar
do lado errado.
Ora
não passa de um exercício de má-fé transformar num grupo homogéneo movido por
interesses obscuros, aqueles que de forma diversa e com razões diversas (e
frequentemente também com falta delas) colocam em causa as medidas tomadas ao
abrigo do combate à pandemia da Covid 19 ou questionam a segurança das vacinas.
A fulanização dos negacionistas
tornou-se uma prova de vida das máquinas de debitar certezas em que muitas
redacções estão transformadas.
Mas não só. A tecnologia levou a que nesta pandemia passássemos de
cidadãos a espectadores: quais
participantes de um reality show intitulado Em busca do Covid Zero, confinámos.
Desligados da realidade, passámos a ver nos múltiplos
écrans que nos rodeiam o avançar do inimigo que nos garantiam propagar-se
porque nos portávamos mal e não porque existem épocas do ano em que as
condições atmosféricas propiciam a propagação das doenças respiratórias
infecciosas (nunca mas nunca mesmo se invocou tanto o ambiente e a ecologia e
nunca se pretendeu tanto fazer tábua rasa das questões ambientais e da
sazonalidade na propagação de um vírus.) Catadupas
de números tornaram o medo desproporcionado e aboliram qualquer capacidade de
relacionar: o que explica que o número de mortos por milhão de habitantes seja
tão alto em países europeus como a República Checa, a Bélgica ou a Hungria? O
que leva a que o Perú, país que foi sujeito a um confinamento brutal e,
pasme-se, com abordagem de género, tenha o dobro de mortos por milhão de
habitantes do que os países seus vizinhos? E como se explica que a Suécia que
não confinou tenha comparativamente menos mortos que Portugal, Espanha, Itália,
França…?
O conceito de negacionismo surgiu
no final dos anos 80 do século passado em França e versava os grupos que
negavam o Holocausto levado a cabo pelos nazis. Rapidamente o termo negacionista passou a ser
utilizado para definir aqueles países/regimes que negavam e negam genocídios
praticados sob as suas ordens: os comunistas negam o
genocídio dos ucranianos (Holodomor); a Turquia não aceita que se defina como genocídio o extermínio
dos arménios e a República Popular da China faz por
manter ignorado aquele que é considerado um dos maiores genocídios de que há
registo, a Grande Fome vivida naquele país entre 1958 e 1962 após Mao ter decretado o Grande Salto em Frente.
Ora esta pandemia trouxe uma reformulação do conceito de negacionismo. Este já
não implica uma atitude activa “de negar ou não reconhecer como verdadeiro um
facto ou um conceito que pode ser verificado empiricamente”. Negacionista é agora
também aquele que não declara activamente a sua concordância face à verdade
conveniente de cada momento no combate à pandemia. Amanhã será sobre outro terror também ele a
exigir medidas rápidas, drásticas, excepcionais. Tudo
indica que as alterações climáticas vão substituir a Covid no papel de terror
que nos vai obrigar a mudar de vida e aceitar aquilo que sempre dissemos
recusar. Por
exemplo, que se discriminassem pessoas por aquilo que pensam.
PS
1. Um estranho cortejo avançava este
sábado, 18, na zona de Sete-Rios em Lisboa: vários polícias em motos e
automóveis acompanhavam um grupo de ciclistas. Espantosamente os ciclistas
ignoravam as duas ciclovias paralelas existentes neste local da capital
(ciclovias da Conde Almoster e da Radial de Benfica) e pedalavam pelo asfalto
devidamente escoltados pela frota automóvel da polícia. Para mais tudo isto aconteceu no âmbito de um evento
denominado Lisboa Ciclável que diz ter como objectivo promover a utilização da
bicicleta e das ciclovias da cidade de Lisboa”. Para lá do óbvio absurdo deste
caso — se o evento se destinava a promover a utilização das ciclovias porque
não as usavam? —, o folclore em torno do uso da bicicleta está a ficar
insuportável.
PS
2. A forma festivo-infantil como o mundo
mediático acompanhou a chegada de Biden à Casa Branca deixou muito boa gente
sem palavras para descrever o que está a acontecer: depois de
ter ignorado os parceiros europeus na retirada do Afeganistão, a administração
Biden levou a Austrália a romper o acordo que este país fizera com a França com
vista à aquisição de submarinos nucleares. A
NATO vive uma das suas crises mais graves e a UE está sem cabeça a ver o mundo
fugir-lhe debaixo dos pés. Aos jornalistas como é óbvio Trump faz-lhes falta.
