Na CRÓNICA como no COMENTÁRIO crítico. Mas a
maioria continua silenciosa e refastelada, satisfeita e sem pensar no tal
Godot, de quem, de resto, não ouviu falar, os desastres estando distantes
ainda, da guerra como do clima, os meninos – e não só - manipulando os seus aparelhos
audiovisuais para as selfies ou os jogos da sua comunicação ou projecção no
mundo irreal de um non sens cada vez
mais ameaçador, pobrezinhos...
Direito à indignação
A relação dos
nossos políticos com a guerra é um mistério. É como se ocorresse na lua.
Afiançam-me que há documentos oficiais onde é sugerido trocar a palavra
"guerra" por "conflito". Caminho perigoso-
MARIA JOÃO AVILLEZ
OBSERVADOR; 02 nov 2022, 00:2040
1Há uma pergunta que deve ter
estacionado na cabeça de grande parte do país. Uma pergunta nele pousada como
uma dessas irritantíssimas moscas outonais que não nos largam a casa ou o corpo: como olha António Costa os portugueses que é
suposto governar? Que acha deles? Nada? Parvos? Imbecis? É-lhe indiferente
desde que votem nele? Olha-os apenas como simples instrumento do voto no PS,
isto é, nele mesmo? De tão destratados que são pelo poder, talvez seja isso,
indiferença: já votaram. Não me lembro é de tão gelado desrespeito e tão gélida
indiferença face aos contribuintes e aos outros, a todos, pobres, ricos,
remediados. Detrás do biombo dos 125 euros (que aterram desordenadamente em
bolsos necessitados e nada-necessitados) não há respeito, ou sombra de
consideração.
A
questão não é de somenos. A estranheza é maior dada a actualidade folhetinesca
de alguns governantes e autarcas que nos últimos tempos somaram casos
feios: mentiras-abusos de dinheiros-mau uso do poder-subterfúgios-golpezinhos.
E no entanto… o país não guardou da parte do poder executivo nenhum sinal fosse
do que fosse: constrangimento, preocupação, embaraço, aflição. Humildade. Entrincheirados na lei, nunca lhes ocorre a
ética, primeiro indiscutível mandamento de um governante para com os
governados. Como não praticam a indispensabilidade do mandamento, a falta de
ética do Executivo espraia-se por gestos e verbos, desliza sobre atitudes e
comportamentos: não por acaso, a par do abusivo mau comportamento de alguns
membros do governo e munícipes da primeira ou da segunda divisão (tanto faz),
observe-se o indignante nível a que chegou a linguagem do poder político da
maioria absoluta.
No
parlamento ou fora dele, tudo serve. Basta haver um microfone e repórteres
pouco curiosos. Não me lembro de um linguarejar tão de vão de escada,
insultos manhosos, falta de decoro cívico, ausência de responsabilidade
política. Haverá pior exemplo publico de mau comportamento? Desnorteio?
Insegurança? Sondagens periclitantes? Medo?
2Mas
há um cansaço. Uma fartura. Bilateral, aliás, tudo o indica. A interrogação que me faço não será por isso talvez
despropositada: quem poderá estar mais cansado da prática pouquíssimo
democrática do PS e da sua infeliz governação: quem recebe os seus efeitos em
cheio no bolso e na vida, acantonado na plateia do país, ou… quem protagoniza a
política, num palco cada vez mais sombrio, representando uma peça que não se
sabe que público serve? Quem está mais capturado pela maioria absoluta: quem a
ganhou ou quem a deu ao actual poder? Quem está menos feliz, o poder ou o povo?
Mais farto?
É que mesmo que António Costa tenha
mais jogo de cintura que “sagesse” e determinação governamental, que vai o PS
fazer para resistir a si próprio, mais quase 4 anos? Como resistirá esse mesmo
implacável António Costa que nunca porém provou tempestades parecidas com as
que chegarão, trazidas pelos ventos da guerra? Não sei como fará. Sei que o
patamar de desnorte, desrespeito e acinte onde o PS e o Governo se instalaram,
em nada coincide com o que esses tempos e ventos exigirão ao país: ter quem o
pensasse e soubesse como agir em tempo de incerteza, face ao estado de tudo. De
Portugal. Da Europa. Do mundo como ele passou a estar. E a ser.
