Intolerável, tal
tese de orgulho e frustração, resultante de um amor pátrio da velha guarda,
porque só talvez esse nos reste, dos que não menosprezaram a pátria dos avós,
por ela lutando, quando poderiam, talvez, passar-se, “a salto” ou com armas e
bagagens extorquidas aos papás coniventes e capazes - economicamente dizendo - para
fronteiras alheias, como tantos fizeram, que depois voltaram, a apoiar os camaradas
da revolução, com o seu saber, bem conotados por cá, vindos dos sítios
estrangeiros da desenvoltura e erudição. Extraordinário Dr. Salles da Fonseca, que não se coíbe de ironizar, contra
a degradação e simultaneamente manifestar o seu orgulho nacional por um povo
que, apesar de tudo, ainda persiste, aparentemente, em ser espinho, numa
península que foi, é certo, um todo ibérico, pelo menos de nome e que, contra
os mouros ocupantes resistiu até à Granada final, e onde o primo atlântico foi
dando mostras de ser aguerrido, apesar de várias vezes pretendido e atacado -
ele próprio lutando contra mouros e castelhanos, por vezes, é certo, com
auxílio alheio. Mas o nosso Afonso IV também foi dos que ajudou o castelhano,
na conquista do Salado, e por isso se cognominou de Bravo, que naquela altura
os reis participavam, sem lavagem de mãos, por vezes com resultados catastróficos, como se provou com o D. Sebastião, que virou mito, todavia, para a
nossa pobre camisa esfiapada, apesar das terras protectoras descobertas. Até mesmo
hoje – sobretudo hoje - chegados que somos à terceira penada que o dr. Salles da
Fonseca bem descreve, como gente que resulta da gente da segunda penada
desmanteladora, definitivamente, ao que parece, sem que se preveja uma quarta
penada reabilitadora – pedimos a D. Sebastião que nos valha – em alma, que em
corpo não. Sem esperança nisso, é claro. Acreditamos mais em gente como o Dr.
Salles, que Deus conserve muitos anos por cá ainda, claros e lúcidos e frontais.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO 03.07.23
Em três penadas, a «coisa» foi, é, e
poderá vir a ser assim:
1ª penada – Desde o
bafordo do Vez, Portugal é um espinho encravado na garganta de Castela
e, quanto por menos seja pela via da inveja, nas gargantas das demais Espanhas;
2ª penada – Perdido o Império que durante séculos foi
o garante da nossa soberania contra a cobiça espanhola, rapidamente colapsou o
quase mercantilismo em que vivíamos e logo houve quem se entretivesse a
desmantelar ou a vender a estrangeiros o que por cá era tido por indústria pesada;
a demagogia encarregou-se de elevar o consumo a motor do desenvolvimento e
bancarrotas já vão quatro entre 1974 e 2023 com a banca a passar para controlo
estrangeiro;
3ª penada – E agora? Agora, aqui chegados, resta-nos
reconhecer que pouco mais temos do que «as ruas para passear», mas envergando
camisas que pareçam sujas para não despertarmos a cobiça alheia.
(continua)
Julho
de 2023
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
II
– Notas explicativas:
Henrique Salles da Fonseca
18.05.10
Do
Dicionário Torrinha, edição de 1947, extraio que baforda é o nome
atribuído a uma espécie de lança podendo também significar injúria. Não lhe
conheço a etimologia mas confesso que, para meu gosto, é das palavras
portuguesas foneticamente mais feias de que me lembro.
E
de significado em significado, lá fiquei também a saber que bafordo era o
nome por que eram conhecidos os torneios medievais no norte de Portugal, na
Galiza, em Leão, etc. A esta palavra já lhe podemos reconhecer a etimologia
mas não é pelo facto de mudar de género que deixa de ser do mais feio
que aos meus ouvidos alguma vez soou na nossa doce língua.
Ambas
soam a insulto. E dos piores! Mais ainda que hipotenusa.
E
quando em 1140 os Exércitos de Afonso Henriques e de seu primo Afonso VII de
Leão e Castela se encontraram em Valdevez para decidirem da vassalagem que
deveria ou não ser prestada pelo português ao castelhano, conseguiram os
eclesiásticos diplomatas em presença convencer os monarcas de que a Decisão Divina
poderia ser a causa de um bafordo que substituísse batalha laica, desgastante e
por certo aviltante para uma das partes.
Bafordo de Valdevez
https://farm4.static.flickr.com/3233/2868489439_d6ab91c884_o.jpg
Assim se fez e o resultado foi
divinamente favorável a Portugal cujo Exército era bem menor que o seu
contrário. Ficou Afonso Henriques dispensado de vassalagem e terá sido então
que Afonso VII decidiu pôr fim ao uso do título de Imperador. E essa decisão terá
sido de tal modo convicta que por morte deixou o Reino de Castela a seu filho
primogénito Sancho – que viria a ser o III desse nome – e o Reino de Leão a seu
filho Fernando, o II desse nome.
Mais:
passados anos o Rei de Leão reconheceu ao Rei de Portugal a nobreza e o
estatuto suficientes para tomar a sua filha Urraca em casamento.
Não terá sido por uma questão fonética que Fernando II rejeitou Urraca dando o
casamento por findo mas sim porque o Papa assim o determinou com base no
argumento de que eram parentes muito próximos (filhos de dois primos direitos)
apesar de já terem um filho que viria a ser Rei de Leão com o nome de Afonso
IX, o Baboso – lindo cognome…
Teias duma Nação nascente, a
portuguesa.
Maio de 2010
Henrique Salles da Fonseca
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