De colocar o texto de Jaime Nogueira Pinto, visto que o Dia de Natal deste ano ainda não terminou. Comecei a lê-lo, de manhã, entre os
cozinhados, o almoço já foi - mais reduzido, por via da covid, mas sempre
aquecendo o coração, com este espírito de família, os bons cozinhados, a graça
dos presentes, o encanto dos mais novinhos, as velhas histórias e as velhas graças
dos mais velhos, as intercomunicações dos mais novos... Gostei deste Natal, mau
grado a ausência – não total – de alguns. Formulamos votos íntimos sobre o
Natal do próximo ano, também amigo, e com saúde e sem covid.
Mas o texto de Jaime Nogueira Pinto é uma página para se ir analisando, com os
quadros dos pintores referidos, à nossa frente, que o OBSERVADOR colocou. Uma longa
página de estudo, no confronto das “Navidades”, desde as origens dos quadros,
dentro das respectivas escolas, ou dos filósofos que igualmente formularam
opiniões, sobre o extraordinário acontecimento bíblico, cuja simbologia
descambou, é certo, um pouco, nestes nossos tempos de exaltação de sentimentos e de sentidos.
Tal como a maioria dos lúcidos comentadores - com as excepções da regra – só podemos agradecer tão extraordinário trabalho de pesquisa, que merecia ser revelado nas nossas escolas. Em todas.
20 Horas. Vamos
lá escutar as notícias sobre a Covid, neste Dia de Natal 21. Mas releiamos o texto de JNP.
As
imagens do Natal
Em pleno
“período de festividades”, no meio dos enfeites e dos embrulhos, há uma
tradição do Presépio, presente, desde Francisco de Assis, nos grandes mestres
da Pintura e na nossa memória colectiva.
JAIME NOGUEIRA PINTO, Colunista do Observador
OBSERVADOR, 24 dez 2021, 00:3036
O Natal, como memória viva do nascimento de Cristo, da Encarnação de Deus, do Acontecimento que divide em
dois a História e o calendário, foi um dos grandes temas da
Arte ocidental. Terá sido em Greccio, uma cidadezinha do Lazio italiano no alto de uma colina, que, na noite de Natal de 1223, Francisco de Assis armou o primeiro presépio:
“Gostaria
que colocassem uma manjedoura com feno numa das cavernas da montanha, e
trouxessem um boi e um burro, exactamente como em Belém. Na véspera de Natal
subirei até lá e, todos juntos, rezaremos na gruta.”
Escrevia o Santo a Giovanni Velita, o senhor da
terra.
Francisco de Assis queria voltar à pureza desse
primeiro Natal, reencenando-o “exactamente como em Belém”, para que nós,
cristãos, nós, Igreja (que, tal como Israel, continuávamos a “nada entender” e
a não “conhecer o nosso Senhor”) saíssemos do conforto das nossas sobrelotadas
hospedarias para contemplar o Menino “envolto em panos, numa manjedoura”; e
para que puséssemos também os olhos no boi e no burro, ou na vaca e no burro,
que os evangelistas não mencionavam mas que, no Antigo Testamento, o profeta
Isaías plenamente justificava: “O boi conhece o seu dono, e o jumento, o
estábulo do seu senhor; mas Israel, meu povo, nada entende” (Isaías 1,3)
Entre Pastores e
Magos
Oitenta anos depois, talvez entre 1303 e 1306, Giotto retrataria, num fresco, uma das
primeiras representações pictóricas do nascimento de Cristo: A Adoração dos Reis Magos. Na “Adoração” de Giotto, o
presépio não é uma gruta, mas uma pequena construção de madeira, onde estão um
S. José velho, com a idade a confirmar, simbolicamente, a castidade, e uma
Virgem jovem, segurando o Menino Jesus. Um Anjo Guardião, de pé, faz o séquito
e a segurança. Um dos Magos, o mais velho, está de joelhos e beija a perna do
Menino, os outros dois, de pé, esperam a sua vez. Atrás, um servo atento ao
camelo, segura-lhe a rédea, e entreve-se um outro camelo, também distraído da
cena principal, a conferir a origem exótica, oriental, dos Reis. No azul do
Céu, passa um cometa. Giotto tem uma outra Natività di Gesú na Cappella degli
Scrovegni, em Pádua, integrada na História da Encarnação. É um pintor metafísico e
dispõe ali a Sagrada Família de modo singular: a Virgem deitada com o Menino
num leito diáfano, sob uma espécie de dossel, ajudada por uma mulher, e S. José
sentado, em baixo, apartado. A vaca e o burro espreitam e as ovelhas estão
prostradas no chão. Há dois pastores de costas a olhar para cima, para os
anjos, em festa sobre o presépio.
Natività di Gesú, de Giotto
Num fresco encomendado por Cosme de Médicis, entre
1438 e 1445, para o Convento de S. Marcos, em Florença, Fra Angelico (1395-1455), outro pintor religioso
do Quattrocento, acrescenta
Santa Catarina de Alexandria e
S. Pedro à sua Adoração do Menino. Ao fundo, emergindo das
portas entreabertas do Presépio, estão o burro e o boi e, no telhado, os
eternos anjos, em oração.
Anjos que Piero della Francesca, por volta de 1470, pinta já mais humanos e
maduros, a tocar e a cantar para uma Virgem séria, ajoelhada, de manto azul,
contemplando um menino-boneco num chão de areia. Há três homens ao fundo,
que ficamos sem saber se são os reis do Oriente ou S. José e dois dos Magos. Os
animais estão atrás dos anjos e o chão é árido, com tímidas plantas. Ao fundo,
vêem-se uns montes e as torres de uma cidade. O presépio lembra um
pré-fabricado: Della Francesca introduz a perspectiva e dá-nos as figuras hieráticas em vestes
polícromas, como figurantes recortados, arrancados a um futurismo neoclássico.
Poucos anos depois de Piero della Francesca, Leonardo da Vinci pinta A Adoração dos Magos. A “Adoração” de Leonardo é
uma obra inacabada, que dispõe a Virgem e o Menino ao centro, e não de lado,
como era então costume. Ao fundo, há ruínas e agrupam-se figuras mais esboçadas
do que pintadas. O Menino Jesus abençoa um dos Magos. O quadro, talvez por
estar incompleto, evoca também a ruína do mundo e do tempo, o fim do mundo
antigo e pagão que a vinda do Menino traz.
A Natividade
Mística, de Botticelli, de 1500, mantém a centralidade do Menino Deus. O presépio destaca-se de
um fundo de árvores frondosas e é pródigo em anjos. Há anjos no telhado do
presépio, serafins que recebem, cá em baixo, os Magos e que encaminham os
pastores, e outros que pairam no céu, dançando de roda, num conjunto ambíguo,
que parece misturar a alegria do Natal com a tensão da Grande Tribulação.
Natividade Mística, de Botticelli
Botticelli pintou esta Natividade em tempos atribulados,
depois da invasão da Itália pelos franceses e da passagem por Florença do
governo de Savonarola. Savonarola procedera a todo um programa de
cancelamento cultural, banindo obras de arte e artistas contrários à
austeridade puritana que queria impor em Florença. Em 7 de Fevereiro, de 1497,
no último dia do Carnaval, promoveu na cidade uma monumental “Fogueira das
Vaidades”, destinada a queimar objectos de pecado: de espelhos e perfumes a
livros de Ovídio e Boccaccio, ou a pinturas de Lorenzo de Credi e de
Botticelli. Mas o zelo fundamentalista do austero e piedoso Savonarola tinha
tudo para indispor o Papa Bórgia, Alexandre VI (e os patrícios florentinos do
Frade-Tirano, já saudosos de algum colorido mais humano e menos austero); um
ano depois da queima, Savonarola cai em desgraça. O Papa convoca-o a Roma, para
que se explique, e o frade recusa, desculpa-se e mantém a sua república popular
democrática. Acaba excomungado, afastado do poder e condenado à morte, depois
de uma ordália falhada. É enforcado e queimado, com dois seguidores, na Piazza
della Signoria, conforme registado numa pintura anónima, que alguns atribuem a
Francesco Rosselli.
