A outros
tempos, a estes tempos, tempos de ninguém, afinal, que já o Romeiro se sentia
assim, ninguém, e a guerra sempre foi “aquele monstro que se sustenta das
fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome,
tanto menos se farta”. Mas os heróis
assim vão surgindo, nas histórias de todos os tempos. Por vezes inúteis, e
anjinhos, como o contado pelo Dr. Salles, neste tempo frio.
Henrique
Salles da Fonseca
12.12.21
…desobrigado,
decidi nada fazer ficando a pensar. E pensei que já era tempo de saber alguma
coisa sobre o célebre Tenente Valadim,
Vai
daí, os olhos a não decretarem greve e lá fui eu a caminho da Wikipédia.
Eduardo António Prieto Valadim, nasceu
em Lisboa em Julho de 1856 e morreu no Niassa, norte de Moçambique, em Janeiro
de 1890. Decapitado de um só golpe desferido por Mataka III, o Sultão que tanto
incomodava portugueses como os ingleses da então Niassalandia (hoje, Malawi) como
os alemães do Tanganika.
O
jovem Tenente cometeu o erro de acreditar na palavra do Sultão com quem combinara hastear a Bandeira Nacional
Portuguesa no terreiro da sede do Sultanato e logo após a cerimónia não teve
sequer tempo para esboçar um gesto de defesa. Os demais membros da sua
expedição acabaram todos degolados. Só em 1912 o dito Sultão foi
submetido sem opor resistência. Insubmisso, foi autorizado a abandonar
Moçambique refugiando-se no Tanganika. Fez-se acompanhar por 45 mil dos seus
súbditos.
Talvez consigamos assim compreender
mais facilmente a actual situação em Cabo Delgado e no Niassa,
Tudo,
à distância de um ou dois clicks, sem sair de casa e sem necessidade de
recorrer aos Serviços Secretos de qualquer país, nosso ou alheio.
Lisboa,
12 de Dezembro de 2021
Tags:
história
COMENTÁRIO:
Anónimo 12.12.2021: Moral da
história: ninguém gosta de ver o seu território invadido!
DA INTERNET:
NOTÍCIAS
Ataques em Cabo Delgado: Províncias
próximas são “refúgio” de insurgentes
As províncias moçambicanas de Niassa e Nampula, norte,
e Zambézia, centro, oferecem condições para um “refúgio perfeito e expansão”
dos grupos armados em fuga da província de Cabo Delgado, consideram analistas.
Na semana passada, o presidente da
assembleia provincial de Niassa, Artur Chitandale, alertou para a
possibilidade de os insurgentes usarem a província como "refúgio” na
sequência da fuga face à ofensiva das Forças
Armadas de Moçambique (FDS), Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral (SADC).
"Sejamos mais vigilantes, porque a
situação dos insurgentes em Cabo Delgado não está boa. A todo o custo [os
grupos armados] estão a procurar refúgios e um dos refúgios pode ser a
província de Niassa”, ao lado de Cabo Delgado, alertou Chitandale, citado pela
Rádio Moçambique.
Aquele dirigente falava na sequência de
informações avançadas pela imprensa local de que um grupo de homens armados
terá raptado uma centena de jovens e incendiado
construções tradicionais (lojas e residências) na localidade de Naulala, em
Niassa, uma das quais pertencentes ao chefe da localidade.
"Refúgio
perfeito"
João Feijó, pesquisador da
organização não-governamental (ONG) Observatório do Meio Rural (OMR) e autor de
trabalhos sobre a violência armada em Cabo Delgado, considerou a
província de Niassa "um refúgio perfeito para a insurgência”, apontando como factores de atracção a vastidão do território,
mata densa, existência de vários cursos de água, economia ilícita e uma
juventude desempregada.
"A expansão da acção dos
insurgentes para a província de Niassa é um desenvolvimento natural, tendo em
conta a pressão militar que sofrem actualmente em Cabo Delgado”, enfatizou
Feijó.
A presença de algumas escolas islâmicas
com uma orientação radical no Niassa também favorece a instalação de grupos
armados na província, prosseguiu.
Aperto do cerco em Cabo Delgado
FDS, tropas ruandesas e da SADC apertam
o cerco contra terroristas em Cabo Delgado
Aquele pesquisador referiu que o cerco
aos grupos armados pela ofensiva das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas,
do Ruanda e SADC obrigou-os a subdividirem-se em pequenas unidades e com
maior mobilidade.
"Infelizmente, se se confirmar uma
tendência de expansão da acção dos grupos armados, a guerra no norte poderá
ser prolongada e não se vislumbra uma vitória instantânea”, alertou o
pesquisador.
Nesse sentido, considerou que ganha mais
força a necessidade de
diálogo com elementos com influência no seio dos grupos armados, para que a
solução política tenha peso igual ou superior à ação militar.
João Feijó assinalou que
"a táctica” dos grupos armados repete a estratégia que a guerrilha da
Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) usou para sobreviver à
"Operação Nó Górdio”, conduzida pelo general português Kaúlza de Arriaga -
para o aniquilamento dos combatentes que lutavam contra o colonialismo
português.
"A 'Operação Nó
Górdio' resultou na expansão da guerra colonial, porque a
FRELIMO viu-se obrigada a dispersar os seus guerrilheiros por todo o norte de
Moçambique e parte do centro”, observou João Feijó.
"Inevitável” a disseminação (…)
Mohamed Yassine, docente de Relações
Internacionais na Universidade Joaquim Chissano, instituição estatal, também
qualificou como "inevitável” a disseminação da acção dos grupos armados
pela região norte do país.
Mohamed
Yassine
"Não é novidade nenhuma, se a guerra em Cabo Delgado estiver a atingir
a província de Niassa e vier a atingir Nampula e Zambézia, porque a insurgência
está sob pressão militar”, declarou Yassine, que elaborou várias análises sobre o
extremismo violento.
Aquele académico avançou que depois de
terem iniciado ataques no distrito de Mocímboa da Praia e conquistado
território na província de Cabo Delgado, era expectável que os grupos armados
entrassem numa fase de expansão, resultado da ofensiva militar de que estão a
ser alvo.
"A resposta à acção dos grupos
armados não se deve limitar à força bruta das armas, passa também pelo diálogo
e, sobretudo, pela destruição da ideologia que lhes está subjacente”, afirmou
Muhamad Yassine.
Promover a
desmobilização de jovens
Yassine também defendeu que o Governo
deve encontrar interlocutores à altura de promover a desmobilização de jovens
recrutados pelos grupos armados e a implementação e identificação de políticas
sociais e económicas em prol das comunidades.
Por outro lado, continuou, a fuga de
insurgentes para outras partes do norte do país pode intensificar a
radicalização de jovens da região, devido ao contacto com elementos doutrinados
no extremismo islâmico e com experiência de combate adquirida em Cabo Delgado.
"O estudo e análise da violência
extremista mostra que a maioria dos elementos usados para esta ação é
constituída por jovens locais, que podem ter sido ideologicamente
intoxicados por pessoas de fora das comunidades”, frisou Yassine.
A província de Cabo Delgado é rica em
gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns
ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100
mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil
deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário