quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Balanço final


Do baloiço em que por aqui vamos baloiçando, ora subindo, ora descendo, aos baldões, alguns parados, amorfos, outros tentando compreender, com vozearia de permeio, de justificação ou de ataque, de repúdio ou de aceitação, na mesquinhez dos nossos meios de acção, todavia, reduzidos  a percentagens de votações, por vezes de volte-face inesperado. Mas muitos na lucidez da interpretação, como este texto de Maria João Avillez, que uns comentadores se apressam a justificar, outros a agredir.

O equívoco/ premium

Havia algo de aterrador na pura ira de Costa contra a Galp: passou a ser legítimo que nos interroguemos até onde irá tão perigoso entendimento do uso do poder em democracia.

MARIA JOÃO AVILLEZ

OBSERVADOR, 29 set 2021usual

1Faltavam três, quatro dias para o domingo eleitoral, cruzei-me numa rua lisboeta com um “alto responsável” (não é assim que se diz?) do PSD, apoiante de sempre de Rui Rio. Sendo também ele o “inventor” da candidatura de Carlos Moedas a Lisboa, pareceu espantado com a minha desatenção profissional, e de resto não só a minha: quem tinha dado conta de que Moedas até já estava “eleitoralmente encostado a Medina” e isto quando ainda faltavam quatro dias?

2Era verdade. Tudo se encaminhava para uma boa “possibilidade” de sucesso: as sondagens internas que o PSD mandava diariamente fazer circunscrevendo-as obviamente apenas a Lisboa e seguindo sempre um mesmo padrão de modo a obter uma tendência, traziam não só indispensáveis indicadores como eram fiáveis instrumentos de navegação. Com elas se navegou por mares adversos numa campanha muito profissional e com um bom programa de candidatura.

Mas como nada acontece até ser contado” (Virginia Woolf), e muito pouco disto nos era realmente contado – ou dado a ver – houve duas campanhas: a da coligação PSD/CDS que depois de um frouxo início seguiu (convictamente) o seu caminho; enquanto a do poder, do governo, do PS, de Medina e da media, seguiam (convictamente) o deles. Tal como sucede com as linhas paralelas, nunca se poderiam encontrar. Mas enquanto Medina se movia (aparentemente, pelo menos) assente na sua própria certeza de vencedor antecipado, Moedas antecipou outra coisa, percepcionando o desagrado ou o cansaço de um eleitorado – urbano, informado, politizado. E farto de abusos socialistas e dos excessos do Rei-Costa-Sol. Ou seja, para além de uma escolha circunstancialmente autárquica, houve um forte protesto político, com oportunidade e data marcada: as eleições de domingo. E no domingo as urnas falaram. Demérito de Medina/Costa mais que mérito de Moedas? Não, mas uma coisa é indesligável da outra.

A dupla campanha de António Costa, ora secretário-geral socialista doublé de chefe do governo, ora vice versa – era conforme –, virou o feitiço contra o feiticeiro. Havia o costume de se dizer “Costa é mau em campanhas” e ninguém fazia muito caso, estava assente e há muito que tudo se lhe aceita e perdoa. Desta vez, porém e para lá da costumeira falta de talento do líder do PS para campanhas e carne assada, o que o eleitorado reteve foi também (sobretudo?) uma sucessão geográfica de puros abusos (ilhas incluídas). Abusos enrolados numa litania infindável de promessas com dinheiro que não é do PS.

A resposta – não sabemos se com futuro consistente e persistente – foi o veto político de parte considerável do eleitorado mais urbano que se apercebeu dessa espécie de “apropriação” socialista dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência e não gostou. A voracidade – visível e audível – com que na campanha os autarcas do PS se congratularam com a aterragem garantida (para eles) de tais fundos também caiu mal. E, last but not least, a interferência nunca vista – na forma, no tom, no conteúdo, na dimensão do despropósito – numa empresa privada, no decurso de uma campanha partidária (!) caiu ainda pior. Por momentos houve mesmo qualquer coisa de aterrador naqueles minutos de pura ira contra a Galp. Ou de como passou a ser legítimo que nos interroguemos até onde irá (e actuará) um tão perigoso entendimento do uso do poder? Sim, justamente em democracia.