De Bosch a Grão
Vasco
No painel
central do tríptico da Adoração
dos Magos de Bosch há um ou dois dos enigmas a que nos habituou o autor do Jardim das
Delícias e do Carro de Feno, no
esoterismo da sua terrível simbologia: a Virgem Maria está ao lado direito da cena,
tendo nos braços um minúsculo Menino, e os Magos já não são os três
caucasianos: além do rei calvo, ajoelhado, e de um outro, de pé, há um rei
negro, jovem, grande, imponente, vestido de branco, com uma pequena escrava
atrás, também negra. Entretanto, à porta, semi-nu, espreita o Anti-Cristo, outra novidade. A gruta é uma velha cabana e
há pastores empoleirados numa árvore, à espreita, e em cima do telhado de
colmo. Ao fundo, para lá do muro, há uma cidade mítica, sob o azul do céu; mais
perto, dois exércitos parecem prontos a enfrentar-se, um homem puxa um burro,
um casal contempla uma casa à beira do rio. Nas imagens laterais do tríptico,
ficam, à esquerda, S. Pedro e o doador, e à direita, Santa Inês e a doadora.
Adoração dos Reis Magos, de Grão Vasco
O rei negro, Baltazar, que aparece claramente em Bosch
e em Dürer, vai ter uma representação original na Adoração dos Reis Magos, de Vasco Fernandes, o
“Grão-Vasco” de Viseu, o grande nome da pintura portuguesa quinhentista. Na Adoração de
Grão-Vasco, Baltazar é um índio do Brasil, semi-vestido à europeia mas com um
toucado de penas. O painel deve ter sido pintado na Capela Mor da Sé de Viseu, entre
1501 e 1506, e é notável como o pintor integrou, no terceto visitante, o então
exótico personagem. A moeda de ouro que o Menino português segura na mão é símbolo das riquezas
da Expansão. As viagens de longo curso dos
Portugueses estavam a trazer para a Europa a notícia de novas terras, novos
produtos e novas gentes. Era uma revolução que também se reflectia na
representação das cenas tradicionais da Vida Cristã, integrando um novo mundo,
a descobrir, a explorar e a evangelizar.
Adoração dos Magos, de Dürer
Na belíssima Adoração dos Magos de Dürer, a Virgem, vestida de azul,
tem ar de senhora importante, segura nos braços um Menino loiro e gordo e
recebe os três Reis do Oriente: um deles velho, ajoelhado, o outro alto, com um
ar nórdico, e o último um jovem negro, Baltazar. O presépio surge entre ruínas.
No topo de uma colina, ergue-se uma cidade.
Muitos outros artistas do Quatrocento e do Cinquecento – Mantegna, Giorgione, Tintoretto – representaram a entrada de
Deus na História, o mistério da Encarnação; a alegria do Natal, sempre, de
alguma forma, ensombrada e iluminada pela tragédia da Crucificação e a Glória
da Ressurreição.
Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569), é símbolo de um certo
“Renascimento Nórdico”. Nasceu em Breda, no Brabante, andou por Roma,
voltou a Antuérpia. Vindo depois do fantasmagórico Jerónimo Bosch, Bruegel, o Velho, começa por ter
reminiscências do surrealismo apavorante do Jardim das Delícias e tem uma Adoração dos Magos com figuras que, excluindo a Virgem e
Cristo, podiam ser arrancadas a Bosch. Mas assume depois um estilo único, com
os Caçadores na Neve. A sua grande versão do Natal
é o Censo em Belém: na
neve – que não caía na Judeia, mas no Norte da Europa – S. José conduz a Virgem
no burro, os três perdidos na pintura e na multidão de uma aprazível
cidadezinha dos Países Baixos.
A Luz de Caravaggio
Na Contra-reforma pós-tridentina, Caravaggio surpreende pelo intenso realismo e pela violência
expressiva da luz. Foragido, marginal, extremo,
excêntrico, Caravaggio tudo pintou – dos mais crus temas bíblicos (as
decapitações de Holofernes e Golias, por Judite e David) a cenas evangélicas e
a deuses e demónios pagãos. Para a sua Natividade, não escolheu os Magos, mas os Pastores, iniciando uma escola de “Natività
povera”, que progrediria no Seccento e no Settecento. A Igreja perdera parte do seu poder temporal e as consequências da Reforma
e da Contra-Reforma também a chamariam a ser mais “igreja dos pobres”, mais
evangélica. Caravaggio tem uma outra pintura de Natal,
famosamente roubada, em que a Virgem é uma mulher jovem e bela que medita sobre
o Menino deitado, e José, ao contrário do seu S. José velho de A Adoração do Pastores, é loiro, novo
e está de costas. S. Lourenço aparece à esquerda e S. Francisco de Assis à
direita, e há um anjo a descer a pique sobre o presépio.
