O que vale é que a solidariedade se vai
manifestando no mundo, mesmo que discretamente, como foi este caso referido por
Ribeiro e Castro, numa
narrativa de pormenor, denunciante do apagamento de assuntos que já trouxeram
grandes parangonas nos jornais, de repente marginalizados pela sobreposição de
outros ainda mais terríficos, talvez, porque se julgasse que os promotores
destes últimos não pertenciam ao primitivismo dos instintos de que a África era
palco, deixando estarrecidos os povos da cultura ocidental, que se têm
sobretudo manifestado ultimamente em favor dos mártires desses “antropófagos” da
pretensão civilizada. Ainda bem que os tais assuntos graves ficaram na memória
e contributo de JRC para o auxílio que requere ainda o conflito no
Darfur, fazendo-nos reviver esse passado recente e o seu próprio contributo,
não tão discreto assim, para solucionar parte dele, de que a imprensa pouco
caso fez, talvez porque Ribeiro e
Castro pertence a um partido marginalizado, apesar do sentido de responsabilidade
social e pátria que sempre distinguiu os seus representantes. Oxalá o seu apelo
tenha êxito, apesar da nossa dúvida nesse ponto.
Salih Mahmoud Osman e a guerra de que não se fala
A imprensa tem a responsabilidade de
não deixar esquecer o drama do Darfur no poço do silêncio. Relatar os crimes,
denunciar os autores. Só assim os civis poderão vir a vencer a brutalidade das
armas.
JOSÉ RIBEIRO E
CASTRO, Advogado e cidadão
OBSERVADOR, 10 jul.
2023, 00:157
1Em 2007, sendo deputado ao
Parlamento Europeu, visitei Darfur, província mártir do Sudão. Era notícia destacada desde 2003 pelas
piores razões: violências brutais sobre as populações
perpetradas pelos Janjaweed, milícias
árabes que semearam o terror geral. Genocídio mesmo. A missão
parlamentar era de quatro deputados: dois alemães, um espanhol e um português. O espanhol era Josep Borrell, actual
Vice-presidente da Comissão Europeia, ex-Presidente do Parlamento Europeu, que
presidia à Comissão para o Desenvolvimento, promotora da visita. O português
era eu. Alojados nuns contentores em El Geneina, daqui partimos para
outras cidades do Darfur e os campos de deslocados e refugiados, incluindo no
vizinho Chade. A
extensão da crise humanitária ainda era enorme. Todos os dias escrevi para o Público pequenas
crónicas, de 2 a 9 de Julho, a contar o que via: O Coronel pregador, Na fronteira dos sonhos, Tudo para correr mal, O Zé faz falta, Jogos Olímpicos de Darfur, Dois em um, Deserto vivo e Causa Nobel. Escrevi
mais um para a imprensa missionária: A espera do Darfur.
No
fim da visita, já em Cartum, conhecemos Salih Mahmoud Osman. Reunimos
com este advogado de direitos humanos, que trabalhava, na altura, com a Organização Sudanesa Contra a Tortura (SOAT)
e fornecia representação legal gratuita a centenas de vítimas de violência
étnica no Sudão, especialmente no Darfur. Já
era reconhecido pelo seu notável trabalho, tendo recebido o prémio Human
Rights Watch, em 2005, e o Prémio Internacional de Direitos Humanos da American
Bar Association, em 2006. Pelo que vimos, foi muito óbvio para nós os quatro,
mal regressados a Bruxelas, candidatar Salih Mahmoud Osman, nesse ano, à mais
alta distinção do Parlamento Europeu. Foi com vasto apoio que lhe conferiu o
Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, em 2007 – e escrevi
outro artigo: Salih, a voz do deserto.
Ainda o trouxe a Lisboa, no princípio
de Dezembro desse ano, para contactos no contexto da Cimeira UE-África, que
aqui reuniu. Dias depois, em Estrasburgo, recebeu o Prémio e ovação calorosa do
plenário.
2Osman é uma figura respeitada. Nunca baixou os braços. Continuou a
trabalhar para promover a reforma jurídica e o estabelecimento do Estado de
direito no Sudão. As fontes
referem que foi detido três vezes pela sua corajosa acção em defesa dos
direitos humanos, sem nunca ser acusado de qualquer crime.
Em 2009, saí do Parlamento Europeu e,
em 2015, da actividade política. Fui perdendo contacto. Há muito que não
comunicava com Salih Mahmoud. A instabilidade do Sudão, a separação do Sudão do
Sul, a violência do ditador al-Bashir, a crise recorrente no Darfur, as
arbitrariedades constantes, a impunidade dos prepotentes – tudo continuou. Uma
longa mesma história. Até que, em 2018, protestos em massa desencadeiam
uma revolução. E esta força o golpe de Estado que, em 2019, depõe e prende Omar al-Bashir. Entra o
estado de emergência. Com o preço de muita violência, parecia poder raiar
alguma esperança. Um acordo político entre as novas forças civis e o poder
militar empossou autoridades de transição, num arranjo constitucional
provisório. Tentei saber
novidades por Salih, mas não consegui estabelecer contacto.
As
autoridades de transição eram frágeis perante grandes dificuldades. Em 2021,
volta a instabilidade, sempre no meio de muita violência de rua. Entra em cena
o general al-Burhan, que concentra o poder nos militares, tendo como “número
dois” o famoso general Hemedti. Porquê famoso? Por ser o líder das Rapid
Support Forces (RSF), Forças de Apoio Rápido, criadas em 2013, que são a
continuação das velhas milícias Janjaweed. Rico e poderoso, Hemedti tem
longo currículo de atrocidades, bem documentados desde o genocídio em 2004 no
Darfur até ao massacre de Cartum em 2019.
Em
15 de Abril passado, Hemedti (chama-se realmente Mohamed Hamdan Dagalo) rompeu com al-Burhan. Rebentam combates intensos entre as RSF e o exército
nas ruas de Cartum, com centenas de mortos, milhares de feridos. Ao mesmo
tempo, começam confrontos no Darfur, com especial foco em El Geneina, onde se
trava uma longa batalha. Herdeiras
dos Janjaweed, as RSF querem apoderar-se da província que aterrorizaram há 20
anos. O país está em guerra desde Abril e a batalha de El Geneina prossegue.
3No fim de Maio, um meu antigo colaborador
e bom amigo, João Vacas, comentou-me as notícias muito más do Sudão e
perguntou-me se eu sabia do Salih Mahmoud Osman. Mandou-me um artigo dele que encontrara na
net: At last, a start to justice for
Darfur – era de há
um ano, escrito de El Fashir para a Haia, ainda carregado de esperança no
Tribunal Penal Internacional.
Respondi que não, que pensava que os meus
contactos estavam desactualizados. Mas, nesse mesmo dia, tentei de novo e fiz a
tentativa improvável, que funcionou: o WhatsApp, coisa que não havia em 2007
(quando nos conhecemos) e o mais certo era o número ter mudado. O email continuou
sem resposta, mas, passadas umas horas, Salih respondeu no WhatsApp. Estava vivo e bem. Mas muito inquieto: “o
povo sudanês está a passar por dificuldades sem precedentes”; precisamos do “vosso
apoio nos esforços para pôr termo à violência em curso e às violações dos
direitos humanos e do direito internacional”. Apesar da extrema gravidade da
violência no Sudão, as notícias são escassas. O noticiário está dominado pela
guerra da Rússia na Ucrânia. Ninguém sabe onde é El Geneina.
Precisei de uns dias para organizar uma
lista de destinatários, na UE, para um apelo directo. Já em
Junho, informei Salih de que já estava em condições de enviar mensagens dele
para: o secretário-geral das Nações Unidas; o nosso Presidente da República; ainda
em Portugal, o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros; o
Vice-presidente da Comissão Europeia e Alto Representante da UE para os
Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança; a Presidente do Parlamento
Europeu; o chefe da Unidade de Acção para os Direitos Humanos do PE; e o
embaixador de Angola junto da União Africana. Salih concordou e, com os seus
colaboradores, foi preparar o apelo a enviar. Em 12 de Junho, com uma pequena
explicação minha, expedi este apelo cru de Salih Mahmoud Osman, em inglês, para
aqueles destinatários:
«Desde 15 de Abril, o Sudão está
mergulhado numa guerra devastadora, que já matou cerca de 1800 pessoas e
deslocou mais de 1,5 milhões. Embora os combates tenham começado em Cartum,
rapidamente se estenderam ao Darfur, que está agora a sofrer atrocidades muito
semelhantes às que vimos no auge do conflito em 2003-2004.
O actual conflito é devastador,
mas baseia-se na história de guerra que o Sudão conhece desde a independência e
em mais de 20 anos de genocídio no Darfur. A impunidade que continua a existir
em relação ao genocídio no Darfur e às violações maciças dos direitos humanos
no Sudão, em especial o facto de o regime de Bashir visar sistematicamente os
defensores dos direitos humanos em todo o país, contribuiu para preparar o
terreno para o actual conflito.
Na qualidade de laureado com o
Prémio Sakharov 2007, aprecio o papel positivo que a União Europeia tem
desempenhado no Sudão, especialmente no reconhecimento e na resposta às
atrocidades cometidas no Darfur e no apoio à responsabilização pelos crimes de
guerra e pelos crimes contra a humanidade aí cometidos, através do Tribunal
Penal Internacional. Estamos igualmente gratos pelo papel desempenhado pela UE
no apoio à revolução de 2018 e à transição para um regime civil e para a
democracia, após três décadas de ditadura.
No entanto, também se registaram
alguns erros. A UE trabalhou com o governo do Sudão através do Processo de
Cartum para abordar a migração na região, de uma forma que, infelizmente,
legitimou o governo repressivo. Houve
também relatos de que parte do financiamento concedido pela UE foi utilizado
para apoiar as RSF como guarda de fronteira. A preocupação generalizada foi que
esse apoio pudesse ser utilizado para reforçar a capacidade operacional das
RSF, o que lhes permitiria cometer violações generalizadas dos direitos humanos
no contexto do actual conflito. Embora a UE tenha afirmado que nenhum dos seus
financiamentos foi canalizado para as RSF, a Amnistia Internacional questionou
esta afirmação apontando monitorização insuficiente.
Além disso, o papel da UE e da
comunidade internacional em geral desde o golpe de Estado foi problemático.
Deram prioridade à obtenção de um acordo com os militares através do processo
do Acordo-Quadro de Dezembro de 2022, em detrimento da responsabilização dos
actores militares ou da criação de um regime civil e democrático
verdadeiramente sustentável. O fracasso do processo de negociação contribuiu
para a eclosão da violência.
Neste contexto, a UE tem a obrigação legal e ética de apoiar o povo
sudanês, actuando com firmeza e determinação para pôr termo à violência e
promover uma transição genuína e forte para um regime civil e democrático. Para
o efeito, a UE deve:
– Assegurar um apoio adequado
à assistência humanitária na resposta imediata à crise.
– Assegurar que as suas acções
não legitimam nem apoiam intervenientes não-democráticos como as RSF no Sudão.
– Reconhecer a necessidade de
os debates sobre o futuro do Sudão serem conduzidos por civis. Embora
reconheçamos que possa haver necessidade a curto prazo de envolver os actores
militares para garantir cessar-fogo e/ou de outros tipos de violência, esse
envolvimento tem de ser cuidadosamente calibrado para evitar legitimar as
forças militares e dar-lhes poder em relação aos civis e não deve ser uma
desculpa para não se desenvolverem prontamente canais sólidos e abrangentes de
envolvimento civil o mais rapidamente possível.
– A UE deve reconhecer que o
Acordo-Quadro e, em particular, a sua colaboração com os militares não é viável
e deve rápida e claramente dissociar-se desse acordo e do quadro que o
produziu.
– A fim de garantir que um
novo processo político seja mais bem-sucedido do que o anterior, é necessário
assegurar que este seja centrado nos civis e não apele a uma parceria política
com os militares. Os civis sudaneses não aceitarão isso.
Por favor, não hesitem em
contactar-me para mais informações e para planear possíveis intervenções.»
Tive logo resposta de António
Guterres e de Marcelo Rebelo de Sousa. Ao fim de poucos dias, também de Stefan
Krauss, o chefe da Unidade de Acção para os Direitos Humanos do Parlamento
Europeu, que conhece bem Salih Mahmoud (e vice-versa), pois é o serviço que
acompanha os Prémios Sakharov. (Stefan Krauss informou-me também do que o
Parlamento Europeu tem feito desde que os combates estoiraram no Sudão, em
Abril.) Todos os destinatários foram sendo mantidos a par dos relatos que Salih
me mandava sobre a dramática evolução no terreno. Houve sempre resposta pronta
de Guterres, Marcelo e Stefan Krauss.
O gabinete de Borrell acusou a recepção, uma ou outra vez.
4A situação no Darfur foi muito
sangrenta ao longo do mês de Junho. A Wikipedia, na entrada Battle of Geneina, manteve resumo
actualizado, que me permitiu seguir o que de mais grave acontecia. No dia 13, o governador do Darfur, Khamis
Abakar, denunciou o genocídio em curso e acusou as RSF como responsáveis. Dois
dias depois, foi torturado e executado.
Os velhos hábitos dos Janjaweed. Pouco
depois, Salih Osman, que é Presidente da Ordem dos Advogados do Darfur, soube
do assassinato em El Geneina de quatro advogados, altos dirigentes da Ordem.
No dia 19, o secretário-geral das Nações
Unidas relançou a importância do assunto e enfatizou os apelos às partes e à
ajuda internacional. E, pela mesma altura, transmito que era preciso colocar
Salih Mahmoud no
estrangeiro. A sua segurança estava em claro e crescente risco. Era preciso
retirá-lo do Sudão. Iniciam-se as diligências. Stefan Krauss avisou a delegação
da UE em Cartum, que estabeleceu contacto directo com Salih. O destino inicial
na Europa foi mudado para o Uganda. E os planos para a saída foram sofrendo
alterações.
Finalmente,
a 4 de Julho, Salih chegou, são e salvo, a Port Sudan,
última escala. E, na quinta-feira, voou daqui para Entebbe. Está, enfim, em
segurança no Uganda. A União Europeia, creio, tratou de tudo; e penso que assim
deve continuar, com acompanhamento e apoio das Nações Unidas.
5Depois de aterrar, Salih Mahmoud Osman mandou-me estas palavras:“I am looking
forward to see how we can use this opportunity to think together about clear
and practical steps to approach influential actors to bring Sudan and Darfur
catastrophe to the front pages to help stop the war and to fight impunity.” (“Estou ansioso para ver como podemos
aproveitar esta oportunidade para reflectirmos em conjunto sobre passos claros
e práticos para abordar actores influentes, a fim de trazer a catástrofe do
Sudão e do Darfur para as primeiras páginas, ajudar a parar a guerra e combater
a impunidade.”)
Essa é a principal questão: colocar esta catástrofe nas primeiras
páginas.
Andam aqui velhos conhecidos.
As RSF, “Forças de Apoio Rápidas”, cruéis e sanguinárias, são, como já disse,
as descendentes dos Janjaweed, as milícias de 2003. O terror é o mesmo. E é
sabido que o Grupo Wagner também por ali
anda. Os bons amigos encontram-se sempre.
Uma das fontes que consulto, termina com
este relato sobre o que se passa no Darfur Ocidental: «Numerosos civis compararam a situação ao genocídio do
Ruanda, uma vez que civis mais escuros e mais altos (que geralmente não são
árabes) são procurados aleatoriamente e mortos por árabes de pele mais clara.
Enquanto as pessoas de etnia Masalit são frequentemente alvo das milícias árabes,
os refugiados denunciam que as milícias disparam sobre qualquer negro. Membros
proeminentes da sociedade civil, incluindo advogados, organizações humanitárias
e outros, foram alvo das milícias e das RSF após e durante a queda da
cidade [El Geneina]. A Ordem dos Advogados do Darfur chamou esta
limpeza étnica de “um genocídio em larga escala”. As Nações Unidas divulgaram
um comunicado em 24 de junho, deplorando “assassinatos arbitrários”, mas não
mencionaram os autores.»
Como é possível que esta barbaridade sistemática não esteja nas
primeiras páginas e nos noticiários televisivos internacionais? Como é possível
que a opinião mundial ignore o paralelo com a tragédia do Ruanda em 1994 e este
regresso brutal do Darfur a 2003/2004? Só tirando da sombra e do silêncio este
drama, será possível acabar a guerra e, a seguir, a impunidade.
Penso
que Borrell deve conversar de imediato com Salih Mahmoud, que conhece desde
2007. E reunir pessoalmente com ele na primeira oportunidade. O Prémio Sakharov
2007 deve poder ser, com o apoio da União Europeia, um forte porta-voz
internacional das exigências dos sudaneses (e dos Darfuris, em especial) pela
paz, a justiça, o Estado de direito, os direitos humanos, o fim da impunidade.
As instituições europeias têm o dever de proteger Salih Mahmoud Osman, articular com ele a acção política e diplomática e,
no palco internacional, amplificar a sua voz e a de outras testemunhas civis. Ele é o nosso Prémio Sakharov.
É preciso pressionar todos os Estados com
influência no Sudão para agirem na boa direcção: a
transição civil para a democracia. E é indispensável que a União Africana
se ocupe a sério deste conflito, como é seu dever – e escrutiná-la pelo que
fizer e não fizer. É uma cínica ironia o comportamento da missão africana que esteve há semanas em Kiev e
Moscovo por causa da guerra na Ucrânia, quando, desde os combates em Cartum em
Abril, a diplomacia africana ainda nada fez que se visse para garantir aos
sudaneses o que mais querem: paz, justiça, liberdade.
A
imprensa, rádio e televisão internacionais têm a responsabilidade de não deixar
esquecer este drama no poço do silêncio. Relatar os crimes, denunciar os
autores. Só assim os civis poderão vir a vencer a brutalidade das armas. E
poderá cumprir-se a justiça em que Salih Mahmoud
Osman acreditava em 2022,
olhando ao julgamento da tragédia de 2003/2004: «Já passou muito tempo desde
que o mundo assistiu, horrorizado, ao ataque massivo do governo e das milícias
contra o povo de Darfur, deixando um rasto de devastação. Mas nunca é demasiado
tarde para se fazer justiça. As vítimas aguardam ansiosamente.»
Agora, há novas vítimas a aguardar ansiosamente. Ainda vamos a tempo
de evitar que seja pior.
SUDÃO…. MUNDO
COMENTÁRIOS (DE 7):
J Santos: Não será de
enviar o Mandou Ba para o Sudão para lá combater o racismo sistémico?
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