A elegia em torno da governação gira e gira, ininterruptamente, nos solavancos
do tempo, com maior ou menor agudeza interpretativa. Maior, no caso de LUÍS
SOARES DE OLIVEIRA, naturalmente preocupado, Deus lhe dê muita saúde e vida para
o ir demonstrando, quiçá advertindo, porventura consciencializando, embaixador
actual do bom senso, pese embora a sua reforma, não da sensatez e agudeza
próprias…. Mas governantes com iguais tendências para o escape europeu, ou
mesmo americano, houve-os qb., por cá, para prestígio pessoal e talvez também
nacional, afinal. Não, não fazem falta por aqui, nem costumam deixar saudades, pródigos
no proveito próprio, para um resto de vida de plenitude. Enquanto, por aqui, a
acefalia e o descuido singram, de mãos dadas.
créditos: Paulo Rascão | Madre Media
Acefalia crónica
Luís Soares de
Oliveira, economista e embaixador na reforma
O problema
básico do país, lamentavelmente, não está inscrito na agenda do debate sobre o
Estado da Nação. Trata-se da acefalia. Sempre
tivemos forte tendência anárquica e desprezo pela res publica. Já lá disso se
queixavam os romanos e, séculos mais tarde, o bispo de Olinda. Mas, de tempos a
tempos, conseguimos chefias que nos fizeram progredir.
Agora, aparentemente, temos um chefe - que até dispõe
de maioria absoluta -, que a todos transmite a ideia de que o que quer é
escapar daqui, trepar mais alto, obter uma sinecura europeia e mandar o país
aos bichos. Não assume o
cargo porque tem outros interesses.
Não temos, pois, o chefe de que
precisamos. Um líder assim não motiva as pessoas; não consegue pedir os
sacrifícios necessários para o bem comum, não convence os ministros que têm de
trabalhar para o bem da nação e não para o bem próprio. Não é distanciando-se
que vai conseguir resolver os problemas nacionais. Consegue, sim, criar cepticismo,
mas nunca a confiança. Com ele só trabalha quem quer aproveitar, não os que
querem servir.
Todo o mal que o país sente vem daí.
Mas a questão nem sequer está em pauta, é tabu total.
Publicado no
SAPO, hoje
21/7/23
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