As deste nosso também têm a ver com
limpeza e radicalismo – limpeza no radicalismo ou radicalismo na limpeza. Só que
o nosso é mais enjoativo, no infindável do seu coaxar - falo do país. Do nosso coaxar
sem horizonte. Do outro lado, o silêncio é de intimidação e de poder. Ambos são
desprezíveis.
Por que motivo os generais russos
continuam a desaparecer? Capturados, desaparecidos em Kiev ou silenciados pelo
Kremlin são as explicações
Surovikin está "a
descansar", Gerasimov surgiu num vídeo (sem data) e sobre Prigozhin há
todo o tipo de especulação. A
Ucrânia afirma ter morto 12 altas patentes, algo que a Rússia não confirma.
ANA KOTOWICZ: Texto
OBSERVADOR, 15
jul. 2023, 21:243
Índice
Os outros oficiais detidos para interrogatório
Os 12 generais que Kiev diz ter eliminado
O significado de desaparecer na
Federação Russa não é exatamente o mesmo que no Ocidente. Quando um opositor de
Vladimir Putin deixa de aparecer em público, a especulação começa, seja ou não
fundamentada. Entre ocidentais e russos críticos do regime, as
teorias de silenciamento — e até mesmo de assassinato — são rápidas a surgir.
Têm, normalmente, uma falha: provas que sustentem o que é dito nos bastidores.
As mais recentes acusações são feitas
num artigo do Wall Street Journal: vários oficiais terão sido detidos depois
do motim de Yevgeny Prigozhin que marchou com os militares do Grupo
Wagner, batalhão de mercenários por ele fundado, até aos arredores de Moscovo a
24 de junho. Um telefonema do Presidente da Bielorrússia terá parado o
oligarca, em tempos muito próximo de Putin, e Prigozhin seguiu para o país
vizinho.
Um dos desaparecidos desde
então é o general Armagedão, Sergey Surovikin que, segundo o Kremlin, está a descansar, especulando-se
que terá sabido da rebelião antecipadamente.
O historial de desaparecimento,
envenenamento ou exílio de opositores de Putin é longo e muito anterior à
invasão da Ucrânia. O mais conhecido é o caso de Alexei Navalny, envenenado em
2020. Depois de uma longa recuperação, o principal opositor político do
Presidente russo voltou a Moscovo, onde foi detido sob acusações de fraude e
corrupção. Continua detido até hoje.
O primeiro envenenamento ao estilo do
extinto KGB, e por isso associado aos serviços do Kremlin, é o do político
ucraniano Viktor Yushchenko, em 2004. Yushchenko, pró-Ocidente, era
candidato às eleições presidenciais da Ucrânia, mas o envenenamento com
TCDD, dioxina extremamente tóxica, não o matou. Deixou-o desfigurado e
temporariamente incapacitado.
Yevgeny Prigozhin Visto pela última
vez a 24 de junho de 2023
As últimas
imagens públicas do oligarca russo, fundador do Grupo Wagner, são do dia em que
se amotinou. Yevgeny Prigozhin aparece sorridente, dentro de
um veículo militar em Rostov, Rússia. Na altura, estava a marchar com os seus
mercenários em direção a Moscovo, e exigia a cabeça de Serguei Shoigu, ministro
russo da Defesa, e de Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior das Forças
Armadas Russas. Culpava ambos pelo fraco resultado da operação militar na
Ucrânia.
▲A 24 de
junho, Prigozhin lançou uma rebelião em que pedia a cabeça de Shoigu e
Gerasimov ANADOLU AGENCY VIA GETTY IMAGES
A 27 de junho, três dias depois da
rebelião, o Presidente Alexandr Lukashenko confirmava que Prigozhin estava exilado no seu país, conforme
acordado com o Kremlin. Mas, a 6 de julho, o Presidente da Bielorrússia mudava
de discurso e afirmava que o oligarca estava na Rússia e que Putin não o
iria matar.
“Quanto a Yevgeny Prigozhin, ele está
em São Petersburgo. Onde é que ele está esta manhã? Talvez tenha ido para
Moscovo ou para outro sítio qualquer”, disse Lukashenko, numa conferência de
imprensa. Nesse mesmo dia, foi revelado que a casa de Prigozhin em São Petersburgo
tinha sido alvo de buscas. “Se acham que Putin é malicioso ou vingativo e que
ele [Prigozhin] será morto amanhã… não, isso não vai acontecer”, garantiu Lukashenko, afirmando que
Prigozhin é um homem “livre”. Estará vivo e de boa saúde? Tudo o que se
sabe é que a última vez que foi visto publicamente foi a 24 de junho.
Sergey Surovikin Visto pela última vez a 24 de junho
de 2023
Num vídeo, com
fundo branco, sem iluminação natural, Sergey Surovikin dirige-se a Prigozhin no dia
da rebelião. Pede-lhe que pare. Surovikin e
Prigozhin são amigos de longa data e o general, acusado de crimes de guerra na Síria, nunca foi alvo
das críticas do fundador do Grupo Wagner, que tantas vezes apontou o dedo aos
ministros e generais de Putin. Esse vídeo, de
24 de junho, é também a última vez que
Surovikin foi visto. Onde estava? É impossível dizer: as imagens poderiam ter
sido gravadas em qualquer sala, em qualquer parte do mundo.
▲ Surovikin
é próximo de Prigozhin e tirou algum tempo para descansar, segundo as
autoridades russas TASS VIA GETTY IMAGES
Inicialmente,
o Kremlin recusou-se a responder a perguntas sobre o paradeiro de Surovikin,
remetendo sempre para o Ministério da Defesa (que também se manteve em
silêncio). Foi a sua filha quem, dias depois de começar a especulação, avançou
que o pai estava a trabalhar.
As teorias seguiam um caminho: Surovikin
sabia de antemão da rebelião de Prigozhin e estaria disposto a
juntar-se a ele. Entre os milblogers
russos (blogers de guerra) chegou
a dizer-se que o líder dos Wagner contava com apoio aéreo, garantido pelo seu
amigo Surovikin, quando chegasse à capital russa. Outros dizem que o general
parecia bêbedo ou drogado nas filmagens, o que poderia indicar que foi obrigado
a fazer aquele discurso.
Onde está então o responsável pelas tropas russas na Ucrânia de
outubro de 2022 a janeiro de 2023? O Wall
Street Journal afirma que o general foi um dos vários militares
detidos depois da rebelião dos Wagner, mas as autoridades russas desmentem. Surovikin está a “descansar” e não é
possível contactá-lo, informou esta quarta-feira, 12 de julho, Andrei
Kartapolov, chefe do Comité de Defesa na Duma (a câmara baixa do parlamento
russo).
Detido ou livre?
Tudo o que se sabe é que a última vez que foi visto publicamente foi a 24 de
junho.
Valery Gerasimov Visto pela última
vez a 24 de junho de 2023, ressurge num vídeo sem data
Não é a primeira vez que surgem
especulações sobre o desaparecimento de Valery Gerasimov ou de Serguei
Shoigu. Gerasimov é chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas da Rússia, Shoigu é ministro da Defesa. E ambos foram os
principais alvos da rebelião de Prigozhin que os queria ver afastados do cargo.
▲Gerasimov
desapareceu e reapareceu num vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa MURAT
KULA/ANADOLU AGENCY/GETTY IMAGES
A
travagem a fundo da marcha do Grupo Wagner até Moscovo foi explicada por ter
havido um entendimento, secreto, claro, com o Kremlin, mediado pelo Presidente
da Bielorrússia. Na altura, analistas internacionais e milblogers russos
avançavam com a hipótese de o afastamento de
Shoigu e Gerasimov ter sido moeda de troca para evitar um banho de sangue.
Durante dias, nenhum dos dois foi visto. Primeiro, surgiram imagens de Shoigu
(que se foram multiplicando), mas só a 10 de julho apareceram de Gerasimov,
divulgadas pelo Ministério da Defesa.
O problema? É semelhante
ao do vídeo gravado por Surovikin. Vê-se Gerasimov numa sala, reunido com
militares, num encontro a 9 de julho, segundo o ministério, mas nada no
discurso ou no cenário é indicativo de quando foi gravado. “Vamos manter a
defesa aérea num estado de prontidão para proteger infraestruturas críticas e
instalações industriais que estejam ao alcance de mísseis inimigos”, ouve-se
Gerasimov dizer, uma frase que poderia ter sido usada praticamente em qualquer
momento da guerra.
Por outro lado, nas redes sociais também
há quem lembre que os militares não são figuras públicas e, como tal, não têm
de aparecer constantemente nos órgãos de comunicação social ou em eventos
públicos. Não aparecer na imprensa não é sinónimo de estar desaparecido.
Um dos mais influentes canais de Telegram sobre a guerra, o Rybar,
considerou que estava em curso uma purga para eliminar militares que mostraram
“falta de determinação” para pôr fim ao motim de Prigozhin.
O general Valery Gerasimov é o terceiro homem mais poderoso do
exército russo depois de Putin e de Shoigu.
Yunus-bek
Yevkurov
Visto pela
última vez a 24 de junho de 2023
O Ministério de Defesa do Reino Unido lançou o alerta: Yunus-bek
Yevkurov, ministro-adjunto da Defesa da Rússia está desaparecido. A 5 de julho,
as secretas britânicas avançavam com essa informação, quando apontavam também para o desaparecimento
de Surovikin. No briefing diário, os britânicos
reparavam no mesmo pormenor que a Radio Svoboda descreveu:
Yevkurov (e Gerasimov) não estiveram presente numa reunião liderada por Shoigu.
▲ Yunus-bek
Yevkurov terá sido detido, bem como outros oficiais russos, para ser
interrogado AFP VIA GETTY IMAGES
“Esta reunião foi dedicada às questões actuais
da operação militar especial, como continuam a chamar a esta guerra, os seus
problemas actuais, as vitórias actuais, ou seja, tudo o que está directamente
relacionado com Yevkurov e Gerasimov”, dizia a jornalista Elena Rykovtseva.
Viktor Vertsner, especialista militar, deixava a sua previsão: os
desaparecidos irão passar por “medidas de filtragem e, talvez, depois disso,
sejam autorizados a voltar para as tropas, ou talvez desapareçam para sempre”.
Yevkurov encontrou-se com Prigozhin no dia da rebelião. Um vídeo, publicado no Telegram, mostra o líder dos Wagner a
conversar com o ministro adjunto da Defesa e com um outro militar, Vladimir
Alexeyev, em Rostov-on-Don, distrito que foi facilmente tomado pelos homens de
Prigozhin. Nessa conversa, o oligarca russo avisa os militares que vai fazer a
sua marcha pela justiça e apresenta as suas exigências: a queda de
Shoigu e Gerasimov.
Os outros oficiais detidos para interrogatório
Detidos, interrogados e com ou sem liberdade de movimentos
Surovikin não será o único militar, de
alta patente, a ter sido detido. Uma investigação
do Wall Street Journal, que cita
fontes anónimas conhecedoras do processo, fala em, pelo menos, 13
oficiais detidos para interrogatório. Alguns terão sido libertados
posteriormente, outros suspensos ou demitidos. “As
detenções servem para limpar as fileiras de todos aqueles que deixaram de ser
confiáveis”, diz uma das fontes.
O
adjunto de Surovikin, coronel-general Andrey Yudin, e o chefe adjunto da
inteligência militar, tenente-general Vladimir Alexeyev, estão entre os que
foram detidos e, em seguida libertados. O jornal norte-americano escreve que
foram suspensos do serviço e que a sua liberdade de movimentos está
condicionada.
Outros
nomes avançados são os do coronel-general Mikhail Mizintsev, que chegou a
ocupar o cargo de ministro adjunto da Defesa e que, em abril, se juntou ao
Grupo Wagner.
Os 12 generais que Kiev diz ter eliminado
Desaparecidos em combate
Diferente da purga que estará
a ser levada pelo Kremlin são as baixas que o exército russo tem sofrido na
frente da batalha e que já custou a Moscovo o desaparecimento, ou a morte, de
vários generais e outras altas patentes do exército russo.
Segundo a Ucrânia, nessa lista encontram-se Andrei Sukhovetsky, Vitaly Gerasimov, Andrei
Kolesnikov, Oleg Mityaev, Andrei Zakharov, Sergey Krylov, Vladimir Frolov,
Roman Kutuzov, Sergey Goryachev, Yakov Rezantsev e Andrei Mordvichev.
A informação nunca foi confirmada pelo
Kremlin.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS:
GateKeeper: Desde 1917 que é assim.
Para Lenine, Trotsky,
Estaline & Beria, Krutchev, Brejnev, Andropov, etc. & tal ,até Vlad
Putin, Medvelev & Peskov ( o "trio odemira da zona alargada dos
"soviets", é somente uma questão de purga sanitária, higiénica do
regime (seja ele qual for na altura). Dos "planos quinquenais" até
aos nano-impérios oligarcas de hoje, as PURGAS foram sempre essenciais para
quem se sentou ( senta e sentará) no "trono dos carniceiros". É simplista querer "saber porquê"
agora, quando sempre se soube qual a utilidade objectiva da existência da
Sibéria, para além das indústrias de armamento, dos enormes "armazéns e
silos" de armas nucleares e de toda a panóplia de "under carpet stuff"
que por lá abunda. A purga faz parte do quotidiano das dezenas de povos e etnias
da "federação" e seus ditadores. NEXT!! Jorge Rodrigues
Valente: Já se comem uns aos outros. Nada
de anormal numa sociedade selvagem. S N: Calma. Apenas alguns dos generais
que estão na Rússia.
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