De bondade, certamente, também. Não devemos ser ingratos e se acharmos
que errou, atribuamo-lo ao facto de que o errar faz parte da imperfeita condição
humana. Sempre a vi como alguém desejoso de provar que o seu país, não é particularmente alfobre de criminosos como esse chefe desequilibrado que manipulou as
consciências, com o seu extraordinário poder. Admiro Angela Merkel, nesse
sorriso triste de incompreensão sua, mas que é também a de todos os que revêem
a história…
O que deve a Europa a Merkel
Esta é a semana em que os
europeus se despedem de Angela Merkel. Personalidade popular no mundo sem
deixar de ser controversa, merece dos europeus um obrigada.
HELENA GARRIDO
OBSERVADOR, 07 dez 2021
Chanceler durante dezasseis anos, num país
em que as mulheres ainda têm dificuldade em aceder a cargos de topo, Angela
Merkel deixa a liderança da Alemanha com uma história que nos faz acreditar que
salvou o euro, enfrentou a crise dos imigrantes com coragem política e deu um
passo nesta pandemia para que a Europa possa construir um orçamento comum. Foi o seu europeísmo que manteve a Europa da União e
do Euro unida e em progresso. Com pequenos passos conseguiu que todos
caminhassem em conjunto.
Sendo
a política a arte do possível, Merkel revelou uma capacidade política ímpar ao
longo dos dezasseis anos de mandato. Há dois testes que foram especialmente
reveladores da sua capacidade de unir o que parecia impossível unificar. Um é a
crise do euro, outro o recente acordo do New Generation EU ou, como o
conhecemos, a “bazooka” europeia para combater os efeitos da pandemia.
Entre 2011 e 2012, a Zona Euro
enfrentou um sério teste de sobrevivência. Não se pode dizer que a primeira
abordagem de Merkel à crise das dívidas soberanas tenha sido construtiva. Em
2011, com Portugal a assinar o Programa de Ajustamento Económico e Financeiro
com a troika, já depois de a Grécia e a Irlanda terem sido
resgatados, Angela Merkel disse que os
países periféricos tinham muitos dias de férias e uma idade da reforma
demasiado baixa. Uma declaração que em nada contribuiu para se
resolver o problema da dívida que estava apenas no seu início e a divisão entre
os países do Norte e do Sul. Mais tarde ainda foi preciso ajudar a Espanha e o
Chipre, com o risco de colapso do euro a desaparecer apenas em 2012 graças a
Mario Draghi e à sua declaração de que o BCE faria o que fosse necessário para
proteger a moeda única.
Aquela
declaração de Merkel, criticando os países do Sul, não se pode dizer que fosse
contraditória, mas não alinhava com a primeira abordagem que teve à crise
grega, ainda 2009, quando em Dezembro disse: “O que acontece num Estado-membro
influencia todos os outros, especialmente quando temos uma moeda comum”. Uma
declaração que ia contra o que estavam a dizer, por exemplo, os suecos, que
defendiam que a Grécia deveria resolver o seu problema sozinha.
Mais
tarde, em Setembro de 2011, quem sabe se com maior consciência do efeito
catastrófico que teria a queda financeira em dominó dos países do euro – a
seguir poderia ser a Itália –, o registo da chanceler foi mudando. “Se o euro colapsar, a Europa colapsa”.
Nunca
saberemos se estes zigue-zagues reflectiram essencialmente uma estratégia de ir
convencendo os alemães para a inevitabilidade de apoiarem os financiamentos
que, numa primeira fase, e na ausência de instituições europeias para o efeito,
foram realizados de forma bilateral. Mas o certo é que a Alemanha de Merkel foi
dando o seu aval às sucessivas medidas, que foram sendo adoptadas para
apoiar os países em dificuldades financeiras, e à aprovação às novas
instituições – como o Mecanismo
Europeu de Estabilidade – e às
novas transferências de soberania – como a união bancária, mesmo que ainda apenas parcial por
falta de acordo da Alemanha.
Mais
recentemente, com a pandemia, o envelope de 750 mil milhões de euros do Next
Generation EU, que será financiado com recurso a dívida e a novos impostos
europeus, é concretizado também graças à aproximação que a Alemanha fez às
posições da França e de mais oito países, entre os quais Portugal. Nessa carta
dos nove pede-se que
se recorra ao endividamento europeu – o tabu das euro-obrigações – para apoiar
a economia e a sociedade europeias na pandemia. Foi a 18
de Maio de 2020, pouco
mais de dois meses depois de a Organização Mundial de Saúde ter declarado que
estávamos em pandemia, que a
Alemanha e a França anunciam que vai haver apoio ao nível europeu e financiado
com dívida. Um dia
histórico que se consolidará na Cimeira de Julho,
quando é criado o Next Generation EU que integra o Plano de Recuperação e
Resiliência.
Tudo isto teria acontecido sem
Merkel? Nunca saberemos. Como nunca saberemos se sem Merkel teria existido
coragem para deixar entrar
um milhões de imigrantes sírios em 2015. Aquilo que vemos ainda hoje com os imigrantes, que
tentam melhorar as suas vidas na Europa, devia envergonhar-nos a todos. Só
da Alemanha vimos uma actuação digna de uma grande país.
Sendo
a construção europeia um processo de compromissos, estando hoje ainda bastante
dividida entre Norte e Sul e constituindo a Alemanha um país chave nos
progressos da integração, Angela Merkel ficará sempre na história como a
chanceler que, nas crises, conseguiu reforçar a União Europeia e o euro
incluindo todos. Olaf Scholz o novo
chanceler tem uma boa herança. Merkel merece o nosso obrigada.
ALEMANHA EUROPA MUNDO UNIÃO EUROPEIA
COMENTÁRIOS: 22
Jorge Isidoro: Curiosamente, ou talvez não, apesar da evolução tecnológica,
a mão-de-obra barata e o desrespeito pelas
leis (?) de protecção ambiental têm sido a principal razão do lento - mas
contínuo - avanço da China como fornecedor fundamental ao mercado europeu (e
global). A escolha/decisão
por sermos um espaço continental que prescinde do sector secundário, também se
deve a Merkel. Claro que, como em tudo na vida, também
teve decisões fundamentais e acertadas, como as que levaram ao garante da
política monetária europeia.
João Afonso: A srª Merkel tem um antes e um depois da crise
financeira. A de antes foi alvo da crítica feroz dos fascistas
de esquerda por toda a Europa, (quem não se lembra da foto em que a srª
aparecia com um bigode hitleriano?), especialmente dos periféricos do
sul. Depois mudou radicalmente, e iniciou a fase em que
a UE se tornou mais dependente, mais endividada, mais fracturada e mais
radicalizada. Quem pode hoje afirmar que a "Europa" está mais
coesa, mais forte e mais confiante no futuro? TIM DO Ó > João Afonso: Está quase em guerra civil. jorge costa: Acho
que devia fazer a pergunta ao contrário.. Miguel Eanes: Deve a entrada da China na economia europeia, quando a
Alemanha começou a fazer negócios com a China, à margem da UE. TIM DO Ó: Uma
senhora maternal fraca, estadista sem visão de futuro que, subserviente ao politicamente correcto do capitalismo
selvagem dos mercados da globalização (e da esquerda colaborante com estes), destruiu a Alemanha e a Europa com a
SUBSTITUIÇÃO DE POPULAÇÃO em curso, bem como os valores, a cultura e as nações
da UE. Um
desastre com conserto difícil, senão impossível, pois os africanos e muçulmanos já estão a tomar conta dos europeus pelo
voto. Os "colonizadores"
estão a ser e serão colonizados pelos filhos dos colonizados. Os europeus estão
até a pagar para serem colonizados! Não há memória de isso alguma vez
ter acontecido na História. Provavelmente
até nem haverá História para julgá-la, pois a História será feita pelos novos
colonizadores a que os europeus que restarem se sujeitarão. Chega! José Castro: Deve milhões de rapefugies. José Fernandes: Foi
devido à intransigência na política de emigração que foi convocado o referendo
no Reino Unido e levou ao Brexit.
