sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Passado de raiz


É do que trata o texto de tanto interesse histórico, sobre os celtas e a sua civilização, superior, ao que parece, à romana, que nos faz viajar pelas origens dos nossos povos das próprias províncias, do Minho ao Algarve. Só o Dr. Salles para nos enfiar nestes interesses arqueológicos, muito diversos dos que inspiravam os poetas do passado, como Cesário Verde, preso a lamechices ambiciosas de calibre ainda exploratório, profundamente reprovável:

Ah! Como a raça ruiva do porvir,

E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes,

Nós vamos explorar todos os continentes

E pelas vastidões aquáticas seguir!

Todavia, hoje, que assentámos praça, temos um primeiro-ministro a viajar-se por essas Europas, não propriamente em busca das suas raízes, mas dos apoios e pancadinhas nas costas, no seu trabalho de recolha de resultados frutíferos… 

DO CROMELEQUE DOS ALMENDRES

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 15.12.21

 O texto de Francisco Gomes de Amorim intitulado «OS CELTAS» que publiquei em Maio de 2015, cuja (re)leitura sugiro vivamente em …

https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/os-celtas-1422373

… mereceu ao longo dos anos alguns comentários de que destaco os seguintes:

Berta Brás  31.05.2015  19:24: Curiosíssimo. Os bordados e trajes e profusão dos ouros minhotos vêm então da costela céltica. Berta Brás

 Pereira B. Benjamim  18.09.2019  09:03: Os Minhotos e os Durienses - Douro Litoral, etc expressam bem a cultura Celta tal como em algumas regiões da Inglaterra , Irlanda , Escócia.

 Pereira B. Benjamim  18.09.2019  08:59: Prezado Sr. Amorim. Gostei da descrição. Ando há + de 9 anos, desde que me aposentei a pesquisar e a escrever sobre os Kolkoi e Mysios/Fenícios , que presentemente são considerados o povo que mais contribuiu para o desenvolvimento da sociedade planetária, ao contrário dos Latinos/Sabinos/Etruscos e outros tribos confederados, se limitaram a alargar as vias Celtas ou Fenicias, para poder circular com as carroças de 2 ou 4 rodas , semelhantes às utilizadas pelos Hunos. A aplicar pesados tributos, aos viandantes ou comerciantes que viviam ou passavam nos territórios conquistas pela força. Segundo contactos e pesquisas, efectuadas nos locais de origem e/ou assentamentos permanentes Celtas - Suécia, Polônia, República Checa, Grão Bretanha, antiga Galiza, não eram os tais bárbaros ou vândalos , como os Helenos e Romanos os apontavam. Como sabe são originários da Anatólia, rumaram pelo Danúbio até Escandinávia e outros via Mediterrâneo em barcos, deslocavam-se pela via Atlântica até Irlanda e Inglaterra, aonde chegaram no ano 8.000 a.C. conforme vestígios recolhidos recentemente. No respeito aos Fenícios são originários no Monte Tur Abdin, no planalto Ariano/Iraniano, deslocaram-se para a Mysia, outros para Tyro em data +/- 5.000 a.C. Tomaram vários nomes, tais como Sardanas etc, sendo os pioneiros na arte de bem navegar, muito antes dos Anatólios Aqueus , Jonios, Aeolios, etc, depois naturalizados Helenos, apos terem ocupado o território dos Pelasgos. Muitos escritores do antigamente realçam os seus feitos marítimos, que afinal são dos Fenícios, enfim escreviam para agradar a quem lhes pagava. Aqui deixo um pequeno excerto, do que irei publicar não para corrigir ou contrariar . Cumprimentos

 Francisco G. de Amorim  18.09.2019  13:38: Senhor Benjamim

Gostei muito dos seus comentários. Obrigado. Assim vou aprendendo. Aceite um abraço Francisco

 Anónimo  12.04.2020  17:56: Andamos a aprender uns com os outros

 Tiago Machado  08.12.2021  10:43: Penso que, hoje em dia, é aceite por toda a comunidade científica (principalmente os nossos irmãos académicos galegos) que a Cultura Celta é proveniente da região Ocidental da Península Ibérica sendo uma continuidade do Megalitismo Atlântico que tem as suas raízes, talvez, no Cromeleque dos Almendres que data de 6000 ac, o mais antigo da Europa. Eles navegaram até ás Ilhas Britânicas e depois, por terra, ocuparam progressivamente toda a Europa Central e de Leste, celtizando e miscigenando com os locais.

 Henrique Salles da Fonseca  08.12.2021  11:14

PERGUNTA: Nesse processo ibérico, onde se enquadra Ofiuza?

 Tiago Machado  12.12:  Ofiúsa seria um nome ainda mais antigo dado à Lusitânia. Entendendo Lusitânia como toda a Orla Atlântica desde o Algarve até à Galiza. Aliás, esta Lusitânia é descrita por Estrabão e Festus Avieno.

A Lusitânia Província Administrativa Romana foi desenhada num mapa pelos romanos, com interesses políticos e económicos e não corresponde à Nação étnica Galaica ou Celta que habitava a Lusitânia (Portugal+Galiza hoje em dia.)

Ofiúza é um nome muito arcaico que descreve a mesma região mas está associada a uma lenda, que é a lenda das origens dos Lusitanos: foi um povo que teve de abandonar as suas terras de origem (talvez no Norte de África, talvez a Atlântida como afirma António Quadros no seu interessantíssimo livro "Portugal, Razão e Mistério") devido a uma invasão de serpentes. E era conhecido como o "Povo das Serpentes". Este povo de várias tribos veio habitar o Ocidente Ibérico.

Nas aldeias de Portugal ainda se fala, hoje em dia, de cobras voadoras que assobiam sons estridentes. É um assunto ainda muito presente no imaginário popular passando em de pais para filhos e de avós para netos em histórias e lendas. Uma cobra alada não é mais que um dragão. (simbologia presente no Escudo da Casa de Bragança ou até mesmo no escudo da cidade do Porto).

É sabido que para os Celtas as serpentes tinham um significado mágico e é uma simbologia muito presente na arte céltica até 700 AC. De notar que em Portugal e na Galiza as antigas cidades celtas (Cultura Castreja no Norte e Centro mas não só- Google Citânia de Briteiros; Citânia de Sanfins; Castro de Santa Luzia; Castro de Monte Mozinho ou Castro de Santa Trega na Galiza) são muito mais antigas do que os acervos arqueológicos celtas da Europa Central. Assim acontece também na Irlanda, Escócia e Ocidente da Inglaterra. Nestes países os vestigíos celtas e Proto-Celtas são bastante mais antigos do que Lá Téne e Halstadt.

Alguns estudiosos afirmam que a capital da Ofiússa seria Ofir, um antigo Castro Celta agora transformado em cidade. Mas é difícil encontrar evidência arqueológica concreta.

O que sabemos é que algumas grandes cidades portuguesas foram fundadas ainda pelos celtas pela etimologia dos seus nomes antigos e por evidências arqueológicas e documentação romana. Por exemplo, Setúbal, chamava-se Cetóbriga (nome+sufixo "Briga" que significa forte ou castelo em gaélico, gálico ou língua celta). O rio Douro chamava-se Dwr (significa água em Galês, Dour em Bretão, dialecto celta da Bretanha, França). Depois temos Sintra (Cyntia); Mértola (Myrtilys); Évora (Ebora); etc.

* * *

 Considero notável o conjunto formado pelo texto base e pelos comentários transcritos. Creio que se pode concluir ainda haver muita matéria a merecer estudo, desafio que aqui deixo a quem se interesse pelo conhecimento das nossas raízes mais profundas. Por exemplo, o que aconteceu entre Ofiuza e o Cromeleque dos Almendres? E por onde andava Endovélico?

Dezembro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

Tags: história

COMENTÁRIOS:

 Anónimo  16.12.2021  19:16: Muito, muito interessante, mesmo eu sendo suspeito. Abraço

 Maria Eugênia  16.12.2021  20:01: Muito interessante! Gaia poderá derivar de Gaelic, assim como a Galícia, o que leva a pensar que os celtas tinham influência num arco a partir do País de Gales.

 

NOTAS DA INTERNET:

Endovélico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Endovélico é uma divindade Céltica da Idade do Ferro venerada na Lusitânia pré-romana.  Deus da medicina e da segurança, de carácter simultaneamente solar e ctónico, depois da invasão romana seu culto espalhou-se pela maioria do Império Romano, subsistindo por meio da sua identificação com Esculápio ou Asclépio, mas manteve-se sempre mais popular na Península Ibérica, mais propriamente nas províncias romanas da Lusitânia e Bética

Povoado fortificado e Santuário de Endovélico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

(Redirecionado de São Miguel da Mota)

Disambig grey.svg Nota: Não confundir com o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, no Brasil.

O Povoado fortificado e Santuário de Endovélico, igualmente conhecido como São Miguel da Mota, é um sítio arqueológico que corresponde a um antigo povoado fortificado e um santuário à divindade pré-romana Endovélico, situado na freguesia de Terena, no concelho do Alandroal, em Portugal.

Foi construído provavelmente no Século I d.C., durante o período romano, para substituir um outro santuário ao Endovélico, conhecido como Rocha da Mina. Porém, a ocupação humana do local remonta a épocas muito anteriores à conquista romana, tendo sido encontrados vestígios do Neolítico e do Calcolítico.

 

 

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