A Adoração do Pastores, de Caravaggio
Ao longo do século XVII, Guido Reni, Murillo, George de
La Tour, Gerard van Honthorst e muitos outros, mais ou menos ilustres,
foram pintando presépios e natividades. O processo de produção destas
pinturas sagradas começava, geralmente, com uma encomenda, de um príncipe, de um mosteiro, de uma
comunidade, de um burguês. A Encarnação, era, para todos, um tema central e a tradição variava entre a
“Adoração dos Magos” e a “Adoração dos Pastores”, ou então abarcava todo o
conjunto: um intenso microcosmo, irmanando magos e pastores, todos os homens e toda a
criação, no intenso momento em que o divino irrompe na História e se juntam céu
e terra, transcendência e humanidade, eternidade e vida quotidiana, Criador e
mundo criado.
A interpretação
de fundo é quase sempre ortodoxa, canónica; mas como é da mistura da divindade
com a humanidade que se trata e o encontro se repete e renova no tempo, há na
arrumação, nos cenários, nas vestes e nas atitudes, peculiaridades e
originalidades, segundo o espírito do tempo e o génio do intérprete. Os pintores religiosos, tardo-medievais, como Giotto e Fra Angelico, são mais estáticos e simbólicos nas figuras; figuras a que a revolução do
Renascimento traz humanidade e realismo, dando mais força às cores e
encorajando a audácia. Caravaggio que, para Simon Schama, foi o artista que “produziu a pintura mais intensa da Cristandade”,
representa esse limite.
As festividades da descrença
Depois da
Revolução Francesa, enquanto na Literatura, de Dickens a Tolstoi, a Encarnação
e o Natal continuam vivos, a grande pintura parece abandonar o Natal. No quadro de Gauguin de 1896, Te
tamari no atua (“o Filho de Deus”), Maria, com o Filho nos
braços, e José, sentado ao seu lado, com um estábulo e duas vacas ao fundo, são
relegados para segundo plano por uma jovem taitiana adormecida, espojada em primeiro plano
com um gato aos pés. Nos “séculos da descrença”, Gustave Moreau e George Rouault aparecem talvez como os últimos pintores europeus
a manter uma temática espiritual cristã explícita. O Cristo e sua Mãe Estudando
as Escrituras de Henry Tanner, do princípio do século XX, fora como
que uma despedida. Matisse pintaria ainda, em 1952, Nuit de Noel, um vitral encomendado,
todo ele estrelas; e Dali, centrado na cruz, teria por único devaneio natalício os cartões de Boas-Festas. Tal como Andy Warhol que, longe já de burros, vacas, pastores, magos e anjos – e mais longe ainda da
Virgem e do Menino-Deus –, inauguraria, nos seus cartões, o fim da era das
imagens e o princípio da era dos enfeites: das árvores, dos elfos, dos
arlequins, das bailarinas, das bolas e da ocasional estrela. Era essa, já claramente ultrapassada pelos embrulhos de coisa nenhuma e as
anémonas ou alforrecas festivas que agora decoram as nossas inclusivas ruas.
Entre Auschwitz e os Goulags, a crença num Deus bom e
todo-poderoso, num Deus infinitamente misericordioso, capaz de nos conceder o
livre arbítrio e de se fazer Homem para nos resgatar e nos mostrar o caminho
sem nunca se impor, foi sendo progressivamente apresentada como um atentado à
lógica.
Agora a hegemonia cultural da “lógica” não se abate só
contra a Fé cristã: luta contra a própria matriz cristã e até contra a
narrativa e a mitologia do cristianismo.
Com as imagens (que valiam mil palavras) já
devidamente canceladas e substituídas, Helena Dali, Comissária para a
Igualdade na Comissão Europeia, viu chegada a a hora de banir a palavra que valia
mil imagens, oferecendo em troca aos nativos um inofensivo embrulho de coisa
nenhuma: por que não abolir a palavra
Natal, substituindo-a por “período de festividades”?
