sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Bem descritas


Por Maria João Avillez, as tergiversações de Rui Rio, ao longo de dois mandatos, nem de carne nem de peixe e apenas ambiciosos de poder, num comportamento de duplicidade e mistificação contínuas, em busca não de uma coligação mais séria e racional com os partidos de direita, que enfrentasse os desmandos da coligação rasteira do governo, com o seu compadrio do discurso da hipocrisia esmoler, sem orientação economicamente produtiva, impudentemente assente no auxílio exterior, de que o próprio governo PS displicentemente se serviu, em irrisória aparência produtiva e indiferente recurso à mão estendida. Mas o apelo de MJA, para o tal desenvolvimento económico urgente, vai também para esse PS, agora unitário, mais liberto, pois, do constrangimento imposto pela parceria impudente. Será que pode? Ele há sempre os sinistros sindicatos que não tardam aí em peso, mal Costa se descuide, o que o forçará a uma “entente”, que, aliás, lhe está no sangue – sem suor nem lágrimas, no entanto, que não quadram ao nosso pasmado “far niente”.

Ninguém quis provar o queijo-tipo-serra

É indispensável que António Costa além da maioria abs para o tal desenvolvimento económico urgente oluta tenha a prioridade absoluta da Economia. Após seis anos a fazer equilibrismo politico-ideológico, o país reclama-lhe Economia (com maiúscula).

MARIA JOÃO AVILLEZ

OBSERVADOR, 03 Fev 2022

1Não serão precisas muitas reflexões sobre a derrocada do PSD. A estratégia de Rui Rio de elevação do “centro” a destino político sempre me surgiu como muito mais capaz de levar o partido a um poço que a um pódio. Levou. Atrevo-me por isso a bisar o que aqui escrevi há umas semanas sobre a “mudança de identidade” do PSD, os seus perigos e alçapões.

Foi isto: Foi uma mudança de identidade.(…) O PSD costumava ser o motor de arranque de coligações ou frentes eleitorais que inspirava e liderava, abertas ao seu centro direita e ao seu centro esquerda, que agregavam, ampliavam, revitalizavam, esperançavam. Seduzindo o voto útil. Propiciando a criação daquele “momento” político que de repente transporta e anuncia uma mudança. (…)”

Adiante, acrescentava ainda que “as histórias se contam desde o princípio”: “Foi sob a liderança de Rui Rio no PSD que a Iniciativa Liberal, a Aliança e o Chega viram a luz do dia. É um facto político e não uma constatação. Ou seja, as sementes que o actual líder do PSD foi deitando á terra – pouco apreço e pouca convergência com o espaço à direita – e o modo como durante três anos ia adubando esse o solo, originaram três partos partidários pelo que proponho um exercício: se olharmos as coisas como elas foram no tempo de Pedro Passos Coelho, (…) o populismo não teve lugar. Nenhum populista que hoje beija o chão que Ventura pisa encontraria eco e guarida no tempo da coligação PSD/CDS. Apesar da rudeza e aspereza daqueles anos, do implacável cerco da troika, das esquerdas, da media e da direita beta (a das salas), a natureza da liderança política do então primeiro ministro nunca, como dizer? propiciou o crescimento das sementes do extremismo populista. Ou não existiam, ou ele tomou conta delas, adubando-as de outro modo. (…)

E finalmente num outro texto muito recente: “ A coisa mais interessante destas eleições – na qual nunca acreditei de resto – é poder-se finalmente concluir daqui a dias se a extraordinária estratégia de Rui Rio ao eleger o “centro” como lugar político o levará – ou não – à vitória.

2Foi o que se viu sendo que se não se tivesse visto 1) o CDS não se teria sumido dos radares políticos, nem – imperdoável – 2) o PS se teria instalado com tamanho conforto na maioria absoluta. Não sou eu que me entretenho agora com o que parecem ser ociosas reflexões. Pelo contrário: são os números que o fazem por mim: ficou provado. Ou seja ninguém quis servir-se do queijo-tipo-serra: o verdadeiro Serra já estava em cima da mesa e era conhecido.

Quando evoco como tendo sido preferencial a opção por uma frente eleitoral liderada pelo PSD não ignoro que a IL obviamente não a integraria: não podia, era imperativo contar-se e avaliar-se eleitoralmente. Mas do que também não duvido é que se teriam entretanto estreitado laços e propósitos comuns entre PSD/CDS e a IL, de modo a que no final fosse politicamente tão verosímil quanto desejado um entendimento político entre as três forças partidárias: casamento, união de facto, convivência, coexistência. O que quer que fosse que tivesse evitado “isto”.

3E agora? Agora é o cabo dos trabalhos (e da dúvida) na procura da relevância perdida para o PSD: será ele capaz de voltar a subir a “partido de primeira “deixando de ser o “médio” que agora é? Capaz de uma profunda, urgentíssima auto-reforma e não apenas de uma mera e por isso insuficiente substituição de dirigentes? Capaz de tornar claríssimo quem quer representar e porquê? Haverá generais capazes de percepcionar a utilidade e o lugar do partido no novíssimo xadrez partidário e num parlamento onde houve recomposição do espaço político? E das relações/negociações/ acordos/ estratégias que ela fatalmente implicará? Peço desculpa de tanta pergunta mas sem as respostas que elas desesperadamente reclamam, a hora continuará amarga e a conjuntura crítica. Em política não há lugares cativos.

4No domingo de manhã, longe de saber que o PSD desceria no ranking partidário, cruzei-me com muitos jovens a caminho das mesas de voto. Foi quando alguém de repente me disparou: “não acredito que nenhum deles vote PS ou PSD. Porque haveriam de o fazer?”

Começou de facto outra história. Isto é: o PSD perdeu muitos deputados mas a “direita” – ou digamos, a oposição à esquerda – ganha deputados. Ganhou retumbantemente o PS mas a seguir a ele as três forças mais votadas não são de esquerda. Há a tal reconfiguração do parlamento. Daqui resulta que o tipo de oposição (fraca e aos tropeções na última legislatura porque Rio, por qualquer ainda hoje misteriosa razão, assim a quis) vai mudar. Desde logo no estilo: não se deve subestimar o arejo e a preparação da Iniciativa Liberal, nem a agressividade e a política-espetáculo do Chega que, mesmo que já conhecidos, irão potenciar a novidade e ampliar o seu eco político-parlamentar. Dois estilos onde o que marcará não é que sejam opostos mas a sua vontade de serem audíveis e marcantes no hemiciclo (e fora dele). A oposição – esta a que me refiro – mudará também no conteúdo porque feita a partir de uma plataforma liberal como o país nunca conheceu desde 1976 (pelo menos desta forma tão assumida e eficiente); e de uma “direita dura” que levantará os seus temas. Uns já os conhecemos por serem justamente não-temas. Mas… e se ela levantar outros? Comuns, quotidianos, concretos? Ou vão insultar-se quase meio milhão de portugueses, acusando-os do que não são e passando-lhes um atestado de portugueses de segunda para os ignorar?

5O PS pela voz do seu secretário-geral prometeu uma maioria de “diálogo”. É indispensável que anuncie com ênfase e empenho – como prioridade absoluta – que vai tratar da Economia. Que quer escolher a Economia. Depois de seis anos a fazer equilibrismo político e ideológico com os seus dois ex-cúmplices é o país que lhe reclama Economia (com maiúscula).

Voltando ao “diálogo” que tantas almas embeveceu… Ninguém normalmente constituído acredita na ficção de uma súbita e bondosa disponibilidade para o diálogo político, sem precisar de o praticar. Eles ficcionam muito: é um hábito, um tique, um gosto, uma necessidade, esta sede da ficção: uma espécie de habitat socialista. Retenhamos então que “a maioria será de diálogo”. Face à promessa deixo uma pequena pergunta não fantasiosa: o PS com uma maioria absoluta teria – é só um exemplo – demitido Eduardo Cabrita? Não teria pois não? Porque haviam os socialistas de se dar a esse trabalho mesmo tratando-se de pura decência cívica, política, moral?

6O Presidente da República recebeu os partidos, ritual inscrito na Constituição. O costume. Mas à parte esse – e outros – gestos obrigatórios, como vai forjar-se um destino? No que lhe diz respeito, acreditem os leitores ou não, essa é a única pergunta a fazer hoje ao Presidente da República. Não há outra.

Estou a falar da História.