Foi só isso que fez ganhar Moedas? Foi uma soma de boas parcelascandidato confiável, programa, atitude, equipa – mas é imprescindível somar-lhe o protesto sob pena de não se perceberem as coisas. E não foi só em Lisboa. Quem olhar para o Porto, por exemplo – onde o PS quase se sumiu do mapa – perceberá bem o poder que um voto tem. Ou seja, estão aí os sinais e alguns já acesos. O centro e a direita ganharam? Não, mas.

3E depois foi muito interessante de observar como, de um minuto para o outro, o mal amado PSD passou a tema forte da longuíssima noite eleitoral e Moedas a um inesperado produtor de suspense político. Ou como Rio foi expeditamente convocado do banco para o relvado como grande goleador (que não é).

Claro que o triunfo de Carlos Moedas lhe conferiu a voz política e a influência partidária que nunca teve. Que vai fazer com ambas será o mais difícil para ele mas da facilidade nada reza. E o resto – à direita ou à esquerda – criou alguns equívocos.

Equivoco um: à excepção de Coimbra, o líder do PSD pouco teve a ver, pessoal e politicamente, com os municípios ganhos pelo PSD. O genuíno empenho e energia postos na quilometragem feita de norte a sul por Rui Rio não se confunde com capacidade de liderança, talento estratégico, projecto político, produção de uma alternativa. Meia dúzia de vitórias municipais, mesmo que muito suadas (por outros) não fornecem a um líder a capacidade política que aparentemente lhe parece faltar e já vai tempo. Agora é mais fácil, Rio passou a “vencedor”? Só aparentemente. Um mínimo de racionalidade política recomenda que continuem em aberto no PSD os capítulos previstos. Já anteriormente previstos. Há equívocos duros de roer. Se forem políticos, ainda mais, são fatais.

Equívoco dois: a derrota de Medina fragilizou-o mais no Largo do Rato do que na Praça do Município. Inviabilizando (irreversivelmente?) a sua tão por ele sonhada futura liderança do PS. O fracasso do ex-autarca de Lisboa fez de imediato projectar sobre Pedro Nuno Santos prognósticos taxativos: será dele o próximo PS. Dele, do seu aparelho, das suas tropas, das suas certezas, da sua ambição. É esquecer que António Costa acha – sabe – que seria um equívoco politico grave “conceder” a liderança da sua casa de família a alguém que ele não aplaude (politicamente) e de quem desconfia (politicamente). Não concederá. Nem consentirá. Nem que para isso tenha de rever planos que lhe são caros e projectos que gostaria (muito) de concretizar.

Equivoco três: seria mais conforme à sua função que o Presidente da República não insistisse no comentário ao ar do tempo político e aos seus protagonistas, louvando-os ou desgraduando-os. Há arautos oficiais e oficiosos que se encarregariam com júbilo e zelo da tarefa.

AUTÁRQUICAS 202  1ELEIÇÕES  POLÍTICA  CARLOS MOEDAS  PAÍS  RUI RIO

COMENTÁRIOS:

