sexta-feira, 14 de julho de 2023

A vida é um recomeçar constante


Limitada que é a condição humana, como sempre se demonstrou. Nas virtudes como nos defeitos, nas hipocrisias como nas prepotências, mas também na coragem que se exalta - em consílio, para lisonjear o ego dos corajosos, tornando estes mais competitivos ainda, no refreamento das prepotências atacantes (russas, neste caso), sem que o Ocidente tenha que dar “sinal horrendo, fero, ingente e temeroso” de auxílio em homens e não só em armas e bagagens. À Ucrânia, como noutros lados. Ontem como hoje. Com mais ou menos punhos de renda, dos auxiliares nas armas e nos elogios. E os motivos destes são óbvios. Obtivesse a Ucrânia o lugar, dela requerido, na NATO, e logo os seus invasores não poupariam os ocidentais. E ninguém está para participar em tamanha situação de confronto, que a vida é para nos unirmos nos afectos e nos prazeres, embora com “romantismo sim, mas devagar”, como diria o nosso Álvaro de Campos, que bem sabia destes assuntos humanitários e dos pertencentes aos egoísmos terrenos.

Por isso o texto do Facebook de Luís Soares de Oliveira é cheio deste saber prático (mas histórico também) e do sorriso irónico, de quem muito sabe.

 

Luis Soares de Oliveira

1 d

ENQUANTO A GUERRA DURAR...

Diria que a decisão tomada pela NATO nesta cimeira de Vilnius de não admitir a Ucrânia enquanto houver guerra, terá sido talvez única notícia não desesperante que Putin recebeu de há uns tempos a esta parte. Isto quer dizer que os americanos querem guerra por mais um ano o que, na circunstância, não sendo bom, é a única esperança para Putin de não ir pela borda fora antes disso. Tem pois mais um ano para se desembaraçar do problema. Este adiamento aparentemente convém a muitos: o Pentágono continua vender e a testar armas; os europeus não precisam sacrificar soldados; os chineses mantém o Ocidente entretido na Europa (ganham tempo). Só para Zelensky e seus compatriotas representa enorme sacrifício de vidas e propriedade.

Isto faz lembrar a decisão tomada pelos generais espanhóis em 1936, na reunião de Mérida. Tinham assegurado o controle na Andaluzia e na Estremadura. Iam então marchar sobre Madrid e reuniram-se para saber quem entre eles seria o Chefe de Estado em caso de vitória. Decidiram que seria Franco. Cabanelas, o mais antigo, fortemente decepcionado, mandou inscrever na acta. "Franco, enquanto a guerra durar". O resultado foi que Franco decidiu prolongar a guerra, que estava prestes a acabar, por mais três anos. Centenas de milhares de espanhóis perderam a vida por causa do cuidado de Cabanelas.

2 COMENTÁRIOS

João de Santarém: Creio que Cabanellas era o único general espanhol pelo qual os alemães tinham alguma consideração.

Luis Soares de Oliveira: Não, o que eles admiraram foi o Mola que conquistou Bilbau sem disparar tiros.

 

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