sexta-feira, 21 de julho de 2023

A dívida

 

A dívida

O Luís enviou-me há pouco um mail sobre a dívida portuguesa actual, segundo uma fonte inglesa, que registo. Talvez responda em parte às decepções traduzidas por ALEXANDRE HOMEM CRISTO, confirmando o estado de uma nação em que todos condenam a governação, mas nem sempre se debruçam sobre a dívida catastrófica que o texto inglês refere e que, pelos vistos, se vai fortalecendo, como encargo para os nossos descendentes, se é que estes entretanto não são apanhados nos efeitos de uma indisciplina generalizada, que favorece o crime, a mândria e o encosto.

 

https://lh3.googleusercontent.com/a-/AD_cMMQ239lJINuImYLrDu3IIO3UFPnZusci0GSkEfTs4WbXdDQ=s80-p

Luis

20/07/2023, 22:06 (há 2 horas)

https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif

https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif

Para mim

https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif

«The Portuguese national debt, the public debt of Portugal, or the debt of the public administrations of Portugal, as any other government debt, is the financial amount the Portuguese State owes, externally and internally, due to its various financial commitments.

 By the first semester of 2013, the Portuguese national debt was 130% of the GDP, around 214.5 billion Euros or 293 billion US dollars.

 There were two main periods since the early 90s when the debt of Portugal had a strong growth. The first was at the beginning of the third millennium, i.e., from the year 2000 the Portuguese public debt began to have growth that many economists considered worrisome, and that in their opinion would contribute to create a structural crisis in the country. However, the big increase in the public debt, in parallel with the rest of Europe, was post-2008, after the international crisis of the Great Recession which began in 2008, that caused the sovereign debt crisis in the majority of European countries.

 As the public debt presented as a % of Gross Domestic Product – (PIB) - , it is actually presented as a ratio, as the division between the sovereign debt and the Portuguese GDP multiplied by 100 percent. Therefore, the debt increase after 2008 was also a result of GDP decrease due to economic recession.»

--

Luis Salvador

Copio, por não conseguir transportar, a primeira referência:

«Portugal National Debt Spiraling Upwards for 20 years. Find out why.

315.019.654.931 E

Source: Portuguese Government Data

Last Updated Julyn5, 2023»

 

Eis, pois uma razão “necessária e suficiente” a justificar as agonias de um povo que tem vivido do imposto e do empréstimo, segundo hábito antigo, é certo, mas de que se não falava no tempo de Salazar, que saldara a dívida da República anterior, e construíra – na mediania, sim, sem fausto mas com equilíbrio, uma nação que, embora à margem das mais evoluídas, só envergonhava os habituais do descontentamento, ledores – ou puramente seguidores – da cartilha em moda, a despeito da PIDE, e que assim se davam ares de progressistas, sem grandes sentimentos pátrios, embora. Como hoje, de resto.

 

Estado de decepção

Muito além das reformas estruturais, o que Portugal urgentemente precisa é de uma liderança política que lhe dê algo em que acreditar. Nenhum país é viável sem acreditar que viver melhor é possível.

ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 20 jul. 2023, 00:2235

Nasci em 1985. Cresci num Portugal em transição para um modo de vida moderno e europeu, à boleia dos fundos da CEE. Quem cresceu naquele tempo lembra-se da energia no ar. O país abria-se ao mundo e as oportunidades surgiam — e, claro, as expectativas subiam em flecha, entre negócios a prosperar e escolas a abrir. As famílias de avós analfabetos viam os netos a completar a escolaridade secundária e a abraçar a promessa do ensino superior, que na realidade era a promessa da ascensão social. Naqueles anos 90, Portugal era ainda um país atrasado, tacanho e desigual — mas era também um país onde todos olhavam com optimismo para o futuro porque, simplesmente, todos acreditavam que viver melhor estava ao seu alcance.

Por comparação, o Portugal de hoje está irreconhecível. Por um lado, ainda bem — a ambicionada melhoria nas condições de vida cumpriu-se: os índices de desenvolvimento social e económico melhoraram extraordinariamente, elevando o nível de vida e de bem-estar dos portugueses. Basta observar as qualificações das novas gerações ou constatar como evoluiu o conceito de pobreza, já longe da miséria dos bairros sem saneamento básico que marcava a paisagem suburbana há 30 anos. Por outro lado, ainda mal — esvaziaram-se as expectativas sobre o futuro. As famílias olham para os filhos sob a perspectiva angustiada de que viverão pior do que os seus pais. Aliás, os inquéritos de opinião retratam esse desencanto quanto ao futuro: a ascensão social parece inatingível, os desafios sociais parecem inultrapassáveis, os bloqueios do regime democrático parecem irresolúveis, o país parece à deriva e sem aspirações. Ao contrário do Portugal dos anos 90, falta algo em que acreditar.

A minha geração, a que tem agora entre 30 e 40 anos de idade, ficou a meio. Cresceu no optimismo, sob a promessa de prosperidade para a então “geração mais qualificada de sempre”, mas entrou na idade adulta já num país estagnado e em crise. A entrada no mercado de trabalho coincidiu com a crise das dívidas (2008-2009), com a bancarrota nacional (2010-2011) e com o programa de ajustamento financeiro imposto pela troika (2011-2014). Foi, nesse sentido, a geração que iniciou a nova tendência de perda de qualidade de vida, porque cercada por salários baixos, recibos verdes e instabilidade profissional — às quais se juntam hoje inflação, custos insustentáveis na habitação, estagnação salarial e aumento generalizado do custo de vida. Olho à minha volta e vejo as consequências dessa razia: muitos amigos emigraram, outros sobrevivem por cá em empregos mal remunerados, só uma minoria se estabeleceu profissionalmente. Ninguém quer que os filhos fiquem em Portugal e, de uma forma ou de outra, todos os preparamos para a emigração.

Das crises económicas à inflação e ao aumento no custo da habitação, a ideia de que as gerações mais jovens viverão pior que os seus pais espalhou-se como um vírus. Está nas sombras do debate político em todos os países ocidentais. E aprofundou-se especialmente em países como Portugal, onde o imobilismo e uma economia encostada ao Estado geraram perda de riqueza e competitividade. Mais: os seus efeitos alargaram-se à vida política e partidária. Em grande medida, esse choque entre expectativas e realidade tem promovido transversalmente o surgimento de populismos de esquerda e de direita, que exploram o desencanto das populações e a incapacidade dos regimes democráticos em renovar-se ou construir soluções — eis descodificada a ascensão eleitoral do Chega. Daí que o desafio seja político nos dois sentidos: na doença, porque compete às lideranças políticas criar uma saída reformista para este marasmo, e no sintoma, porque essa ideia de um futuro pior deu palco ao populismo, uma semente destrutiva de uma sociedade aberta e plural.

Por tudo isto, o estado da nação é um estado de decepção. A dos mais velhos, que não conseguem proporcionar aos filhos as oportunidades de que usufruíram. A dos mais novos, que estudam e investem num futuro que vislumbram muito aquém das suas expectativas. E a de um país inteiro, que olha incrédulo para a nossa classe política, com evidente falta de nível e incapaz de indicar um rumo. Neste estado de decepção, o ponto a que chegámos coloca-se já muito além da necessidade de reformas estruturais, que desbloqueiem sectores-chave, como a educação ou a saúde. Hoje, o que Portugal urgentemente precisa é de uma liderança política que lhe dê algo em que acreditar. É só isto, porque isto é tudo — nenhum país é viável sem acreditar que viver melhor é possível.