Carlos Monteiro: Gosto do que escreve MJA. Termina dizendo a verdade plena sobre o PR. Mas fiquemos desiludidos,por mais que as pessoas (mesmo apoiantes de Marcelo) procurem chamá-lo à razão,ele não corrige. Hitlerilas Ventura:  Meus amigos, isto são tudo fait-divers que não interessam para nada. O importante é o nosso partido recuperar os 300 mil votos que perdeu domingo. Éramos 500 mil em Janeiro nas presidenciais e agora fomos apenas 208 mil nas autárquicas. CHEGA!          LUIS PIRES: Vindo de uma inveterada cavaquista faz rir. Ou não fosse o comedor de bolo-rei um dos mais assanhados anti-progressistas da História. Por exemplo, perguntem ao bolo-rei o que ele pensa (?) destes novos factos. "San Marino, com 33 mil habitantes, é um dos últimos Estados da Europa, à semelhança de Malta, Andorra e o Vaticano, onde a interrupção voluntária da gravidez é totalmente interdita, mesmo em casos de violação, incesto, perigos de saúde para a mãe ou má formação do feto. A interdição remonta a 1865 sendo o aborto um crime punido com pena de prisão até três anos para a mulher e seis anos de cadeia para o médico que participe no processo de interrupção voluntária da gravidez. Em relação aos direitos das mulheres, San Marino só aprovou a lei do divórcio em 1986, o voto das mulheres verificou-se em 1964 e a ilegibilidade das mulheres só acontece desde 1974." E vem falar do perigoso Costa? Santa Maria!         João Afonso: Geralmente os comentadores não socialistas têm sempre esta postura de incredulidade e uma certa ingenuidade perante o somatório de sinais ditatoriais oriundos da esquerda. Os discursos socialistas-comunistas-neo-comunistas não deixam qualquer dúvida sobre que valores políticos defende esta gente. São profundamente anti-democráticos. Porquê tanta dúvida e tanta esperança que algo mude no futuro?          Francisco Correia: Muito importante não esquecer que o PS acende todos os dias uma "velinha" para que Rui Rio (que se define como não sendo de Direita) se mantenha como líder do PSD.           PEDRO AIRES PEREIRA: Eu não tenho só ira contra a Galp mas contra todas as petrolíferas e empresas de energia como a EDP. São empresas monopolistas e cartelistas que usam os recursos naturais que são de todos para ganharem fortunas

Os portugueses do verdadeiro sector privado não têm aumentos de salários há anos mas eles estão sempre a aumentar os preços para engordar os accionistas e administradores e convenhamos que os trabalhadores também ganham bem acima da média do país. Nunca percebi a política de preços dessas empresas glutonas. Se, por exemplo o barril de petróleo está a 50 dólares e sobe para 52 eles aumentam 20 cêntimos os combustíveis. Mas se logo a seguir o barril desce para 30 dólares eles só baixam 10 cêntimos. Ou seja com esta prática enganadora e exploradora os preços dos combustíveis ficaram mais caros com o barril a 30 dólares do que quando estava a 50. Mais vale nacionalizar essas empresas, pelo menos ficamos com a ilusão de que os lucros são para o povo. E já agora nacionalize-se também a banca comercial pois não vejo vantagem nenhuma em ser privada. Quando perdem dinheiro paga o povo, quando ganham ou dizem que ganham fica para eles. Tanto falavam do anterior regime mas eles eram meninos de coro comparados com esta bandidagem democrática. E também não gosto que as empresas portugueses sejam vendidas aos chineses!      joão barbosa: Em Portugal é sempre fácil passar de besta a bestial e vice-versa (RR ) . Nada a fazer. Só que o votante não é tão estúpido como parece                Maria da Graça de Dias > joão barbosa : @ ...claro que os votantes estão atentos, daí a gloriosa vitória de Carlos Moedas em Lisboa. Parabéns a Carlos Moedas e sua equipa…. Mais um brilhante artigo da MJA sobre os muitos "equívocos" nestas autárquicas, e a perspicaz e finíssima interrogação sobre o exercício do poder em democracia. MJA uma profissional da comunicação social com conhecimento, sabedoria e pensamento muito bem estruturados. Parabéns.         josé maria: Costa, nas declarações públicas, que fez sobre a galpada, cometeu uma enorme argolada...     joão reis: O título está correto 'O equívoco' foi exactamente o que aconteceu no dia das declarações do PM que tal como todos os outros políticos/partidos se esqueceram de que os acontecimentos tinham ocorrido em 2020.             Maria Madeira: Excelente texto               Sérgio Coelho: Excelente artigo! Penso o mesmo! Isto é, Rui Rio não teve qualquer mérito pela vitória de Carlos Moedas! Foi uma vitória unicamente do próprio e com a ajuda da inaptidão e incompetência do nepotista que estava no poleiro e do seu chefe que disparava a bazuca para todos os lados (xuxalistas) como se a guita fosse do largo dos ratos e não do país (na realidade dos contribuintes poupados e civilizados do norte da Europa). O discurso de RR, miserável e com recados à direita ?!? diz tudo! Vai continuar "fofinho" para com o DESgoverno mais inapto e incompetente da história, nepotistas e DDT e unicamente ao "centro". Este RR não é solução para o PSD e só um cegueta não vê....          mamadorchulo dostugas: O bazuco pensava que eram favas contadas, saiu-lhe o tiro pela boca grande.           Nuno Pê: A Maria Joãio não falou da ira que levou um PM a ter a coragem de roubar durante anos os subsídios de férias e de natal a tantos milhões de pessoas, só para ir além da troika. Mas quando a ira é contra a GALP que despede centenas e tem milhões de lucro, a Maria João já tem medo da ira. O que dirá da ira dos berlinenses que pensam em expropriar prédios de multinacionais para baixar as rendas, acabando com a especulação imobiliária? Serão eles, num país desenvolvido e decente, uns irados? Ou uns corajosos?           Sérgio Coelho > Nuno Pê: Credo, tanta idiotice.....O "roubo" teve de ser feito para evitar a BANCARROTA dos seus camaradas do largo! Ou já esqueceu quem chamou a TROIKA porque não havia guita para pagar sequer salários?! Típico esquerda com palas....          Mestre Nhaga > Nuno Pê: Os primeiros cortes, foram feitos pelo grande construtor da bancarrota o inefável 44, bancarrota essa , que foi conseguida com a preciosa ajuda do habilidoso. Todos os cortes subsequentes, tiveram como responsável moral o mesmo 44 e toda a tralha que o auxiliou, muita da qual, acompanhou o habilidoso na usurpação do lugar de primeiro-ministro.            