“O Espírito sopra onde quer”
No Natal de 1940, Jean-Paul Sartre, internado no
Stalag XIID, perto de Trèves, escreveu uma peça de teatro para os 4500 prisioneiros que ali estavam,
como ele. Sartre, que não era de enfeites nem de embrulhos, defendeu sempre
que o lado místico, cristão, da peça em nada o traía: era apenas uma
expressão da “mitologia do Cristianismo” e da “narrativa da Natividade cristã”;
uma forma (combinada com os padres também ali de detidos) de unir cristãos e
descrentes na noite de Natal.
A peça chamava-se Bariona, ou le fils du tonnerre e nela Sartre pinta Maria e
José no momento em que contemplam o filho, um filho que é também Deus encarnado.
É uma reflecção sobre o Mistério da Natividade e também sobre o mistério da
vida, da vida que nos cai do céu e nos braços e que nos remete,
inevitavelmente, para o sagrado; a vida que começa, a vida sempre nova, única,
surpreendente e irrepetível, a vida que é nossa e independente de nós, a vida
que tocamos, mas que nos transcende:
“…Noutros momentos, Maria só pode permanecer em silêncio e pensar:
‘Deus está aqui’; e invade-a um religioso temor face a este Deus mudo, face a
esta criança…porque todas
as mães ficam assim, em êxtase, por momentos, diante deste fruto das suas
entranhas, da sua carne, e sentem-se como que exiladas perante esta nova vida
feita com as suas vidas. E nenhuma outra mulher teve
Deus assim, só para si. Um Deus pequenino que se pode envolver nos braços e
encher de beijos, um Deus tão cálido, que sorri e que respira, um Deus que se
pode tocar e que vive… e é nesses momentos que eu pintaria Maria, se eu fosse
pintor (…) E José, José? Eu não o pintaria. Mostraria apenas como que
uma sombra ao fundo, de olhos brilhantes, pois não sei que dizer sobre José.
E o próprio José não sabe o que dizer sobre ele … Ele adora e sente-se feliz
por adorar. b”
Estas palavras de Sarte, filósofo existencialista e
ateu, só seriam surpreendentes se não soubéssemos, com S. João, que “O Espírito sopra onde quer”. Não foi esta Virgem Maria e este S. José e este mesmo Menino que, ao longo
dos séculos, os grandes pintores foram redescobrindo e repintando, para nosso
renovado encanto, surpresa e salvação?
Um
Santo Natal, junto ao presépio.
COMENTÁRIOS:
josé maria: Jaime Nogueira Pinto,
simpatizante do Chega e mentor do segregacionista racial André Ventura, a falar
de Francisco de Assis, parece-me uma enorme heresia... Antonio
Castro: Artigo muito interessante !
Simplesmente Maria: Ao artigo de Jaime Nogueira Pinto escrevi um
comentário assim "Notável!.Obrigada". Este comentário está em moderação, o que não deixa de ser notável. Joaquim Almeida > Simplesmente Maria: Arbitrariedades cá da casa, não
é? A mim até um simples "Bom dia" já me rejeitaram, mais de uma vez...
Francisco Figueiredo: agradeço-lhe, sobretudo a parte
final.
José Miranda: É um privilégio ler Jaime
Nogueira Pinto! Desejo-lhe muitos anos de vida,
para trazer cultura e valores a esta sociedade decrépita.
Rogerio Russo: Em termos religiosos não vou além da aceitação da
Criação. Muito obrigado pela bela e
magnífica lição de erudição e pela humanidade e pela esperança que pretende
dar-nos. Bem Haja! Que belo presente de Natal!
maria ribeiro: Fascista é uma categoria política sobre a qual há uma
vasta bibliografia. Entre nós, quando se quer insultar alguém, chamam-lhe
Faxista, o que não é a mesma coisa, trocar o cs pelo x faz toda a diferença.
maria ribeiro: O solstício já foi a 25 (trata-se da variação do eixo da Terra) era o dia
do Sol Invictos, do nascimento de Osíris e de Mitra. Yeshua não se sabe, alguns
biblistas apontam para Setembro/Outubro. Belém é inverosímil, certamente foi em
Nazaré, pequeno povoado sem sinagoga (sem escola) perto de Séforis onde José
deve ter trabalhado como Tecton. O Presépio data de 1223 quando
Francisco o montou na gruta de Greccio, com animais "de carne e osso".