LEGISLATIVAS 2022   ELEIÇÕES   POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Luisa Falcão: Este é um país de salário mínimo, de medrosos e de reformados. Os outros não tiveram expressão numérica para ganhar uma maioria. Será isto que queremos? E os outros? Os mais qualificados de sempre e os mais instruídos? Esses não encontram lugar neste pobre país, ficam para trás. Será isso que queremos?     Maria Madeira: Excelente artigo.             Ediberto Abreu: Não há que reclamar, este povo frouxo e fofinho tem o que quis, ou seja o que merece… quando acordarem (se é que alguma vez acordam) já é tarde. Também com Rio não teriam grande futuro...           Geiger Dieter: Ninguém de direita votaria no Rio. Ele é um socialista confirmado. E a esquerda tinha o Costa para votar, para além do PCP e do BE. Portugal é hoje em dia um país socialista ao fim de 40 anos de doutrinação e de esmolas do governo.                Carlos Castro: Um homem que faz um negócio tão inexplicável como o siresp, na minha opinião, não merece e não deveria governar um país. A minha opinião vale o que vale, os votos valem mais e o Sr. Costa soube e nisso teve elevado mérito, angariar os votos. Nesse ponto merece algum respeito. O Sr. Rio por seu turno andou a tentar angariar os votos num eleitorado que o olhava com desconfiança e votou ao desprezo quem o podia ajudar. Com a mudança da direita que se adivinhava e entretanto tornada verificável, o PSD acordou para uma realidade dura. Terá que fazer pela vida ou irá pelo caminho do CDS, PCP e BE. A direita aprecia quem faz pela vida. Rio pensou que bastava esperar para chegar ao poder. Não chega, só chega se acontecer bancarrota. Espero agora sinceramente que o Sr. Costa não tenha comprado o siresp a uma associação de malfeitores, apenas por ingenuidade. Boa sorte Portugal. Até ao meu regresso.          Paulo Belo: A única economia que o PS quer e sabe tratar é a dos seus militantes - são uma grande família               Ahmed Gany: Oh Maria João Avillez: O povo não reclama nada. Quer é mais do mesmo!            Francisco Tavares de Almeida: Normalmente concordo com a autora mas hoje tenho duas fortes discordâncias. A economia não chega. Se o governo não arrepiar caminho e continuarmos a subsidiar "observatórios" para os Sousa Santos pai e filho, se verbas públicas continuarem a sustentar o dr Ba, se os candidatos a juiz continuarem a ser avaliados por um condenado das FP-25, se a implantação forçada da ideologia de género continuar nas escolas, tudo o que a economia eventualmente pode é evitar a vinda de outra "troika". Será alguma coisa mas não chega. Por outro lado, a reconversão eficaz do PSD está adiada por 4 anos. Rui Rio escolheu a dedo todos os deputados eleitos e dos quais, os poucos ou muitos que pensam, pensam como ele. Viu-se já o que aconteceu com o CDS que tinha um grupo parlamentar todo da oposição a Francisco Rodrigues dos Santos e, quando este dizia alguma coisa, logo um membro do grupo parlamentar dizia diferente, e apenas este último tinha eco na comunicação social. Por isso o "Chicão" foi uma revelação pela positiva nos debates. Revelação porque ninguém o conhecia, mas os debates já eram tarde. Com "nuances" pela quantidade e pelos habituais vira-casacas a história próxima do PSD, tal como foi no CDS,  vai ser o conflito entre a nova direcção e o grupo parlamentar. Pouco restará para a oposição ao PS. Cotrim de Figueiredo deu o mote no debate e, por sua vez, o vice-presidente e deputado eleito do Chega, Gabriel Mithá Ribeiro - de elevadíssima categoria intelectual e ética - materializou o mais virulento ataque que li contra Cotrim de Figueiredo: (de memória) A personagem mais oca do parlamento. Não se interessa pelas pessoas nem pelas situações sociais mas apenas pelo mercado, nem sequer pela economia. Grande parte dos tempos parlamentares e mediáticos do Chega e da IL será desperdiçado a guerrearem-se entre si. Inevitavelmente pois a política está "futebolizada" e os dois partidos disputam o mesmo eleitorado, actual e potencial. Não sei o que sobrará para fazer oposição ao PS, mas certamente será "poucochinho". Curiosamente,... ou nem isso, a oposição mais firme ao governo maioritário, virá do BE e do PCP. Só que, provavelmente útil a denunciar abusos, será inútil ou negativa em soluções alternativas. Henrique Mota > Francisco Tavares de Almeida: Parabéns pela sua análise. Um pequeno reparo. A IL não se interessa só pela economia. Mas no processo de crescimento tem que encontrar um mote para crescer. E a economia era, e é, o elo mais fraco dos Socialistas. Daí a opção         Maria Rouxinol: Boa análise! Razão tinha a Maria João quando disse num dos seus artigos o seguinte:. "De Sá Carneiro a Passos Coelho é a primeira vez que o líder do PSD elege o “centro” como lugar fixo, que não é o mesmo que lugar reservado porque pode já lá estar Costa. E lá estava Costa bem sentado e embandeirado quando Rio chegou derrotado e encontrou u lugar ocupado. Rui Rio é semelhante aos jogadores arrogantes que dentro de campo querem fazer o jogo sozinhos levando a equipa a perder. Falta-nos nesta Direita Portuguesa grandes Estadistas como os muitos que já partiram deste mundo.  No CDS falta-nos uma MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO. Infelizmente hoje só temos politiqueiros que fazem de Portugal uma FEIRA... Obrigado Maria João pela lucidez com que escreve e ilumina os que lêem.           Mr. Lobby: A nova e resoluta direita emergente no Chega! discordo da cronista. Diz-nos o Chega! que a prioridade absoluta do país é a moral, naturalmente segundo o cânone e evangelho do cheguismo...          JS M: Mas o queijo tipo Serra é sempre que o PSD chega ao poder. A senhora não acha que já é tempo de acabar com essa coisa esdrúxula que é ter dois partidos sociais democratas a fingirem que são diferentes?! E com um deles a ter o desplante de querer representar a direita?! Rio ao menos não enganou ninguém e embora perdendo contribuiu para destacar o embuste que é o sistema partidário português.        Vitor Batista > JS M: Para o sócrates foi o queijo o pão e o vinho, e a seguir os xuxas uma vez mais, só vão deixar fome e miséria, mas é disso que a maioria absoluta gosta.          João Floriano: A crónica hoje poderia chamar-se: «Eu bem avisei». Maria João Avillez teve razão: a estratégia de Rio deu com os burros na água. Mas também não podemos assacar a Rio todas as culpas de um «plantio irregular» à direita. O CHEGA é uma reacção natural à extrema-esquerda. E vai continuar perante a perseguição que o Bloco sobretudo vai encabeçar. Reduzido a um grupo familiar a oposição ao PS não lhe vai render votos  que ajudem a recuperar parte dos deputados. Malhar na direita será uma opção válida. Orçamento de Estado já existe. A discussão na especialidade trará alguns acertos que possam justificar o «diálogo» anunciado por Costa. Tenho muita curiosidade em relação ao novo executivo.               João Ramos: Mas qual Economia, eles não percebem nada disso!!!            David Pinheiro: O destino está traçado. Não há nada a fazer. É aceitar para doer menos. A cauda é já ali, basta que a Grécia e a Bulgária não atrapalhem.  Filipe Paes de Vasconcellos: O PSD e os seus militantes nunca quiseram  perceber que com a aventesma do Rio não  iram a lado nenhum. Como é q a sumidade se convenceu  que com 3 meses de oposição iria ganhar (e até ter maioria absoluta pasme-se!), quando andou 5 anos a arrastar os pés não existindo como oposição, enquanto Costa andou 6 anos a trabalhar para a maioria absoluta. Quanto ao aparecimento e crescimento do Chega, existem  responsabilidades partilhadas entre o Costa, o Rio e o sempre inefável Marcelo. A primeira deve-se ao Costa porque trouxe para o arco da governação a ala mais à esquerda do PS  e a extrema-esquerda. A segunda deve-se ao Rio como muito bem explicado por si neste e noutros textos. A terceira deve-se a Marcelo,  porque no seu primeiro mandato andou a fazer figura de porta-voz do governo socialista apoiado pela extrema-esquerda, dando com essa sua medíocre participação muito gaz à esquerda e à extrema dela. Uma grande tristeza e infelicidade caiu sobre este país pobre, de gente e de recursos.       Paulo Almeida > Filipe Paes de Vasconcellos: É verdade. Tivemos o Rio & Marcelo a fazer o frete ao governo e depois admiram-se de haver um êxodo para o IL e Chega. Mas os militantes do PSD ou parte deles percebeu. Só que como ir a um jogo do nosso clube, mesmo sabendo que a equipa não está a jogar nada.       FernandoC: O presidente sempre foi e será um aliado objectivo de Costa. E este último é um típico político do posso, quero e mando. Boa sorte, Portugal.        Pontifex Maximus: Que vai fazer o Marcelo, MJA? Nada, coisa em que se especializou na vida, desde os tempos do seu padrinho… sempre viveu de um capital importante: o nome e as famílias importantes do país, que mais não fizeram que a mediocridade em pessoa. Foi catedrático de Direito Constitucional, é verdade, mas mesmo aí nunca foi a cabeça relevante na FDL, todos o sabem e que por lá andaram nos anos setenta e seguintes! Agora, comprará um Teles com uma câmara com mais pixels e melhor abertura de espaço até ir para o Brasil cuidar dos netos e dos gatos, deixando tantas saudades como uma viola num enterro.        Américo Silva: Haja alegria. Os deputados do CDS não terão que ficar próximos dos deputados do Chega nas bancadas da Assembleia, o que tanto os incomodava. E as tias vão continuar de luto, o que tapa muitas misérias. Quanto ao Costa, tem mesmo que ouvir quem o elegeu, não quem o combateu.      Carlos Quartel: Muito feliz a analogia com o queijo. Rio é de uma ignorância política confrangedora e acredita em sociedades 80 ou 90% de centro esquerda. Estranho num economista, que sabe que o desenvolvimento está precisamente na iniciativa privada, na ambição do lucro e mesmo na ganância. Lá temos a política fiscal para corrigir abusos. Claro que quem se sente sem representatividade se refugia em franjas, por vezes folclóricas, outras arruaceiras. Nem tudo foi trágico, a razia comunista é de saudar. Foi a recompensa por terem ressuscitado Costa, em coma com a derrota de 2015. A criatura devorou os criadores......cruel ironia.           J. Gabriel: Este governo vai dialogar, com todos os seus amigos e grupos de interesses. Que já se começaram a mostrar.   Gonçalo Leite: Os portugueses têm relutância à mudança, mais do que os outros povos europeus, talvez porque não passaram guerras recentes em território nacional que os tenham obrigado a mudar...       Carlos Silva: Pois. E agora contentam-se com "couratos-e-copos-de-três". Aliás, o CDS após 47 anos, nem as "migalhas" conseguiu. Que ingratidão!           José Dias: Ao comparar um período em que Portugal esteve numa condição de protectorado, na sequência dos desvarios dos Governos liderados por Sócrates e nos quais se contavam muitos dos que por lá estão de volta, em que as decisões de política Económica, e não só, eram limitadas pelo Acordo negociado com o PS, o "maria" manteve-se no seu usual planalto de realidade alternativa...      Isabel Gomes: Não é só uma questão de Economia pura e dura. Por ex. o problema da corrupção requer uma avaliação ético comportamental!

Por Maria João Avillez, as tergiversações de Rui Rio, ao longo de dois mandatos, nem de carne nem de peixe e apenas ambiciosos de poder, num comportamento de duplicidade e mistificação contínuas, em busca não de uma coligação mais séria e racional com os partidos de direita, que enfrentasse os desmandos da coligação rasteira do governo, com o seu compadrio do discurso da hipocrisia esmoler, sem orientação economicamente produtiva, impudentemente assente no auxílio exterior, de que o próprio governo PS displicentemente se serviu, em irrisória aparência produtiva e indiferente recurso à mão estendida. Mas o apelo de MJA, para o tal desenvolvimento económico urgente, vai também para esse PS, agora unitário, mais liberto, pois, do constrangimento imposto pela parceria impudente. Será que pode? Ele há sempre os sinistros sindicatos que não tardam aí em peso, mal Costa se descuide, o que o forçará a uma “entente”, que, aliás, lhe está no sangue – sem suor nem lágrimas, no entanto, que não quadram ao nosso pasmado “far niente”.

Ninguém quis provar o queijo-tipo-serra

É indispensável que António Costa além da maioria abs para o tal desenvolvimento económico urgente oluta tenha a prioridade absoluta da Economia. Após seis anos a fazer equilibrismo politico-ideológico, o país reclama-lhe Economia (com maiúscula).

MARIA JOÃO AVILLEZ

OBSERVADOR, 03 Fev 2022

1Não serão precisas muitas reflexões sobre a derrocada do PSD. A estratégia de Rui Rio de elevação do “centro” a destino político sempre me surgiu como muito mais capaz de levar o partido a um poço que a um pódio. Levou. Atrevo-me por isso a bisar o que aqui escrevi há umas semanas sobre a “mudança de identidade” do PSD, os seus perigos e alçapões.

Foi isto: Foi uma mudança de identidade.(…) O PSD costumava ser o motor de arranque de coligações ou frentes eleitorais que inspirava e liderava, abertas ao seu centro direita e ao seu centro esquerda, que agregavam, ampliavam, revitalizavam, esperançavam. Seduzindo o voto útil. Propiciando a criação daquele “momento” político que de repente transporta e anuncia uma mudança. (…)”

Adiante, acrescentava ainda que “as histórias se contam desde o princípio”: “Foi sob a liderança de Rui Rio no PSD que a Iniciativa Liberal, a Aliança e o Chega viram a luz do dia. É um facto político e não uma constatação. Ou seja, as sementes que o actual líder do PSD foi deitando á terra – pouco apreço e pouca convergência com o espaço à direita – e o modo como durante três anos ia adubando esse o solo, originaram três partos partidários pelo que proponho um exercício: se olharmos as coisas como elas foram no tempo de Pedro Passos Coelho, (…) o populismo não teve lugar. Nenhum populista que hoje beija o chão que Ventura pisa encontraria eco e guarida no tempo da coligação PSD/CDS. Apesar da rudeza e aspereza daqueles anos, do implacável cerco da troika, das esquerdas, da media e da direita beta (a das salas), a natureza da liderança política do então primeiro ministro nunca, como dizer? propiciou o crescimento das sementes do extremismo populista. Ou não existiam, ou ele tomou conta delas, adubando-as de outro modo. (…)

E finalmente num outro texto muito recente: “ A coisa mais interessante destas eleições – na qual nunca acreditei de resto – é poder-se finalmente concluir daqui a dias se a extraordinária estratégia de Rui Rio ao eleger o “centro” como lugar político o levará – ou não – à vitória.

2Foi o que se viu sendo que se não se tivesse visto 1) o CDS não se teria sumido dos radares políticos, nem – imperdoável – 2) o PS se teria instalado com tamanho conforto na maioria absoluta. Não sou eu que me entretenho agora com o que parecem ser ociosas reflexões. Pelo contrário: são os números que o fazem por mim: ficou provado. Ou seja ninguém quis servir-se do queijo-tipo-serra: o verdadeiro Serra já estava em cima da mesa e era conhecido.

Quando evoco como tendo sido preferencial a opção por uma frente eleitoral liderada pelo PSD não ignoro que a IL obviamente não a integraria: não podia, era imperativo contar-se e avaliar-se eleitoralmente. Mas do que também não duvido é que se teriam entretanto estreitado laços e propósitos comuns entre PSD/CDS e a IL, de modo a que no final fosse politicamente tão verosímil quanto desejado um entendimento político entre as três forças partidárias: casamento, união de facto, convivência, coexistência. O que quer que fosse que tivesse evitado “isto”.

3E agora? Agora é o cabo dos trabalhos (e da dúvida) na procura da relevância perdida para o PSD: será ele capaz de voltar a subir a “partido de primeira “deixando de ser o “médio” que agora é? Capaz de uma profunda, urgentíssima auto-reforma e não apenas de uma mera e por isso insuficiente substituição de dirigentes? Capaz de tornar claríssimo quem quer representar e porquê? Haverá generais capazes de percepcionar a utilidade e o lugar do partido no novíssimo xadrez partidário e num parlamento onde houve recomposição do espaço político? E das relações/negociações/ acordos/ estratégias que ela fatalmente implicará? Peço desculpa de tanta pergunta mas sem as respostas que elas desesperadamente reclamam, a hora continuará amarga e a conjuntura crítica. Em política não há lugares cativos.

4No domingo de manhã, longe de saber que o PSD desceria no ranking partidário, cruzei-me com muitos jovens a caminho das mesas de voto. Foi quando alguém de repente me disparou: “não acredito que nenhum deles vote PS ou PSD. Porque haveriam de o fazer?”

Começou de facto outra história. Isto é: o PSD perdeu muitos deputados mas a “direita” – ou digamos, a oposição à esquerda – ganha deputados. Ganhou retumbantemente o PS mas a seguir a ele as três forças mais votadas não são de esquerda. Há a tal reconfiguração do parlamento. Daqui resulta que o tipo de oposição (fraca e aos tropeções na última legislatura porque Rio, por qualquer ainda hoje misteriosa razão, assim a quis) vai mudar. Desde logo no estilo: não se deve subestimar o arejo e a preparação da Iniciativa Liberal, nem a agressividade e a política-espetáculo do Chega que, mesmo que já conhecidos, irão potenciar a novidade e ampliar o seu eco político-parlamentar. Dois estilos onde o que marcará não é que sejam opostos mas a sua vontade de serem audíveis e marcantes no hemiciclo (e fora dele). A oposição – esta a que me refiro – mudará também no conteúdo porque feita a partir de uma plataforma liberal como o país nunca conheceu desde 1976 (pelo menos desta forma tão assumida e eficiente); e de uma “direita dura” que levantará os seus temas. Uns já os conhecemos por serem justamente não-temas. Mas… e se ela levantar outros? Comuns, quotidianos, concretos? Ou vão insultar-se quase meio milhão de portugueses, acusando-os do que não são e passando-lhes um atestado de portugueses de segunda para os ignorar?

5O PS pela voz do seu secretário-geral prometeu uma maioria de “diálogo”. É indispensável que anuncie com ênfase e empenho – como prioridade absoluta – que vai tratar da Economia. Que quer escolher a Economia. Depois de seis anos a fazer equilibrismo político e ideológico com os seus dois ex-cúmplices é o país que lhe reclama Economia (com maiúscula).

Voltando ao “diálogo” que tantas almas embeveceu… Ninguém normalmente constituído acredita na ficção de uma súbita e bondosa disponibilidade para o diálogo político, sem precisar de o praticar. Eles ficcionam muito: é um hábito, um tique, um gosto, uma necessidade, esta sede da ficção: uma espécie de habitat socialista. Retenhamos então que “a maioria será de diálogo”. Face à promessa deixo uma pequena pergunta não fantasiosa: o PS com uma maioria absoluta teria – é só um exemplo – demitido Eduardo Cabrita? Não teria pois não? Porque haviam os socialistas de se dar a esse trabalho mesmo tratando-se de pura decência cívica, política, moral?

6O Presidente da República recebeu os partidos, ritual inscrito na Constituição. O costume. Mas à parte esse – e outros – gestos obrigatórios, como vai forjar-se um destino? No que lhe diz respeito, acreditem os leitores ou não, essa é a única pergunta a fazer hoje ao Presidente da República. Não há outra.

Estou a falar da História.