Joaquim Rodrigues: A “Oligarquia” não gosta, mas acima de tudo desconfia do que possa vir a ser Rui Rio como Primeiro Ministro. Desde a primeira hora, com o apoio da Comunicação Social e da inabilidade política do próprio Rui Rio, que anda a preparar o terreno para poder correr com ele da liderança do PSD. Mas só o queria fazer quando tivesse a garantia de que, no seu lugar, podia pôr um “funcionário” ao seu serviço. Não esqueceram o fiasco que foi a tentativa de correr com Sá Carneiro para pôr lá o Sousa Franco. Nessa altura o tiro saiu-lhes pela culatra. Comprovámos a “natureza” do Moedas quando, enquanto Comissário Europeu, usurpado o lugar de Primeiro Ministro a Passos Coelho, veio a correr de Bruxelas, prestar vassalagem ao Costa. O “problema” para os "oligarcas" é que o Moedas se revelou muito fraco e deitou a perder toda a “estratégia” que tinham montado. Reparem que num universo de 26 000 votos perdidos pelo Medina, o Moedas só conseguiu ir buscar pouco mais de 2000. Rui Rio, se quiser continuar, tem que perder o medo de afirmar um “Programa Político” claro, como Sá Carneiro afirmou, na defesa da “libertação da sociedade civil”, da “livre iniciativa privada”, do “mercado e da concorrência” da “igualdade de oportunidades” e da “liberalização da economia”. Se não o fizer, nunca terá condições políticas para “Reformar o País” e corre o risco de vir a ser o “trampolim” para que a “Oligarquia” coloque um “lacaio” seu como líder do PSD. Caso Rui Rio, antes de chegar ao poder, não afirme o seu Programa Político, mobilizando a Sociedade Civil em torno das suas Propostas de Reforma do Sistema, nunca terá condições políticas para fazer as Reformas de que o país necessita. E, nesse caso, mais vale deixar o lugar para outro que honre a memória e o Projecto Político de Sá Carneiro o qual, infelizmente, passadas 4 décadas, mantém plena actualidade.....Tivesse o PSD apresentado um candidato minimamente competente à Câmara de Lisboa, capaz de capitalizar o descontentamento do povo de Lisboa em relação ao Medina e hoje estaria a comemorar uma maioria absoluta na Câmara.          Jose Costa: Lamento mas o grande responsável por esta vitória do PSD foi mesmo Rui Rio. Não vale a pena tentar apoucar o seu papel, foi ele que escolheu o candidato a Lisboa e definiu o rumo do partido. Análise enviesada e tendenciosa, na minha opinião.          Joaquim Ribeiro: Ora aí está em marcha o assalto ao poder. Com uma vitória, que o foi, no PSD cheira a poder e a uma possível vitória nas legislativas. Começa a contagem das facas. Maria João, tal como ontem Henrique Raposo no Expresso e outros, começam com a ofuscação de Rui Rio na vitória, que o foi, nas autárquicas. Lembram-se do que Costa fez a Seguro em que a direita achou abominável? Pois, agora já não é!       Francisco Correia > Joaquim Ribeiro: Não queira confundir as pessoas! Costa desafiou Seguro fora do período eleitoral (vá ver quando, em condições normais, terminava o mandato de Seguro como Secretário Geral do PS). Agora já há muito tempo que se sabe que haverá eleições para a liderança do PSD em Janeiro e qualquer militante, que reúna as condições, as pode disputar.          Joaquim Ribeiro > Francisco Correia: Caro Francisco Correia, como sabe, quando queremos defender a nossa dama, argumentos é coisa que não falta. Penso que aceita que havia pessoas no PSD a contar com o ovo no dito cujo como ,por exemplo, o Paulo Rangel e o Jorge Moreira. Acontece que as autárquicas lhe estragaram os planos e a solução qual foi, o Rio ganhou por "poucochinho". Apesar de você tentar dar a volta ao assunto, isto foi exactamente o que aconteceu com o Costa e o Seguro, com o Costa a dizer que o Seguro ganhou as eleições na altura europeias por "poucochinho". Sabe, isto em política não há santos de um lado e pecadores de outro. Tem dias...         Francisco Correia > Joaquim Ribeiro: Uma coisa é dizer que ganhou por "poucochinho", outra coisa é desafiar o líder do seu partido, ainda com o mandato longe de terminar, para eleições. Costa, se fosse sério, tinha concorrido às eleições em que Seguro fora eleito. O facto de não haver santos em política, não nos deve isentar de observar e interpretar os acontecimentos políticos com rigor. Seguro foi desafiado fora de tempo. Rio sê-lo-á em devido tempo.         Joaquim Ribeiro > Francisco Correia: Sabe que isto do rigor varia com os sentimentos e disposição de quem "rigora". Você tem o seu rigor e eu tenho o meu. Já os expusemos. Fiquemos assim.               Alberto Rei > Francisco Correia: JR, o Correia tem razão. Como disse em baixo, não se pode ofuscar parte dos resultados positivos conseguidos por Rio para o PSD. Ele tem grande parte na estratégia que foi delineada para as eleições, isso é indiscutível, até teve atritos por causa disso, mas porfiou. Outra coisa é a seu comportamento como líder da oposição, que de resto também penso que não é incisivo e espectacular o suficiente. Talvez não seja o seu estilo, mas é preciso denunciar os podres xuxas a todo o instante. Andando, O Francisco tem razão porque o tal, está-lhe no sangue, lixou Seguro, fora do tempo eleitoral, quis mostrar que era o maior da cantareira, foi sacanita. A luta que se avizinha, e estou certo que Rio não a enjeitará, está programada. Mª João e Raposo escolheram, tudo bem. Iremos ver as cartas de Rio, estou curioso, mas falta muito tempo. Deixemos pra já os xuxas à nora.                    Joaquim Ribeiro > Alberto Rei: Caro Alberto Rei, pelos seus comentários reparei que é uma pessoa isenta e ponderada. Como tal, na tal luta que se avizinha pelo poder no PSD, não há nada como bater num lider "frouxo" e que, não vá o diabo tecê-las, mostrar que ganhou por "poucochinho". Por acaso, a vitória que teve em Lisboa também foi com uma pessoa que tem, pelo menos a fama, de ser "frouxo". Felizmente que o lado bom, o seu, ao contrário do outro, não está a usar a imprensa amiga para promover o bota-abaixo do actual lider. Claro que, para tudo ser claro no PSD, vão andar a queimar o homem em lume brando até às eleições que, para se demarcarem do outro, não vão ser em Directas porque a gentalha não sabe o que quer. Por fim, deixe-me dizer que não pertenço ao outro. Tenho, é verdade, uma estima por Rui Rio, mas o que me move ao escrever isto é apenas e só mostrar que isto da ética e do bom senso tem dias...          Carlos Monteiro > Alberto Rei: O mais grave é eliminar o Seguro por ter ganho por poucochinho e depois perder, tendo de agarrar-se a quem sempre foi contrário às opções do PS. Carlos Quartel: Rio não mudou nada e muitos destes resultados têm a ver com Costa, com o "algo aterrador" que a autora define muito bem. Um lado escuro, ditatorial, ameaçador que alertou milhares de eleitores. Penso e desejo que esse alerta não esqueça. Pode mesmo fazer-ironia com o tirar da máscara, não só a anti-covid mas também a máscara democrática e tolerante que disfarçava uma alma irrascível e autoritária. Quanto a Rio, é dramática a insensibilidade com que debita vazios, insistindo numa social-democracia (que já tem dono) e num centro que é uma abstracção, revelando, aliás um profundo desconhecimento do que é a política e as opções de governação. Qualquer partido democrático, preparado para a alternância e para perder eleições não pode deixar de ser social. Boris é direita mas apoia e financia o NHS o sistema educativo, as vias de comunicação, etc Querer limitar as opções entre direita, centro e esquerda, cada uma delas muito bem definida, é usar linguagem do século XIX O PSD precisa de outra liderança, imediatamente         João Floriano: Análise muito lúcida e sobretudo muito inteligente. Concordo integralmente com a apreciação que faz do papel de Rui Rio. Estou curioso para ver como vai ser a actuação de Rui Rio nos meses que faltam para Janeiro ( é em Janeiro que a questão da sucessão se vai colocar, não é?). Vai continuar a fazer oposição ocasional e inócua ao PS, deduzindo que os resultados eleitorais das autárquicas se ficaram a dever à sua atitude conciliadora, ou vai mudar? Em relação ao equívoco dois, com o qual também concordo, espero que MJA esteja certa e António Costa não queira mesmo entregar as «chaves do galinheiro» a uma figura como PNS. António Costa é um verdadeiro raposão e a entrega do cartão de militante a Marta Temido parece-me uma leitura inteligente da sua sucessão. PNS não tem de se preocupar com Medina, aparentemente, porque em política há vários casos de fénixes (o plural é assim?) renascidas e uma que ainda não renasceu mas que muitos temem e muitos esperam que renasça futuramente. Agora com Marta Temido, PNS tem de ter especial atenção.           Carlos Vito: De acordo. A vitória de Moedas não foi graças a Rio, mas "apesar" de Rio. Quem até agora nunca fez oposição e, pelo contrário, foi um apoiante de Costa devia era demitir-se. Caso contrário vão ser mais 4 ou 5 anos ainda a sermos governados pelos mesmos, com o que isso significará de soberba, má administração e incompetência.        Pedro Almeida: Costa é mais perigoso que Sócrates! Nunca me enganou!         afonso moreira: O povo português tem-se libertado cada vez mais, da bolha mediático-lisboeta. Uns por interesses, outros por simples desconhecimento do resto do país e outros ainda porque os argumentos, com a elasticidade conveniente, têm sempre de confirmar as ideias feitas. No entanto a realidade é que o que é, e Rui Rio, mesmo com as suas insuficiências também ganhou. Não dizem tantas vezes, citando Salazar, que em política o que parece é?        Alberto Rei: Maria João, excelente análise pós-eleitoral. Não concordo que Rio apenas teve a ver com Coimbra. Está redondamente enganada. Moedas tem muito mérito, acreditou, lutou e venceu. Mas Rio, ali na sombra, também desenhou a campanha autárquica. Tem inegavelmente mérito, goste-se ou não. Provou umas quantas coisas, aferrou-se às suas ideias e modo de agir, foi fiel à sua estratégia e esta deu resultados. Pô-lo de canto, não é correcto, isto sem prejuízo de uma luta pela liderança que se avizinha. É problema futuro. De resto, aquela escrita habitual, e eloquência que não dispenso. Um beijinho e cumprimentos.

 

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