Habitual. É disso que gostamos. Um texto
que me parece bem correcto, de Raquel
Abecassis.
Como meio de disfarçar o tédio que nos
vai na alma, coloco o texto sobre planetas
errantes, descobertos na Via Láctea, como meio
de homenagear RA – com outro
espectáculo, embora também assustador - o do desconhecido que se vai abrindo,
para nós, ignorantes e indefesos…
I - A responsabilidade do mensageiro
Entrevistar crianças de 10 anos como
se fossem adultos informados e capazes de tomar decisões não me parece ser o
melhor caminho para a comunicação social lidar com o tema do vírus
RAQUEL ABECASIS, Jornalista e ex-candidata independente pelo CDS nas
eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 21 dez
2021
1Deu
que falar a fotografia absolutamente censurável divulgada após a detenção de
João Rendeiro na África do Sul. Muitas foram as vozes que, na
comunicação social, criticaram a exibição daquela imagem. Quem achou que era
boa ideia tirar aquela fotografia e divulgá-la não tem sentido ético nem
respeita os direitos humanos, hoje em dia tão propagandeados a propósito de
certas propostas políticas.
Mas,
neste caso, não basta que os meios de comunicação social sejam palco para
difundir opiniões críticas. Há uma
responsabilidade própria de quem serve o propósito de difundir uma mensagem
censurável. Essa responsabilidade cabe aos próprios meios que devem accionar os
seus códigos éticos e tomar a decisão de não publicar aquilo que é eticamente
censurável.
É
verdade que a linha que separa o que deve e o que não deve ser publicado é, na
maior parte dos casos, uma linha muito ténue. Mas é também porque cabe aos jornalistas fazer essa
mediação que confiamos na imprensa para nos fazer chegar a informação credível.
Não
basta censurar a decisão de quem decidiu distribuir aquela imagem. Neste caso
quem a divulga é coautor do crime e custa verificar que nenhum meio de
comunicação social português tomou a decisão de não divulgar a fotografia. Ao
contrário, ela tem sido replicada inúmeras vezes e de cada vez que o é, é mais
um ataque aos direitos humanos do próprio e de todas as pessoas que estão nas
mesmas circunstâncias.
2“Como
é que te sentes? Estás nervoso? Achas que é importante tomar a vacina?”
Este fim de semana demonstrou mais uma
vez como o que passa nos jornais, nas rádios e nas televisões tem um impacto
decisivo no comportamento das pessoas. Passámos
dois dias a ver e ouvir entrevistas a crianças de 9 e 10 anos sobre o receio
que tinham ou não tinham de tomar a vacina, a segurança que sentiam ou não em
tomá-la, as discussões familiares que tiveram ou não antes de se deslocarem ao
centro de vacinação. Na sala de recobro acompanhámos a par e passo a
recuperação das crianças depois de levarem a pica e verificámos que as crianças
recuperaram bem e não tiveram nenhum fanico. Em resumo, foram 48 horas disto em
toda a comunicação social portuguesa.
Não
podemos gerar o pânico, ouvimos e lemos aos responsáveis de muita comunicação
social, mas a prática dos meios que dirigem mostra o contrário. Mais uma vez se
percebe a dificuldade de escolher um caminho diferente quando todos seguem na
mesma direção, mas este é um daqueles temas em que o jornalismo não pode nem
deve ser neutro.
Se queremos bom senso, racionalidade
e equilíbrio na forma como obrigatoriamente nos vamos ter que habituar a
conviver com o vírus, isso tem de implicar uma viragem completa na forma como a
comunicação social lida com o tema. Entrevistar crianças de 10 anos como se
fossem adultos informados e capazes de tomar decisões com base em conhecimento
científico não me parece ser o melhor caminho.
COMUNICAÇÃO SOCIAL MEDIA SOCIEDADE CORONAVÍRUS SAÚDE PÚBLICA SAÚDE JOÃO RENDEIRO CASO BPP BANCA ECONOMIA
COMENTÁRIOS:
José Pedro Correia: Sempre lúcida.
Obrigado Tiddly
Winks: Mas esta senhora julga que ainda há
jornalistas em Portugal? Vive em que planeta? Pontifex Maximus: A questão dos directos com crianças nos vacidrómos é
simples de explicar: estando a generalidade dos media falidos por falta de
clientela, se o não fizerem não têm nada para passar nas notícias. E eles são
os principais responsáveis, pois tratam os assuntos de que nada sabem pela rama
e evidenciando garbosamente a sua ignorância o que leva a quem “andou na
escola” a não ter paciência para essas tretas e a ligar o botão do Netflix…
felizmente que existe e a preço módico! Tiddly Winks > Pontifex Maximus: Outra solução é não ligar a TV. Não o faço há
meses e recomenda-se.
joão reis: RA
parece que a sua crónica ficou ao 'lado' do propósito de informar. Será que
essa sua 'teoria' também se aplica quando as crianças/jovens são interpeladas
acerca da educação/escola ou falar nesse tema já não dá para atingir os
objetivos da crítica pura ? João Ramos: Tudo certo! Ediberto Abreu: Quanto ao Rendeiro, talvez seja a hora de o Observador
fazer mea culpa, não?
Artur Mendes > Ediberto Abreu: Enquanto
render "havemus" rendeiro
Nuno Pê: A
Raquel abriu a boca quando os donos de escolas privadas com contratos de
associação meteram criancinhas vestidas de amarelo a protestar contra os cortes
nos referidos contratos? Era o abrias... José Paulo C Castro
> Nuno Pê: Donde conclui que isso justifica os outros a fazerem o
quê ? Elvis Wayne
> Nuno Pê: A lógica da esquerdalha. Mas o outro menino também fez!
E o que aconteceu aos Direitos das Crianças? Só importam enquanto não
beliscarem a sua ideologia não é? Nada que não me surpreenda, vindo de quem vem...
advoga diabo: Está
claro que para RA e afins as crianças deviam pura e simplesmente ser ignoradas,
mesmo sabendo-se que, uma vez juntas, falam uns com os outros e fazem
comparações. É por estas e por outras, como ainda no domingo HM, os extremos
tocam-se, a defender o "chicote", que esta gente é cada vez mais deixada para
trás pelas novas gerações. José Miguel Pereiraa > advoga diabo: Está claro que RA acha que "Entrevistar crianças
de 10 anos como se fossem adultos informados e capazes de tomar decisões com
base em conhecimento científico..." não é o melhor caminho. Também está
clara a má-fé da sua interpretação do que RA disse. bento guerraJosé > Miguel Pereira: O "diabo" é o chato do contraditório. Uma
espécie de onanismo Elvis
Wayne > advoga diabo: Não foram ignoradas na implementação da catequese
comuna também conhecida como "educação para a cidadania (xuxa)"? Não
foram os fetos ignorados aquando da legalização do aborto? A xuxaria não gosta
do "chicote"... excepto quando são eles que o têm na mão, claro. Artur
Mendes > advoga diabo: O sacana do diabo... não podia ter escolhido melhor
advogado!
Quinta Sinfonia: “Quem achou que era boa ideia tirar aquela
fotografia e divulgá-la não tem sentido ético nem respeita os direitos
humanos,…” O problema não foi tirar, foi divulgar. Nalguns países de influência
anglo-saxónica é prática comum tirar ao detido uma foto no momento da captura
para defender o arguido e também quem prende, no fundo protege o detido de
possíveis agressões que receba após a detenção e os captores de possíveis
futuras acusações de violência. A foto significa tão só isto: foi assim que o
encontrámos. Já agora faça-se justiça ao Expresso que não divulgou a
fotografia, lamentavelmente o Observador não está nesse grupo. bento
guerra: A comunicação social está preenchida por
brutos, que tratam os consumidores como brutos. Os menos maus são hipócritas
,ou vendidos.
JB Dias: Subscrevo
com aclamação.
João Floriano Completamente
de acordo. Os telejornais comportam-se como os reality shows que na noite de
domingo entram em feroz competição pelas audiências. O sensacionalismo
passou a ser mais importante do que a averiguação dos factos. Nem sei como é
permitido explorar imagens de menores na vacinação. Muitas vezes vemos imagens
com filtros no rosto de menores. Aqui não se aplica? Artur Mendes > João Floriano: Lá chegarão: Apresentarem os telejornais
directamente dos "cuidados intensivos" dos hospitais... Dali ou Picasso ?Artur Mendes: Boa ideia.. isso dava um incremento brutal de
audiências, então se calha a um politico nos "intensivos" a com
aquela voz de Darth Vader, do Star Wars, ainda mais!
II- Astrónomos identificam 70 novos planetas "errantes" na
Via Láctea
Estudo publicado na revista da
especialidade Nature Astronomy sugere que poderão existir milhares de milhões
destes planetas gigantes a "vaguearem" pela Via Láctea sem estrela
hospedeira.
Astrónomos identificaram pelo menos 70 novos planetas
“errantes”, sem estrela hospedeira, na Via Láctea, o “maior grupo” destes
planetas alguma vez descoberto, divulgou esta quarta-feira o Observatório
Europeu do Sul (OES).
Os planetas
errantes são planetas que não orbitam nenhuma estrela e no caso estudado
apresentam massas comparáveis à de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar,
localizando-se numa região de formação de estrelas próxima do Sol, na direção
das constelações de Escorpião e Ofiúco.
Os astrónomos utilizaram dados
de vários telescópios do OES, no Chile, e do satélite Gaia, da Agência Espacial
Europeia, tirando partido do facto de “alguns milhões de anos após a sua
formação estes planetas estarem ainda suficientemente quentes para brilharem, o
que os torna diretamente detectáveis pelas câmaras sensíveis dos grandes
telescópios”, refere o OES em comunicado.
O estudo, publicado na revista da especialidade Nature
Astronomy, sugere que poderão existir milhares de milhões destes planetas
gigantes a “vaguearem” pela Via Láctea sem estrela hospedeira.
Não se sabe exatamente o que leva ao aparecimento dos
planetas errantes. Uma das hipóteses é que nasceram do colapso de uma nuvem de
gás demasiado pequena para a formação de uma estrela. Outra hipótese é que
terão sido ejectados do seu sistema planetário progenitor.
A equipa de astrónomos espera estudar com mais detalhe
estes planetas com o telescópio ELT, o maior telescópio ótico do mundo em construção
no Chile, com a participação de empresas e cientistas portugueses.
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