José
Milhazes é muito crítico a respeito de Putin e das intenções deste, em relação aos países
que o cercam, como a Ucrânia, e repete as
histórias de violência interna de ditadores como ele, e que têm o seu apoio,
histórias actuais passadas na Bielorrússia, além das mais antigas - por exemplo as da Polónia, do Solidariedade,
quando Putin ainda não fazia parte, e que gostámos de rever, na Internet. É
claro que há opiniões diversas, a mim as de José
Milhazes parecem bem fundadas … e sobretudo rectas, de antevisão,
naturalmente, preocupada...
As ditaduras não são eternas
13 de Dezembro de 1981, Jaruzelski impõe o estado de
sítio na Polónia e bane o “Solidariedade”. Mas se se pode combater com baionetas, é
impossível sentar-se nelas. Oito anos depois o comunismo ruiria
JOSÉ MILHAZES ,
Colunista do Observador. Jornalista e investigador
OBSERVADOR;
15/12/21
As ditaduras de Alexandre Lukachenko
e de Vladimir Putin parecem estar para durar, mas a experiência histórica
mostra que não há nada eterno, até mesmo os regimes que vivem do determinismo
marxista-leninista ou prometem “impérios milenares”.
Na
Bielorrússia, um tribunal condenou, no dia 14 de Dezembro, Serguei
Tikhanovskii, um dos
líderes da oposição bielorrussa, a
18 anos de prisão numa cadeia
de alta segurança, bem como mais quatro
opositores que
trabalhavam com ele a penas que vão dos 14 aos 16 anos em locais semelhantes.
Tikhanovskii foi detido quando fazia campanha eleitoral a favor da
esposa, Svetlana
Tikhanovskaia, que se
candidatara ao cargo de Presidente da Bielorrússia por o marido ter sido
impedido de o fazer. Serguei não
pôde apresentar os documentos necessários porque foi posto em prisão preventiva
durante a inscrição dos candidatos.
As
acusações foram as usuais na Bielorrússia e Rússia: “organização de desordens
em massa”, “atiçamento de inimizade pessoal”, “dificultação do trabalho da
Comissão Eleitoral Central”.
Além
destes opositores, há centenas de activistas, que participaram nos protestos
contra a falsificação das eleições presidenciais em Agosto do ano passado, nas
prisões bielorrussas que nem sequer foram julgados.
Na Rússia a situação é muito idêntica,
podendo-se concluir que, em ambos os casos, a oposição política foi, pelo menos
temporariamente, neutralizada.
Mas
gostaria de lembrar um acontecimento político que teve lugar há 40 anos.
No dia 13 de Dezembro de 1981, o general Wojciech Jaruzelski impôs o estado de sítio na Polónia, proibiu as
actividades da oposição, principalmente dos sindicatos “Solidariedade”, matou
dezenas de pessoas e cerca de 10 mil foram encarceradas.
Nessa
altura, as tropas soviéticas não invadiram a Polónia pois já estavam envolvidas
no Afeganistão e Moscovo encarregou os comunistas polacos da solução do
problema.
Mas,
como se costuma dizer: pode-se combater com baionetas, mas é impossível
sentar-se nelas. Oito anos depois, o
regime comunista na Polónia ruiu rápida e estrondosamente.
A
história está cheia de casos como estes, mas alguns teimam em não prestar
atenção, considerando que isso não lhes diz respeito. No caso de
Putin e Lukachenko, é preciso lembrar-lhes também que, há precisamente 30 anos,
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se desintegrou. Muito
poucos eram os que esperavam que uma superpotência colapsasse tão rapidamente,
mas aconteceu, e não foi por acção da CIA norte-americana ou da Mossad
israelita. Colapsou
porque era um gigante com pés de barro, sem uma economia capaz de sustentar as
aventuras militares em numerosas regiões do globo.
A
história pode repetir-se caso, por exemplo, Putin invada a Ucrânia. As tropas russas não serão recebidas com flores,
beijos e abraços se decidirem marchar até Kiev ou até às fronteiras entre a
Ucrânia e a Polónia. Não digo que as tropas ucranianas estão em condições
de derrotar as russas, mas o avanço destas últimas terá de enfrentar não só os
militares ucranianos, mas também a resistência da esmagadora maioria da
população ucraniana. Vladimir
Putin transformou a Ucrânia no seu principal inimigo ao ocupar parte do
território desta e ao limitar a sua soberania.
Nesta nova “guerra fria” entre o
Ocidente e a Rússia, a luta ideológica é de primordial importância, sem, por
exemplo, nunca confundir o país e os seus povos com o “czar”. Daí ser importante continuar a manter as portas
abertas para aqueles que querem vir visitar, trabalhar ou viver nos países da
União Europeia.
É
necessário lembrar que foram também os muitos erros cometidos pelo Ocidente
face à Rússia nos anos de 1980 e 1990 que contribuíram para Vladimir Putin
entrar no Kremlin. Por
exemplo, é perigoso humilhar e desprezar os vencidos. No lugar de criarem um Plano Marshall para apoiar
a transição dos países da URSS para a economia de mercado, a UE e os Estados
Unidos deixaram avançar o capitalismo selvagem que neles se instalou,
oligarquias corruptas que se aproveitaram da situação para pilharem as riquezas
nacionais num processo de privatização completamente opaco.
Os
resultados estão à vista e devem ser levados em conta na reformulação das
relações entre os países da UE e a Rússia num momento em que se fala mais de confrontos
e guerras do que de diálogo e paz.
COMUNISMO
POLÍTICA POLÓNIA EUROPA MUNDO RÚSSIA UCRÂNIA
COMENTÁRIOS:
bento guerra: Não me parece que a Rússia faça uma invasão da Ucrânia, tem outros meios
para os apertar.A verdade é que Putin marcou pontos, juntou-se ao Xi e calou a
UE, perante o caquético Biden Francisco
Tavares de Almeida: Gostei de ler a parte final do artigo. Nem a Europa, por limitações
económicas, nem os EUA por limitações políticas, poderiam ter aprovado um novo
plano Marshall para os países de leste incluindo Rússia. Mas a consequência
está à vista: a Rússia foi capturada por gangsters e Putin, com admiráveis
qualidades pessoais para isso, é o "capo" mafioso. Pessoalmente
lamento, porque a não ser por essa circunstância, a política mais desejável
para a Europa, seria uma terceira força face à China e aos EUA. Milhazes JoséAUTOR
>Francisco Tavares de Almeida: Naquela altura, tinham meios,
mas decidiram enfraquecer a Rússia e esse foi o grande erro. PortugueseMan: ...A
história pode repetir-se caso, por exemplo, Putin invada a Ucrânia. As
tropas russas não serão recebidas com flores, beijos e abraços se decidirem
marchar até Kiev ou até às fronteiras entre a Ucrânia e a Polónia... Não há dúvida que você está
preso ao passado, sem conseguir compreender o presente e muito menos o futuro que
se avizinha. Mas para que é que a Rússia vai enfiar tropas para entrar em Kiev
ou avançar até à fronteira com a Polónia? Os custos, as mortes (imensas)
desnecessárias, o atrito causado por tal situação iria colocar a Rússia numa
posição bastante precária. Para quê é que a Rússia faria tal coisa? Não
precisam! Linha vermelha: A Ucrânia não pode passar a linha de contacto que
está no tratado de Minsk. Até agora não passou. Porque isto sim, irá
desencadear uma resposta russa. Será uma invasão? Não. A Rússia tem
todas as condições, para destruir SEM entrar no pais, todos os alvos militares
que bem entender. Pode destruir toda a aviação, as bases, os quarteis,
paióis, bases navais, embarcações, centros logísticos e de reparações de
material militar, etc. E claro, atacar centros de decisão, incluindo políticos.
