Um banho de Economia por Helena Garrido e seus Comentadores. Parece óbvio, mas o facto é que… “daqui ninguém nos tira”.
O salário mínimo e a ilusão de justiça
O aumento do salário mínimo está a criar
incentivos perversos e injustiças que não se vêem. O combate à desigualdade e
aos salários baixos não se faz assim.
HELENA GARRIDO
OBSERVADOR, 30 nov
2021
O
salário mínimo terá (tido)
em 2022(?) um aumento de 39,6% em relação a 2015, passando de 505 para 705 euros. A produção portuguesa
deverá crescer, no mesmo período, 12,4%, levando em conta os dados e previsões da Comissão Europeia. Um
cabaz de cem euros em 2014 custava no ano passado 103,8 euros, de acordo com os
dados do INE para a inflação, podendo atingir os 107.8 euros se admitirmos uma
subida de preços da ordem dos 4% em 2021 e 2022. É difícil encontrar um dado na
economia que justifique a subida de quase 40% do salário mínimo em seis anos. E
estas inconsistências pagam-se, como já sentimos violentamente na pele quando o
excesso de dívida nos condenou quase à bancarrota em 2011.
Mas
é justo, dirão. Claro que é justo. O salário mínimo é demasiado baixo em
Portugal, como aliás os salários em geral. Infelizmente a justiça duradoura não
se constrói assim. A pergunta é: terão as empresas capacidade para pagar esse
salário? A resposta é “não”. E é tanto negativa quanto o próprio Governo o
reconhece e tem reconhecido desde 2015, ainda com Pedro Passos Coelho como
primeiro-ministro, criando mecanismos para compensar esta subida.
O
primeiro modelo, com Pedro Passos Coelho,
passou por uma redução na Taxa Social Única para compensar a subida do
salário mínimo. António
Costa, na primeira
legislatura, tentou fazer o mesmo, mas o PCP e o BE votaram contra assim
como o próprio PSD, na altura ainda liderado por Pedro Passos Coelho. Entrou-se
então na via de dar dinheiro às empresas.
No
próximo ano, em que o Governo decidiu aumentar o salário mínimo de 665 euros
para 705 euros, serão pagos 112 euros anuais por trabalhador que receba hoje a
remuneração mínima e 56 euros para quem receba abaixo do novo valor e acima do
actual. Diz o Governo que espera gastar 100 milhões de euros do Orçamento do
Estado com esta medida de compensação que também já foi aplicada este ano. Mas
em 2021 gastou
apenas 33 milhões de euros abrangendo pouco mais
de 80 mil empresas.
A
primeira questão que se coloca é esta: se o Governo sabe que as empresas não
têm capacidade para pagar aumentos do salário mínimo desta dimensão porque é
que o sobe? Por razões de política pura.
A
segunda questão é: até quando vai o Orçamento do Estado continuar a compensar
as empresas pela subida do salário mínimo? Para sempre? Com que objectivo? E
tem consciência das distorções que cria ao seguir esta política?
Embora
o montante de 2021 tenha acabado por não ser significativo – em média deu pouco
mais de 400 euros anuais por empresa –, o sinal que se dá é: paguem o
salário mínimo que nós pagamos uma parte. Existe aqui um incentivo, mínimo
que seja, para que as empresas mantenham essa sua política, como refere Pedro Sousa Carvalho aqui, nas
Contas do Dia, na Antena 1.
Mas
se falarmos com quem vive quotidianamente os problemas das empresas, há
problemas mais graves que podem até estar a alimentar injustiças e
desigualdades.
As
empresas, nos seus orçamentos, definem em geral uma dotação para aumentos
salariais. Um aumento
da massa salarial de 6% – o crescimento do salário mínimo em 2022 – é bastante
significativo nos tempos que correm. Tal significa, como alerta quem está
ligado à gestão das empresas, que todo o orçamento para aumentos salariais
pode ficar esgotado nas pessoas com salário mínimo, não se fazendo
actualizações aos outros trabalhadores. E assim se cria uma injustiça,
prejudicando os mais qualificados. Este condicionalismo já começa a ser
visível nos grandes números, com o
salário médio a aproximar-se do salário mínimo.
Repare-se
que este tipo de política gera ainda o risco de desincentivar a qualificação.
Como a diferença salarial por mais formação pode ser mínima, em qualificações
médias, o que o Governo
acaba por estar a fazer é a desincentivar a formação. Na prática, está a replicar no sector privado
aquilo que já se fez na administração pública – os salários mais baixos são
relativamente elevados quando comparados com o sector privado, enquanto os
quadros superiores estão mal pagos. O que, como tem sido dito e há muito
diagnosticado, tem criado dificuldades de atracção de pessoas qualificadas para
o Estado. As empresas vão acabar por ter exactamente o mesmo problema.
E, se conseguirem, aumentam os outros salários, se não conseguirem, morrem. A
prazo é isso que pode acontecer, na linha com o que se tentou fazer no passado,
como veremos adiante.
Depois
temos as actividades cuja receita, e por vezes também a despesa, está
praticamente pré-definida, como acontece nos contratos públicos. É um problema especialmente grave nos transportes e no
sector social, como alerta quem conhece os sectores. Como o Governo depois não revê esses contratos, o que
está a fazer é a estrangular essas actividades. O resultado, em algumas
empresas, é o abuso das pessoas que lá trabalham – e eis uma nova injustiça.
Mais
uma vez o Governo respeita a sua grande linha de acção: tomar decisões com
enorme impacto mediático e político e desprezar todos os outros efeitos. Há um
limite para este tipo de actuação e, é inevitável, vamos pagar estes erros.
Se
a ideia é forçar o aumento dos salários através do salário mínimo, então era
preciso levar esta subida até às últimas consequências. Forçar, através do
salário mínimo, a melhor gestão ou à morte. Na prática seria usar o salário
mínimo para fazer uma espécie de “valorização competitiva”, numa política muito
semelhante à defendida, na primeira metade da década de 90 do século XX, pelo
então vice-governador do Banco de Portugal António Borges. Na altura, defendeu a valorização do então escudo como
forma de forçar as empresas a serem mais competitivas. E as que não
conseguissem, morriam. Pode ser um exagero, mas as propostas de aumentos do
salário mínimo do PCP – que levaram até ao chumbo do Orçamento – correspondem,
nas suas grandes linhas, àquilo que António Borges tentou fazer.
Todos sabem que o caminho não é por aqui. O aumento do salário mínimo resolve o problema das
pessoas que o recebem – o que obviamente não é pouco –, mas resolve-o a curto
prazo. Porque todos sabem que esta via não é
duradoura e, mais cedo ou mais tarde, veremos, outra vez, o salário mínimo
congelado se a economia continuar a registar uma taxa de crescimento da ordem
dos 2%.
O
Governo tem responsabilidades neste beco em que nos está a meter – até porque tem
decidido unilateralmente estes aumentos, sem qualquer acordo na concertação
social, como devia acontecer. Mas os
empresários e os sindicatos também. Há medidas que os empresários deviam
fazer questão que se adoptassem e que, essas sim, tinham condições para nos
tirarem deste crescimento medíocre. Entre
essas medidas estão os custos associados à burocracia que enfrentam, os custos
da falta de qualidade dos serviços públicos, muitos deles mais virados para
dentro do que para fora, os custos associados aos tribunais administrativos e
fiscais.
A
falta de coragem política e a mão estendida de uma parte da classe empresarial
explicam a naturalidade com que se aceita que o aumento do salário mínimo seja
pago com os impostos dos portugueses, com que se aceitam os efeitos negativos
desses aumentos na justiça interna das empresas e até na sua capacidade de
garantir os serviços que o Estado contratou.
O
que acontece atrás do pano do teatro do aumento salarial não parece importar a
ninguém, não importa que alguns trabalhadores sejam ainda mais explorados, para
se garantir o contrato com o Estado, que não o actualiza para fazer face ao
aumento do salário mínimo, não importa que todos os outros que estão na
empresa, até com mais qualificações, não sejam aumentados, não importa, ainda,
que todos saibam que a
prazo nenhuma economia a crescer 12% em seis anos aguenta aumentos de salários
mínimos de 40%. A justiça
e o combate contra a desigualdade não se conseguem assim.
SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL SALÁRIOS ECONOMIA DESIGUALDADE SOCIEDADE CRESCIMENTO ECONÓMICO
COMENTÁRIOS:
Filipe Costa: Façam a
conta, duas empregadas para servir as mesas, metem baixa, que faço? Sérgio Correia: Poucas
pessoas são contra o aumento do salário mínimo, mas é ter visão curta achar que
a solução dos problemas das pessoas, das famílias passa por aí. Um grande
conjunto de coisas vai a reboque do aumento do salário mínimo, fazendo aumentar
em quase igual proporção o aumento do custo de vida.
A juntar a isto, temos a aproximação do salário médio ao salário mínimo, o que
é um enorme desincentivo à formação, à competência e eficiência, que é aquilo
que produz efectivamente riqueza. Isto faz lembrar o mote dos antigos países de
leste a quando do regime comunista; eles fazem de conta que pagam, nós fazemos
de conta que trabalhamos. No caso português será; para quê esforçar-me para me
formar, ser mais competitivo e produtivo, se para ganhar o salário mínimo (ou
pouco mais), basta pegar numa vassoura e andar com ela para trás e para a
frente? Elvis Wayne: Originalmente
uma das primeiras funções para as quais o salário mínimo foi concebida foi a de
afastar as mulheres e os negros (nos EUA) do mercado de trabalho. Aplicar
a todo um povo uma medida justamente criada para dificultar a criação de
emprego, ou é coisa de gente inculta, ou é coisa de gente cuja base eleitoral
assenta precisamente nos pobres e subsídio-dependentes (PS). David Pinheiro: Excelente
artigo. Mas 60% dos portugueses nem obrigados o leriam. O tuga
quando se senta à mesa de café tem uma grande dúvida existencial: leio o
Correio da Manhã ou a Bola?
Hugo Dias > David Pinheiro: O tuga
tende a acreditar nos Davides Pinheiros pseudo-intelectuais cá do burgo e esse
é realmente um dos seus erros. Escrevo estas linhas enquanto mordisco uma
sandes de torresmos e bebo uma taça de tinto no intervalo da leitura do Record
(onde vem um artigo muito bom sobre o caso B-Sad e os 0-7 com o Benfica). Já
agora: o que lhe apraz dizer sobre este tema tão sensível e fracturante da
nossa sociedade? Algum contributo iluminado e esclarecedor que só 40% dos
portugueses (os superiores Davides Pinheiros) o irão ler? Muito grato
josé maria: Helena
Garrido, seja coerente, dê o exemplo: peça aos seus patrões para lhe baixarem
drasticamente o seu ordenado e assim contribuírem para a melhoria da
competitividade e dos lucros do Observador... Rui Castro > josé maria:
Que comentário mais infantil … J Ferreira: Enquanto vierem basucas da UE o socialismo
não acaba. Como é
sabido, o socialismo só acaba quando acaba o dinheiro. Foi assim com o Soares. Foi assim com o Guterres. Foi assim com o Sócrates Vai ser assim com o Costa ou um seu
descendente. O problema é que o bom do tuga só olha para o seu umbigo, fica
todo contente com mais 10 euritos e é incapaz de olhar para o futuro que não
precisa de ser longínquo. Tenho
dito, querem melhores salários, produzam bens ou serviços com maior valor (mais
caros ). Agora a
servir à mesa e a fazer camas não tenham ilusões. Liberal Assinante do Local >
J Ferreira: Olhe
que depende das mesas e das camas! Harry Dean Stanton > J Ferreira: Mais
caro só por si não quer dizer nada dependendo se é preciso importar tudo para
chegar ao produto final. O crescimento tem mais a ver com valor acrescentado.
Que já está a acontecer. Porque não se muda uma economia numa ponta da
Europa sem grandes motores económicos à sua volta, com baixíssimas
qualificações ainda há muito pouco tempo, que mandou o sector primário e
secundário às urtigas e foi totalmente direcionada para sectores que só se
alimentam do crédito (banca, seguros, construção e imobiliário) enquanto
corria um processo acelerado de liberalização sem paralelo na Europa e uma
perda de competitividade cambial enorme com a adesão ao euro porque outros
países agora muito admirados em Portugal ainda não passaram e também por aqui
tem uma capacidade de atração das VW muito maior. Além da geográfica,
mais qualificações e muito mais tradição industrial como é óbvio. Foi assim que chegámos à viragem do século
com níveis de endividamento privado já na altura destacados a nível europeu. O
que veio nos anos seguintes - a entrada da concorrência China na OMC, os
acordos comerciais da China com a UE, a forte apreciação do euro face ao dólar
e o aumento exponencial dos preços do petróleo até 2008 - alimentou o fogo de
uma dívida externa já elevada com as achas da perda de competitividade. Nos últimos 20 anos andámos só a viver a ressaca desse
processo de endividamento, com recursos e instrumentos limitados para fomentar
a transformação produtiva necessária a um desenvolvimento económico sustentado. Quem julga que isto se resolve com um
estalar de dedos, com ressabia política, choques fiscais e mais "liberdade
económica" não percebeu nada do que se passou. Depois de termos
privatizado quase tudo o que havia para privatizar - empresas industriais, bancos,
seguradoras, empresas de transportes e de energia, até o tratamento de
resíduos. Liberalizámos o sistema financeiro e a circulação de capitais,
resultando no aumento explosivo do endividamento privado. Desregulamentámos por
três vezes as leis do trabalho, facilitando os despedimentos, os horários
flexíveis e os contratos atípicos. Escancarámos as portas aos privados
na saúde e na educação com os resultados da predação que também já estão aí
e alguns ainda acham que é por falta de liberalização. Portugal já está há algum tempo no caminho certo com o
ensino superior finalmente em todo o país já a gerar ótimos projetos junto da
indústria. Leva é o seu tempo. Ninguém acrescenta valor na cadeia de
valores de uma economia como a portuguesa de um dia para o outro. Isso não
existe. Muito menos com a necessidade de resgatar todo o sistema financeiro e
uma pandemia pelo meio. Existem é realidades diferentes que não vale a pena
estarmos sempre a debater dado premissas tão distintas. Elvis Wayne > J Ferreira:
Pegando na sua última
frase, de facto o Povo Português fez a cama em que se à de deitar,
infelizmente. bento
guerra: Não
percebem que o SM é um valor a que se chega e não uma imposição de
partida. O que é um "salário justo"? Júlio António Correia: Artigo claro e brilhante, como sempre.
Deve-se aumentar o salário mínimo, mas sem qualquer auxílio do Estado (dos
nossos impostos) às empresas. Assim fazia-se uma limpeza das empresas mal
geridas. E haveria oportunidade para novas empresas. Harry Dean Stanton > Júlio António Correia: O auxilio não passa de um delírio que
convém à HG. Antonio
Silva > Júlio António
Correia: Abençoado
ignorante! Terra queimada, já. Harry Dean Stanton: E
finalmente porque o texto já vai longo e a paciência também tem limites para
tanta asneira sobre as pseudo-consequências deste aumento do SM, falemos então
do seu impacto sobre o salário médio. “E assim se cria uma injustiça, prejudicando os mais
qualificados. Este condicionalismo já começa a ser visível nos grandes números,
com o salário médio a aproximar-se do salário mínimo.” Também é sobretudo aqui
que se percebe logo que a HG de empresas… E aqui até lhe podia explicar com
conhecimento de causa o sofrimento dos quadros qualificados - como lhe chama a
HG - na sede em Lisboa de uma grande empresa como a Jerónimo Martins devido aos
salários mínimos da esmagadora maioria dos seus trabalhadores nas placas de
vendas dos supermercados. Sendo que muitos nem SM porque a grande
preocupação dos diretores de loja HOJE é manter o máximo de part times
possíveis. Em
suma e num país e numa economia com o problema de baixos salários como Portugal,
não se começa a resolver o problema do SM só a pensar no próximo ano mas
em todos os anos que ficaram para trás sem crescimento do país e s/ um SM
decente. Aliás, pela maioria dos génios das Confederações patronais o SM
nem nunca tinha saído dos 500 euros. Já o problema dos baixos salários
médios não tem rigorosamente nada a ver com o aumento do SM mas sim com
aspectos como o congelamento da negociação colectiva e a destruição das
carreiras na FP. De onde saía toda a famosa classe média deste país. E
já agora o factor trabalho ainda arrasta com ele
outro enorme problema em Portugal. Uma carga fiscal altíssima e neste capítulo
recordo só dados comprativos da OCDE. Devido à opção de sucessivos Governos num
dos poucos países da UE que não taxa fortunas. E o mesmo para todo o género de
dividendos de capital devido a outro mito famoso em Portugal que diz que o
capital pode fugir?! Resta saber que capital antes de nos desmancharmos a rir.
