quarta-feira, 12 de julho de 2023

Mudam-se os tempos

 

Mudam-se as vontades, conforme as necessidades. Mas a questão da Ucrânia devia ser igualmente ponto assente, como diz Zelensky, zangado, e com razão, que eles é que estão ali, no terreno da luta, com muitas armas de cá, é certo, mas os corpos deles, de lá, é que servem de travão, sozinhos, bem o sabemos, e o nosso afecto deve parecer-lhes imbuído de cinismo, para nossa vergonha democrática…

Entrada da Suécia na NATO, a moeda de troca para a Turquia fazer parte da União Europeia

Turquia aceitou dar luz verde para a entrada da Suécia na NATO, mas não sem antes garantir que ganha apoio importante para ser membro da UE. E "esse não é um problema para a NATO", diz Stoltenberg.

RITA PEREIRA CARVALHO: Texto

OBSERVADOR, 11 jul. 2023, 00:39 9 

A Turquia deu esta segunda-feira luz verde à entrada da Suécia na NATO. “Um passo histórico”, disse Jens Stoltenberg, secretário-geral da Aliança Atlântica, em conferência de imprensa, depois da reunião entre Turquia, Suécia e NATO. Mas esta cedência da Turquia, que sempre mostrou resistência à entrada da Suécia, não surge sem o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, garantir que também pode ganhar alguma coisa. No fundo, a entrada da Suécia na NATO aparece como uma moeda de troca para Ancara conseguir a entrada da Turquia na União Europeia, pretensão ambicionada desde 2005, ano em que foi apresentada a candidatura. Mas a Rússia já avisou: a Turquia está a tomar “decisões provocadoras”. “Os eventos das últimas semanas, infelizmente, demonstram claramente que a Turquia está gradualmente a passar de um país neutro para um país hostil”, adiantou fonte ligada à defesa russa à agência TASS.

Durante a conferência de imprensa que aconteceu na tarde desta segunda-feira, Jens Stoltenberg explicou que a Suécia aceitou ajudar a Turquia no caminho para a entrada na União Europeia. E, questionado sobre as consequências dessa adesão, o secretário-geral da NATO disse apenas que “esse não é um problema para a NATO, é um problema para a União Europeia”. “O que a Suécia concordou hoje [esta segunda-feira], como membro da União Europeia, foi apoiar activamente os esforços para fortalecer o processo de adesão da Turquia à União Europeia”, acrescentou.

Desde a última cimeira da NATO, em Madrid, a Suécia e a Turquia trabalharam em estreita cooperação para abordar as legítimas preocupações de segurança da Turquia. Como parte desse processo, a Suécia alterou a sua constituição, alterou as suas leis, alargou significativamente a sua cooperação antiterrorismo e retomou as exportações de armas para a Turquia”, explicou ainda.

Já o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, falou, também esta segunda-feira, numa “sensação muito positiva”. “É o nosso objectivo há muito tempo. Acredito que tivemos uma boa resposta e demos um enorme passo para a adesão” à NATO, confidenciou.

Ainda antes da reunião, do lado da Turquia, Erdogan já tinha deixado o aviso e fora bem claro: “Apelo aos que mantiveram a Turquia à espera, à porta da União Europeia, durante mais de 50 anos, que preparem o caminho para a Turquia e nós preparamos o caminho para a Suécia”.

A Turquia espera, de facto, há mais de 50 anos, pelo momento em que receba autorização para fazer parte da União Europeia. Apesar de ter sido só em 2005 que a candidatura começou a ganhar alguma esperança, com o início de negociações, este país apresentou a primeira candidatura à CEE ( Comunidade Económica Europeia) em 1959. Depois renovou-a em 1987. E, mesmo com estas duas primeiras candidaturas, nunca chegou a ser considerado como candidato formal — isso só aconteceu em 1999. O processo tem sido muito lento e, em 2016, as negociações pararam.

A possibilidade da entrada da Turquia na União Europeia, como troca para a entrada da Suécia na NATO, foi, aliás, uma questão afastada por vários líderes que participam na cimeira da NATO, que começa esta terça-feira. Um dos líderes que negou comentar essa hipótese foi precisamente António Costa, considerando os temas “diversos”. “É natural que cada país procure defender os seus interesses de acordo com aquilo que são as melhores condições que se apresentam em cada momento”, disse o primeiro-ministro, na véspera da cimeira, já na Lituânia.

Tal como António Costa, também o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que as duas questões não estavam relacionadas. Em Berlim, Scholz declarou que a “Suécia reúne todos os requisitos de adesão à NATO” e que a adesão da Turquia à UE não tem qualquer ligação com o assunto.

“Momento histórico”. As reações à decisão da Turquia

Depois do anúncio da luz verde da Turquia para a entrada da Suécia na NATO, começaram a surgir as reacções. Do lado do Reino Unido, Rishi Sunak disse que este é um “momento histórico”. “Suécia, estamos ansiosos por recebê-la na Aliança”, escreveu o primeiro-ministro britânico.

E o Presidente norte-americano também falou sobre o assunto, dizendo estar pronto para trabalhar com a Turquia e para receber a Suécia. “Estou ansioso por receber o primeiro-ministro Kristersson e a Suécia como nosso 32.º aliado da NATO”, acrescentou, em comunicado divulgado pela Casa Branca. Joe Biden quis ainda agradecer a Jens Stoltenberg “a firme liderança”.

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COMENTÁRIOS (9)

Jorge Rodrigues Valente: A Turquia será um país problemático para a UE. No entanto, deixaram entrar a Hungria (país de adoradores de ditaduras sanguinárias) e estamos a ponderar deixar entrar outro país pior que a Hungria: a Sérvia. Seria de mais fácil integração a Hungria, Sérvia, Rússia, Turquia, Correia do Norte, Cuba, Argentina, Brasil, Nicarágua, Irão, Etiópia, Eritreia, Líbano, Síria, África do Sul, Moçambique, Líbia, China fazerem uma aliança económica e militar (criaram assim um Mundo bipolar) e iriam entender-se. Invadir um país pacífico e não dictatorial é que é errado, ao contrário do que defende o idiota bêbado, corrupto e ladrão de nove dedos brasileiro. Quem defende o argumento de que "Onde um não quer, dois não brigam", nem sei porque chamou a polícia para libertar a Sede dos Três Poderes", em Brasília. Deixava lá os selvagens e até poderia ceder 30% do território brasileiro a esses selvagens para garantir a ordem e progresso.                       Carlos Costa: Agora, é um grande amigo do ocidente, este ditador que todos se esquecem que fez uma autêntica purga na Turquia. Grande amigo que ele é. Vai ser lindo ver a Turquia na EU, vai vai. Aqueles que queimaram o Alcorão na Suécia que se ponham agora a pau, já que vai haver livre circulação.                  António Monteiro > Carlos Costa: Bom dia. Se este ditador chantagista, conseguir enfiar a Turquia na UE é a desgraça para os Europeus, vejam o que se passou em França, é uma pequena amostra do que se passará sempre que eles quiserem.               João Das Regras: Se a Turquia alguma vez entrar na UE então a Europa como a conhecemos acaba. Um país muçulmano com mais de 80 milhões de habitantes passa a bloquear as políticas que não se coadunem com o Islão. Depois chorem que já vão tarde.          Pontifex Maximus: Veremos onde chegará o sangue frio do Orban, deixado sozinho na arena contra o mundo!                   GateKeeper: Erdogan não dá um único passo, um que seja, sem lhe "oferecerem" um sapato; como os sapatos devem ser "oferecidos" aos pares...Para bom/boa entendedor(a), 1/2 palavra basta, certo?!              José Vaz: No dia que a Turquia entrar na união europeia vou viver prós Açores, sempre é longe desta porcaria de Europa e ainda por cima é bonito.                Álvaro Venâncio: Erdogan, mais um Putin??             Francisco S Ferreira: Não é um problema para a NATO, certo? Nunca foi problema para os EUA ou para a multiculturalista Grã Bretanha. É apenas mais um problema para nós, filhos de europeus. Depois malhem naqueles que falam da grande substituição... Razão tem a articulista de hoje no Obs ao falar numa Grande Desresponsabilização.

 

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