Com Trump na Casa Branca tudo isto era fácil de explicar.
JORNALISMO MEDIA SOCIEDADE CORONAVÍRUS
SAÚDE PÚBLICA SAÚDE
COMENTÁRIOS:
Ahmed Gany: Um mini-ensaio interessante sobre
ideologias sanguinárias, que sobrevivem ao tempo, com peles de cordeiro. Alguidar de Henares: Bravo!
Excelente texto. Infelizmente, hoje já não há praticamente jornalistas mas sim
activistas de Esquerda ao serviço de um pensamento único. Nunca julguei ser tão fácil derrubar as
democracias Ocidentais em tão pouco tempo. Como dizia um famoso Nazi: “para
controlar um povo é só preciso meter-lhe medo”. Pedro Calado: Sempre
a considerar... é uma Sra.
Mario Figueiredo: Inteiramente
de acordo, Helena. O problema no entanto é que em vez de debate agora só temos
berreiro. O termo "covideiro" também se instalou para exactamente da
mesma forma servir de acusação a quem quer que considere o combate à pandemia
essencial e quem defenda a vacinação. As
posições extremaram-se de tal forma que até o blog que a Helena frequenta, o Blasfémias, começou a banir os
leitores que defendem as vacinas. Sempre seu fiel
leitor. Mas hoje foi tiro ao lado, Helena! Tiro bem ao lado... josé
maria: A Helena Matos ainda não percebeu o que é uma
pandemia. Se ela ou algum dos seus familiares ou amigos fossem parar a uma UCI
ou a uma ECMO, será que perceberia ? Duvido...
Liberal Assinante do Local > josé maria: O que é uma
"pandemia"? Serão as 54 milhões de mulheres indianas que perderam o
emprego e que estão em dificuldades ou na miséria, com os seus filhos
naturalmente, enquanto você e o seu clube de parasitas se divertem a fugir de
uma constipação? Rute Coelho: obrigada
pelo artigo.. é tal qual.. a sociedade está a seguir um caminho que assusta. Ar: Obrigada pela
opinião! É a Helena Matos, o Alberto Gonçalves e mais alguns que ainda me
mantêm assinante, pq sobre as notícias, e a imparcialidade das ditas, começando
logo nos títulos, estou conversada... Grata. klaus muller > Ar: Subscrevo.
José Pinto de Sá: Bravo! É evidente que hoje em dia
negacionista= fascista= a proibir de falar. Joaquim Moreira: Mais
uma excelente reflexão, que não pode deixar de me fazer lembrar o líder da
oposição! Não por ser um negacionista, mas por combater o actual poder
socialista! Mas perguntarão, o que é que isto tem a ver com o líder da
oposição? Aqui vai a explicação. Durante muito tempo, muito
"negacionista", dizia que não era o líder da oposição. E por uma
simples razão: porque o líder da oposição, não segue a cartilha de muito
sabichão. Antes, faz o que acha que deve ser feito, sem medo nem receio de
qualquer negacionista, que, na prática, defende o partido socialista! Mas feita
esta comparação, não posso deixar de dizer que a Helena Matos está cheia de
razão. É fácil de chamar "negacionista", sempre que se quer impor uma
qualquer visão mais ou menos socialista. Até porque é enorme a corrente que
apoia, directa ou indirectamente, esta gente. A quem não interessa nada a
verdade, seja ela conveniente ou inconveniente. E os seus dois "PS"
finais, provam tudo isto por demais! Mas digo mais: a CS, duma maneira geral,
tem, em tudo isto, uma responsabilidade brutal! Pedra Nussapato: HM
sempre se mostrou muito crítica quanto às medidas tomadas para controlo da
pandemia e tenho a certeza que nunca foi apelidada de negacionista por causa
disso. Quem acaba por estar a fazer uma generalização metendo no "saco dos
negacionistas" negacionistas e não negacionistas é a própria HM.
Incrível!
Bastaria HM dar-se ao trabalho de ler os comentários a este seu artigo e
perceberia que os "negacionistas" e o "negacionismo" não
são de facto uma invenção. Há para todos os gostos: os que não acreditam na
eficácia das máscaras na prevenção da transmissão; os que não acreditam na
eficácia das vacinas na protecção contra formas graves da COVID-19 (apesar dos
noticiados 14 em 15); e até os que não acreditam nas alterações climáticas.
Tudo coisas consensualmente aceites pelas evidências científicas e demonstradas
pela realidade. A HM quer que chamemos o quê a estas pessoas?! Pancépticos? Manuel Ferreira21 > Pedra Nussapato: Não
interessa se estão certos ou não, os negacionistas devem ter direito a
exprimirem-se, ou quer que voltem os tempos da inquisição com autos de fé?
Nuremberg 2021: Por todos aqueles que chamam
“Negacionistas” a tudo o que se desvia, 1 milímetro que seja, da narrativa dos
Deuses do Olimpo, passei a ter muita, mesmo muita compaixão. Ainda que mal
comparado, é como fazer o teste de QI a alguém e concluir que o valor está
abaixo da média, o que se pode fazer quanto a isso, NADA, essa pessoa deixa de poder:
existir, dar a sua opinião, ser livre, reproduzir-se, ser dona do seu corpo e
do seu livre arbítrio, ser feliz? A resposta é um Valente NÃO. Todos nós temos
as nossas limitações, é assim a Natureza.
Para quem ainda tem
dúvidas acerca da podridão que reina em Portugal, e no Mundo, no que diz
respeito às “vacinas” contra a C-19 vejam a reportagem de 5.ª feira (na CM a
partir das 21h e 6 minutos) da Jornalista Ana Leal (esta é apenas uma de muitas
que se irão seguir nos próximos tempos).
Mesmo sem qualquer
apreço pela estação em questão (neste caso, o mais importante é a mensagem, não
o mensageiro), esta reportagem pode ser o início do acordar dos Portugueses
para o logro em que caíram, sendo que o mal está feito, tudo o que for feito no
futuro será apenas um remendo e, em muitos casos chegará tarde demais.
Sempre tentei
alertar para o que, timidamente, já começa a ser do conhecimento do comum dos
Portugueses, nomeadamente no que diz respeito às consequências da inoculação de
crianças e jovens. O simples facto de ser uma experiência deveria ter sido um
alerta, MAS todos os alertas foram ignorados.
O vazio que existe
quanto às verdadeiras consequências (a médio e a longo prazo) ao nível da
fertilidade, doenças auto imunes, cancro, na gravidez e na amamentação, entre
muitas outras, é demasiado óbvio e, mesmo assim, a inoculação maciça do Povo
não parou.
Quem forçou,
coagiu, intimidou, enganou e manipulou para que todo um Povo se inoculasse, Não
julgue que está isento de responsabilidades.
A nível
internacional há um conjunto de advogados, até à data não tenho conhecimento de
nenhum Português, a tratar para que todos os intervenientes neste acto CRUEL
não passem impunes.
Provavelmente,
estas inoculações irão ceifar muito mais vidas do que aquelas que irão
proteger!
NOTA: Agradeço a
IMENSA CORAGEM de alguns dos intervenientes na reportagem, espero que outros se
deixem “contagiar” por esta coragem e venham a público dizer a verdade.
Elvis Wayne > Nuremberg 2021: Gostei
do comentário, mas duvido que alguém virá a ser responsabilizado, mesmo que as
consequências se mostrem muito graves. Quanto muito é
entalado um tipo qualquer que nada têm a ver com o assunto, como aconteceu na
Câmara de Lisboa...
João Porrete > Nuremberg 2021: Factos,
por favor. Porque haveriam estas vacinas de ser piores ou melhores do que as
outras 40 ou 50 que tomamos há décadas? Todas elas foram em tempos
experimentais. A única diferença foi que estas vacinas beneficiaram de investimentos
e ajudas colossais tendo em vista o retorno potencial, o que atalhou na mesma
proporção o tempo de desenvolvimento. Não serve falar no Eriksen, que colapsou
num jogo de futebol e tinha sido vacinado... Falo de evidência estatística
séria, não de casos isolados que provam zero.
Américo Silva: O conhecimento empírico está ao
nível da idade média, encerrado e tutelado em instituições pouco acessíveis.
Para o público passa uma contrafacção, desde logo porque a discussão é muito
limitada e em vez de conhecimento difunde-se propaganda. Apesar da evidência,
muitos europeus propagam os benefícios da tutela americana. Franceses acreditam
que o funcionário de um dos proprietários da reserva federal pode defender os
seus interesses. De Gaulle compreendeu o abraço da jiboia, e nem teria
desarmado nem submetido a sua indústria militar à Nato. Esta desfeita não teria
acontecido, e se acontecesse parte dos submarinos seria vendida à China. Agora
é mais difícil para os europeus acreditar na bondade americana relativa ao Nord
Stream 2 e outros projectos
……………………………………………
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