sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Leituras aprazíveis

 

De Paulo Tunhas e seus  Comentadores. Um escape para estes  receios e raivas, que nos pregam ao écran.

Deus esteja com os ucranianos

O PCP repete, fascinado, o argumentário de Putin. Não é necessária a intimidade ideológica do passado: basta a atracção irresistível pelo poder brutal daquele sol negro.

PAULO TUNHAS            OBSERVADOR, 24 fev 2022, 00:1988

Não se deve nunca subestimar a admiração que o poder bruto suscita num vasto número de pessoas. Ela pode manifestar-se com o auxílio de uma máscara ideológica ou de uma forma nua, despida de quaisquer vestes, como um impulso cego, por uma necessidade psíquica inconsciente, contando apenas com o auxílio de um arremedo de teorias conspiratórias que ajudam a mantê-la viva. Esse tipo de admiração recebe redobrada força se esse poder bruto se apresentar como o opositor de um outro poder que é objecto de uma detestação antiga e duradoura pela liberdade de que goza e pela riqueza que possui.

A Rússia de Putin suscita indubitavelmente esse género de admiração, e esta é reforçada pelo facto de ela ter aos olhos dos seus admiradores o estatuto de grande inimiga dos Estados Unidos. Acontecia já assim no tempo da defunta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – quatro palavras, quatro mentiras, como dizia Cornelius Castoriadis – e a coisa excedia de longe o caso dos comunistas. O poder bruto fortifica uma esperança por muitos iop+´789+ partilhada que Rui Ramos optimamente identificou aqui na semana passadaa esperança de que o futuro do mundo não tem que ser democrático. E a Rússia, com a sua tradição ininterrupta de despotismo, com a possível excepção dos poucos meses entre Fevereiro e Outubro de 1917 e os primeiros tempos do desabar da U.R.S.S., é um objecto de adoração ideal, como o é, com a mesma tradição, a China. O nacionalismo da Grande Rússia, dominando a Pequena Rússia e a Rússia Branca (Ucrânia e Bielorrússia, respectivamente) é uma afirmação do puro poder. A U.R.S.S., como o Império dos czares, também era assim. Desde relativamente cedo, a ideologia já não contava, excepto de forma acidental e acessória, ali. O que contava era o poder na sua forma mais brutal, tal como Lenine o teorizou – e esse foi o legado intelectual mais importante do seu particular génio, não a sua “interpretação” do marxismo, puramente instrumental.

Putin, no fundo, não é senão a actualização de um passado que esteve sempre ali. O que aconteceu na Geórgia e na Crimeia foram pequenos passos no exercício do poder brutal. A Ucrânia está a ser um passo maior. Porque, não tenhamos dúvidas, é a Ucrânia no seu todo que Putin ambiciona conquistar. De resto, explicou-o com uma clareza admirável: a Ucrânia não tem direito a existir fora do jugo da Grande Rússia. Na medida em que apresenta justificações para o acto, elas relevam do puro cinismo: simulação de diálogo diplomático, inversão das relações de causa e efeito (invenção de ameaças exteriores, denúncia de massacres supostamente cometidos pelos ucranianos) e por aí adiante. O que a televisão mostrou do que se passou no Kremlin por estes dias merece ser visto como um dos mais acabados produtos do cinismo que o poder brutal se permite. É, verdadeiramente, de gelar a espinha.   Por cá, o PCP repete, fascinado, o argumentário de Putin. É a admiração incontida pelo poder brutal e o tal desejo que o futuro não seja democrático que explica que a Rússia continue para os comunistas a ser “o Sol da Terra”, para falar como Álvaro Cunhal. Não é necessária a intimidade ideológica do passado: basta a atracção irresistível pelo poder brutal daquele sol negro, que foi, desde o princípio, o elo mais forte da relação.

