quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

“Daqui não saio”

 

Um banho de Economia por Helena Garrido e seus Comentadores. Parece óbvio, mas o facto é que… daqui ninguém nos tira”.

O salário mínimo e a ilusão de justiça

O aumento do salário mínimo está a criar incentivos perversos e injustiças que não se vêem. O combate à desigualdade e aos salários baixos não se faz assim.

HELENA GARRIDO

OBSERVADOR, 30 nov 2021

O salário mínimo terá (tido) em 2022(?) um aumento de 39,6% em relação a 2015, passando de 505 para 705 euros. A produção portuguesa deverá crescer, no mesmo período, 12,4%, levando em conta os dados e previsões da Comissão Europeia. Um cabaz de cem euros em 2014 custava no ano passado 103,8 euros, de acordo com os dados do INE para a inflação, podendo atingir os 107.8 euros se admitirmos uma subida de preços da ordem dos 4% em 2021 e 2022. É difícil encontrar um dado na economia que justifique a subida de quase 40% do salário mínimo em seis anos. E estas inconsistências pagam-se, como já sentimos violentamente na pele quando o excesso de dívida nos condenou quase à bancarrota em 2011.

Mas é justo, dirão. Claro que é justo. O salário mínimo é demasiado baixo em Portugal, como aliás os salários em geral. Infelizmente a justiça duradoura não se constrói assim. A pergunta é: terão as empresas capacidade para pagar esse salário? A resposta é “não”. E é tanto negativa quanto o próprio Governo o reconhece e tem reconhecido desde 2015, ainda com Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro, criando mecanismos para compensar esta subida.

O primeiro modelo, com Pedro Passos Coelho, passou por uma redução na Taxa Social Única para compensar a subida do salário mínimo. António Costa, na primeira legislatura, tentou fazer o mesmo, mas o PCP e o BE votaram contra assim como o próprio PSD, na altura ainda liderado por Pedro Passos Coelho. Entrou-se então na via de dar dinheiro às empresas.

No próximo ano, em que o Governo decidiu aumentar o salário mínimo de 665 euros para 705 euros, serão pagos 112 euros anuais por trabalhador que receba hoje a remuneração mínima e 56 euros para quem receba abaixo do novo valor e acima do actual. Diz o Governo que espera gastar 100 milhões de euros do Orçamento do Estado com esta medida de compensação que também já foi aplicada este ano. Mas em 2021 gastou apenas 33 milhões de euros abrangendo pouco mais de 80 mil empresas.

A primeira questão que se coloca é esta: se o Governo sabe que as empresas não têm capacidade para pagar aumentos do salário mínimo desta dimensão porque é que o sobe? Por razões de política pura.

A segunda questão é: até quando vai o Orçamento do Estado continuar a compensar as empresas pela subida do salário mínimo? Para sempre? Com que objectivo? E tem consciência das distorções que cria ao seguir esta política?

Embora o montante de 2021 tenha acabado por não ser significativo – em média deu pouco mais de 400 euros anuais por empresa –, o sinal que se dá é: paguem o salário mínimo que nós pagamos uma parte. Existe aqui um incentivo, mínimo que seja, para que as empresas mantenham essa sua política, como refere Pedro Sousa Carvalho aqui, nas Contas do Dia, na Antena 1.

Mas se falarmos com quem vive quotidianamente os problemas das empresas, há problemas mais graves que podem até estar a alimentar injustiças e desigualdades.

As empresas, nos seus orçamentos, definem em geral uma dotação para aumentos salariais. Um aumento da massa salarial de 6% – o crescimento do salário mínimo em 2022 – é bastante significativo nos tempos que correm. Tal significa, como alerta quem está ligado à gestão das empresas, que todo o orçamento para aumentos salariais pode ficar esgotado nas pessoas com salário mínimo, não se fazendo actualizações aos outros trabalhadores. E assim se cria uma injustiça, prejudicando os mais qualificados. Este condicionalismo já começa a ser visível nos grandes números, com o salário médio a aproximar-se do salário mínimo.

