Em formato de brinquedo. Atilado. Divertido, também,
dentro dos limites de uma preocupação natural.
Habitual crónica pós-eleições em formato vencedores
e vencidos
Pedro Passos Coelho: quando chegarmos
a 2026, 11 anos depois de terminado o seu governo, o seu nome deixará enfim de
ser invocado para justificar o que de mau se passar em Portugal. Em princípio.
DIOGO QUINTELA,
Colunista do OBSERVADOR OBSERVADOR,
2/2/22
Apesar
de já ser terça-feira, encontro-me ainda abrangido pela janela temporal que
obriga os textos sobre resultados eleitorais a conformarem-se à listagem de
vencedores e vencidos. É uma pena, já que tinha alinhavado um texto muito
engraçado sobre a guerra que se avizinha entre a Rússia e a Ucrânia e os
efeitos que terá na política energética europeia. Tem de ficar para a próxima.
O pior é que, como ontem já tudo foi dito sobre vencedores e vencidos, fiquei
com o refugo. Vamos então a isto.
Vencedores
lembra
os alunos que precisam de trazer o manual na próxima aula de revisões.
Eu
próprio. De quatro em quatro anos (um bocadinho menos quando o Governo
cai), há uma altura em que, para todos os efeitos, sou fascista. Aos
olhos de quem é de esquerda, durante os 15 dias da campanha eleitoral os 40% de
portugueses que votam à direita são membros de uma quadrilha de saudosistas do
Estado Novo. À beira das eleições, sacode-se o pó aos bardos, tresandando a
naftalina, projectam tonitruantes “não passarão!” enquanto avisam o país que os
reaccionários querem passar. Designadamente, passar o Portugal de 22 para a
Alemanha de 33. Mesmo amigos meus, gente que me recebe em suas casas, me
deixa pegar nos filhos ao colo e conversar com as suas mulheres sem supervisão,
gente que confia em mim o suficiente para virar costas quando tenho talheres ao
meu alcance, mesmo esses, durante duas semanas suspeitam que, se não pertenço à
família da esquerda, então pertenço às SS.
Nesses
dias, as minhas ideias sobre a organização económica e social do país são
olhadas por eles com a repugnância que merece uma cópia do Mein Kampf cheia de
cocó. “Queres menos taxas? Isso foi o que disseram enquanto bombardeavam
Guernica!” Ou: “O Estado fora disto? Como queria o Mussolini, não era?”
Terminada
a campanha eleitoral, volto a ser um tipo porreiro, digno de conviver com as
pessoas de bem. É um
enxovalho ritual que se suporta de vez em quando durante duas semanas, mas que,
desconfio, se deve tornar aborrecido ao fim de quatro anos. Além de que, ao
fim de algum tempo, as pessoas deixam de acreditar em alguém que passa os dias
a ter de justificar que não é nazi. Por isso, ainda bem para mim que António
Costa ganhou.
Pedro Passos Coelho. Quando chegarmos a 2026, 11 anos depois de
terminado o seu governo, o seu nome deixará enfim de ser invocado para
justificar o que de mau se passar em Portugal. Em princípio.
Sociedade Ponto Verde. Os portugueses não ligam muito à empresa que gere
o tratamento dos vários tipos de embalagens que vão parar ao lixo. Pode ser que
isso mude, agora que tem uma empreitada destas pela frente. O país vai estar
atento à forma como vão desmantelar e reciclar o vasilhame inútil em que se
tornou o CDS.
Vencidos
O
sr. que inventou este formato de análise pós-eleitoral à base da listagem de
vencedores e vencidos. Mais uma vez, vê a sua criação ser usada por todos
e não recebe um tostão de direitos de autor.
José
Sócrates. De
repente, e quando nada o faria prever, deixou de ser o único primeiro-ministro
do PS a ter conquistado uma maioria absoluta. Resta-lhe o consolo de
continuar a ser o único primeiro-ministro do PS burlão.
Trabalhadores
que fazem manutenção de auto-estradas. Tendo
em conta que, enquanto membros de um governo minoritário, os ministros do PS já
se borrifavam nos limites de velocidade, não quero pensar o que farão num
governo com maioria absoluta. Nesta nova legislatura, Eduardo Cabrita
nunca teria deixado de ser ministro.
Provavelmente, ainda recebia mas é uma indemnização da viúva e dos órfãos, pela
maçada. Se eu trabalhasse na cercania de vias rápidas, fazia já um seguro de
vida.
LEGISLATIVAS 2022 ELEIÇÕES POLÍTICA CASO JOSÉ SÓCRATES
COMENTÁRIOS:
Carminda Damiao: Excelente humor. Parabéns. António Silva: Num país de aldrabões só um
lunático é que poderia pensar em vencer as eleições com a promessa de aumento
das penas de prisão. Maria
santos: Se Pedro Passos Coelho voltasse a governar o PSD, o PS não tinha ganho as
eleições! Grreite
Rissete: Nestas
eleições ficou mais que evidenciado que o problema de Portugal não está nos
políticos. Está no Povo que os elege, que convive bem com a autocracia, o
nepotismo, o clientelismo e a corrupção. Os Portugueses adoram corruptos pois
também se vendem por um “prato de lentilhas”. Pouco interessa todos os casos,
trapalhadas e polémicas em que o PS está ou esteve envolvido. Desde que tenham
um aumento na reforma ou no salário de 5€ por mês, já ficam todos contentes.
Como o Povo é, na sua maioria, iletrado nem sabe que a inflação “come” esses
mesmos 5€ num ápice. O PS já percebeu que ter um Povo b u r r o e ignorante,
permeável às técnicas “goebbelianas” de Propaganda, é a chave para se manter no
Poder. Com os seus tentáculos no aparelho de Estado, no Poder Judicial e nos
“media”, o PS já garantiu a “mexicanização” de Portugal. luis doria > Grreite
Rissete: Assino por baixo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário