Digo, vacina. Podia ser feita de desejo de
escapar ao ridículo, de desejo de impor rebeldia, de mostrar coragem e
valentia, de restaurar dignidade com essa tal liberdade tão bem falada em Abril…
Parece que aconteceu isso, realmente, em 1640 e foi violento, com
defenestrações vistosas até, e posteriormente com guerra. Agora não há “rapazes maus”, só lá para os lados da
jihad, embora por cá também se pratique o bullying, mais a violência doméstica,
e outras mais, da nossa cobardia habitual, mas na questão dos governos, o que
eles querem é o nosso bem e o seu sossego e progresso pessoais, e daí a imposição
das regras, além das vacinas e máscaras embrulhadas no maquiavelismo da amizade
e doçura, transmissor do tal medo, contra o qual não há vacina nem psicólogos
de jeito. Mas os Portas de que fala AG, ganham dinheiro a ponderar com muitos dados
e desenhos condizentes sobre esses problemas assustadores, e a contribuir
subtilmente e com elegância paternalista, para o estado de acomodação e medo, contra os quais não há vacina, como já disse.
A restauração da indecência
Os “especialistas”, que vão de
virologistas que afinal são matemáticos a virologistas que afinal são o dr.
Portas, passando por virologistas que afinal seguem o dr. Costa, também querem
medo.
ALBERTO GONÇALVES, Colunista
do Observador OBSERVADOR, 04 dez
2021
O
vídeo corre por aí, para galhofa de uns e pavor de outros. Um moço, que
prestava uns serviços ao PS e agora é naturalmente enviado da CNN
Portugal (é a TVI, julgo) à China ou
assim, descreve,
com os olhitos arregalados de excitação, as proezas do primeiro infectado com a
nova e terrível “variante” da Covid em Hong-Kong. Sem sair do quarto onde o fecharam,
o sujeito conseguiu contaminar o hóspede do quarto em frente: o vírus chinês,
entretanto com trajes africanos e habilitações em vodu, desatou a
atravessar portas e corredores. Em teoria, esta revelação acabaria com as
restrições, dado que doravante nem um bunker para cada indivíduo nos
salvará da morte certa. Na prática, a rábula mostra o ridículo a que a
“informação” não se importa de descer para captar espectadores. Com raríssimas
excepções, o tratamento “jornalístico” da Covid, desde o início um circo, está
reduzido aos palhaços.
Se
não for chalupa de todo, hipótese a debater, suponho que o repórter da TVI se
limitava a cumprir ordens. E as ordens, as da televisão e as do governo, são
sempre de sentido único: suscitar medo. Há
dias, num quadro cómico que pelos vistos comete semanalmente num canal
qualquer, Paulo
Portas
congratulou-se por a população andar assustada. Os “especialistas”, que vão de virologistas que afinal
são matemáticos a virologistas que afinal são o dr. Portas, passando por
virologistas que afinal seguem o dr. Costa e não a ciência, também querem medo. Os partidos, com a ocasional e insuficiente excepção da
Iniciativa Liberal, estão alinhadíssimos com o PS na necessidade de manter
elevados os níveis de pânico. E o prof. Marcelo é o prof. Marcelo. Em horas realmente difíceis, homens dignos dão
exemplos de coragem. Nas dificuldades postiças, democratas de fancaria instigam
o pânico. Os nossos palhaços são da estirpe assustadora.
A
verdade é que o medo convém a quase todos. Antes de falecerem, os “media” tradicionais sonham
cativar a derradeira amostra de audiências pasmadas e histéricas. Os
“especialistas”, que seguramente levavam porrada na escola, deleitam-se com os
holofotes e o estatuto. O governo agradece um bode expiatório para a miséria
em que nos enfiou e uma população capaz de consentir a miséria. Os partidos
da, digamos, oposição ou possuem vocação repressora ou receiam alienar
eleitores se ousarem defender a liberdade dos eleitores. E o bom povo, ao
que se depreende, prefere a subjugação mansa aos riscos da liberdade. Não há
maior ironia do que, no dia em se despachou a pontapé o que restava do estado
de direito, um país de súbditos celebrar a restauração da independência.