LEGISLATIVAS 2022   ELEIÇÕES   POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Luisa Falcão: Este é um país de salário mínimo, de medrosos e de reformados. Os outros não tiveram expressão numérica para ganhar uma maioria. Será isto que queremos? E os outros? Os mais qualificados de sempre e os mais instruídos? Esses não encontram lugar neste pobre país, ficam para trás. Será isso que queremos?     Maria Madeira: Excelente artigo.             Ediberto Abreu: Não há que reclamar, este povo frouxo e fofinho tem o que quis, ou seja o que merece… quando acordarem (se é que alguma vez acordam) já é tarde. Também com Rio não teriam grande futuro...           Geiger Dieter: Ninguém de direita votaria no Rio. Ele é um socialista confirmado. E a esquerda tinha o Costa para votar, para além do PCP e do BE. Portugal é hoje em dia um país socialista ao fim de 40 anos de doutrinação e de esmolas do governo.                Carlos Castro: Um homem que faz um negócio tão inexplicável como o siresp, na minha opinião, não merece e não deveria governar um país. A minha opinião vale o que vale, os votos valem mais e o Sr. Costa soube e nisso teve elevado mérito, angariar os votos. Nesse ponto merece algum respeito. O Sr. Rio por seu turno andou a tentar angariar os votos num eleitorado que o olhava com desconfiança e votou ao desprezo quem o podia ajudar. Com a mudança da direita que se adivinhava e entretanto tornada verificável, o PSD acordou para uma realidade dura. Terá que fazer pela vida ou irá pelo caminho do CDS, PCP e BE. A direita aprecia quem faz pela vida. Rio pensou que bastava esperar para chegar ao poder. Não chega, só chega se acontecer bancarrota. Espero agora sinceramente que o Sr. Costa não tenha comprado o siresp a uma associação de malfeitores, apenas por ingenuidade. Boa sorte Portugal. Até ao meu regresso.          Paulo Belo: A única economia que o PS quer e sabe tratar é a dos seus militantes - são uma grande família               Ahmed Gany: Oh Maria João Avillez: O povo não reclama nada. Quer é mais do mesmo!            Francisco Tavares de Almeida: Normalmente concordo com a autora mas hoje tenho duas fortes discordâncias. A economia não chega. Se o governo não arrepiar caminho e continuarmos a subsidiar "observatórios" para os Sousa Santos pai e filho, se verbas públicas continuarem a sustentar o dr Ba, se os candidatos a juiz continuarem a ser avaliados por um condenado das FP-25, se a implantação forçada da ideologia de género continuar nas escolas, tudo o que a economia eventualmente pode é evitar a vinda de outra "troika". Será alguma coisa mas não chega. Por outro lado, a reconversão eficaz do PSD está adiada por 4 anos. Rui Rio escolheu a dedo todos os deputados eleitos e dos quais, os poucos ou muitos que pensam, pensam como ele. Viu-se já o que aconteceu com o CDS que tinha um grupo parlamentar todo da oposição a Francisco Rodrigues dos Santos e, quando este dizia alguma coisa, logo um membro do grupo parlamentar dizia diferente, e apenas este último tinha eco na comunicação social. Por isso o "Chicão" foi uma revelação pela positiva nos debates. Revelação porque ninguém o conhecia, mas os debates já eram tarde. Com "nuances" pela quantidade e pelos habituais vira-casacas a história próxima do PSD, tal como foi no CDS,  vai ser o conflito entre a nova direcção e o grupo parlamentar. Pouco restará para a oposição ao PS. Cotrim de Figueiredo deu o mote no debate e, por sua vez, o vice-presidente e deputado eleito do Chega, Gabriel Mithá Ribeiro - de elevadíssima categoria intelectual e ética - materializou o mais virulento ataque que li contra Cotrim de Figueiredo: (de memória) A personagem mais oca do parlamento. Não se interessa pelas pessoas nem pelas situações sociais mas apenas pelo mercado, nem sequer pela economia. Grande parte dos tempos parlamentares e mediáticos do Chega e da IL será desperdiçado a guerrearem-se entre si. Inevitavelmente pois a política está "futebolizada" e os dois partidos disputam o mesmo eleitorado, actual e potencial. Não sei o que sobrará para fazer oposição ao PS, mas certamente será "poucochinho". Curiosamente,... ou nem isso, a oposição mais firme ao governo maioritário, virá do BE e do PCP. Só que, provavelmente útil a denunciar abusos, será inútil ou negativa em soluções alternativas. Henrique Mota > Francisco Tavares de Almeida: Parabéns pela sua análise. Um pequeno reparo. A IL não se interessa só pela economia. Mas no processo de crescimento tem que encontrar um mote para crescer. E a economia era, e é, o elo mais fraco dos Socialistas. Daí a opção         Maria Rouxinol: Boa análise! Razão tinha a Maria João quando disse num dos seus artigos o seguinte:. "De Sá Carneiro a Passos Coelho é a primeira vez que o líder do PSD elege o “centro” como lugar fixo, que não é o mesmo que lugar reservado porque pode já lá estar Costa. E lá estava Costa bem sentado e embandeirado quando Rio chegou derrotado e encontrou u lugar ocupado. Rui Rio é semelhante aos jogadores arrogantes que dentro de campo querem fazer o jogo sozinhos levando a equipa a perder. Falta-nos nesta Direita Portuguesa grandes Estadistas como os muitos que já partiram deste mundo.  No CDS falta-nos uma MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO. Infelizmente hoje só temos politiqueiros que fazem de Portugal uma FEIRA... Obrigado Maria João pela lucidez com que escreve e ilumina os que lêem.           Mr. Lobby: A nova e resoluta direita emergente no Chega! discordo da cronista. Diz-nos o Chega! que a prioridade absoluta do país é a moral, naturalmente segundo o cânone e evangelho do cheguismo...          