PAÍS         POLÍTICA

observador censurado > F. Mendes: Entre 2009 e 2011, Medina Carreira dedicou 42 episódios a explicar o que está a acontecer em Portugal desde 2001. O título do programa televisivo, Plano Inclinado, era sugestivo. Nos últimos 14 anos, nunca mais vi nenhum economista nas televisões a dizer uma fracção mínima do que ele disse. Provavelmente, o país é pequeno, todas as pessoas se conhecem e o governo do PS poderá congelar as respectivas carreiras ou fazer coisa bem pior.                    João Ramos: É fácil porque está na moda dizer mal do Chega, chamam lhes populista, mas é o único que tem a coragem de dizer as verdades directamente na cara do governo, pois eu prefiro esse “populismo” ao populismo de um governo que não governa e que a todo o momento apregoa maravilhas que não passam de enormes mentiras, e já agora será bom não esquecer outro populista mor, que dá pelo nome de Marcelo. Se tudo isto não é um populismo nefasto, não sei o que será??? O resultado está à vista!                 Ana Maia: O Alexandre nasceu já eu tinha 15 anos, nasceu num pais mais ou menos desenvolvido e sente a desilusão. Mas para quem nasceu antes, como eu, a desilusão é ainda maior, eu nasci num pais pobre e cinzento mas com pessoas felizes, talvez algo conformadas mas com esperança, a esperança que trouxe o 25 de abril e a entrada na CEE, vimos o pais crescer, desenvolver-se, havia trabalho, criaram-se condições para criar riqueza, e durante a 2a metade da decada de 80 e a decada de 90 os nossos rendimentos aproximaram-se da europa, 84% foi o mais alto, depois vieram os socialistas e desde ai tem sido sempre a descer. Sente-se desiludido sem nunca ter conhecido o antes, agora imagine a desilusão de quem conheceu o antes, é como andar numa montanha russa, estamos cá em baixo, subimos e depois de repente vimos tudo o que foi construído a esvair-se por entre os dedos como areia. Todos os sacrifícios foram em vão, a esperança de um pais melhor que foge entre os dedos. Nós estamos pior, a sua geração ainda tem o canudo, a minha nem isso, morrer e definhar neste pais, trabalhar para um estado que tudo suga, o rendimento a esperança e também a vida. Resta lembrar que é a sua geração e não a minha, uma geração que nasceu com poucas necessidades que está agora na flor da vida e a começar a gerir o pais, o PNS tem a sua Idade, a ministra da habitação tem a sua idade, o Galamba tem a sua idade, o Duarte cordeiro, a Marta Temido. A minha geração fez qualquer coisa de muito errado ao criar os filhos pois são vocês o futuro do país e ninguém acredita que sairá daqui nada de bom. Se Calhar o erro foi nosso.                    antonyo antonyo:  “ Geração mais qualificada de sempre” ou geração que praticamente sem exames e classificações rigorosas , com “ licenciaturas” que em qualquer país europeu são bacharelatos , com ministros da educação que interrompem as comparações alterando as provas de aferição , baixando assustadoramente as exigências como com o fim dos exames em matemática !! mesmo para cursos de economia e gestão !  Mas tudo isto faz algum sentido?     Carlos Almeida > F. Mendes: Completamente de acordo com o autor do artigo e com os comentários acima. No entanto, por experiência própria, também sei que no seio das famílias muito se pode fazer para incutir nos jovens uma cultura diferente da que se vive no resto da sociedade. Espírito competitivo, rigor, trabalho, estudo, honestidade, cultura através da muita leitura, prazer no risco (controlado e com planos alternativos), aversão ao facilitismo, respeito e amor pelo próximo, amor ao país, consciência de que a vida não é fácil, acrescentar valor no que se faz, pensar pela própria cabeça sabendo que decisões tomadas levam a determinados resultados e consequências, não pactuar com a mediocridade e com vícios perigosos…etc. Tudo isto é educação que dificilmente se aprende na escola e que podem também mudar o país. Não é necessário ser-se político para mudar este país!!!

 

Nenhum comentário: