Dos excertos dos Discursos de Salazar que o meu
filho Luís me enviou, para meu aprazimento, nesta altura de desvario em várias
frentes mundiais, e bem saliente no nosso país, a necessitar de outra figura de
igual dimensão de obediência a preceitos de honestidade e ponderação
demonstrados nos citados discursos
de Salazar, o troçado ditador que confessara à sua velha criada,
conhecida de familiares meus, que, quando morresse, seria cotão o que se lhe
encontraria nos bolsos.
Por estes excertos, e outros que li dos
livros do meu Pai, deduzo uma estatura de equilíbrio e força moral, que o Dr. Brites Ribas, magistrado português regressado, como
eu, de Moçambique, e que conheci numa bicha, na FIL - ambos nós em busca dos
vencimentos mensais, (nessa altura ainda organizados sem as subtilezas informáticas
facilitadoras dessas coisas comezinhas, como são os vencimentos mensais - excluídas
as variantes temporais) - o Dr Brites Ribas, repito, considerava Salazar “a maior
presença do século XX português” e que a nação portuguesa soube
reconhecer em programa televisivo, em Março de 2007, apesar das
condicionantes papagueantes dos ideais de libertação abrilinos, mantidos ainda
hoje em esfusiante esplendor de estardalhaço.
Oxalá tal figura pudesse ainda inspirar
hoje cérebros e corações de idêntico valor no amor da sua nação, como aquele
mostrou, e que os seus discursos tão bem demonstram.
(Discursos, volume 1º , pág. 274 e
275).
Discurso no Gabinete do Ministro das Finanças, em 20 de Dezembro,
aos delegados do Instituto Nacional do Trabalho e Previdência que partiam para
ocupar os seus postos, com a função tríplice de Propaganda, Patronato e
Organização:
Propaganda. – Propaganda
intensa, constante dos factos e das ideias, da doutrina que está feita e da
doutrina a criar. Sobre a revolução nacional em marcha e sobretudo no que
toca à economia e ao trabalho temos sem dúvida os grandes princípios orientadores,
as ideias mestras, o travejamento geral do edifício a erguer. Mas nenhum de nós
poderia dizer que possui nesta verdadeira encruzilhada da história toda a verdade,
quer dizer, o sistema completo de princípios para a solução de todos os problemas
económico-sociais e de técnica da organização. A vida real, a experiência de
todas as dificuldades que surgirem, as questões que houver necessidade de
resolver indicarão, dentro das grandes linhas já fixadas, muitos pormenores de
aplicação, e até – quem sabe? – correcções de um ou outro ponto que o nosso
espírito estaria neste momento inclinado a crer absoluto e eterno como a
própria verdade. Por
isso disse que vamos fazer propaganda de uma doutrina feita e de uma doutrina a
fazer. E não nos surpreenda isso: é a história de todos os grandes
movimentos de ideias e de todas as transformações sociais que não foram
previstas pelos seus criadores senão no que tinham de essencial, mas não no
complexo da sua realização futura.
Patronato. – Os
delegados são, pela sua posição, os defensores natos dos que trabalham. Nós não
aceitamos a luta de classes produtoras como facto histórico nem como princípio
informador da organização económica e social. Os interesses mediatos, últimos dos
indivíduos ou dos grupos, tendem para a unidade do interesse nacional. Mas os interesses imediatos do operário e do patrão,
umas vezes, de operários e operários, outras, chocam-se amiúde na vida prática,
sem que devam deixar-se avolumar os dissídios, sem que devamos deixar de
conciliar os interesses opostos, em benefício dos opositores e em benefício da
normalidade da vida económica. Com que princípios? Com
moderação e justiça. Fazer justiça a todos e proteger os mais fracos tem de ser
o lema do vosso trabalho.
Organização. – Estamos em país em que é preciso
organizar de alto a baixo, porque o pouco que parece não o estar, está tão
desorganizado como o resto. A organização é-nos precisa à nossa obra política e também à obra
económico-social que no nosso pensamento está integrada naquela. É
preciso por isso organizar, mas organizar sem pressas para o fazer com solidez e
com consciência. Bem feito deve ser a preocupação constante, e só o é o que
corresponder ao estado de espírito dos elementos vivos da organização. Improvisar quadros, estatutos, sindicatos, corporações
não nos interessa; levar os interessados a assimilar os princípios, a ver o
interesse da organização, a desejar servir-se dela para elevar o nível
económico, intelectual e moral dos seus pares, isso é o que para o futuro da
obra principalmente nos convém. Caminhamos com fé, melhor, caminhamos sem
receio neste fortalecimento dos indivíduos pela vida intensa dos seus grupos
naturais porque não pretendemos o Estado omnipotente governando sobre a miséria
de rebanhos destroçados, mas o Estado forte nacional, resultante do equilíbrio
que a justiça crie entre todos os indivíduos; e para tornar esta possível ou
pelo menos mais fácil é necessário organizar os interesses materiais e morais
da Nação – não abandonados a si próprios, às tendências da sua própria força, mas
integrados na harmonia e no interesse comum que o próprio Estado representa.
(Discursos, volume 1o , pág. 280,
281, 282 e 283).
1934 – Palestra que serviu de introdução a uma série de conferências
promovida pelo Subsecretariado das Corporações, cuja finalidade foi discutir e
apreciar os problemas inerentes à Organização Corporativa. Teve lugar no
Secretariado da Propaganda Nacional em 13 de Janeiro:
Levanto
ainda o véu de outra dificuldade para chegar a uma conclusão. A antiga concepção
do Estado, que corresponde ainda em grande parte à sua orgânica actual, faz
dele máquina de feição estruturalmente, exclusivamente, política e
administrativa.
Quando lhe exigimos actuação ou
rendimento económico, somos obrigados a enxertar-lhe princípios, elementos,
instituições da vida económica tal como os particulares a organizaram, e todos
vêem, pela falta de sincronismo com a demais exploração dos serviços públicos,
que tal acção lhe não compete. Numa palavra: ele não está
apto a dirigir a economia, pelo que ou se há-de transformar ou há-de desistir.
O problema pode então ser resolvido
pela organização corporativa, e com ela até, em vez de termos a economia dirigida
pelos governantes, podemos ter a economia auto-dirigida, que é
fórmula incontestavelmente superior. Seja qual for a interferência dos órgãos corporativos
na feitura das leis – estudo e preparação como na nossa Constituição Política,
deliberação como pode ser noutros sistemas – , a verdade é que mesmo sem a
existência de preceitos genéricos e só por entendimentos bilaterais sobre quantitativos
e condições da produção, preços, regalias do trabalho, a economia nacional pode
ter suficiente direcção. Não duvido, porém, de que em certos momentos a autoridade
suprema intervirá, porque não será uma e a mesma coisa dar direcção à economia
e satisfazer com ela o interesse geral... ...Quando a organização corporativa tenha sobre si o ordenamento da
economia nacional e este seja auxiliado por uma certa estabilização das
condições económicas no mundo; quando por toda a parte hajam desaparecido as restrições, a concorrência desleal, as variações
monetárias intencionais e tendenciosas; quando no interior do País a economia
estiver entregue aos que trabalham e se distinguir claramente entre trabalho e
a especulação; quando sobre os interesses da produção discutirem lado a lado os
grandes e os pequenos produtores e a massa operária organizada puder fazer a sua
voz, então ver-se-á que o plutocrata não tem já lugar para si e para os seus negócios
e não poderá fazer mais que gastar melhor ou pior o seu dinheiro. A organização
nos seus diferentes ramos e aspectos terá libertado o trabalho do despotismo do
dinheiro, e terá lavado o dinheiro a servir modestamente o trabalho.
(Discursos, volume 1o , pág. 292,
293, 299 e 300).
Discurso no Teatro de S. Carlos, em 28 de Janeiro, à academia
nacionalista do País, que acabara de lançar a organização da Associação Escolar
Vanguarda:
Grandes surpresas têm causado
aos profetas os acontecimentos dos últimos anos em Portugal! Quando se pensava
que a Ditadura tudo esmagaria numa aventura de violência militar, vê-se o
Governo quase exclusivo do professorado superior, a força a servir a justiça, a
improvisação a ceder definitivamente o passo à preparação científica. Em
período algum da nossa história moderna, como no que vivemos, se deu maior
lugar à inteligência preparada para a acção. Nunca se havia feito tão largo apelo
à técnica nas suas várias especialidades; nunca se havia interessado tanto a
arte na criação da beleza; nunca se havia feito esforço comparável ao que se
faz para pôr a ciência ao serviço dos interesses nacionais, aplicar os bons
métodos de investigação ao estudo dos problemas administrativos, e levar acima
das paixões vulgares a exposição dos factos e das normas, e até mesmo para
exprimir as coisas em língua que os Portugueses pudessem ler.
