Apesar das vozes – e das escritas - em
desacordo. Ouço também um programa na RTP, são 23 horas e tal, com a participação
discordante de vários activistas, contudo, excepto, como sempre, o filho de
Mário Soares, João de sua graça, desde sempre adepto do PS, como faz questão de
frisar simpaticamente em cada sua participação, certamente que lucrativa, (em
apoio dos dados fornecidos por H. G. sobre o
Governo dadivoso) e como, de resto, sempre o ouvimos apoiar a família própria e
muita outra dos alegres feitores de Abril, o que demonstra a persistência de um
carácter plano e pleno de ideais. Não se fala nas secas ou nas enxurradas ou
nas guerras que vão por esse mundo, apenas nestas temáticas dos desperdícios do
mau governo. Mas vou ouvir o grupo do 1º canal, para confirmar os dados de Helena
Garrido, a menos que me desvie para os Batanetes, também
repetitivos e de fácil gargalhada.
O ESTADO ENDINHEIRADO DA NAÇÃO
O Governo habituou-se a atirar
dinheiro para cima de nós, enquanto não é capaz de ter prioridades em termos
básicos como a Justiça, a Saéde e a Educação.
HELENA GARRIDO, Colunista
OBSERVADOR, 18 jul. 2023, 00:2221
Saúde, educação, justiça, burocracia,
instabilidade governativa e uma governação viciada em dar dinheiro e em medidas
casuísticas é o que tem marcado o nosso último ano. Quando tínhamos todas as condições para ter
políticas públicas que resolvessem alguns problemas, com maioria absoluta e
dinheiro europeu, vivemos um ano de um Governo enredado em si próprio, nas suas
demissões e casos. E mesmo quando se lança em políticas públicas, como
aconteceu no pacote Mais Habitação, os efeitos parecem agravar mais os
problemas, como se tudo o que não fosse dar dinheiro fosse feito
sem a análise e o enquadramento adequado. Vale-nos o turismo e tudo o que está
a ele ligado.
A
Justiça em nada melhorou na sua forma e tempo de acção. Uma justiça sem tempo para se fazer
justiça, mesmo para os leigos, passa a não ser justiça. Uma justiça em que
estamos concentrados no mediatismo das buscas é justiça popular, não é Justiça,
é uma causa e uma consequência da falta de eficácia na Justiça.
Retirando todos os exageros, o que
aconteceu a Rui Rio, ex-líder do PSD, é o exemplo dramático do estado a
que se chegou na falta de justiça. E que trouxe ao debate um retrato que tem
impactos graves nos nossos direitos, liberdades e garantias. Há muito trabalho
a fazer que pode não passar por retirar poder ao Ministério Público. Ninguém
pode é ficar anos e anos sem ser julgado e perceber sequer o que lhe aconteceu.
Seja de quem for o problema, dos advogados ou do Ministério Público. E este é
um tema em que o Governo fracassou em todas as frentes e corre o sério risco de
ser vítima dessa sua incapacidade.
Na Saúde, agravada pela pandemia, sim, mas também
pelas escolhas feitas pela ex-ministra Marta Temido – que, passada a sua
popularidade, a história certamente revelará como umas das piores da nossa
democracia – escolheu-se criar uma Comissão Executiva do SNS com um presidente
com provas dadas, Fernando Araújo. Temos esta tendência de concentrar a nossa
esperança numa pessoa. Pode ser que consiga, mas até agora só temos assistido a
conflitos e medidas casuísticas. Talvez seja cedo para avaliar, mas
precisamos de reorganizar o sector aproveitando toda a capacidade instalada e
deixando para o SNS aquilo que ele sabe fazer melhor. É mais fácil de falar do
que fazer. Certamente. Mas há escolhas que são necessárias, sem preconceitos e
concentradas na resolução de problemas de forma livre.
A Educação oferecida pelo Estado degradou-se e hoje
é um factor que nos lança para um agravamento futuro das desigualdades e uma
segmentação da sociedade em bolhas que não comunicam, com as consequências que
já vemos em países como os Estados Unidos. Quem tem dinheiro vai para o ensino privado, quem não tem fica no
público. O poder que se foi retirando aos professores fará o resto, com pessoas
que estão a trabalhar no ensino público a sentirem que trabalham para as
estatísticas da OCDE.
Nas políticas de combate às desigualdades reina a regra dos almoços grátis, com uma proliferação
de apoios, mais recentemente de forma casuística, segundo
o princípio de que “quando há dinheiro damos”.
No problema da imigração assistimos,
tal como na Justiça, ao mediatismo
inconsequente. As mais recentes operações nas zonas ribeirinhas do Tejo revelam
bem como se faz um espetáculo sem que nada se resolva, porque não temos uma
política activa de integração.
As autarquias, pelo menos algumas, estão mais preocupadas com as festas que
oferecem aos seus munícipes do que em perceber como vivem as pessoas que
procuraram o País para, muitas vezes, sobreviver, sem o glamour dos nómadas
digitais ou dos reformados com dinheiro. Valia a pena olhar para os erros que a
França cometeu e hoje está a pagar caro.
Na frente geral da administração
pública, todos os que precisam dela para tratar de assuntos
com o Estado sofrem com a burocracia e
falta de eficácia. Sim, aqui podemos considerar que pode ser a
pandemia, que atrasou muitos actos – não é o caso dos tribunais administrativos
e fiscais. Mas, e só para dar um exemplo, não
se pode admitir que pessoas com
deficiência estejam impedidas de ter acesso aos
benefícios e empregos que a lei consagra
porque os atestados de incapacidade estão atrasados.
O Governo tem sido incapaz de resolver
os problemas e estes vão-se acumulando. É aqui que tem de estar a nossa maior
preocupação. Sim, na frente económica e financeira está tudo a correr bem,
graças ao turismo, que tem tido um efeito de arrastamento muito significativo
sobre as outras actividades. Vê-se menos o impacto do PRR, mas podemos esperar
também que o venha a ter.
O nosso problema é que uma nova crise vai encontrar o aparelho do
Estado sem capacidade de apoiar os cidadãos. Porque o Governo se viciou a
atirar dinheiro para os problemas. Alertas activos
GOVERNO POLÍTICA PAÍS ECONOMIA TURISMO SOCIEDADE
COMENTÁRIOS (de 21):
F. Mendes Há uma
contradição óbvia neste artigo, quando se escreve que "tudo vai bem na
frente económica e financeira, graças ao turismo". Não é verdade, nem
poderia ser, dado, em países decentes, existirem sectores muito mais
importantes e progressivos. A HG parece esquecer que o turismo é o nosso tapa-misérias;
e que não é por aquelas serem tapadas que desaparecem. O magríssimo crescimento da produtividade, para dar só
um exemplo, é fatal para o nosso progresso. E depois convinha ver o
desequilíbrio nas contas externas, a carga e iniquidade fiscais, o PRR, e por
aí adiante. Carlos
Chaves Caríssima Helena, apesar de fazer um
retrato bastante razoável da degradação generalizada que sem surpresa e mais
uma vez os socialistas trouxeram ao nosso país, explique-me por favor como é
que concilia estas suas duas afirmações no final do artigo: “Sim, na frente económica e financeira está tudo a
correr bem, graças ao turismo, que tem tido um efeito de arrastamento muito
significativo sobre as outras actividades.“ “O nosso
problema é que uma nova crise vai encontrar o aparelho do Estado sem capacidade
de apoiar os cidadãos.” Então, mas em que é que ficamos? Estamos bem na frente
económica e financeira, mas não temos dinheiro nem sequer para apoiar os
cidadãos na eventualidade (quase certa) de outra crise? Como é possível continuar com discurso de que estamos
bem na parte económica e financeira com uma dívida do tamanho que nós temos, e
que andamos a empurrar com a barriga, para os nossos filhos, netos e bisnetos
(no mínimo)? Não
seja solidária com Medina, Centeno e o inefável Costa, deixe-os mentir à
vontade sobre as ”contas certas”, todos nós sabemos e sentimos na pele o que
são as "contas certas" desta gente! Pontifex Maximus: O Estado habituou-se a atirar dinheiro para
cima de nós, diz a Dona Helena. Acontece que não faço parte desse “nós” pelo
que haverá alguém a receber em dobrado… João Floriano: Atirar dinheiro para cima dos problemas sem nada
resolver é o mesmo que alimentar uma fogueira com notas de euros. Enquanto
houver notas, a fogueira mantém-se acesa. Um dia acabam-se os euros e com eles
acaba-se a fogueira e teremos o frio. Caminhamos segundo ciclos que
naturalmente se esgota, Durante anos, tivemos dinheiro barato e taxas de juro
irrisórias. A inflação deixou de nos atormentar de tal modo que muitos
portugueses nunca tinham convivido com o aumento de preços. Os mais velhos como
eu, viveram inflações galopantes como no início dos anos 80. Tempos houve em
que os depósitos a prazo eram remunerados a taxas de 25%. Imagine-se o que era
a inflação nesses tempos. Os ciclos vão e vêm e há-de chegar o momento em que
não haverá «papel» para manter o brilho da fogueira. Aí vamos ver como será. É
por isso que sou céptico quando nos dizem que finanças e economia vão de vento-
em-popa.
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