E agradeçamos - quer ao atencioso coro de Nagasaki, no seu
português correcto, e canto sóbrio, quer ao Dr. Salles que soma e segue, no seu
propósito reconstrutor de um mundo que vamos deixando fugir, das brumas da memória…
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 04.12.21
Corria o ano de 1543 quando Fernão Mendes Pinto e Francisco Zeimoto chegaram à ilha japonesa de Tageshima e…
… tudo
começou…
…
até os japoneses perceberem que nós éramos comerciantes e não piratas.
Assim, vendo grande utilidade na nossa presença, atribuíram-nos a gestão de
Nagasaki onde estabelecemos uma feitoria. Ali aportava a «nau do
trato» que, por concessão do nosso Rei,
procedia à comercialização da prata japonesa na China (através da já nossa
Macau) e sedas e porcelanas chinesas no Japão. Este, o trato
(comércio) que foi de grande proveito a portugueses, chineses e japoneses. A ponto de ainda hoje Nagasaki celebrar Portugal.
O
porto de Nagasaki fez 450 anos, no dia 20 de novembro, e para comemorar o
feito, o coro masculino daquela cidade cantou o hino nacional português para
simbolizar a importância de Portugal na sua história, uma vez que foi o povo
português que abriu as portas de Nagasáqui ao mundo, em 1571.
Mas
– e há sempre um «mas» que muda as coisas – no período filipino, os Dominicanos
espanhóis de Manila (sua sede no Oriente) quiseram expulsar os Jesuítas
portugueses do Japão (sediados em Nagasaki) e tantas fizeram que Toiotomi
Hideiochy (equivalente a Primeiro Ministro) se zangou e expulsou os católicos
do seu país. Na
sucessão de intrigas religiosas se enquadram as piores consequências dentre as
quais a penalização pelo fogo dos que a Santa Sé reconhece como «os 16 mártires
do Japão» que, curiosamente, são 18.
Eis
como no Império do Sol Nascente – a que então chamávamos Cipango – o
catolicismo foi substituído pelo calvinismo com os holandeses a esfregarem as
mãos de contentes.
Mas é Portugal que ainda hoje os
japoneses celebram.
Apaguemos os telejornais e honremos os nossos maiores.
Tags: história
COMENTÁRIOS
Rui Bravo Martins 04.12.2021 12:48:
Comovedor
e Honroso. Ainda bem, que este ano, este
tema tenha sido falado em algumas redes sociais, mas completamente ignorado
quer pelo Governo quer pela Comunicação Social.
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