Este esforço, que tende a elevar o nível do governo e da
administração pública, por um lado, e da produção económica, por outro, à maior
altura intelectual e moral a que pudermos ascender, representa a primeira
grande exigência do País em relação à escola. Nós não compreenderíamos – nós
não poderíamos admitir – que a escola, divorciada da Nação, não estivesse ao
serviço da Nação, e não compreendesse o altíssimo papel que lhe cabe nesta hora
de ressurgimento, na investigação e no ensino, a educar os Portugueses para bem
compreenderem e bem saberem trabalhar. E é pouco ainda.
(Discursos, volume 1o , pág. 306 e
307).
Em 28 de Abril, no Palácio da Bolsa, quando da visita oficial à
cidade do Porto e lançamento da primeira pedra dos bairros de casas económicas:
Se somos contra os abusos, as
injustiças, as irregularidades da Administração, o favoritismo, a desordem, a
imoralidade, isto corresponde a um sério pensamento de governo e não a uma
atitude política à sombra da qual cometamos os mesmos abusos e as mesmas
injustiças. Ai dos que fingem abraçar estes princípios de
salvação nacional, e dizem acompanhar-nos na obra revolucionária, e sabem que
queremos ir ousadamente pelas reformas sociais elevando o nível económico e
moral do povo, e no fundo pretendem
apenas adormecer na esperança as reivindicações mais vivas e aproveitar a paz
que lhes conquistamos para esquecer as exigências da justiça. Esses não são nossos
nem estão connosco.
(Discursos, volume 1o , pág. 322).
26 de Maio. Na sessão inaugural do 1o Congresso da União Nacional.
Proferido na Sala Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa. Palavras
ditadas pelas circunstâncias da vida nova de Portugal no quadro da evolução
política do mundo europeu:
O
nacionalismo do Estado Novo não é e não poderá ser nunca uma doutrina de isolamento
agressivo – ideológico ou político – porque se integra, como afinal toda a nossa
história, na vida e na obra de cooperação amigável com os outros povos. Consideramo-lo
tão afastado do liberalismo individualista, nascido no estrangeiro, e do
internacionalismo da esquerda como de outros sistemas teóricos e práticos aparecidos
lá fora como reacção contra eles. O Estado Novo não empreendeu
apenas extinguir os antigos partidos juntamente com o individualismo a o
parlamentarismo; oferece também resistência invencível a correntes deles
derivadas por força da lógica revolucionária ou que de algum modo representem
excesso de ordem política ou jurídica na reacção que aquelas provocaram.
(Discursos, volume 1o , pág. 337 e
338).
Agradecimento aos representantes de todas as câmaras municipais do
País pelo título de cidadão honorário, em 27 de Maio, no salão nobre da Câmara
Municipal:
De
todos os pontos deste abençoado Portugal saiu o mesmo grito, elevou-se o mesmo anseio,
ouviu-se a mesma palavra de consagração. Do Norte ao Sul, pelos montes, pelas
encostas suaves, pelos vales mimosos, nas pequenas circunscrições renascidas para
a vida pelo vosso esforço, o mesmo voto foi proferido, como se o que foi
feito por todos eu o fizera sozinho.
(Discursos, volume 1o , pág. 353 e
354).
Na sessão de enceramento do I Congresso da União Nacional, realizada
no Coliseu dos Recreios em 28 de Maio, fixando como palavra de ordem para o ano
IX – “Unidade, Coesão, Homogeneidade”:
Nas linhas desta página do
nacionalismo português, agora escrita por vós todos e onde distingo harmonia, a
identidade de vistas e disposições que assinalaram como em provas públicas os
méritos e capacidades de União Nacional, eu quero ler também a fé vibrante, a
energia calma, o espírito de sacrifício exigidos pelos novos tempos. Nós não podemos
estar à altura das necessidades da obra de renovação empreendida sem que esta
União Nacional corresponda inteiramente às duas palavras do seu nome, por uma extensão
cada vez maior e uma homogeneidade cada vez mais perfeita. Sem a subordinação
essencial ao mesmo comando, sem a integração completa, alheia a outro pensamento,
sem a disciplina das inteligências e dos corações a revelar-se em toda a actividade
política, arriscar-nos-íamos a ser muitos, mas a comparecermos, quando preciso,
muito poucos. Unidade, coesão,
homogeneidade – são a palavra de ordem para o ano IX.
Ele vai começar – o nono ano da
Revolução Nacional, e, se fosse preciso, no limiar do novo ciclo, responder à
vossa curiosidade, numa palavra, dizer-vos para onde vamos, dir-vos-ia
simplesmente – para diante! E relembro a frase da sessão
inaugural: «terão perdido o seu tempo
os que voltaram atrás».
Para diante – na constitucionalização do Estado; para diante – na
organização corporativa da Nação; para diante – na organização da defesa
nacional, no desenvolvimento do Império Colonial, no revigoramento da economia,
na elevação das classes menos abastadas, na morigeração dos costumes públicos e
privados, na defesa do trabalho nacional, da honra e crédito do estado, do
ideal da Nação, da ordem e da justiça devida a todos os portugueses – para que
não mais se possa desconfiar duma vitória que é já definitiva, nem descrer dum
futuro que já está assegurado.
(Discursos, volume 1o , pág. 363 e
364).
No lançamento do “Dão” em 28 de Julho, presente dos operários
portugueses à Armada Portuguesa, de mais um navio, exaltando o trabalho árduo
dos portugueses dando glória ao trabalho nacional, à Armada e a Portugal:
Não
deixemos que as águas o beijem sem que algumas gotas de vinho do Dão, de que leva
o nome e o sentimento bem portugueses, corram, em sinal de alegria e
sinceridade, por onde um ano de árduo trabalho já fez correr o suor de
portugueses também. Assim, pouco a pouco, a passo lento, mas firme, reentramos,
dentro do possível, na velha tradição: antes que enfunassem com vento,
rasgassem as águas, passeassem as quinas, vicejaram na nossa terra, cresceram
pelos vales e encostas as velas, os mastros, as quilhas das naus que deram
voltas ao mundo. Glória ao trabalho nacional! Glória à Armada Portuguesa!
Glória a Portugal!
(Discursos, volume 1o , pág. 367).
Discurso radiodifundido da União Nacional, em 9 de Dezembro, para as
sessões de propaganda realizadas em todo o País, sobre a Constituição das
Câmaras na Evolução da Política Portuguesa, lembrando
que a vida administrativa teria de ser dominada pelos princípios de
“concentração e continuidade” sob uma direcção política dotada de “estabilidade
e independência”, sempre na afirmação de que com o voto ter-se-ia de prosseguir
a vontade inabalável pela independência, pela integridade e pela grandeza da Pátria,
sem receios porque os Portugueses ao serem cada vez, seriam cada vez melhores: O
emocionante caso português é no entanto redutível, pelo que toca aos princípios
fecundos da transformação operada, a bem poucos elementos fundamentais: na base
a segurança e a ordem pública a cargo do Exército e da demais força armada; a
vida administrativa dominada pelos princípios de concentração e continuidade;
no cimo uma direcção política dotada de estabilidade e independência. Eis tudo.
Determinado
o problema a resolver em harmonia com critérios de política superior, a concentração
exige que se congreguem elementos materiais suficientes para a sua solução
integral, se possível, e o máximo de elementos humanos trabalhem subordinados a
um único poder de deliberar. Se verbas dispersas são quase sempre verbas desperdiçadas,
a distribuição da mesma competência por vários órgãos anula a iniciativa,
quebra a responsabilidade, embaraça os serviços, inutiliza a acção. A consequência
lógica do princípio ditatorial aqui aplicado é que muitos preparem, um só
resolva e faça executar com meios bastantes. Por outro lado, um só problema inteiramente resolvido
simplifica por si a resolução de outros; o ataque em conjunto é quase sempre
inoperante.
A concentração não poderia garantir
resultados úteis se o esforço não fosse dotado de continuidade: acabar o que se
começa; não começar sem se estar seguro de chegar ao fim.
... Como uma grande família ou uma
grande empresa, a Nação precisa, para a defesa dos seus interesses comuns a
para a realização dos fins colectivos, duma cabeça coordenadora, dum centro de
vida e de acção. Este não tem de ser absorvente, incompatível com muitos outros
secundários do organismo político, mas a marcha é tanto mais segura quanto
menores forem as substituições do órgão central. ... O maior problema político
da nossa era há-de ser constituído pela necessidade de organizar a Nação, o
mais possível no seu plano natural, quer dizer, respeitados os agrupamentos espontâneos
dos homens à volta dos seus interesses ou actividade, para a enquadrar no Estado,
de modo que este quase não seja senão a representação daquela com os órgãos próprios
para se realizarem os fins colectivos. É este problema que dá
transcendência.
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