Limitada que é a condição humana, como
sempre se demonstrou. Nas virtudes como nos defeitos, nas hipocrisias como nas
prepotências, mas também na coragem que se exalta - em consílio, para lisonjear
o ego dos corajosos, tornando estes mais competitivos ainda, no refreamento das
prepotências atacantes (russas, neste caso), sem que o Ocidente tenha que dar “sinal horrendo, fero, ingente e temeroso”
de auxílio em homens e não só em armas e bagagens. À Ucrânia, como noutros lados.
Ontem como hoje. Com mais ou menos punhos de renda, dos auxiliares nas armas e
nos elogios. E os motivos destes são óbvios. Obtivesse a Ucrânia o lugar, dela requerido, na NATO, e logo
os seus invasores não poupariam os ocidentais. E ninguém está para participar
em tamanha situação de confronto, que a vida é para nos unirmos nos afectos e
nos prazeres, embora com “romantismo sim,
mas devagar”, como diria o nosso Álvaro de Campos, que bem
sabia destes assuntos humanitários e dos pertencentes aos egoísmos terrenos.
Por isso o texto do Facebook de Luís Soares de Oliveira é cheio
deste saber prático (mas histórico também) e do sorriso irónico, de quem muito sabe.
ENQUANTO A
GUERRA DURAR...
Diria
que a decisão tomada pela NATO nesta cimeira de Vilnius de não admitir a
Ucrânia enquanto houver guerra, terá sido talvez única notícia não desesperante
que Putin recebeu de há uns tempos a esta parte. Isto
quer dizer que os americanos querem guerra por mais um ano o que, na
circunstância, não sendo bom, é a única esperança para Putin de não ir pela
borda fora antes disso. Tem pois mais um ano para se desembaraçar do problema.
Este adiamento aparentemente convém a muitos: o
Pentágono continua vender e a testar armas; os europeus não precisam sacrificar
soldados; os chineses mantém o Ocidente entretido na Europa (ganham tempo). Só para Zelensky e seus compatriotas representa enorme
sacrifício de vidas e propriedade.
Isto faz lembrar a decisão tomada
pelos generais espanhóis em 1936, na reunião de Mérida. Tinham assegurado o
controle na Andaluzia e na Estremadura. Iam então marchar sobre Madrid e
reuniram-se para saber quem entre eles seria o Chefe de Estado em caso de
vitória. Decidiram que seria Franco. Cabanelas, o mais
antigo, fortemente decepcionado,
mandou inscrever na acta. "Franco,
enquanto a guerra durar". O
resultado foi que Franco decidiu prolongar a guerra, que estava prestes a
acabar, por mais três anos. Centenas de milhares de espanhóis perderam a vida
por causa do cuidado de Cabanelas.
2 COMENTÁRIOS
João de Santarém: Creio que Cabanellas era o único general
espanhol pelo qual os alemães tinham alguma consideração.
Luis Soares de Oliveira: Não, o que eles admiraram foi o Mola que
conquistou Bilbau sem disparar tiros.
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