Enquanto a Ucrânia não se decide a atacar as regiões separatistas e está a
ver que não consegue arrastar os americanos e europeus nesse ataque, o país vai
afundando cada vez mais, pois nem dinheiro tem para comprar gás ao preço que
está actualmente. A Rússia sem se mexer, está a encaixar quantidades
absolutamente incríveis de dinheiro neste momento. A Europa está atrofiada por
falta de gás, mas não pode usar o nord stream 2 agora devido a questões
políticas. A Rússia continuar a vender e a vender cada vez mais. Esta situação
de impasse, sem "invasão", está a injectar valores astronómicos na
economia russa, enquanto a Ucrânia se atola cada vez mais no pântano, a Europa
agoniza e os americanos deixam exposto a sua impotência de conseguir mudar o
curso da coisa. Invasão para quê?
Milhazes
JoséAUTOR > PortugueseMan: Eu sempre considerei que não
faz sentido a Rússia invadir a Ucrânia, mas sabe-se lá o que vai na cabeça
de Putin?? PortugueseMan > Milhazes
José: ...Quanto a ser uma invasão ou não, não há dúvidas de
que será mesmo uma invasão militar... Não há dúvidas para si. Em
que se baseia para tal afirmação? ...Kiev
não pode defender a sua integridade territorial?... Pode sempre. ...Além disso, Putin diz que a Rússia
não é parte do conflito. Em que ficamos?... E não é. A Rússia é um dos mediadores no Tratado
de Minsk, tal como é a França e a Alemanha. E é sempre nesta base a retórica da Rússia. Está
ainda em vigor o tratado, é para ser cumprido, e a linha tem que ser
respeitada. Quando a Ucrânia disser que rasga o tratado, aí entramos noutra
conversa. Mas até agora não se atreveu a tal. Milhazes
JoséAUTOR > PortugueseMan: Esqueceu-se da Chechénia? A
Rússia invadiu a Crimeia e ocupou parte do leste da Ucrânia, será que eram
marcianos?
PortugueseMan > Milhazes
José: Não esteja a meter no mesmo
saco as várias situações. O que estamos a
falar aqui são das regiões separatistas.
NOTA DA INTERNET:
Solidarność
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Solidarność (pronúncia: [sɔliˈdarnɔɕt͡ɕ] (escutar (ajuda·info)),
em português Solidariedade (do
nome completo, em polonês, Niezależny
Samorządny Związek Zawodowy "Solidarność; em português, Sindicato
Autónomo "Solidariedade") é uma federação sindical polaca fundada em 17 de Setembro de 1980 nos
Estaleiros Lenin, em Gdańsk, sendo
originariamente liderada por Lech Wałęsa.[1]
História
Na
década de 1970, o governo da Polônia elevou os preços dos alimentos, enquanto
os salários estagnaram. Este e outros motivos levaram aos protestos de junho de
1976 e a subsequente repressão do governo aos dissidentes. Logo
começaram a se formar redes clandestinas como os grupos KOR e ROPCIO para
opor-se ao comportamento abusivo do governo, sendo os sindicatos uma parte
importante dessas redes.
Greve no estaleiro Vladimir Lenin em agosto de 1980
A
primeira metade do pontificado de João
Paulo II ficou marcada pela luta contra o comunismo na
Polónia e restantes países da Europa de Leste e do mundo. Muitos poloneses
consideram que o marco inicial da derrocada comunista foi o discurso de João
Paulo II em 2 de junho de 1979, quando falou a meio milhão de compatriotas
em Varsóvia e
destacou o trabalho do Solidarność. "Sem o discurso de Wojtyla, o
cenário teria sido diferente. O Solidariedade e o povo não teriam se sentido
fortes e unidos para levar a luta adiante", acredita o escritor e
jornalista Mieczylaw
Czuma. "Foi o papa que nos disse para
não ter medo."