João Diogo: Esta senhora colunista tanto borra como limpa, a
politica energética alemã é um desastre , depende de Putin , mas desde que
venha o guito já é uma politica extraordinária, o legado dela está cheio
de erros , que a história vai julgar. Elvis Wayne: Merkel,
obrigado por te ires embora.
Mario Guimaraes: Uma
grande Estadista, que mudou a tempo em pensamento e acção. A Alemanha deve-lhe
muito. Antes
pelo contrário: 6 milhões de migrantes quase todos islâmicos, fora os
que continuam a chegar, em grande parte graças à impunidade das ONG -
muitas delas alemãs - que participam no tráfico indo buscar migrantes a 12
milhas das costas de África, e o fim da Cvilização Ocidental como a conhecemos,
com o crescimento simultâneo do islão e de vários extremismos - e não apenas os
de direita!!! Sem contar a crescente prepotência da Alemanha, que se
atreve a impor os seus princípios não apenas dentro, mas fora da UE, criando
tensões onde deveria procurar paz e colaboração. Pouca
coisa. É o que
dá termos mulheres estúpidas na liderança de algo com uma dimensão muito maior
do que os limites da sua compreensão e inteligência. Eu até acredito que Merkel
tenha sido sempre bem-intencionada, mas isso não altera o resultado. É um
caso de "o caminho para o Inferno está pavimentado de boas João Diogo > Antes pelo contrário: Excelente, fora a política energética
alemã que é um desastre. João Amaro: Merkel
obrigado por importares milhões de muçulmanos para a Europa e depois intenções". ameaçares os países que não os querem com
sanções económicas... É este o estado da suposta "direita"?
Patéticos....
Tiddly Wink: Bom,
uma bruxa que deixou entrar mais de um milhão de imigrantes ilegais em idade de
tropa, de mim só merece desprezo e um pontapé no dito. A Helena fará o que
entender!
bento guerra: Quando
da crise do subprime e da decisão de impor regras monetárias rigidas,,a Merkel
era caricaturada com bigodes hitlerianos,apesar do seu "low profile"
e ar infantil-maternal.Mostrou ao mundo que a disciplina germânica associada a
flexibilidade diplomática são a resposta.Chegou à alcunha de "mutti"
,a mãe e não tenho dúvida de que tem sido o mais importante estadista mundial
do século XXI e sorte nossa ser europeia José Fernandes: Helmut Kohl era capaz de não pensar assim. Maria
da Graça de Dias > José Fernandes: Helmut Kohl foi o maior estadista que a
Alemanha alguma vez teve. Foi lamentável e imperdoável o trato e o
reconhecimento de Merkel , para com o seu "tutor" político. José
Fernandes: Margarida Teixeira: por acaso discordo por inteiro e de mim
merece somente o mais absoluto desprezo. Não é só o caso de não ter resolvido
um único dos muitos problemas alemães e europeus, limitando-se a adiar,
remediar e engonhar. A infeliz foi a ponto de criar com a sua acção problemas
de gravidade extrema. Para nem ir mais atrás, basta atentar no acto criminoso,
de irresponsabilidade suprema, de 2015, com os imigrantes ilegais islâmicos,
que culminou directamente na causa do Brexit, e em muita da desgraça em que
está convertida a Europa, e que ainda hoje, com a ajuda desse nojo totalitário
que é a UE, é causa de toda a Europa se encontrar refém do sultão
islâmo-fascista, usurpador de Constantinopola. Como se tal não fosse crime
bastante, a desgraçada colocou-se também sob domínio energético do Putin e, com
ela, dada a influência alemã no processo de decisão europeu, de novo, toda a
Europa. Parece-me bem que aquilo de ser do Leste comunista lhe está entranhado
na alma até ao tutano e que foi o que na verdade ditou muito da sua calamitosa