Por mim, nem sequer celebro a
restauração. Disse-o e, desculpem lá, repito: não volto a nenhum tasco ou
similar que exija atestado sanitário para efeitos de segregação. Aliás, não sendo crente, prometo converter-me à pressa
para rezar pela respectiva falência. Em
contrapartida, juro frequentar tanto quanto possa os restaurantes que se
recusam a enxovalhar clientes. Vacinei-me
porque achei razoável e não tenho certificado porque acho insultuoso. Nunca usei máscara na rua porque me ensinaram que
gente honesta não esconde o rosto. Nunca besuntei as mãos porque a gosma
suja o volante do carro. Nunca me testei porque nunca tive interesse. Nunca
respeitei as “regras”. Daqui em diante, tenciono ignorar que existem: dar trela
a fascistas é dar-lhes razão. Nas palavras da minha avó Luísa, o que é demais é
moléstia.
Mesmo
descontando o que ficou para trás, o salto entre os “melhores do mundo” na
vacinação e a radical negação da eficácia das vacinas não se compreende
nem se tolera. Não vou tolerar. Por vários motivos. Por egoísmo: embora
um bocadinho hipocondríaco, não me apetece trocar os escassos prazeres da vida
por cautelas impeditivas da dita. Por racionalidade: os factos provam que o perigo da Covid é infinitamente
inferior ao perigo que a toleima vigente sugere. Por bom senso: confiar
nas “medidas” expelidas pelo dr. Costa seria igual a copiar pelo teste de
físico-química do macaco Adriano. Por princípio: apenas uma alforreca aceita sem hesitação a
competência do Estado para decidir comportamentos ideais. Por feitio: se multidões de imbecis defendem X, eu tendo a
ficar do lado de Y. Por decência: só
velhacos acatam regras que discriminam o semelhante. Por
exclusão de partes: não
conheço uma pessoa instruída que não seja aquilo que os boçais chamam
“negacionista”. Por obrigação: face à óbvia ilegalidade, afrontá-la é um dever, e
aceitá-la é ser cúmplice.
A legalidade. Numerosos juristas alertam para o evidente abuso do
actual “estado de calamidade”, que
a lei não prevê e a situação não justifica. Infelizmente,
a lei e os juristas não constituem
obstáculo aos apetites governamentais. Infelizmente,
uns 95% dos partidos e dos “media” deixaram de entrar para as contas da
democracia. Infelizmente,
em vez de um presidente que cuidasse da Constituição elegemos um banhista. Infelizmente, ou não, estamos entregues a nós: contrariar a oportunidade de
tirania oferecida por um surto de psicose colectiva depende de cada um. Eu
farei a minha parte, nula para o país mas vital para mim. Gosto de dormir
descansado, pelo menos enquanto a “variante” não me fura a parede. CORONAVÍRUS SAÚDE
PÚBLICA SAÚDE DIREITO JUSTIÇA VÍRUS CIÊNCIA
COMENTÁRIOS:
Paulo da Silva: Voltei a não
ir a restaurantes. Estou vacinado mas se tenho que atestar a minha situação
clínica para ir ao restaurante, no mínimo espero que todo o pessoal do
restaurante faça o mesmo e já agora apresentem também a situação fiscal e
criminal, pois não quero contribuir para qualquer ilegalidade. TheGreatDictator
> TGD: Quanto mais lógica e racionalidade
tentamos encontrar nestas medidas, menos ética e moral vamos ver em quem
as pratica. Se em época natalícia, de paz, amor e fraternidade nos conseguem
impor estas parvoíces imaginem daqui para a frente. Temo que o ridículo
ainda vá no adro...
Maria Francisca Mamede: Muito
bom!!!
Alexandre Rainha: Bom
artigo, parabéns! Pedro
Almeida: Os
medos que os portugueses desenvolveram nos últimos anos: medo do Covid, medo do
Chega, medo do Ventura, medo da Direita, medo da Extrema Direita, medo da
Troika, medo de se falar bem do Passos, medo de se falar bem de Cavaco, medo de
dizer mal do Costa, medo de dizer mal do PS, medo de se ter opinião sobre
imigrantes, medo de falar de minorias, medo de não dizer o politicamente correcto
em público e perante uma audiência. Excepção: redes sociais, comentários como
aqui, e pouco mais. Só medos. A agência de comunicação do PS amestrou bem
grande parte da comunicação social e dos portugueses. A democracia está
amordaçada. Alberto
Borges de Sousa > Pedro Almeida: Excelente análise! Lidia Santos > Pedro Almeida: Fantástico comentário! que análise tão lúcida! Pedro Almeida: Um aluno tem Covid, vai toda a turma para casa 15 dias
em isolamento. Um futebolista numa equipa de futebol tem Covid, só vai ele para
casa, e os outros 23 do plantel continuam a ir aos treinos e no mesmo balneário.
Não tem lógica! Vitor Batista: Este é para mim o melhor artigo que o AG já escreveu,
tudo o que é demais chateia mas este povo manso adora a carneirice. Já
Vasco Pulido Valente fazia imensos reparos, afinal ele conhecia-os muito bem,
sobre a CNN confesso que deixei de ver televisão, só dou uma espreitadela
rápida e em modo "zapping ". Entretanto e a partir de hoje, a nomenclatura fará tudo
para o sanear, esperemos que não.
Pedro Almeida: O
problema é que só há uns números e não há outros. Exemplos: quantos alunos e
turmas diariamente estão em casa por causa do Covid? Onde anda o Ministro da
Educação? Desertou? FME: Na estância de materiais onde vou regularmente buscar
materiais de construção, a gerente é uma das maiores covidárias que conheci.
Nunca se conformou que eu andasse por ali sem máscara, já que o escritório não
ultrapassa certamente os 100 m2. No parque dos materiais, os empregados
carregam sacos de cimento para as carrinhas com máscaras sebosas que são
obrigados a usar. Os clientes, na sua maioria, com medo dela, também andam
mascarados pelo parque e escritório. Eu tive que a confrontar com a Lei para
que aceitasse que eu não era obrigado a usar máscara, nem ela o podia exigir. No
dia seguinte ao anúncio destas novas restrições, passei pelo estaleiro, e mesmo
antes de um bom dia, a gerente, com um indisfarçável sorriso nos olhos,
avisou-me que a partir de segunda-feira só podia ali entrar de máscara. Tinha
ganho. Respondi-lhe que já sabia, mas que no parque dos materiais (exterior)
não era obrigado a usar máscara. Congelou. Respondeu que não era bem assim e
que se ia informar melhor. Entretanto soube que já levou a 3ª dose antes de
tempo, num dia de casa aberta em que andou pelo centro de vacinação a pedinchar
a vacina. Para a gerente, o mundo pandémico é o seu mundo ideal. Talvez uma
forma de vingança de algum trauma mal resolvido. Um
casal meu amigo, também covidários, já conseguiram levar a 3ª doses antes de
tempo num dia de casa aberta. Apareceram por lá, pedincharam a vacina, e saíram
de lá orgulhosamente com mais uma dose da pfizer que anunciaram nas redes
sociais. Um deles estava constipado e disfarçou a constipação (o medo provoca a
irracionalidade). Entretanto fecharam-se em casa, possivelmente mascarados, e
só saem à rua em última necessidade. Vêem a pandemia como uma guerra e para
eles a vacina tem a mesma importância das máscaras. Não serve para libertar,
mas para ter o pacote completo de protecção. Uns por assuntos mal resolvidos,
ou mesmo por maldade, vêem na máscara o castigo que a sociedade merece. Outros
por medo, vivem como se tivéssemos sido invadidos por alienígenas
imperialistas. A psicologia e a psiquiatria vão ter um grande trabalho pela
frente com a reabilitação dos covidários. Não vamos conseguir livrar-nos disto
tão cedo, se é que vamos conseguir libertar-nos deste novo mundo pandémico. Vitor Batista > FME: Comentário
certeiro! Os covidários trataram de fazer da nossa vida um autêntico inferno,
coadjuvados pelas restrições governamentais que receio se irão perpetuar no
tempo e para lá de qualquer ideia racional, a pandemia é um oásis de controle
dos "carneiros" - veio para ficar. Cupid Stunt: Certeiro! Nunca houve e continua a não haver pachorra
para o que expele (LOL) o kosta.
Lourenço de Almeida: Muito
bom. Ao nível das "Farpas" ou da "Funda"!
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