Eis um texto do face
book de Luís Soares de Oliveira – fotocópia de uma frase de Fernando Pessoa, que recebi por email:
«O POVO PORTUGUÊS É
ESSENCIALMENTE COSMOPOLITA. NUNCA UM VERDADEIRO PORTUGUÊS FOI PORTUGUÊS. FOI
SEMPRE TUDO»
Malandrice! Como diria
a “Maria Albertina” vestida de organdi, na «guerra de 1908», ou seja, Raul
Solnado em traje de espia, visitando o “inimigo”.
Parece-me antes uma
afirmação de ironia, e não de apreço, como leio em alguns comentários. Ironia
por um povo realmente ameno para com o estrangeiro ou o superior, nesse seu “cosmopolitismo”
de sujeição. Ou de desenrascanço, nem sempre sério.
Sim, percorreu os mares
e alargou domínios, fundou espaços estreitando relações, mas levou a alma do
seu país dentro de si – fora os ameaços, naquele tempo do traidor “grito do
Ipiranga”
Até mesmo o emigrante
ia trabalhar lá fora para retornar à sua terra, mais enriquecido – excepto, é
claro, os que saíram do país para não se submeterem aos perigos da guerra,
embora tais factos sejam posteriores a Pessoa. De resto, uns e outros dum modo
geral retornariam ao solo primeiro, a pátria, sim, atendendo-os, e ainda hoje o
nosso primeiro-ministro chama cordialmente esses novéis emigrantes, para se
distinguir, talvez, de Passos Coelho, que, ao que parece, teve frases infelizes
contra os portugueses despedidos dos seus empregos, no seu tempo - embora por
ordens superiores, que exigiam contenção nas despesas - sabendo que só a
emigração poderia servir-lhes momentaneamente, já que a pátria estava falida. Entre
parêntese, eu diria que mais humano foi Passos Coelho, reconhecendo que a
emigração momentânea era recurso necessário, de momento, do que A. Costa
estendendo-lhes a cordialidade do sorriso e da chamada, na euforia inchada da
sua bazuca salvadora, que lhe permite o gesto aparentemente altruísta, de
vaidoso desafio apenas.
Não me parece que a
frase pessoana seja, pois, de elogio. O seu “Foi sempre tudo” atribuído ao “povo português” pode sugerir um montão de interpretações, talvez, algumas delas escondendo
perfídia…
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