Analisados por diversos analistas da nossa crónica quotidiana
(Continuação)
Como Costa chegou à maioria absoluta, e Rio e a esquerda saíram derrotados. 13 opiniões rápidas sobre as eleições
(CONTINUAÇÃO)
OBSERVADOR, 31/1/22
TEXTOS:
VII- Paulo Trigo Pereira: E agora António Costa? Como vai o PS
governar?
A
maioria absoluta do PS dará estabilidade política parlamentar. A verdadeira
questão agora é a forma como o PS vai governar. António Costa disse, no seu
discurso de vitória, que vai governar em diálogo com as restantes forças
políticas, e em diálogo na concertação social e com o Presidente da República.
Disse mais, que irá mudar a opinião dos portugueses sobre as maiorias absolutas
e que sabe que muitos dos que votaram PS não são votantes tradicionais
socialistas. Na prática, como será governar com esta maioria absoluta?
O
PS voltou a ganhar, e esta vitória é antes do mais mérito de António Costa. O
PS beneficiou do voto útil advindo de PCP e BE e também de eleitorado potencial
de PAN e Livre que quis evitar uma vitória do PSD. As sondagens ao dar a sensação
(irreal) de um taco a taco entre PS e PSD acabaram por beneficiar também o PS.
A gestão da pandemia, bem como as políticas sociais e alguma reposição de
rendimentos de funcionários públicos e pensionistas decerto que explicam muitos
votos adicionais no PS.
Estas
eleições foram talvez a maior transformação da representação política
parlamentar em democracia. Ela deveu-se à entrada, pela primeira vez, de um
partido liberal no espetro político português, bem como de um grupo parlamentar
considerável de um partido de extrema direita. Penso que ambos estão para
ficar. Os liberais, pois têm o dinamismo e a criatividade da juventude. O
Chega, pois “Deus, Pátria, Família e Trabalho”, bem como o alegado combate à
corrupção ecoa no Portugal profundo. Tivemos também a quase extinção de um dos
partidos fundadores da nossa democracia, o CDS, por grande demérito do seu
líder. Finalmente, a saída de “Os Verdes” da Assembleia da República e a
entrada de Rui Tavares deixa-o como único representante da esquerda ecologista.
É
perfeitamente claro que o povo português valoriza a estabilidade governativa e
considerou, e bem, que PCP e BE foram os causadores desta crise política, ainda
bastante mais do que em 2011, em que também se aliaram aos partidos de direita
para derrubar o governo. A narrativa que ambos desenvolveram que foi António
Costa que provocou esta crise subestimou a inteligência do eleitorado de
esquerda. Quando há partidos que votam contra um Orçamento, são esses partidos
que chumbam o Orçamento. Penso que é fácil de entender. A bancada parlamentar
do PCP perde dois dos seus melhores deputados: João Oliveira e António Filipe.
O mesmo com o BE, com a não eleição de José Manuel Pureza e outros bons e boas
deputadas. Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e os respetivos partidos
deveriam tirar as devidas ilações e responsabilidades políticas destes
resultados.
O
CDS, sem nenhum deputado eleito, levou Francisco Rodrigues dos Santos a
concluir aquilo que para muitos era óbvio, que não tinha condições para liderar
o CDS. Depois de ter impedido que a sua liderança pudesse ser questionada antes
destas eleições, colocou em causa o futuro do próprio partido. Não havia
necessidade.
O
PAN teve um erro estratégico nesta campanha. Considero que a base
eleitoral do PAN é do centro-esquerda apesar de o partido não se assumir
oficialmente na dicotomia esquerda-direita. Ao dizer em campanha que poderia
coligar-se com PS e PSD perdeu certamente muitos votos, nomeadamente votos
úteis que foram para o PS. Inês Sousa Real perdeu o grupo parlamentar, também
porque o partido não se soube afirmar como verdadeiro partido ecologista.
Rui
Rio fez uma boa campanha, mas o programa que apresentou a estas eleições foi
bastante próximo nalguns pontos com o apresentado pelo PS, como tive ocasião de
mostrar aqui no Observador, nomeadamente
na parte económica. A derrota do PSD não a atribuo a Rio nem à sua estratégia,
mas quer à emergência de IL e Chega, não afetados pelo voto útil , quer ao
trauma da austeridade imposto pela troika, que apesar de negociada e com largas
responsabilidades do PS de Sócrates, foi implementada por PSD e CDS.
António
Costa tem condições de mostrar que maioria absoluta não deve ser a implementação
de um poder absoluto. Para isso deve ponderar ousar fazer diferente de Cavaco
Silva e de José Sócrates nas suas maiorias absolutas. Promover um diálogo com o
principal partido de oposição, o PSD, para reformas que são inadiáveis para o
país. Convidar Rui Tavares para o governo, embora não necessite, para que saiba
mostrar que o Livre pode ser a componente ecológica que falta a este governo.
Não implementar a “lei da rolha” como fez Cavaco, mas assegurar a transparência
e accountability das decisões políticas. Abrir a debate público a
decisões políticas mais polémicas e controversas. Não aprovar leis na AR apenas
porque o PS tem a maioria, mas porque sabe argumentar melhor na defesa das suas
propostas. Não tentar interferir no poder judicial nem nos órgãos de informação
para veicular a verdade do PS. Sei que António Costa é capaz disto tudo, o que
é bom. Mas também sei que há quem no PS não pense assim.
VIII- André Azevedo Alves: Costa espremeu a esquerda
António
Costa é inequivocamente o grande vencedor da noite. A mensagem centrada no
apelo à estabilidade e em explorar os receios do eleitorado relativamente à
mudança funcionou em pleno. Como funcionou também o ajustamento do discurso na
recta final da campanha: paradoxalmente, o PS assegura a maioria absoluta
depois de retirar esse objectivo do seu discurso e beneficiando da mobilização
do eleitorado à esquerda gerada pela percepção do risco de uma derrota perante
o PSD.
Costa
apostou tudo na responsabilização de BE e CDU por terem provocado uma crise política
com o chumbo do Orçamento do Estado e com essa estratégia conseguiu espremer
grande parte do espaço à esquerda do PS. Só o Livre cresce ligeiramente face a
2019 enquanto BE, CDU e PAN (que não chumbou o OE mas foi incapaz de segurar o
seu eleitorado face à pressão do voto útil) sofrem pesadas perdas.
Os
resultados confirmaram também que as dinâmicas de mobilização associadas
ao voto útil foram decisivas. A dinâmica de voto útil à esquerda
possibilitou ao PS conseguir uma maioria absoluta numas eleições em que a
esquerda no seu todo recua e em que os partidos à direita do PS crescem, no seu
conjunto, substancialmente face a 2019. Com o crescimento do PS à custa dos
partidos mais à esquerda, a maioria absoluta de Costa é também, pelo menos no
curto prazo, uma derrota da orientação estratégica protagonizada no interior do
PS por Pedro Nuno Santos.
Uma
última nota para realçar o resultado do Chega: André Ventura não só conseguiu
que o seu partido ficasse como a terceira força política a nível nacional como
estabelece uma vantagem superior a 100.000 votos relativamente ao quarto
partido (a Iniciativa Liberal). Partindo de uma base de pouco mais de 1% dos
votos e um deputado em 2019, o Chega supera em 2022 os 7% e consegue eleger 12
deputados. Com deputados eleitos por oito distritos diferentes e um grupo
parlamentar maior do que do Bloco de Esquerda e CDU combinados, o resultado do
Chega é o segundo dado mais marcante destas eleições.
IX- Miguel Pinheiro: Rui
Rio foi de vitória em vitória até à derrota final
Rui
Rio estava convencidíssimo de que o mundo estava errado e ele estava certo. Até
um ponto, percebe-se de onde veio a fantasia: quando Luís Montenegro o desafiou
no interior do PSD, Rui Rio ganhou; quando as autárquicas ameaçaram a sua
liderança, Rui Rio ganhou; quando Paulo Rangel parecia ter o partido na mão,
Rui Rio ganhou; e quando as primeiras sondagens começaram a dar o PS como
vencedor inevitável nestas legislativas, Rui Rio ganhou nas segundas sondagens.
Estava criado um mito: Rui Rio era o derrotado anunciado que acabava sempre por
vencer.
Mas
até os mitos precisam de votos. E votos, Rui Rio não teve. Os 79 deputados com
que o PSD começou esta campanha estão agora em 71, a que se poderão somar mais
dois nos círculos da emigração.
Quando
tudo acabou, Rui Rio mostrou a sua verdadeira natureza. Primeiro, a sua
natureza política: enrolado em equívocos, sempre se declarou de “centro
esquerda”, mas parece que estava afinal à espera dos votos da direita, que a
sua confusa cabeça considerava que lhe deveriam ter sido servilmente entregues.
Depois, a sua natureza pessoal: quando os seus apoiantes começaram a apupar os
jornalistas que lhe faziam perguntas na noite eleitoral, cavalgou a agressividade
e respondeu a um repórter falando em alemão, parecendo muito divertido com esta
tentativa de coerção e humilhação.
Che Guevara
queria ir de derrota em derrota até à vitória final, mas Rui Rio, que sempre se
orgulhou de fazer as coisas de forma diferente, decidiu fazer o caminho inverso. Para
ele, a história também não acabou bem.
X - Filomena Martins. No que deu este Rio fofinho
Rio
tramou-se, deu a maioria ao PS e ajudou a exterminar o CDS. Os portugueses
sempre foram acomodados, porquê arriscar no desconhecido que Rio nem nunca lhes
soube explicar bem, logo se via, se podem ficar com o que já conhecem e seguir
em frente, e logo se verá no que dá, pior talvez não fique.
XI - Pedro
Jorge Castro: Quantos não teriam votado
PS e PSD se soubessem que era para isto?
Rui Rio andou a entreter os eleitores com fotos do seu
gato Zé Albino, a fazer-se de fofinho, mas mostrou afinal poucas garras para
capitalizar ao centro, e deixou-se abocanhar pelos novos partidos à
sua direita.
Não foi de todo a humildade que deu esta maioria
absoluta a António Costa, ao contrário do que ele alvitrou no início do seu
discurso de vitória. Humildade em quê? Não foi humilde a governar mesmo sem ter
maioria, não foi humilde a reconhecer erros, não foi humilde a rebentar pontes
com os outros partidos, não foi humilde a pedir a maioria absoluta, nem foi
humilde depois quando recuou nesse pedido ao ver as sondagens desfavoráveis.
Dificilmente será humilde agora com o poder absoluto, após tanto cansaço e
altivez acumulados em seis anos de governação, mas tem quatro anos para
desvendar essa nova característica da sua personalidade ao país.
Não foi portanto António Costa, o Humilde, a vencer. A
haver cognomes, seriam António Costa, o Impiedoso, pela violência eficaz com
que arrasou Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, culpando-os, com sucesso, de
terem provocado as eleições. Ou António Costa, o Mal Menor, por ser o único
candidato a primeiro-ministro que ofereceu garantias de não dar importância ao
Chega.
Costa pode ainda agradecer muito às sondagens
divulgadas ao longo da campanha, que apontavam para um resultado muito mais
equilibrado e para o risco real de o PSD disputar a vitória. Quantos eleitores
não teriam votado PS, se soubessem que o resultado era esta maioria absoluta? E
quantos mais teriam votado Chega, IL ou CDS, se soubessem que o voto no PSD
afinal era inútil?
Rui Rio andou a entreter os eleitores com fotos do seu
gato Zé Albino, a fazer-se de fofinho, mas mostrou afinal poucas garras para
capitalizar ao centro, e deixou-se abocanhar pelos novos partidos à sua
direita.
A sua disposição permanente para se vergar ao PS; a
inexplicável defesa do fim dos debates quinzenais — que agora ainda farão mais
falta no escrutínio de um governo com maioria absoluta; a forma tenrinha como
se deixou dominar por André Ventura no debate televisivo; e a tardia e pouco
firme barreira que ergueu contra o Chega: tudo motivos de desconfiança para os
potenciais eleitores. Bem pode agora desabafar em alemão sobre as agruras da
política, enquanto faz festas ao gato, que talvez o compreenda, ao contrário da
maioria dos portugueses que foi votar.
Quanto aos pequenos: vamos ver o que acrescentam a
André Ventura os 11 novos deputados do Chega; a Iniciativa Liberal ganha tempo
e espaço para se mostrar com um grupo parlamentar de 8 deputados; PCP e Bloco
terão de se confrontar com crises de liderança, ao mesmo tempo que soltarão os
sindicalistas de novo para a luta nas ruas; Rui Tavares salvou-se à justa e
dificilmente será pior deputado do que Joacine Katar Moreira; o PAN entrou em
vias de extinção; o PEV acabou mesmo; e Francisco Rodrigues dos Santos, que não
teve coragem de enfrentar a oposição interna em eleições e descartou uma
deputada como Cecília Meireles, acabou afinal humilhado sem conseguir sequer
ser eleito. De pouco lhe serviu ter vencido Ventura no debate, com a frase do
esquadrão de cavalaria a desfilar na sua cabeça sem esbarrar numa ideia.
Francisco Rodrigues dos Santos chegou a usar a sigla do CDS para significar
Costa Deve Sair, mas afinal acabou por sair qualquer coisa como Chicão Dá à
Sola.
O PSD voltou a perder com Rui Rio. A estratégia do
homem ilustre do povo que fala de forma desabrida, que tem um gato simpático,
ruiu por completo ao não conseguir assumir-se como alternativa convincente
perante os eleitores.
50 anos depois, assistimos esta noite ao sinal
inequívoco de que o país político mudou à esquerda e à direita, mas a
velocidades diferentes. O PCP mantém a sua trajectória a caminho da
irrelevância e o Bloco de Esquerda foi vítima da própria arrogância e irá pagar
um preço alto pela ousadia. A tentativa de afirmação bloquista com 2 chumbos
sucessivos das propostas de Orçamento do Estado e a queda do governo socialista
redundaram num castigo severo por parte do eleitorado. Nem na campanha
eleitoral o BE acertou ao concentrar atenções no Chega e não nos reais
problemas dos eleitores. O BE entregou de bandeja o próprio eleitorado à ideia
de voto útil no PS. António Costa, o grande vencedor da noite, acertou em cheio
na estratégia do “a culpa foi deles”, quando os eleitores à esquerda procuravam
estabilidade e gostam da ideia de geringonça. PCP e Bloco de Esquerda ficaram
agora sujeitos a disputar migalhas. Desta noite eleitoral fica a certeza de que
nos comunistas tudo vai ficar igual, resta saber se Catarina Martins vai manter
a liderança bloquista e por quanto tempo.
O PAN também foi um dos grandes derrotados. O
escrutínio apertado a um partido que já foi “fofinho” e pitoresco poderá ter
conduzido à extinção daquele que nunca deixou de ser o Partido dos Animais. O
extremismo do PAN foi derrotado, porque os portugueses não se revêem na
imposição de práticas que lhes são culturalmente avessas.
À direita, a mudança faz-se a maior velocidade ao
confirmar-se o desaparecimento do histórico CDS, a afirmação eleitoral do Chega
e da Iniciativa Liberal e a derrota de um PSD à procura da identidade.
O PSD voltou a perder com Rui Rio. A estratégia do
homem ilustre do povo que fala de forma desabrida, que tem um gato simpático,
ruiu por completo ao não conseguir assumir-se como alternativa convincente
perante os eleitores. Ao líder social-democrata faltou a humildade que tanto
apregoou e a bazófia ajudou a cerrar fileiras à esquerda. Rui Rio foi incapaz
de mobilizar o voto útil do centro-direita, como o próprio admitiu este domingo.