Dez anos depois, as eleições de 4 de junho de 1989 foram uma "revolução
sem sangue" e encorajaram outros países do bloco comunista a se liberar de Moscovo. A data tornou-se simbólica do fim do socialismo
real. O movimento sindical Solidariedade, liderado por Lech
Walesa, obteve a vitória nas primeiras eleições parcialmente livres de todo
o bloco comunista.[5]
João
Paulo II foi
creditado como sendo fundamental para derrubar o comunismo no Centro e Leste europeus,
mesmo antes de ser papa, Wojtyła já tinha uma posição inflexível contra o
regime comunista. por ter sido a inspiração espiritual por trás
de sua queda, e um catalisador para "uma revolução pacífica" na Polônia. Lech
Wałęsa, o fundador do movimento
sindical Solidarność, creditou, a João Paulo II, a coragem dos
poloneses de se levantarem. De
acordo com Wałęsa, "Antes de seu pontificado, o mundo estava dividido em
blocos. Em Varsóvia, em 1979, ele simplesmente disse: 'Não tenham medo,
mudem a imagem desta terra'".
Em
1979, a economia polaca encolheu pela primeira vez
desde a Segunda Guerra Mundial, em 2 por cento.
A dívida externa do país chegou a aproximadamente
18 bilhões de dólares estadunidenses em 1980.
O
Solidariedade surgiu em 17 de Agosto de 1980, em Gdansk, nos
Estaleiros Lenin, quando o governo comunista da Polônia assinou o acordo que
permitiu a sua existência. Em 17 de setembro de 1980, mais de 20 comitês de
sindicatos livres fundiram-se em uma organização nacional denominada NSZZ
Solidariedade,[3] sendo
oficialmente registrado em 10 de novembro de 1980.
Lech
Walesa e outros formaram um amplo movimento
social antissoviético que incluía pessoas associadas com a Igreja Católica e membros da esquerda antissoviética. O Solidariedade
defendia atividades de não violência dos seus membros.
O
governo tentou destruir o sindicato com a lei
marcial de 1981 e muitos anos de repressões, mas, por fim, começou a
negociar com o sindicato. As
conversas de mesa-redonda entre o governo enfraquecido e a
oposição do Solidariedade levou às eleições semiabertas de 4 de junho de 1989. Pelo fim de
agosto, uma coligação liderada pelo Solidariedade foi formada para
participar das eleições e, em dezembro, Wałęsa
foi eleito presidente.
A
Igreja Católica apoiou o movimento Solidarność e, em janeiro de 1981, Wałęsa foi cordialmente
recebido pelo Papa João Paulo II no Vaticano. O
próprio Wałęsa sempre considerou o catolicismo como
sua fonte de força e inspiração. Em 1983, na segunda viagem do papa para a
Polônia, foi concedida uma audiência do papa com Wałęsa nas Montanhas
Tatra. Como resultado da reunião, Wałęsa diminuiu sua atividade política
para aliviar a situação interna na Polônia. Em agosto de 1983, a lei marcial
que proibia o Solidariedade foi retirada e, no mesmo ano, Wałęsa recebeu o Nobel da
Paz.
No
dia 4 de junho de 1989, houve eleições para o senado na
Polônia. Pela primeira vez depois de quase meio século de ditadura comunista,
os poloneses tinham a chance de votar. O
resultado das urnas foi que, das 262 cadeiras do senado, 261 ficaram para o partido de oposição, o
Solidariedade. O governo
comunista cairia dois meses depois. Era o fim do comunismo na Polônia.
"A culpa é da Igreja", disse o ditador derrotado,
general Wojciech Jaruzelski. O primeiro ato do líder do
Solidariedade, Lech Wałęsa, foi ir para Roma, para agradecer a
João Paulo II.
Desde
então, tornou-se um sindicato mais tradicional, e teve relativo pouco impacto
na cena política da Polónia no início da década
de 1990. Um ramo político foi fundado em 1996 quando a Ação Eleitoral
Solidariedade (Akcja Wyborcza Solidarność, AWS) ganhou a eleição
parlamentar, 1997, mas perdeu a seguinte eleição parlamentar, em 2001.
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