Já antes se dramatizavam cenas bíblicas nas igrejas. O Pai Natal (Ded Moroz) é
um troll entre os samis da Carélia e Lapónia. Foi recolhido no poema épico
Kerala, de Elis Lonnrot, uma espécie de Lusíadas finlandês. Pobre Portugal: Parabéns pelo texto. Hoje,
é o pai natal da coca cola o nosso "espírito de Natal". Com a aprovação de todos.
Riaz Carmali: Como Muçulmano Praticante, quero
desejar a todos os irmãos e irmãs de Fé Cristã um Feliz Natal, repleto de Paz,
Amor, Solidariedade e União Familiar. Jesus e a sua mãe, Abençoada Virgem ocupam um lugar importante no
Islão, não como divinos mas como humanos excepcionais. DEUS OMNIPOTENTE, criou Jesus no Ventre da Nobre
Virgem, tendo ele já nascido Profeta. O 19° Capítulo do Alcorão chama-se "Maryam", em Português,
"Maria". Embora o Alcorão narre a
história de Jesus em várias Passagens, deixo aqui, num espírito de irmandade
humana, alguns Versículos do Capítulo 19 do Alcorão, Versículos 16 a 36: 16 E menciona Maria no Livro, a qual se separou de sua família, indo para um
local que dava para o leste. 17 E colocou uma cortina para
ocultar-se dela (da família), e lhe enviamos o Nosso Espírito (O Anjo Gabriel),
que lhe apareceu personificado, como um homem perfeito. 18 Disse-lhe ela: Guardo-me de ti no CLEMENTE, se é que
temes a DEUS. 19
Explicou-lhe: Sou tão-somente o
Mensageiro do teu SENHOR, para agraciar-te com um filho imaculado. 20 Disse-lhe: Como poderei ter um filho, se nenhum homem
me tocou e jamais deixei de ser casta? 21 Disse-lhe: Assim será, porque teu SENHOR disse: "Isso ME é fácil! E
faremos disso um sinal para os humanos, e será uma prova de NOSSA
Misericórdia." E foi uma ordem inexorável. 22 E quando concebeu, retirou-se, com um rebento a um
lugar afastado. 23 As dores do parto a
constrangeram a refugiar-se junto a uma tamareira. Disse: Oxalá eu tivesse
morrido antes disto, ficando completamente esquecida. 24 Porém, chamou-a uma voz, junto a ela: Não te
atormentes, porque teu SENHOR fez correr um riacho a teus pés! 25 E sacode o tronco da tamareira, de onde cairão sobre
ti tâmaras maduras e frescas. 26 Come, pois, bebe e consola-te. E se vires algum
humano, fá-lo saber que fizeste um voto de jejum ao CLEMENTE, e que hoje não
poderás falar com pessoa alguma. 27 Regressou ao seu povo levando-o (o filho) nos braços.
E lhes disseram: Ó Maria, eis que fizeste algo extraordinário! 28 Ó irmã de Aarão, teu pai jamais foi um homem do mal,
nem tua mãe uma mulher sem castidade! 29 Então ela lhes indicou que interrogassem o menino. Disseram: Como
falaremos a uma criança que ainda está no berço? 30 Ele lhes disse: Sou o servo de DEUS, O QUAL me
concedeu o Livro e me designou como profeta. 31 Fez-me abençoado, onde quer que eu esteja, e me encomendou a oração e a
paga do zakat enquanto eu viver. 32 E me fez piedoso para com a minha mãe, não permitindo que eu seja
arrogante ou rebelde. 33 A paz está comigo, desde o dia
em que nasci; estará comigo no dia em que eu morrer, bem como no dia em que eu
for ressuscitado. 34 Este é Jesus, filho de Maria; é a pura verdade, da qual
duvidam. 35 É inadmissível que DEUS tenha
tido um filho. Glorificado seja ELE! quando decide uma coisa, basta-lhe dizer:
Seja!, e é. 36 (Jesus disse): E DEUS É O meu SENHOR e o VOSSO. Adorai-O, pois! Esta é a
senda recta. E todos os Louvores são apenas
para DEUS, O SENHOR de todos os Mundos, O ÚNICO VERDADEIRAMENTE REAL.
Elvis Wayne: De facto hoje Jaime Nogueira Pinto brinda-nos com mais um excelente texto.