Rio ainda conseguiu ser o protagonista de um triste espectáculo ao permitir à
sala apupos às perguntas dos jornalistas. O homem da frontalidade não deu uma
resposta clara sobre a sua eventual demissão e acabou a falar em alemão. O Zé
Albino deverá ter o dono de volta em breve.
A Iniciativa Liberal soma ao amealhar os votos dos
deserdados do CDS, dos eleitores urbanos que não gostam do dono do gato e que
exigem ruptura. A IL fez uma boa campanha e consegue chegar a uma classe média
afogada em impostos, que está a largar o PSD por falta de resposta.
E terminamos no Chega, que continua a capitalizar os
votos dos descrentes e descontentes da política. A noite foi de vitória
expressiva para o partido do homem só, que vocifera contra as “vergonhas” que
todos conhecem, e que nalguns casos infernizam a vida aos comuns mortais sem
que sejam resolvidas. Os partidos tradicionais não dão resposta nem voz aos
problemas dos portugueses do mundo real e enquanto assim for o Chega vai
continuar a somar. Continuar a agitar a bandeira do racismo e do extremismo não
basta, é preciso criar alternativas e respostas políticas credíveis para os
problemas. Porém, terá o Chega capacidade para capitalizar o sucesso? Um grupo
parlamentar aumenta a exposição para o bem e para o mal e os eleitores vão
rapidamente tirar as suas conclusões.
Uma última nota para dizer que a política interessa.
Os portugueses viram os debates, acompanharam a campanha eleitoral, ouviram as
entrevistas e saíram de casa para votar invertendo a tendência ascendente da
abstenção, que se verificava desde 2005.
XIII - Rui
Pedro Antunes: Eh lá, até o centro se
assustou
A
culpa, já se sabe, é do Passos. A saída do antigo primeiro-ministro da
liderança do PSD — dois anos depois de liderar um Governo com uma costela
liberal e com boa aceitação na direita conservadora — abriu espaço para o
surgimento de novos partidos como o Aliança, o Chega e a IL. Se o primeiro não
se safou, os outros dois afirmaram-se, em parte, à boleia de eleitorado do PSD.
Culpa da saída Passos, mas mais de Rio que não conseguiu segurar o eleitorado
ao fugir da direita como o diabo foge da cruz.
A
culpa é também do Passos porque ainda está fresco na memória coletiva os cortes
dos tempos da troika. Os portugueses não esquecem os cortes em feriados e
subsídios e, no momento do voto, o que conta mais (dizem todos os estudos de
opinião) é o bolso. O PSD bem se esforça em explicar que só salvou o país da
bancarrota provocada pelo PS, mas Passos foi sempre o rosto dessa crise do
além. Do ir além da troika. O PS (curiosamente secundado pelo Chega) trouxe a
PàF para a campanha e Rio não conseguiu desfazer essa ideia. Culpa de Rio, que
não o soube contrariar.
Os
resultados mostram também que Rui Rio estava completamente errado na estratégia
de colocar o PSD ao centro. Os votos e deputados que a IL e o Chega conseguiram
mostram que era à direita que o presidente do PSD tinha de conquistar votos.
Havia deputados a ganhar no espaço não-socialista, mesmo que os resultados
mostrem que a maioria sociológica de esquerda está longe de ser um mito
anacrónico.
Rio
não ganhava a Costa nem que fosse pré-coligado com aquilo que os comunistas
chamam de seus sucedâneos. Mas mantinha o PSD mais perto. Chega e IL — partidos
que não existiam quando Rio chegou à liderança do PSD — conseguiram, juntos, 20
deputados, o que seria o suficiente para o PSD passar dos 75 deputados que já
tem (pode chegar a 77 com os círculos da emigração) para os 95 ou 97.
Perante
António Costa e outro moderado de centro-esquerda, o centrão preferiu o
original. A direita fugiu de quem disse que não era de direita e esquerda
mobilizou-se. Rio não só não conseguiu captar o voto útil em torno dele
(Moedas, em Lisboa, conseguiu), como foi um fator agregador do voto útil à
esquerda em torno de António Costa.
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