Muito mais que as empresas como também é tantas vezes propagado. Nunca nenhuma
empresa estrangeira deixou de investir em Portugal devido à nossa famosa taxa
tributária. No que é só mais um mito! Hoje em Portugal só não sabe das
transformações económicas que ao país mais precisa quem não quer. Eu até diria,
da persistência que o país precisa. Porque nem os países nem as economias se
mudam de um dia para o outro. E curiosamente a HG não fala aqui de nenhuma
delas. Mas ainda arranjou tempo para falar do homem que brifou o Coelho quando
chegou ao Governo. Para mal das nossas vidinhas. Que pecados não tenho.
Maria Madeira: Texto bastante realista e corajoso. Harry Dean Stanton: Segue-se
o impacto do aumento do SM nas empresas. Uma realidade que a HG só conhece pelo
que lhe contam e pelos vistos nem se dá ao trabalho de consultar uma série de
indicadores públicos que evitavam logo uma série de asneiras. A começar no
facto da maioria das empresas portuguesas nem sequer apontarem o aumento do SM
como problema. Apontam sim outros problemas como a procura. E aqui em primeiro
lugar não se percebe porque é a HG abandona temporariamente as suas grandes
crenças económicas que a levariam sempre a dizer de certeza que empresas que
não conseguem pagar um SM abaixo dos 1000 euros já nem deviam estar a operar no
mercado europeu em concorrência com as suas congéneres europeias. A famosa
renovação do tecido empresarial tão cara aos monetaristas neoliberais.
E em segundo lugar e voltando ao erro
verbal monumental logo na primeira linha, as pequenas empresas onde admitamos
que o impacto do aumento do SM se faça sentir mais devem esperar por esse
impacto também do lado da procura. Como por exemplo alguns restaurantes que
muito provavelmente também vão servir mais refeições devido ao aumento em
questão. Um dinheiro que entra todo direitinho na economia real. De modo que
mais uma vez talvez não fosse má ideia refrear as conclusões precipitadas.
Mesmo quando se pretende só agradar a alguém porque também se corre o risco do
descrédito total. Um risco que para sermos francos a HG já não corre não e? E
neste caso ainda bem que há riscos que só se podem correr uma vez na vida. Já
sobre o Estado suportar parte de seja que aumento salarial for nas empresas
privadas ou o Coelho fazer uma coisa no Governo e outra na oposição prefiro nem
me pronunciar. O velho sonho húmido do velho patrão dos patrões, o Ferraz da
Costa, que nunca fez nada na vida além das baboseiras mais frequentes mas
gostava muito de acusar os portugueses entre muitas outras coisas, imagine-se,
de não quererem trabalhar?! Portanto de jogarem na equipa dele! É caso para
dizer, quem lhes dera. Só mais um, como a HG, a quem fazia muito bem visitar
empresas como a VW em Palmela. Para perceberem de uma vez por todas que a
produtividade não depende só do factor trabalho, da mão-de-obra ou até da sua
qualificação. Sem dúvida o preditor mais robusto de crescimento económico como
é consensual entre economistas, como estou aliás cansado de escrever aqui. Só a
unidade da VW mais produtiva do Mundo. A produtividade também depende da
capacidade da gestão, da capacidade de inovar e da capacidade de investir. De
não ficar parado e inclusive da capacidade de arrasto do resto da economia em
termos de valor acrescentado. Francisco Correia > Harry Dean
Stanton: Não te
iludas! A Auto-Europa só paga bons salários porque tem
produtividade elevada. No dia em que a AutoEuropa tiver de pagar
bons salários e a produtividade for baixa, pura e simplesmente fecha as portas.
A realidade de ter os salários a crescer muito acima da produtividade, mais
tarde ou mais cedo, vai-se impor. Harry Dean Stanton > Francisco
Correia: E porque é que tem a produtividade
elevada? Terá recrutado trabalhadores portugueses especiais de corrida nalgum
micro clima? David
Pinheiro > Harry Dean
Stanton: Não se esqueça do exemplo que deu da
Autoeuropa. Quando aquilo falir, veja se se recorda. Harry Dean Stanton > David Pinheiro: Recordo-me é deste comentário de tão
complexo entendimento. Será um sonho a esta hora? Mas independentemente dos
teus sonhos e há ciclos de vida para tudo não consigo perceber em que é que os
teus sonhos interferem com a prova que é possível ter uma boa produtividade em
Portugal. E até te explicava como mas como deves estar a dormir ou a ler a Bola
fica para a próxima. Francisco
Correia > Harry Dean
Stanton: Seria fácil se a produtividade dependesse
apenas de bons trabalhadores. A Auto-Europa, além dos bons trabalhadores, tem várias
coisas que a grande maioria das empresas portugueses não tem e que permite
atingir altos níveis de produtividade: Capital (aquela coisa que os xuxo-comunas odeiam),
gestão de alto nível e portas abertas das autoridades administrativas
portugueses, caso surja algum problema a este nível (para a Auto-Europa, de
certeza que não há o calvário da burocracia portuguesa). David
Pinheiro > Harry Dean
Stanton: Desculpe ter comentado o seu comentário. Não
voltarei a cair no mesmo erro.
Harry Dean Stanton > Francisco Correia: Foi exactamente o que eu disse Francisco.
Que a produtividade não depende só do fator trabalho. O que eu ainda não faço é
ensinar a ler ou tratar problemas cognitivos. "Só mais um, como a HG, a quem fazia
muito bem visitar empresas como a VW em Palmela. Para perceberem de uma vez por
todas que a produtividade não depende só do factor trabalho, da mão-de-obra ou
até da sua qualificação. Sem dúvida o preditor mais robusto de crescimento
económico como é consensual entre economistas e como estou aliás cansado de o
escrever aqui. Só a unidade da VW mais produtiva do Mundo. A produtividade
também depende da capacidade da gestão, da capacidade de inovar e da capacidade
de investir. De não ficar parado e inclusive da capacidade de arrasto do resto
da economia em termos de valor acrescentado." Francisco Correia > Harry Dean
Stanton: Depende
também de um Estado desburocratizado e eficiente. Desburocratizado para não infernizar quem
quer investir. Eficiente
para fazer mais cobrando menos impostos. É aqui que o Estado português,
principalmente com governos xuxas, falha um toda a linha. Harry Dean Stanton: À
medida que as eleições se aproximam, o radicalismo económico da HG é cada vez
mais evidente. E até o erro monumental do tempo do verbo logo na primeira linha
já anunciava a colecção de falácias que aí vinha. E não por uma questão
meramente linguística como é óbvio mas lá chegaremos. A verdade é que o salário
mínimo (SM) não terá tido em 2022 um aumento de 39,6% porque 2022 ainda nem
sequer começou. E com ele aferir correctamente esse impacto em vez de
conclusões precipitadas. Para não lhe chamar tendenciosas. Que é basicamente o
grande tema e o grande mote desta coluna da HG. Além do radicalismo inato como
também é mais que óbvio. Coisa diferente com a qual até concordaria seria
estranhar como foi possível o maior aumento da história do salário mínimo
justificar a queda de um Governo?! Mas vamos às falácias: “E estas
inconsistências pagam-se, como já sentimos violentamente na pele quando o
excesso de dívida nos condenou quase à bancarrota em 2011.”?! Como
a HG não especifica a dívida, dizer só à HG que nem a dívida pública nem a
dívida externa estão associadas ao salário mínimo num cenário macroeconómico. A
dívida externa como todos deviam saber está associada ao que não produzimos e
temos que importar. Portanto ao desequilíbrio da balança comercial e também ao
custo do crédito bancário que não impacta na bolsa das famílias e das empresas
como impacta na dívida externa num cenário de crise económica. E
finalmente a divida pública que de pública até tinha muito pouco além da bola
de neve de juros da dívida criada pelas agências de rating quando percepcionaram
a necessidade do resgate da banca portuguesa falida. E como a HG está cansada
de saber foi sobretudo essa dívida privada que foi paga pelos contribuintes que
foi transformada em dívida pública. Na casa dos 60% antes do crash! Manuel Rodrigues: Parabéns Dra Helena por abordar um
tema que é tabu para a sociedade portuguesa. O
combate político sobrepõe-se aos temas da nossa
economia Os Camaradas não valorizam.
Preferem apressar a vinda da TROIKA Liberal Assinante do Local: Este
banho de demagogia que é o regoverno Kostas no que respeita ao "salário
mínimo" mostra, por si só, que a noção de salário mínimo é um erro. O
salário mínimo grego levou uma cacetada de todo o tamanho com a Troika. Se não
aprendem a bem, aprendem a mal! Assim será com os tugas. Zé da Esquina: O
artigo é muito esclarecedor. As remunerações salariais em Portugal mereciam ser
maiores do que realmente são. Porém, infelizmente, não é possível aumentar os
gastos quando as empresas não geram receitas para suportar esses gastos.
Portugal tem uma produtividade muito baixa, pelo que estou em crer que algumas
empresas irão falir. Creio que o problema resolve-se com medidas para aumentar
a competitividade das empresas e pela redução de custos de contexto (impostos e
burocracias do estado, por exemplo). Antes pelo contrário 8: (…) Conclusão,
Portugal vai na senda de outro Resgate - se houver quem esteja interessado em
meter aqui mais dinheiro - porque nos tornámos uma economia de dependentes, que
não produzem o suficiente para o seu próprio sustento. Pois na
realidade, só 2,8 milhões de pessoas pagam IRS, 344 mil empresas estão crivadas
de dívidas, o Estado está crivado de dívidas para ajudar 173 mil empresas a
pagar salários, enquanto há 6,2 milhões de pessoas isentas de taxas
moderadoras, 2 milhões de reformados, 200 mil desempregados, etc. etc.
etc. e o dinheiro não chega. O endividamento cumulativo do Estado, das Empresas
Públicas e Privadas, e dos Particulares, atingiu a soma astronómica de 744 mil
milhões de euros!!! Por
conseguinte, os aumentos não devem ser para todos, mas diferenciados
segundo as necessidades de cada um, e isso não tem nada a ver com o tipo nem o
nível do salário, mas com as condições reais de vida de cada pessoa:
Na província, quase toda a gente vive em
casa própria e não paga renda. Em Lisboa, um salário mínimo não dá para pagar um
quarto e viver com o que sobra. É absurdo haver isenções para todos os jovens,
independentemente da situação financeira dos pais. É absurdo financiar empresas não
rentáveis, onde os "trabalhadores" se agitam sem produzir o
suficiente para pagar os seus ordenados. É absurdo fazer depender tudo de um Estado FALIDO.
É absurdo importar trabalhadores e migrantes
quando o que temos não chega para alimentar toda a gente a não ser à custa de
dívidas. E é
absurdo continuar a importar comida de Espanha, ou gastar 8 mil milhões em
compras de Natal, como aconteceu no ano passado, segundo o SIBS!!!
Porque mais tarde ou
mais cedo, isto acaba e ficamos todos na miséria. E a questão, nem é ter pena dos ricos que
ficarão pobres. É que
os pobres e improdutivos, já não poderão viver da riqueza alheia, quando
ela desaparecer...
...e não houver mais quem nos empreste porque
finalmente perceberam que nos tornámos num país de parasitas!!! João Ramos: Uma das
grandes razões para a baixa competividade em Portugal, é a quantidade de
empregos do Estado em que as pessoas que lá trabalham apenas se preocupam com
os seus direitos e esquecem as suas obrigações, isto é, no Estado trabalha-se
pouco, haverá algumas excepções como por exemplo na saúde, de resto os serviços
são um autêntico pesadelo, trabalha-se com prazos do século XIX estando nós na
época dos computadores, dentro dos serviços respira-se um ar de tranquilidade e
fora as filas de espera são enormes sem que isso preocupe minimamente quem
atende… Elvis
WaynePortugal, que
Futuro: Só há
um problema. Na teoria o seu querido súcia-lismo realiza a destruição criativa:
destruir tudo o que é velho ("do tempo da outra senhora") e
reaccionário, por forma a brotar o "paraíso terreno"(inatingível). Na
prática o seu querido súcia-lismo fica-se apenas pela parte do destruir. Nada
se cria, tudo se sonega. E quando não há mais nada (ou ninguém) para extorquir,
o súcia-lismo acaba (parafraseando Thatcher). Manuel Chagas: A sua
análise baseia-se em mitos meritocráticos sobre um tema onde na realidade eles
não se aplicam. Analisar o aumento do salário mínimo em função da competitividade,
do crescimento económico e da justiça para a classe média é ignorar a realidade
de quem vive no limiar da pobreza, trabalhando para ser pobre. O aumento do
salário mínimo em Portugal é um problema de correcção de enormes desigualdades,
e isto não é desejar que sejam todos iguais, é não aceitar que a desigualdade
deixe pessoas na pobreza. A economia portuguesa não vai convergir com a
europeia pagando salários miseráveis, isso é sustentar empresas medíocres, não
é assim que se cresce, a convergência será mais bem com o Vietname ou algo
assim. E digo-lhe que o meu salário é bastante alto, e não me parece mal que se
aumentem as pessoas que ganham abaixo do limiar digno, e não me aumentem a mim.