JS M: Mas o queijo tipo Serra é sempre que o PSD chega ao poder. A senhora não acha que já é tempo de acabar com essa coisa esdrúxula que é ter dois partidos sociais democratas a fingirem que são diferentes?! E com um deles a ter o desplante de querer representar a direita?! Rio ao menos não enganou ninguém e embora perdendo contribuiu para destacar o embuste que é o sistema partidário português.        Vitor Batista > JS M: Para o sócrates foi o queijo o pão e o vinho, e a seguir os xuxas uma vez mais, só vão deixar fome e miséria, mas é disso que a maioria absoluta gosta.          João Floriano: A crónica hoje poderia chamar-se: «Eu bem avisei». Maria João Avillez teve razão: a estratégia de Rio deu com os burros na água. Mas também não podemos assacar a Rio todas as culpas de um «plantio irregular» à direita. O CHEGA é uma reacção natural à extrema-esquerda. E vai continuar perante a perseguição que o Bloco sobretudo vai encabeçar. Reduzido a um grupo familiar a oposição ao PS não lhe vai render votos  que ajudem a recuperar parte dos deputados. Malhar na direita será uma opção válida. Orçamento de Estado já existe. A discussão na especialidade trará alguns acertos que possam justificar o «diálogo» anunciado por Costa. Tenho muita curiosidade em relação ao novo executivo.               João Ramos: Mas qual Economia, eles não percebem nada disso!!!            David Pinheiro: O destino está traçado. Não há nada a fazer. É aceitar para doer menos. A cauda é já ali, basta que a Grécia e a Bulgária não atrapalhem.  Filipe Paes de Vasconcellos: O PSD e os seus militantes nunca quiseram  perceber que com a aventesma do Rio não  iram a lado nenhum. Como é q a sumidade se convenceu  que com 3 meses de oposição iria ganhar (e até ter maioria absoluta pasme-se!), quando andou 5 anos a arrastar os pés não existindo como oposição, enquanto Costa andou 6 anos a trabalhar para a maioria absoluta. Quanto ao aparecimento e crescimento do Chega, existem  responsabilidades partilhadas entre o Costa, o Rio e o sempre inefável Marcelo. A primeira deve-se ao Costa porque trouxe para o arco da governação a ala mais à esquerda do PS  e a extrema-esquerda. A segunda deve-se ao Rio como muito bem explicado por si neste e noutros textos. A terceira deve-se a Marcelo,  porque no seu primeiro mandato andou a fazer figura de porta-voz do governo socialista apoiado pela extrema-esquerda, dando com essa sua medíocre participação muito gaz à esquerda e à extrema dela. Uma grande tristeza e infelicidade caiu sobre este país pobre, de gente e de recursos.       Paulo Almeida > Filipe Paes de Vasconcellos: É verdade. Tivemos o Rio & Marcelo a fazer o frete ao governo e depois admiram-se de haver um êxodo para o IL e Chega. Mas os militantes do PSD ou parte deles percebeu. Só que como ir a um jogo do nosso clube, mesmo sabendo que a equipa não está a jogar nada.       FernandoC: O presidente sempre foi e será um aliado objectivo de Costa. E este último é um típico político do posso, quero e mando. Boa sorte, Portugal.        Pontifex Maximus: Que vai fazer o Marcelo, MJA? Nada, coisa em que se especializou na vida, desde os tempos do seu padrinho… sempre viveu de um capital importante: o nome e as famílias importantes do país, que mais não fizeram que a mediocridade em pessoa. Foi catedrático de Direito Constitucional, é verdade, mas mesmo aí nunca foi a cabeça relevante na FDL, todos o sabem e que por lá andaram nos anos setenta e seguintes! Agora, comprará um Teles com uma câmara com mais pixels e melhor abertura de espaço até ir para o Brasil cuidar dos netos e dos gatos, deixando tantas saudades como uma viola num enterro.        Américo Silva: Haja alegria. Os deputados do CDS não terão que ficar próximos dos deputados do Chega nas bancadas da Assembleia, o que tanto os incomodava. E as tias vão continuar de luto, o que tapa muitas misérias. Quanto ao Costa, tem mesmo que ouvir quem o elegeu, não quem o combateu.      Carlos Quartel: Muito feliz a analogia com o queijo. Rio é de uma ignorância política confrangedora e acredita em sociedades 80 ou 90% de centro esquerda. Estranho num economista, que sabe que o desenvolvimento está precisamente na iniciativa privada, na ambição do lucro e mesmo na ganância. Lá temos a política fiscal para corrigir abusos. Claro que quem se sente sem representatividade se refugia em franjas, por vezes folclóricas, outras arruaceiras. Nem tudo foi trágico, a razia comunista é de saudar. Foi a recompensa por terem ressuscitado Costa, em coma com a derrota de 2015. A criatura devorou os criadores......cruel ironia.           J. Gabriel: Este governo vai dialogar, com todos os seus amigos e grupos de interesses. Que já se começaram a mostrar.   Gonçalo Leite: Os portugueses têm relutância à mudança, mais do que os outros povos europeus, talvez porque não passaram guerras recentes em território nacional que os tenham obrigado a mudar...       Carlos Silva: Pois. E agora contentam-se com "couratos-e-copos-de-três". Aliás, o CDS após 47 anos, nem as "migalhas" conseguiu. Que ingratidão!           José Dias: Ao comparar um período em que Portugal esteve numa condição de protectorado, na sequência dos desvarios dos Governos liderados por Sócrates e nos quais se contavam muitos dos que por lá estão de volta, em que as decisões de política Económica, e não só, eram limitadas pelo Acordo negociado com o PS, o "maria" manteve-se no seu usual planalto de realidade alternativa...      Isabel Gomes: Não é só uma questão de Economia pura e dura. Por ex. o problema da corrupção requer uma avaliação ético comportamental!


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