Repare-se que este tipo de política gera ainda o risco de desincentivar a qualificação. Como a diferença salarial por mais formação pode ser mínima, em qualificações médias, o que o Governo acaba por estar a fazer é a desincentivar a formação. Na prática, está a replicar no sector privado aquilo que já se fez na administração pública – os salários mais baixos são relativamente elevados quando comparados com o sector privado, enquanto os quadros superiores estão mal pagos. O que, como tem sido dito e há muito diagnosticado, tem criado dificuldades de atracção de pessoas qualificadas para o Estado. As empresas vão acabar por ter exactamente o mesmo problema. E, se conseguirem, aumentam os outros salários, se não conseguirem, morrem. A prazo é isso que pode acontecer, na linha com o que se tentou fazer no passado, como veremos adiante.

Depois temos as actividades cuja receita, e por vezes também a despesa, está praticamente pré-definida, como acontece nos contratos públicos. É um problema especialmente grave nos transportes e no sector social, como alerta quem conhece os sectores. Como o Governo depois não revê esses contratos, o que está a fazer é a estrangular essas actividades. O resultado, em algumas empresas, é o abuso das pessoas que lá trabalham – e eis uma nova injustiça.

Mais uma vez o Governo respeita a sua grande linha de acção: tomar decisões com enorme impacto mediático e político e desprezar todos os outros efeitos. Há um limite para este tipo de actuação e, é inevitável, vamos pagar estes erros.

Se a ideia é forçar o aumento dos salários através do salário mínimo, então era preciso levar esta subida até às últimas consequências. Forçar, através do salário mínimo, a melhor gestão ou à morte. Na prática seria usar o salário mínimo para fazer uma espécie de “valorização competitiva”, numa política muito semelhante à defendida, na primeira metade da década de 90 do século XX, pelo então vice-governador do Banco de Portugal António Borges. Na altura, defendeu a valorização do então escudo como forma de forçar as empresas a serem mais competitivas. E as que não conseguissem, morriam. Pode ser um exagero, mas as propostas de aumentos do salário mínimo do PCP – que levaram até ao chumbo do Orçamento – correspondem, nas suas grandes linhas, àquilo que António Borges tentou fazer.

Todos sabem que o caminho não é por aqui. O aumento do salário mínimo resolve o problema das pessoas que o recebem – o que obviamente não é pouco –, mas resolve-o a curto prazo. Porque todos sabem que esta via não é duradoura e, mais cedo ou mais tarde, veremos, outra vez, o salário mínimo congelado se a economia continuar a registar uma taxa de crescimento da ordem dos 2%.

O Governo tem responsabilidades neste beco em que nos está a meter – até porque tem decidido unilateralmente estes aumentos, sem qualquer acordo na concertação social, como devia acontecer. Mas os empresários e os sindicatos também. Há medidas que os empresários deviam fazer questão que se adoptassem e que, essas sim, tinham condições para nos tirarem deste crescimento medíocre. Entre essas medidas estão os custos associados à burocracia que enfrentam, os custos da falta de qualidade dos serviços públicos, muitos deles mais virados para dentro do que para fora, os custos associados aos tribunais administrativos e fiscais.

A falta de coragem política e a mão estendida de uma parte da classe empresarial explicam a naturalidade com que se aceita que o aumento do salário mínimo seja pago com os impostos dos portugueses, com que se aceitam os efeitos negativos desses aumentos na justiça interna das empresas e até na sua capacidade de garantir os serviços que o Estado contratou.

O que acontece atrás do pano do teatro do aumento salarial não parece importar a ninguém, não importa que alguns trabalhadores sejam ainda mais explorados, para se garantir o contrato com o Estado, que não o actualiza para fazer face ao aumento do salário mínimo, não importa que todos os outros que estão na empresa, até com mais qualificações, não sejam aumentados, não importa, ainda, que todos saibam que a prazo nenhuma economia a crescer 12% em seis anos aguenta aumentos de salários mínimos de 40%. A justiça e o combate contra a desigualdade não se conseguem assim.

SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL   SALÁRIOS   ECONOMIA   DESIGUALDADE   SOCIEDADE   CRESCIMENTO ECONÓMICO

COMENTÁRIOS:

Filipe Costa: Façam a conta, duas empregadas para servir as mesas, metem baixa, que faço?           Sérgio Correia: Poucas pessoas são contra o aumento do salário mínimo, mas é ter visão curta achar que a solução dos problemas das pessoas, das famílias passa por aí. Um grande conjunto de coisas vai a reboque do aumento do salário mínimo, fazendo aumentar em quase igual proporção o aumento do custo de vida.
A juntar a isto, temos a aproximação do salário médio ao salário mínimo, o que é um enorme desincentivo à formação, à competência e eficiência, que é aquilo que produz efectivamente riqueza. Isto faz lembrar o mote dos antigos países de leste a quando do regime comunista; eles fazem de conta que pagam, nós fazemos de conta que trabalhamos. No caso português será; para quê esforçar-me para me formar, ser mais competitivo e produtivo, se para ganhar o salário mínimo (ou pouco mais), basta pegar numa vassoura e andar com ela para trás e para a frente
?           Elvis Wayne: Originalmente uma das primeiras funções para as quais o salário mínimo foi concebida foi a de afastar as mulheres e os negros (nos EUA) do mercado de trabalho. Aplicar a todo um povo uma medida justamente criada para dificultar a criação de emprego, ou é coisa de gente inculta, ou é coisa de gente cuja base eleitoral assenta precisamente nos pobres e subsídio-dependentes (PS).           David Pinheiro: Excelente artigo. Mas 60% dos portugueses nem obrigados o leriam. O tuga quando se senta à mesa de café tem uma grande dúvida existencial: leio o Correio da Manhã ou a Bola?           Hugo Dias > David Pinheiro: O tuga tende a acreditar nos Davides Pinheiros pseudo-intelectuais cá do burgo e esse é realmente um dos seus erros. Escrevo estas linhas enquanto mordisco uma sandes de torresmos e bebo uma taça de tinto no intervalo da leitura do Record (onde vem um artigo muito bom sobre o caso B-Sad e os 0-7 com o Benfica). Já agora: o que lhe apraz dizer sobre este tema tão sensível e fracturante da nossa sociedade? Algum contributo iluminado e esclarecedor que só 40% dos portugueses (os superiores Davides Pinheiros) o irão ler? Muito grato josé maria: Helena Garrido, seja coerente, dê o exemplo: peça aos seus patrões para lhe baixarem drasticamente o seu ordenado e assim contribuírem para a melhoria da competitividade e dos lucros do Observador...          Rui Castro > josé maria: Que comentário mais infantil …           J Ferreira: Enquanto vierem basucas da UE o socialismo não acaba. Como é sabido, o socialismo só acaba quando acaba o dinheiro. Foi assim com o Soares. Foi assim com o Guterres. Foi assim com o Sócrates Vai ser assim com o Costa ou um seu descendente. O problema é que o bom do tuga só olha para o seu umbigo, fica todo contente com mais 10 euritos e é incapaz de olhar para o futuro que não precisa de ser longínquo. Tenho dito, querem melhores salários, produzam bens ou serviços com maior valor (mais caros ). Agora a servir à mesa e a fazer camas não tenham ilusões.             Liberal Assinante do Local > J Ferreira: Olhe que depende das mesas e das camas!  Harry Dean Stanton > J Ferreira: Mais caro só por si não quer dizer nada dependendo se é preciso importar tudo para chegar ao produto final. O crescimento tem mais a ver com valor acrescentado. Que já está a acontecer. Porque não se muda uma economia numa ponta da Europa sem grandes motores económicos à sua volta, com baixíssimas qualificações ainda há muito pouco tempo, que mandou o sector primário e secundário às urtigas e foi totalmente direcionada para sectores que só se alimentam do crédito (banca, seguros, construção e imobiliário) enquanto corria um processo acelerado de liberalização sem paralelo na Europa e uma perda de competitividade cambial enorme com a adesão ao euro porque outros países agora muito admirados em Portugal ainda não passaram e também por aqui tem uma capacidade de atração das VW muito maior.  