Parece-me justo. MCMCA A > Manuel Chagas:
A nossa função pública
trabalha bem i.e. é célere nas respostas, eficiente e eficaz? Ter um médico
especialista a levar para casa1800 euros mês/ um interno 1200 euros/mês um
enfermeiro 900 euros/mês com um esforço infernal diário e o risco de processos
judiciais que não podem pagar e os hospitais públicos nem apoio jurídico lhes
dão é bom para si? Aí tem a resposta da convergência dos salários. O
recente exemplo da Venezuela com uma política semelhante para si é bom e é de
repetir? Tem alguma empresa? se tem e ela é boa pode
perfeitamente pagar o aumento do salário mínimo o pior são os outros salários
que não podem ficar na mesma ao contrário dos da função pública porque os
trabalhadores se vão embora emigrando na maior parte dos casos, a que se somam
os aumentos das matérias primas. transportes e energia. Como é que resolvia os
problemas da sua empresa que muitas vezes tem já contratos com clientes que não
acomodam todo estes aumentos e que têm de ser satisfeitos. Elvis Wayne
> Manuel Chagas: Se Portugal é desigual, deve-se em não
pouca medida a medidas do PS, de que esta é apenas mais um exemplo. João Eduardo
da Costa > L. Gata: Portugal
é pródigo em medidas Demagógicas que acabam por custar muito caro a todos ou
quase todos, mas não necessariamente a quem as implementou. Donde, não se podem
esperar grandes alterações a esta cultura de Demagogia. Joao R: Todos
concordam que há um problema. A subida do salário mínimo vai resolver esse
problema? Não, mas provavelmente é mais justo que deixar os pobres serem ainda
mais pobres. O que para mim é evidente e suponho para qualquer
pessoa que perceba um pouco de matemática e economia, é que os salários vão
continuar a baixar enquanto existir um desequilíbrio negativo da balança
comercial (ou seja enquanto comprarmos mais aos outros países que eles compram
a nós). Olhando para as estatísticas parece que em 2020 Portugal teve -1.2%
GDP. Antigamente
existia uma maneira de esse tipo de desequilíbrios se resolverem um pouco.
Agora o tecido empresarial e o governo deviam criar políticas que (legalmente)
levem ao incentivo do consumo interno e reduzam o consumo externo como todos os
países na EU que tem um desequilíbrio favorável fazem directa ou
indirectamente. Por exemplo, os Alemães gostam muito de dizer mal da indústria
de produção de Azeite para incentivar o consumo nacional do seu óleo de
girassol, gostam de criar um sentido de que o que é Alemão é que é bom (que
infelizmente parece ter contagiado os Portugueses também), e depois é óbvio
quem se lixa e quem ganha. Quem se deixa enganar com promessas de uma
Europa onde não andam a tentar "roubar-se" uns aos outros ou é burro
ou não tem arte. Não digo que estivéssemos melhor não pertencendo à União
Europeia, mas podemos pertencer à UE e deixar de ser ingenuozinhos. Para
não falar das outras tretas todas que se fazem na UE, permite-se a movimentação
dos trabalhadores mas não dos empregos. Como é óbvio seria muito mais barato
mudar as indústrias de países com altos salários para países com salários como
Portugal. Mas os políticos Alemães bloqueiam esse tipo de movimentações (de
empregos) com ameaças de penalizações a empresas que o façam. Claro que eles
preferem importar a mão-de- obra barata emigrante e continuar a controlar o
emprego e os salários no seu país em vez de verem os empregos a fugir. O único
problema é que Portugal foi incapaz de proteger os seus empregos e empresas no
momento em que aderiu à UE por não ser possível competir com maiores empresas
existentes em países com maiores dimensões. E ao mesmo tempo é lixado por este
tipo de medidas existentes nesses países que impedem a movimentação do emprego
(que muito provavelmente são ilegais do ponto de vista das regras da UE) Frederico Barahona Fragoso: Explicação
perfeita. A parte economia/finanças devia ser gerida por pessoas competentes/qualificadas/bem
remuneradas fora da esfera dos Governos eleitos...para não andarmos ao sabor
das curvas à esquerda e direita, conforme o motorista...É preciso dar uma volta
à maneira como queremos ser geridos. Francisco Correia: Os
tugas adoram a Troika! A prova é que votam maioritariamente em partidos (e
consequentes desgovernos) que tudo fazem no sentido de criar as condições para
a chamar.
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