Para o perceber, basta ler as notas do gabinete de imprensa do PCP relativas à crise na Ucrânia. Está lá tudo. A inversão das relações de causa e efeito: a “escalada de confrontação” é “promovida pelos EUA e a NATO contra a Rússia”, o regime ucraniano, imposto pelos EUA, a NATO e a UE, é “belicista” e provocador, a NATO visa a “subjugação da vontade soberana e dos direitos de países e povos”. E o amor imoderado pela diplomacia e pela paz: “Portugal deve pugnar pela solução pacífica dos conflitos internacionais, pelo desarmamento, pela paz, contribuindo para pôr fim à escalada de confrontação e privilegiar um processo de diálogo com vista a promover a segurança na Europa, no respeito pela Constituição da República Portuguesa, da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia”. Notar-se-á que estes dois movimentos são, na retórica do PCP, complementares: a proclamação do amor da paz visa reforçar a inversão das relações de causa e efeito e essa mesma inversão é feita em nome do amor da paz. É uma velhíssima táctica dos comunistas. Lembrem-se do Conselho Mundial para a Paz e de muitas outras coisas assim.

É preciso notar que este esquema de pensamento, bem como a admiração pelo poder brutal da Rússia, estão longe de ser o exclusivo do PCP. Encontram-se, com uma lógica mais fruste, um pouco por todo o lado, e nem sequer são um exclusivo da esquerda. Há, de facto, paixões que são generalizadas. Tomemos, por exemplo, o último artigo de Miguel Sousa Tavares no “Expresso”. Com a sua característica densidade de convicção, ele retoma o argumentário do PCP de um modo simultaneamente popular e altaneiro, que sugere, com a habilidade possível, uma certa aparência de sofisticação ao raciocínio.

Inversão das relações de causa e efeito: os verdadeiros fautores da guerra, no caso de esta vir a acontecer (voltarei umas linhas abaixo a este importante ponto) são, entre outros, “os vendedores de armas ao Pentágono, à Ucrânia e aos países europeus, os produtores de petróleo e de gás de xisto americano”. Temos assim já uma base sólida de indivíduos desprezíveis. Mas não basta. Biden fez “um verdadeiro discurso de guerra”. Um discurso que é uma espécie de manifesto em prol dos “beneficiários da guerra” e dos “incendiários militantes e imbecis, como Stoltenberg”, o secretário-geral da NATO. Um verdadeiro “imbecil”. Que inveja que eu tenho de Miguel Sousa Tavares! Como gostaria de poder usar assim uma linguagem franca e rude! Até neste momento me apetecia – mas algo me inibe. O melhor é passar já às vítimas dos horríveis indivíduos atrás mencionados, que são simbolizadas por Putin, que faz o que faz “em estado de necessidade, e por razões que são justas, atendíveis e, pelo menos, dignas de serem consideradas” por todos que não sejam incendiários ou imbecis.

Amor pela paz: os “especialistas” que acusam a Rússia de organizar a invasão da Ucrânia – “formatados em cursilhos nos Estados Unidos e doutrinados nos cocktails do 4 de Julho na embaixada americana” – oferecem para defender a sua tese de uma invasão russa argumentos “tão preguiçosos e desequilibrados” que “chegam a ser pungentes”. São eles os verdadeiros inimigos da paz: desejam, “no íntimo”, a guerra. Em contrapartida, “Putin fez divulgar um vídeo dele reunido com o ministro dos Negócios Estrangeiros em que Lavrov lhe dizia que deviam continuar os esforços diplomáticos”. Não quer isso dizer que a Rússia deseja a paz? Os russos mostraram imagens das suas tropas a retirarem da Crimeia e anunciaram que domingo findariam os seus exercícios na Bielorrússia. Querem mais? E não garantiu Putin “pela enésima vez que não ia invadir a Ucrânia e que não queria uma guerra na Europa”? Ah, perdoem que eu me repita, mas como gostaria eu de saber utilizar aquela linguagem franca e desinibida em que Miguel Sousa Tavares é pródigo

Uma tão subtil caracterização do que está em jogo conduz Miguel Sousa Tavares a uma aposta ousada, mas conforme aos movimentos do seu espírito: “hoje, sexta-feira, apostei que a Rússia não invadiu a Ucrânia. Espero ter ganho a aposta – não apenas até hoje, mas até um futuro tão longínquo quanto possível”. Receio que o curso dos acontecimentos faça com que Sousa Tavares perca a aposta. Mas – permito-me sublinhar – isso não fará dele um “imbecil”, apenas alguém que não percebe nada do que se passa à sua volta, o que certamente terá um outro nome qualquer. Mas voltemos à Ucrânia propriamente dita. Esperemos que as forças ucranianas e a pressão internacional cheguem para que a Ucrânia se consiga, pelo menos em parte, defender do poder bruto. Se fosse crente, diria: Deus esteja com eles! E, pensando bem, mesmo não sendo crente, digo à mesma: Deus esteja com a Ucrânia!             GUERRA NA UCRÂNIA   UCRÂNIA   EUROPA   MUNDO   RÚSSIA-UCRÂNIA   VLADIMIR PUTIN   RÚSSIA   PCP  POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Luis Santos: O PCP e o  MST têm em comum,  o facto de estarem todos xexés. No caso do PCP aquela rapaziada, ainda pensa estar em 1950 e acredita estar a lutar contra Salazar      Alvaredo: Título justo e que merece o nosso inteiro apoio.          Miguel Rosa: Quando todos receavam o AV e a direita eis que a guerra vem do socio-comunismo....            Mr. Lobby:  A direita portuguesa (sim, também o Chega!...) andou anos a elogiar a Rússia de Putin, finalmente convertida após a queda da URSS, incensando a sua política para o renascimento do cristianismo na Europa, a sua política de combate ao islão na Chechénia, a sua política anti-homossexualidade (LGTB e similares)... e agora isto!...           Gabriel Pensador > Mr. Lobby: Tanto a extrema direita  como a extrema esquerda portuguesa vende-se por uns trocos. Infelizmente nesses partidos só temos "filhinhos do papá" a quem nada falta. Não sabem viver e respeitar a diferença. Humildade precisa-se.  João Seabra: A guerra está agora no seu início mais visível e mediático; MST está agora no seu fim, mais do que anunciado pelo próprio: excelente análise sobre tantos anos de demagogia que se identificam com aquelas 3 letrinhas…MST        Censurado Censurado: Deus esteja com os ucranianos?! Deus?! Como esteve com os iraquianos das armas de destruição maciça. Lembras-te burgesso? Em vez de passares a vida a incitar ao ódio entre pessoas e povos devias reduzir-te era à tua ignorância. Sobretudo em momentos de pesar como este.     João Ramos: O PCP, segundo o nosso governo e numerosos comentadores da TV e não só, não é propriamente perigo nenhum para a nossa famigerada democracia, o grande perigo vem claro está do Chega. Como é possível haver gente tão idiota e cínica! quanto a Sousa Tavares as suas “claríssimas” opiniões são conforme o lado em que acordou nesse dia além de ter a mania de ser um “enfant terrible” , na realidade vale zero!!!          Sérgio > João Ramos: Num sitio de iletrados, analfabrutus e dependentes dos nepotistas das bancarrotas, que esperava???          Pontifex Maximus: O problema é que Deus não existe e por isso nada pode fazer pelos ucranianos. Mas a América e a Alemanha existem e, embora possam pouco ou nada fazer agora, podiam e deveriam ter feito no passado, mas a ganância, sobretudo dos alemães, falou mais alto. E se alguém deveria não acreditar nos russos eram os alemães e Merkel, por razões óbvias!          Francisco Tavares de Almeida: Paulo Tunhas hoje decidiu meter as duas mãos em dois baldes de m..., o PCP e Miguel Sousa Tavares. Ao contrário de Tunhas sou crente e, especialmente se Putín não se limitar à região do Dunbass, vou rezar pelos ucranianos. Só que, na minha costela nacionalista-egoísta, também vou desejar que muitos se decidam a vir para Portugal para contrabalançar a imigração miserável que temos.           João Floriano > Francisco Tavares de Almeida: Completamente de acordo com o seu comentário. Tenho uma opinião muito positiva do trabalhador ucraniano.          Cisca Impllit > João Floriano: É gente culta e muito educada.          Luis Santos: Os comunas burros  estão caquécticos de tal forma,  que ainda pensam que são controlados pela URSS de Putin.          Andrade QB: Todos os ditadores têm admiração uns pelos outros, não é admirar que os defensores da ditadura do proletariado  apoiem os defensores da ditadura soviética.      manuel soares Martins: O prof. Tunhas sabe muito bem que, como dizia Napoleão, Deus está do lado dos grandes batalhões ! José Paulo C Castro: As declarações sobre o não envolvimento da Rússia na Ucrânia, sobre a especulação ocidental sobre a Ucrânia, sobre a retirada e meros exercícios militares da Rússia, etc. deviam ficar guardados para referência futura.  As pessoas que, nos media, andaram a dizer que isto é tudo especulação ocidental devem ficar marcadas como agentes russos infiltrados. Foi o papel que fizeram.          Cisca Impllit > José Paulo C Castro: De facto, fizeram uma linda figura!!! Devemos, ou pelos tentar com toda a honestidade, saber o que queremos e de quem se está próximo, quem são os nossos aliados. E, liminarmente, perceber quem é injustiçado. Geiger Dieter: Putin é apoiado por todos os partidos comunistas do mundo. E por toda a esquerda também. Cisca Impllit: Deus tenha piedade de todos nós e nos dê sabedoria para enfrentarmos a loucura. Adormecemos e ela veio nos acordar.          David Pinheiro: Excelente artigo! Dos melhores que o autor já escreveu. Excelente crítica à hipocrisia do Miguel Sousa Tavares.          PEDRO AIRES PEREIRA: Fico assustado ao ler tantos comentários de traidores a defenderem um ditador criminoso como esse anormal do putinho. São os mesmos que diabolizam o anterior regime que era santo ao pé desse gajo com cara de mamão. O PCP há muito tempo que deveria ter sido ilegalizado pois é um partido stalinista, traidor da pátria e criminoso.           bento guerra: Parece uma homília papal,a compensar as provocações do caquético Biden            advoga diabo: Não subestimar o poder bruto, como lhe chama PT, é também não o provocar, não o ameaçar, não o acicatar. O "ocidente" e os EUA em particular não têm feito outra coisa há décadas. Insistir em colocar mísseis às portas da Rússia, como se alguma vez os americanos o permitissem no México ou no Canadá, foi ir longe demais. Obrigaram o "urso" a sair da caverna e agora vai ser preciso pará-lo! Com que custos?          Vitor Batista > advoga diabo: Estou estupefacto com a sua retórica, como se os povos livres e soberanos não tivessem de facto o direito a pertencer às organizações que eles entenderem. Nesta hora negra, onde mais uma guerra começou na velha Europa, gostaria de deixar bem vincado que os inimigos da Ucrânia são meus inimigos também.        Teotonio Bernardo > Vitor Batista: Pode ficar de boca aberta o dia todo até conseguir imaginar o que seria se a Rússia colocasse armamento em todos os países vizinhos dos EUA. A Ucrânia é um pais pro-nazi com milícias e batalhões hitlerianos no exército e que queria ter armamento nuclear para desafiar a Rússia. Agora vai ter o destino que merece.          Vitor Batista > Teotonio Bernardo: Comentário sem nexo.  Não vou perder tempo a responder-lhe visto estar formatado pela propaganda putinesca.  Foi o Medina que o informou dos perigosos nazis ucranianos?         PEDRO AIRES PEREIRA > advoga diabo: Tanta condescendência com um ditador criminoso, senhor advogado traidor da pátria, é de bradar aos céus. Façam as vontades todas do mamão do putinho para ele não fazer birras. Os comunistas e todos os que são contra os valores ocidentais podiam ir todos para a Rússia, Venezuela, Cuba e Coreia do Norte pois cá não fazem falta nenhuma.           João Floriano: Ontem vi um video em que Putin encostava à parede, no sentido figurado, o Chefe dos Serviços Secretos russos, Sergei Naryshkin que estava a fazer umas afirmações que Putin achou necessário esclarecer para não restarem dúvidas. Posso imaginar o suor frio de Naryshkin. A mim, Putin meteu-me medo.       S N: Deus está certamente com os ucranianos e com a Ucrânia. Nunca com os brutos sanguinários. Quanto ao sr mst, não vale a pena ouvir ou ler: pior do que perda de tempo. Como vários outros.  Paz!          augusto sousa: Pois, partilho o sentimento e a análise de PT sobre o tal de MST ( em decadência cognitiva ,  pessoal e literária ) bem como as circunstancias e os actos do czar Putin. Ao ver e ouvir o Presidente dos EUA  a ler as suas declarações tenho a sensação de que acabou de se levantar da cama e ainda não acordou bem por não ter lavado a cara com água fria! O tal de Boris não lhe fica atrás!...e deve estar a organizar  agora um "rave party        Américo Silva: Deus tem estado com os portugueses e espero que continue. Os proletários europeus, descendentes dos proletários romanos, os que contribuem com a prole, cansaram-se. Contribuíram com os servos dos senhores feudais, com os soldados de todas as guerras, com os marinheiros de todos os naufrágios, com os juros de todos os agiotas, e agora deixaram de contribuir. Não querem disputas sobre a guarda dos filhos, sobre a pensão de alimentos, nem sustentar filhos até ao túmulo. Não os seduz a ideia de deixar descendência submetida a uma von der Leyen qualquer que não elegeram, a um Twitter qualquer, à Google ou ao Fecebook, querem é crescimento: duas casas, dois carros, dois almoços, campos de golfe, fatiotas distintas. Apoiam preferencialmente gentes de outras nações como judeus, ciganos e árabes, e esperam obter um rendimento da exploração de outros proletários como eles. Querem crescimento económico, duas casas, dois carros, dois almoços, campos de golf, rodar por muitos homens  e mulheres, e conseguir aquela aplicação que lhes permita a extorsão de outros proletários como eles. Entretanto por toda a europa estão a ser substituídos por imigrantes que os odeiam. Portugal tem a sorte de não ser odiado pelos africanos, imigrantes das ex-colónias. Com a garantia de casa, comida e roupa lavada, o cidadão preocupa-se com as energias renováveis, o CO2, o aquecimento global, e a democracia na Ucrânia. Não se preocupa em ser governado pelo twitter ou pelo facebook, ou que os estrangeiros sequem as oportunidades aos europeus, afinal a américa latina e o Iraque estão muito piores.       klaus muller > Américo Silva: "Portugal tem a sorte de não ser odiado pelos africanos......." Então e o Mamadú e aquela ex deputada gorda do Livre?        Américo Silvaklaus muller: Boa noite. Nenhum deles é imigrante das ex colónias, nada a ver com os magrebinos em França com uma cultura de ódio aos franceses e tudo o que é francês, basta procurar as letras das músicas que fazem e passam nas rádios e nos centros comerciais, e grande porção de franceses aplaude.         Joaquim Albano Duarte: Miguel Sousa Tavares é simplesmente uma criatura arrogante de extremo esquerda.         josé maria: Tomemos, por exemplo, o último artigo de Miguel Sousa Tavares no “Expresso”. Com a sua característica densidade de convicção, ele retoma o argumentário do PCP de um modo simultaneamente popular e altaneiro, que sugere, com a habilidade possível, uma certa aparência de sofisticação ao raciocínio. Só foi pena que o Paulo Tunhas não tivesse conseguido descrever o argumentário de MST e contrapor-lhe os necessários fundamentos de refutação... É pena, é muito poucochinho.       josé maria: Vou começar por uma pergunta de carácter metafísico para o filósofo Paulo Tunhas responder: se os russos implantassem mísseis em Cuba ou na Ilha de Ratmanov, apontados ao território americano, o que é que os EUA  deveriam fazer ? Aplicar sanções económicas à Rússia? Será que Paulo Tunhas condenaria esse acto como belicista ou nem por isso? Cada país pode fazer o que quiser no seu território? Até apontar mísseis nucleares aos vizinhos? Será que ainda veremos o filósifo Paulo Tunhas legitimar a implantação de mísseis na Coreia do Norte, directamente apontados à Coreia do Sul, com base no princípio da soberania nacional ? Tem filosofia que chegue para estas questões, Paulo Tunhas ? Ou vai ter que consultar o Thomas Hobbes ?           Gabriel Pensador >  josé maria: Essa cassete já está  riscada. Quem defende a atitude da Rússia devia ter vergonha. A essas pessoas  já  começa a  correr-lhes o sangue pelas mãos.  UMA VERGONHA.            Nuno Andrade > josé maria: Os russos tentaram implantar misseis com ogivas nucleares em Cuba e só recuaram quando a terceira guerra mundial estava para rebentar. A Coreia do Norte já tem misseis apontados para a Correia do Sul. A Ucrânia não pertence à Nato nem tem misseis nucleares para apontar à Rússia. O que é a situação actual tem a ver com os seus argumentos? Tem que melhorar a sua capacidade de intervenção, senão os seus patrões ainda o despedem.            josé maria > Gabriel Pensador: O seu pensamento básico não responde às minhas questões. Sempre aqui manifestei a minha posição contra o desprezível Putin, em diversos comentários, e sou totalmente contra a invasão da Ucrânia. Mas também não deixam de ser VERGONHOSAS e profundamente HIPÓCRITAS as posições que vão oscilando, consoante se trate de misseis apontados à Ucrânia ou mísseis instalados em Cuba ou na Ilha de Ratmanov, se fosse o caso. Não legitimo de forma alguma a posição ignóbil da Rússia, só tentei confrontar Paulo Tunhas com questões incómodas, para além do seu panfletarismo primário e dicotómico. Ou será que MST é um perigoso esquerdista à solta, para PT o criticar genericamente, sem ser capaz de o fazer com argumentos concretos ? ? Muitos dos que aqui condenam e bem a invasão da Ucrânia são exactamente os mesmos fariseus que já legitimam o gulag da Faixa de Gaza. Muitos dos que se insurgem contra a exibição militar obscena da Coreia do Norte, relativamente à Coreia do Sul, são os mesmos que não tecem nem uma única palavra crítica contra o expansionismo territorial da Nato, quando o Pacto de Varsóvia já foi extinto na década de 90. São essas questões que o seu PENSAMENTO BÁSICO não consegue VERGONHOSAMENTE responder, procurando iludi-las com uma intervenção menor e primária.      Gabriel Pensador > josé maria: Eu respondo  sem VERGONHA  nenhuma. Primeiro em relação a Cuba (foi há 60 anos, o mundo hoje é totalmente diferente), até eu, e possivelmente o senhor ficava incomodado se soubesse que iria ter um vizinho  que o pudesse pôr em perigo a si e aos seus. Eu ficava incomodado. O mesmo se passa em Gaza. No dia em que Israel sair da Palestina entra lá o Irão.  E depois? Depois temos um problema ainda mais grave. Claro que depois pode dizer-me que Israel está a expandir os colonatos.  Tem razão,  mas são assuntos de difícil resolução. No dia em que quem governa a Palestina não quiser  aniquilar Israel e quiser mesmo a paz e viver em harmonia com os vizinhos, Israel não tem argumentos para a  ocupação.  Até lá é difícil as coisas mudarem. O que entende por expansionismo da Nato? Mas a Nato invade algum país? Se algum país quiser sair da Nato, é  impedido? A Nato é uma organização que está aberta a novas adesões.  Se os países vizinhos da Rússia quiseram aderir à Nato, foi porquê? Porque sabiam que isto que está a acontecer na Ucrânia  lhes iria acontecer também. A própria Nato foi aceitando esses países porque sabiam que mais tarde ou mais cedo as agressões iriam acontecer. Esqueça o pacto de Varsóvia e  tudo o resto. NINGUÉM  tem o direito de condicionar e impedir a liberdade dos povos.  E é  isso que vergonhosamente está a acontecer. Um ditador que não se importa com mais nada a não ser reconstruir um império. Só que existe o reverso da medalha.  Possivelmente será ele o coveiro da Rússia, tal como a conhecemos. Nenhuma ditadura que oprime os povos  dura para  sempre.  Ainda lhe digo mais,  sabe porque eu acho que os Estados Unidos não devem deixar cair Taiwan?  Porque será mais um povo a quem vão tirar liberdades e direitos.  Se nada fizermos para defender a liberdade e direitos dos outros  em breve estará a nossa em causa…………………………………………………………………….

 

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