Além da geográfica, mais qualificações e muito mais tradição industrial como é óbvio. Foi assim que chegámos à viragem do século com níveis de endividamento privado já na altura destacados a nível europeu. O que veio nos anos seguintes - a entrada da concorrência China na OMC, os acordos comerciais da China com a UE, a forte apreciação do euro face ao dólar e o aumento exponencial dos preços do petróleo até 2008 - alimentou o fogo de uma dívida externa já elevada com as achas da perda de competitividade. Nos últimos 20 anos andámos só a viver a ressaca desse processo de endividamento, com recursos e instrumentos limitados para fomentar a transformação produtiva necessária a um desenvolvimento económico sustentado. Quem julga que isto se resolve com um estalar de dedos, com ressabia política, choques fiscais e mais "liberdade económica" não percebeu nada do que se passou. Depois de termos privatizado quase tudo o que havia para privatizar - empresas industriais, bancos, seguradoras, empresas de transportes e de energia, até o tratamento de resíduos. Liberalizámos o sistema financeiro e a circulação de capitais, resultando no aumento explosivo do endividamento privado. Desregulamentámos por três vezes as leis do trabalho, facilitando os despedimentos, os horários flexíveis e os contratos atípicos. Escancarámos as portas aos privados na saúde e na educação com os resultados da predação que também já estão aí e  alguns ainda acham que é por falta de liberalização. Portugal já está há algum tempo no caminho certo com o ensino superior finalmente em todo o país já a gerar ótimos projetos junto da indústria. Leva é o seu tempo. Ninguém acrescenta valor na cadeia de valores de uma economia como a portuguesa de um dia para o outro. Isso não existe. Muito menos com a necessidade de resgatar todo o sistema financeiro e uma pandemia pelo meio. Existem é realidades diferentes que não vale a pena estarmos sempre a debater dado premissas tão distintas.          Elvis Wayne > J Ferreira: Pegando na sua última frase, de facto o Povo Português fez a cama em que se à de deitar, infelizmente.          bento guerra: Não percebem que o SM é  um valor a que se chega e não uma imposição de partida. O que é um "salário justo"?        Júlio António Correia: Artigo claro e brilhante, como sempre. Deve-se aumentar o salário mínimo, mas sem qualquer auxílio do Estado (dos nossos impostos) às empresas. Assim fazia-se uma limpeza das empresas mal geridas. E haveria oportunidade para novas empresas.          Harry Dean Stanton > Júlio António Correia: O auxilio não passa de um delírio que convém à HG.          Antonio Silva > Júlio António Correia: Abençoado ignorante! Terra queimada, já.           Harry Dean Stanton: E finalmente porque o texto já vai longo e a paciência também tem limites para tanta asneira sobre as pseudo-consequências deste aumento do SM, falemos então do seu impacto sobre o salário médio.   “E assim se cria uma injustiça, prejudicando os mais qualificados. Este condicionalismo já começa a ser visível nos grandes números, com o salário médio a aproximar-se do salário mínimo.”   Também é sobretudo aqui que se percebe logo que a HG de empresas… E aqui até lhe podia explicar com conhecimento de causa o sofrimento dos quadros qualificados - como lhe chama a HG - na sede em Lisboa de uma grande empresa como a Jerónimo Martins devido aos salários mínimos da esmagadora maioria dos seus trabalhadores nas placas de vendas dos supermercados. Sendo que muitos nem SM porque a grande preocupação dos diretores de loja HOJE é manter o máximo de part times possíveis.    Em suma e num país e numa economia com o problema de baixos salários como Portugal, não se começa a resolver o problema do SM só  a pensar no próximo ano mas em todos os anos que ficaram para trás sem crescimento do país e s/ um SM decente. Aliás, pela maioria dos génios das Confederações patronais o SM nem nunca tinha saído dos 500 euros. Já o problema dos baixos salários médios não tem rigorosamente nada a ver com o aumento do SM mas sim com aspectos como o congelamento da negociação colectiva e a destruição das carreiras na FP. De onde saía toda a famosa classe média deste país.    E já agora o factor trabalho ainda arrasta com ele outro enorme problema em Portugal. Uma carga fiscal altíssima e neste capítulo recordo só dados comprativos da OCDE. Devido à opção de sucessivos Governos num dos poucos países da UE que não taxa fortunas. E o mesmo para todo o género de dividendos de capital devido a outro mito famoso em Portugal que diz que o capital pode fugir?! Resta saber que capital antes de nos desmancharmos a rir. Muito mais que as empresas como também é tantas vezes propagado. Nunca nenhuma empresa estrangeira deixou de investir em Portugal devido à nossa famosa taxa tributária. No que é só mais um mito! Hoje em Portugal só não sabe das transformações económicas que ao país mais precisa quem não quer. Eu até diria, da persistência que o país precisa. Porque nem os países nem as economias se mudam de um dia para o outro. E curiosamente a HG não fala aqui de nenhuma delas. Mas ainda arranjou tempo para falar do homem que brifou o Coelho quando chegou ao Governo. Para mal das nossas vidinhas. Que pecados não tenho.          Maria Madeira: Texto bastante realista e corajoso.           Harry Dean Stanton: Segue-se o impacto do aumento do SM nas empresas. Uma realidade que a HG só conhece pelo que lhe contam e pelos vistos nem se dá ao trabalho de consultar uma série de indicadores públicos que evitavam logo uma série de asneiras. A começar no facto da maioria das empresas portuguesas nem sequer apontarem o aumento do SM como problema. Apontam sim outros problemas como a procura. E aqui em primeiro lugar não se percebe porque é a HG abandona temporariamente as suas grandes crenças económicas que a levariam sempre a dizer de certeza que empresas que não conseguem pagar um SM abaixo dos 1000 euros já nem deviam estar a operar no mercado europeu em concorrência com as suas congéneres europeias. A famosa renovação do tecido empresarial tão cara aos monetaristas neoliberais. E em segundo lugar e voltando ao erro verbal monumental logo na primeira linha, as pequenas empresas onde admitamos que o impacto do aumento do SM se faça sentir mais devem esperar por esse impacto também do lado da procura. Como por exemplo alguns restaurantes que muito provavelmente também vão servir mais refeições devido ao aumento em questão. Um dinheiro que entra todo direitinho na economia real. De modo que mais uma vez talvez não fosse má ideia refrear as conclusões precipitadas. Mesmo quando se pretende só agradar a alguém porque também se corre o risco do descrédito total. Um risco que para sermos francos a HG já não corre não e? E neste caso ainda bem que há riscos que só se podem correr uma vez na vida. Já sobre o Estado suportar parte de seja que aumento salarial for nas empresas privadas ou o Coelho fazer uma coisa no Governo e outra na oposição prefiro nem me pronunciar. O velho sonho húmido do velho patrão dos patrões, o Ferraz da Costa, que nunca fez nada na vida além das baboseiras mais frequentes mas gostava muito de acusar os portugueses entre muitas outras coisas, imagine-se, de não quererem trabalhar?! Portanto de jogarem na equipa dele! É caso para dizer, quem lhes dera. Só mais um, como a HG, a quem fazia muito bem visitar empresas como a VW em Palmela. Para perceberem de uma vez por todas que a produtividade não depende só do factor trabalho, da mão-de-obra ou até da sua qualificação. Sem dúvida o preditor mais robusto de crescimento económico como é consensual entre economistas, como estou aliás cansado de escrever aqui. Só a unidade da VW mais produtiva do Mundo. A produtividade também depende da capacidade da gestão, da capacidade de inovar e da capacidade de investir. De não ficar parado e inclusive da capacidade de arrasto do resto da economia em termos de valor acrescentado.             Francisco Correia > Harry Dean Stanton: Não te iludas! A Auto-Europa só paga bons salários porque tem produtividade elevada. No dia em que a AutoEuropa tiver de pagar bons salários e a produtividade for baixa, pura e simplesmente fecha as portas. A realidade de ter os salários a crescer muito acima da produtividade, mais tarde ou mais cedo, vai-se impor. Harry Dean Stanton > Francisco Correia: E porque é que tem a produtividade elevada? Terá recrutado trabalhadores portugueses especiais de corrida nalgum micro clima?          David Pinheiro > Harry Dean Stanton: Não se esqueça do exemplo que deu da Autoeuropa. Quando aquilo falir, veja se se recorda.  Harry Dean Stanton > David Pinheiro: Recordo-me é deste comentário de tão complexo entendimento. Será um sonho a esta hora? Mas independentemente dos teus sonhos e há ciclos de vida para tudo não consigo perceber em que é que os teus sonhos interferem com a prova que é possível ter uma boa produtividade em Portugal. E até te explicava como mas como deves estar a dormir ou a ler a Bola fica para a próxima.        Francisco Correia > Harry Dean Stanton: Seria fácil se a produtividade dependesse apenas de bons trabalhadores. A Auto-Europa, além dos bons trabalhadores, tem várias coisas que a grande maioria das empresas portugueses não tem e que permite atingir altos níveis de produtividade: Capital (aquela coisa que os xuxo-comunas odeiam), gestão de alto nível e portas abertas das autoridades administrativas portugueses, caso surja algum problema a este nível (para a Auto-Europa, de certeza que não há o calvário da burocracia portuguesa).      David Pinheiro > Harry Dean Stanton: Desculpe ter comentado o seu comentário. Não voltarei a cair no mesmo erro.   Harry Dean Stanton > Francisco Correia: Foi exactamente o que eu disse Francisco. Que a produtividade não depende só do fator trabalho. O que eu ainda não faço é ensinar a ler ou tratar problemas cognitivos. "Só mais um, como a HG, a quem fazia muito bem visitar empresas como a VW em Palmela. Para perceberem de uma vez por todas que a produtividade não depende só do factor trabalho, da mão-de-obra ou até da sua qualificação. Sem dúvida o preditor mais robusto de crescimento económico como é consensual entre economistas e como estou aliás cansado de o escrever aqui. Só a unidade da VW mais produtiva do Mundo. A produtividade também depende da capacidade da gestão, da capacidade de inovar e da capacidade de investir. De não ficar parado e inclusive da capacidade de arrasto do resto da economia em termos de valor acrescentado."         Francisco Correia > Harry Dean Stanton: Depende também de um Estado desburocratizado e eficiente. Desburocratizado para não infernizar quem quer investir. Eficiente para fazer mais cobrando menos impostos. É aqui que o Estado português, principalmente com governos xuxas, falha um toda a linha.   Harry Dean Stanton: À medida que as eleições se aproximam, o radicalismo económico da HG é cada vez mais evidente. E até o erro monumental do tempo do verbo logo na primeira linha já anunciava a colecção de falácias que aí vinha. E não por uma questão meramente linguística como é óbvio mas lá chegaremos. A verdade é que o salário mínimo (SM) não terá tido em 2022 um aumento de 39,6% porque 2022 ainda nem sequer começou. E com ele aferir correctamente esse impacto em vez de conclusões precipitadas. Para não lhe chamar tendenciosas. Que é basicamente o grande tema e o grande mote desta coluna da HG. Além do radicalismo inato como também é mais que óbvio. Coisa diferente com a qual até concordaria seria estranhar como foi possível o maior aumento da história do salário mínimo justificar a queda de um Governo?!  Mas vamos às falácias: “E estas inconsistências pagam-se, como já sentimos violentamente na pele quando o excesso de dívida nos condenou quase à bancarrota em 2011.”?!   Como a HG não especifica a dívida, dizer só à HG que nem a dívida pública nem a dívida externa estão associadas ao salário mínimo num cenário macroeconómico. A dívida externa como todos deviam saber está associada ao que não produzimos e temos que importar. Portanto ao desequilíbrio da balança comercial e também ao custo do crédito bancário que não impacta na bolsa das famílias e das empresas como impacta na dívida externa num cenário de crise económica. E finalmente a divida pública que de pública até tinha muito pouco além da bola de neve de juros da dívida criada pelas agências de rating quando percepcionaram a necessidade do resgate da banca portuguesa falida. E como a HG está cansada de saber foi sobretudo essa dívida privada que foi paga pelos contribuintes que foi transformada em dívida pública. Na casa dos 60% antes do crash          Manuel Rodrigues: Parabéns  Dra  Helena por abordar um tema  que é tabu  para a sociedade  portuguesa.  O  combate político  sobrepõe-se  aos  temas da  nossa economia  Os  Camaradas  não valorizam.  Preferem apressar a vinda da TROIKA              Liberal Assinante do Local: Este banho de demagogia que é o regoverno Kostas no que respeita ao "salário mínimo" mostra, por si só, que a noção de salário mínimo é um erro. O salário mínimo grego levou uma cacetada de todo o tamanho com a Troika. Se não aprendem a bem, aprendem a mal! Assim será com os tugas.      Zé da Esquina: O artigo é muito esclarecedor. As remunerações salariais em Portugal mereciam ser maiores do que realmente são. Porém, infelizmente, não é possível aumentar os gastos quando as empresas não geram receitas para suportar esses gastos. Portugal tem uma produtividade muito baixa, pelo que estou em crer que algumas empresas irão falir. Creio que o problema resolve-se com medidas para aumentar a competitividade das empresas e pela redução de custos de contexto (impostos e burocracias do estado, por exemplo).         Antes pelo contrário 8: (…) Conclusão, Portugal vai na senda de outro Resgate - se houver quem esteja interessado em meter aqui mais dinheiro - porque nos tornámos uma economia de dependentes, que não produzem o suficiente para o seu próprio sustento. Pois na realidade, só 2,8 milhões de pessoas pagam IRS, 344 mil empresas estão crivadas de dívidas, o Estado está crivado de dívidas para ajudar 173 mil empresas a pagar salários, enquanto há 6,2 milhões de pessoas isentas de taxas moderadoras, 2 milhões de reformados, 200 mil desempregados, etc. etc. etc. e o dinheiro não chega. O endividamento cumulativo do Estado, das Empresas Públicas e Privadas, e dos Particulares, atingiu a soma astronómica de 744 mil milhões de euros!!! Por conseguinte, os aumentos não devem ser para todos, mas diferenciados segundo as necessidades de cada um, e isso não tem nada a ver com o tipo nem o nível do salário, mas com as condições reais de vida de cada pessoa: Na província, quase toda a gente vive em casa própria e não paga renda. Em Lisboa, um salário mínimo não dá para pagar um quarto e viver com o que sobra. É absurdo haver isenções para todos os jovens, independentemente da situação financeira dos pais. É absurdo financiar empresas não rentáveis, onde os "trabalhadores" se agitam sem produzir o suficiente para pagar os seus ordenados. É absurdo fazer depender tudo de um Estado FALIDO. É absurdo importar trabalhadores e migrantes quando o que temos não chega para alimentar toda a gente a não ser à custa de dívidas. E é absurdo continuar a importar comida de Espanha, ou gastar 8 mil milhões em compras de Natal, como aconteceu no ano passado, segundo o SIBS!!! Porque mais tarde ou mais cedo, isto acaba e ficamos todos na miséria. E a questão, nem é ter pena dos ricos que ficarão pobres. É que os pobres e improdutivos, já não poderão viver da riqueza alheia, quando ela desaparecer...

...e não houver mais quem nos empreste porque finalmente perceberam que nos tornámos num país de parasitas!!!           João Ramos: Uma das grandes razões para a baixa competividade em Portugal, é a quantidade de empregos do Estado em que as pessoas que lá trabalham apenas se preocupam com os seus direitos e esquecem as suas obrigações, isto é, no Estado trabalha-se pouco, haverá algumas excepções como por exemplo na saúde, de resto os serviços são um autêntico pesadelo, trabalha-se com prazos do século XIX estando nós na época dos computadores, dentro dos serviços respira-se um ar de tranquilidade e fora as filas de espera são enormes sem que isso preocupe minimamente quem atende…        Elvis WaynePortugal, que Futuro: Só há um problema. Na teoria o seu querido súcia-lismo realiza a destruição criativa: destruir tudo o que é velho ("do tempo da outra senhora") e reaccionário, por forma a brotar o "paraíso terreno"(inatingível). Na prática o seu querido súcia-lismo fica-se apenas pela parte do destruir. Nada se cria, tudo se sonega. E quando não há mais nada (ou ninguém) para extorquir, o súcia-lismo acaba (parafraseando Thatcher).        Manuel Chagas: A sua análise baseia-se em mitos meritocráticos sobre um tema onde na realidade eles não se aplicam. Analisar o aumento do salário mínimo em função da competitividade, do crescimento económico e da justiça para a classe média é ignorar a realidade de quem vive no limiar da pobreza, trabalhando para ser pobre. O aumento do salário mínimo em Portugal é um problema de correcção de enormes desigualdades, e isto não é desejar que sejam todos iguais, é não aceitar que a desigualdade deixe pessoas na pobreza. A economia portuguesa não vai convergir com a europeia pagando salários miseráveis, isso é sustentar empresas medíocres, não é assim que se cresce, a convergência será mais bem com o Vietname ou algo assim. E digo-lhe que o meu salário é bastante alto, e não me parece mal que se aumentem as pessoas que ganham abaixo do limiar digno, e não me aumentem a mim. Parece-me justo. MCMCA A > Manuel Chagas: A nossa função pública trabalha bem i.e. é célere nas respostas, eficiente e eficaz? Ter um médico especialista a levar para casa1800 euros mês/ um interno 1200 euros/mês um enfermeiro 900 euros/mês com um esforço infernal diário e o risco de processos judiciais que não podem pagar e os hospitais públicos nem apoio jurídico lhes dão  é bom para si? Aí tem a resposta da convergência dos salários. O recente exemplo da Venezuela com uma política semelhante para si é bom e é de repetir? Tem alguma empresa? se tem e ela é boa pode perfeitamente pagar o aumento do salário mínimo o pior são os outros salários que não podem ficar na mesma ao contrário dos da função pública porque os trabalhadores se vão embora emigrando na maior parte dos casos, a que se somam os aumentos das matérias primas. transportes e energia. Como é que resolvia os problemas da sua empresa que muitas vezes tem já contratos com clientes que não acomodam todo estes aumentos e que têm de ser satisfeitos.       Elvis Wayne > Manuel Chagas: Se Portugal é desigual, deve-se em não pouca medida a medidas do PS, de que esta é apenas mais um exemplo.      João Eduardo da Costa  > L. Gata: Portugal é pródigo em medidas Demagógicas que acabam por custar muito caro a todos ou quase todos, mas não necessariamente a quem as implementou. Donde, não se podem esperar grandes alterações a esta cultura de Demagogia.           Joao R: Todos concordam que há um problema. A subida do salário mínimo vai resolver esse problema? Não, mas provavelmente é mais justo que deixar os pobres serem ainda mais pobres. O que para mim é evidente e suponho para qualquer pessoa que perceba um pouco de matemática e economia, é que os salários vão continuar a baixar enquanto existir um desequilíbrio negativo da balança comercial (ou seja enquanto comprarmos mais aos outros países que eles compram a nós). Olhando para as estatísticas parece que em 2020 Portugal teve -1.2% GDP. Antigamente existia uma maneira de esse tipo de desequilíbrios se resolverem um pouco. Agora o tecido empresarial e o governo deviam criar políticas que (legalmente) levem ao incentivo do consumo interno e reduzam o consumo externo como todos os países na EU que tem um desequilíbrio favorável fazem directa ou indirectamente. Por exemplo, os Alemães gostam muito de dizer mal da indústria de produção de Azeite para incentivar o consumo nacional do seu óleo de girassol, gostam de criar um sentido de que o que é Alemão é que é bom (que infelizmente parece ter contagiado os Portugueses também), e depois é óbvio quem se lixa e quem ganha. Quem se deixa enganar com promessas de uma Europa onde não andam a tentar "roubar-se" uns aos outros ou é burro ou não tem arte. Não digo que estivéssemos melhor não pertencendo à União Europeia, mas podemos pertencer à UE e deixar de ser ingenuozinhos. Para não falar das outras tretas todas que se fazem na UE, permite-se a movimentação dos trabalhadores mas não dos empregos. Como é óbvio seria muito mais barato mudar as indústrias de países com altos salários para países com salários como Portugal. Mas os políticos Alemães bloqueiam esse tipo de movimentações (de empregos) com ameaças de penalizações a empresas que o façam. Claro que eles preferem importar a mão-de- obra barata emigrante e continuar a controlar o emprego e os salários no seu país em vez de verem os empregos a fugir. O único problema é que Portugal foi incapaz de proteger os seus empregos e empresas no momento em que aderiu à UE por não ser possível competir com maiores empresas existentes em países com maiores dimensões. E ao mesmo tempo é lixado por este tipo de medidas existentes nesses países que impedem a movimentação do emprego (que muito provavelmente são ilegais do ponto de vista das regras da UE)         Frederico Barahona Fragoso: Explicação perfeita. A parte economia/finanças devia ser gerida por pessoas competentes/qualificadas/bem remuneradas fora da esfera dos Governos eleitos...para não andarmos ao sabor das curvas à esquerda e direita, conforme o motorista...É preciso dar uma volta à maneira como queremos ser geridos.         Francisco Correia: Os tugas adoram a Troika! A prova é que votam maioritariamente em partidos (e consequentes desgovernos) que tudo fazem no sentido de criar as condições para a chamar.

 

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