conduta, que também especificamente em relação à destruição de Portugal pelo
socialismo ladrão, corrupto e assassino de trabalhadores, teve altas
responsabilidades. Em suma, uma miserável do piorio cuja conduta julgo
criminosa. Curiosamente, os alemães, e nós também, vão ficar agora ainda muito
pior com a mistela putrida que vai assumir o poder. Madalena
Magalhães Colaço > Margarida
Teixeira: Não esquecer que esta senhora, em Novembro
de 2008, sai apressadamente de uma reunião no FMI e em conjunto com Sarkosy, em
Paris, ambos asseguram à população que os depósitos que têm nos bancos estão
seguros, porque eles estão ali para isso. Mas Merkel, decidiu acrescentar
"mas cada um por si", o que significa que revelava aos
mercados financeiros a fragilidade de como o euro tinha sido criado. Logo
os fundos de pensões, seguros...começaram a vender o que tinham em carteira de
dívida portuguesa, espanhola, grega etc, porque para eles é como se tivessem
escudos, pesetas e dracmas...a crise da dívida foi despoletada por
Merkel, pondo a Europa de rastos. O rol de coisas a dizer sobre a incompetência
é tão grande, que sugeria à Helena Garrido ver o que ela disse em Outubro de
2010 em Trouville em que falou que a dívida grega não ia ser paga mas se
esqueceu que esta dívida tinha garantias agarradas, os CDS. Dois dias
depois teve de vir corrigir, que a dívida não ia ser paga só a quem aceitasse,
para os seguros não serem accionados, não se lembrando Merkel que a AIG, a maior seguradora do mundo teve de ser resgatada
por causa desses CDS. Merkel, que todos acham que representa a
democracia, não foi ela que não gostando de Berlusconni, eleito pelo povo
italiano, o tirou do governo e colocou Mario Monti? Então onde está a
democracia? não gosta do Berlusconi e substitui-o por um burocrata de Bruxelas?
Pensem na quantidade de erros que esta mulher fez, que até obrigou Kohl, o seu
mentor, a vir a terreiro, já em cadeira de rodas dizer "esta não é a
Europa que eu quiz". Tiddly Winks > Margarida Teixeira: Magnífico
comentário. 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 Bem melhor do que o branqueamento que HG estranhamente
faz a esta nefasta personalidade. Para mim, uma personagem que ajudou
fortemente na destruição da Europa, suas gentes e cultura. TIM
DO Ó > Margarida
Teixeira: Parabéns. Excelente comentário. Helena Garrido (HG), que tem vindo a subir de qualidade, especialmente com
os seus irrepreensíveis artigos económicos, sentiu empatia com a mãe tonta
Merkel. Aliás, HG não podia ter escrito um artigo como o do comentário da
Margarida Teixeira, porque podia ser despedida, perseguida, censurada, acusada,
punida, processada. Só pode seguir a cartilha permitida pelo poder
totalitário europeu (no caso, o do capitalismo selvagem das grandes
multinacionais e dos mercados com a colaboração exótica da esquerda). E porquê?
porque não existe democracia na Europa. É uma fantasia dizer que há liberdade
de expressão e democracia. A democracia é contra-natura e existiu apenas em
curtíssimos períodos na História. No Ocidente de hoje (Europa, América do Norte
e Austrália) já morreu e vigora uma ditadura disfarçada de democracia. Basta
escrever um artigo que vá contra as vontades do poder instalado, que aparece
logo um "emissário" do poder a dizer quem manda e o que não se pode
fazer ou dizer e, a punir, claro. O ser humano acaba por organizar-se sempre em
grupos com um chefe que manda. E ai de quem o desafiar. É assim que estamos.
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