O tema em si é festivo e a abordagem é sublime. Diverti-me também com aquela
tacada ao "politicamente correto". O presépio é de facto um dos
melhores e mais ternos símbolos do Natal. Sempre me enterneceu aquela imagem de
proximidade e felicidade entre José, Maria, o Menino e os restantes presentes
naquela ocasião. Contrasta (infelizmente) bastante com a actualidade. É uma
pena a Natividade, já não servir
de inspiração aos artistas modernos. Vivemos de facto em "séculos de
descrença", por isso desejo ao autor e restantes leitores que se mantenham
firmes na crença em Cristo. Um Santo Natal para todos! advoga diabo Nestes dias ditos de geral
fraternidade, onde como nunca se exibe tanta ferocidade na interacção, p.e., no
trânsito durante a fobia consumista, e aparte religiosidades, cria sempre
grande perplexidade textos como este de alguém a léguas de qualquer conceito
objectivo de Humanismo! bento guerra > advoga diabo: A esse "alguém"
dá você canelada ferozmente "fraterna" Gil Lourenço > advoga diabo: O teu humanismo já a gente o
conhece! Mais de 100 milhões de mortos! Maria Augusta > advoga diabo: Sabes o significado de
"fobia"? Sabes, camarada? Educa-te, bem precisas. Esse conceito
"objectivo" de humanismo e já agora também subjectivo é algo que não
fazes a mais pequena ideia do que é, cego que estás de fanatismo
xuxo-comuna. As melhoras. Paulo Cardoso: Sublime, como sempre. Feliz
Natal Jaime Nogueira Pinto. Winter Is Here: A minha filha bem cedo
desenvolveu um afecto marcadamente singular em relação ao presépio. A atenção
dela sempre foi disputada pelos embrulhos sob a árvore e o presépio. Se em
relação aos embrulhos tinha uma atenção mais festiva já em relação ao
presépio era uma atenção reverencial. A partir dos 4 começou a coleccionar
figuras da Sagrada Família e a construí-las com todo o tipo de materiais e
técnicas. Sempre que passa por barracas de artesãos com figuras, compra. Na
feira de Natal em Alvalade encontrou uma sagrada família montada numa vespa.
Dorme com uma figura da Sagrada Família à cabeceira. Por esta razão, não
lamento nada a ausência de presépios no espaço público. Ele está no lugar certo. Feliz e Santo Natal para todos António Pais: Muito Obrigado pelo excelente artigo de Natal, afinal muitos festejam e
poucos já conhecem o seu significado! Votos de Boas Festas! Américo Silva: Festas felizes, com alegria de viver, dinheiro suficiente, e saúde para
desfrutar, para todos os cronistas, funcionários e patrões do Observador,
comentadores e leitores, tal como para as suas famílias e os que lhes são
queridos. bento
guerra: As barbas do velho lapão são mais atraentes do que as
palhinhas com um bébé, mesmo salvador da Humanidade Luís Rodrigues: Belíssimo artigo. Recordo que o último ano em que
as luzes de natal na baixa de Lisboa incluíram motivos vagamente natalícios
(silhuetas de anjos) foi 2006. Depois as formas dominantes limitaram-se a uns
sinos e estrelas, tendo cristalizado nos últimos anos em caixas e embrulhos
enlaçados. Nas novas “festividades” o que se está a celebrar é um qualquer
grande centro comercial. Maria da Graça de Dias > Luís Rodrigues: Observação pertinente. As
actuais decorações são efectivamente o espírito do "negócio" a elas
implícito!... Maria Nunes: Magnífica crónica. Obrigada e votos de um Santo
Natal. FernandoC:
Feliz Natal. Ahmed Gany: O Presépio tem um forte
concorrente que se chama Pai Natal. Daí, o termo
"festividades", num mundo cada vez mais arco-íris. Joaquim Almeida
> Ahmed Gany: E numa Comissão bestamente discriminatória. Maria Correia: Belíssimo. Muito obrigada e
Santo Natal Andre Vidigal: Muito interessante este olhar
sobre os vários presépios, fantástico. João Angolano: As representações do presépio
com a utilização de um rei negro muitos séculos atrás têm uma forte simbologia
e o significado de mensagem universal João Angolano: São as vítimas do wokismo Vitor
Batista: Votos de bom natal ao grande
Jaime Nogueira Pinto e a todos os leitores do observador.
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