3Por
falar em guerra. A relação
entre os nossos políticos e a guerra é um mistério. Às vezes – muitas vezes
– é como se ela ocorresse na lua. Afiançam-me que há até
alguns documentos oficiais onde é sugerido trocar a palavra “guerra” por
“conflito.” Uma amabilidade perigosa. E de novo indignante: permite a duvida e
pode convocar a suspeita.
A
guerra “passa” nos écrans e na media (e agradeço-lhe por isso!). Não chega.
No resto e que se saiba, se ouça ou se veja – políticos,
governantes, partidos, poder e oposições, deputados, elites (?) sociedade civil,
associações, organizadores de congressos, iniciativas, debates – o “conflito” é
pouco evocado. O
que é falar da guerra, perguntarão? É
abordá-la para além do aumento do custo de vida e da aflição dos combustíveis.
É transferi-la dos écrans para o novo xadrez geo-estratégico para onde a Rússia
catapultou o mundo de hoje e ditará como ele será amanhã. Atender
à guerra seria ouvir mais quem tem responsabilidades nacionais falar-nos de
coisas tão absolutamente decisivas, como por exemplo o futuro. Como poderá ser
o futuro do país para além das “contas
certas” que se louvam… (“mais vale tarde”, etc.) a braços com uma guerra no
continente onde moramos? A
nossa geografia exigiria compromisso. Portugal reclamaria estarmos menos
desprevenidos. A pertença há 900 anos ao berço ocidental deste canto europeu,
reclamaria mais consideração e conscencialização e menos “faz de conta”. É isso: há uma sensação embaraçante de faz de
conta que estamos em guerra mas tudo fazemos para não estar, a começar por
iludi-la. E não devia ser assim — não podia. Pessimismo? Pode
ser da segunda feira chuvosa em que escrevo entre as árvores do oeste. Mas
mesmo assim.
4Porque seremos tão pouco exigentes com… tudo, sem nos indignarmos
com… nada?
PS: O
júbilo é planetário: exit Bolsonaro. Mas nem o bolsonarismo
desapareceu nem a vitória tornou Lula menos perigoso.
COMENTÁRIOS: (de 44)
AL MA: Nunca
tivemos um PM tão perigoso como este, em todos os sentidos, mau, vingativo,
ditatorial, mal educado, e o pior , desprezo pelos Portugueses, com um único
propósito, exercer o seu poder o dos outros para se perpetuar o assalto
ao Estado pelo PS.
António Lamas: Muito
bem MJA. Agradeço
as suas palavras, das poucas que exprimem a verdade. Faltou mencionar o
maior responsável por esta miséria moral e ética. Marcelo Rebelo de Sousa Tem berço, tem educação, tem inteligência para não pactuar com esta gente
reles, ordinária, corrupta e má. Não percebo porque continua a
pactuar. A infantilidade não explica
tudo Francisco Andrade:
Boa noite Maria
João. Quem esceve assim não treme! Crónica fantástica! Ainda haverá ESPERANÇA? Tristão:
O país nunca foi
exigente consigo mesmo, excepto no futebol onde exigimos que se ganhe, e por
goleada, a equipas de países muito mais ricos que nós. O debate político então está ao
nível da sarjeta, a inversão de valores é total, um Morais Sarmento, um
cavalheiro, um gentleman, destoa cada vez que intervém no hemiciclo de tal modo
que muitos “comentadeiros” consideram que não tem jeito para a política, logo,
deve ser afastado para dar lugar a um mais trauliteiro, caceteiro, pois é
assim é que se deve fazer oposição… e assim se vai joeirarando a classe
política até só ficarem os pedregulhos. Fernando CE: Muito bem, Maria João Avillez.
Certeira análise. António Costa sempre foi e será assim. Longe de ser um
“Estadista”. Um habilidoso político que destrata os adversários - não sendo
difícil vê-lo a rir-se enquanto os mesmos expõem as suas ideias - e com uma má
educação e grosseria evidentes. Não sabe governar , mas apenas mandar. E não é
político para tempo de vacas magras. Madalena Sa: Muito bom Maria João !
Certeiro! Esta canalha que os Portugueses elegeram tudo destroem e de nada
percebem! Marcelo há-de ficar como o destruidor da Pátria pois apoiou em tudo o
Costa!
Carlos Chaves: Caríssima Maria João, julgo ser realismo o que
escreveu e não pessimismo como considerou. Esta mediocridade generalizada e a
falta de reacção da esmagadora maioria dos nossos concidadãos é a prova do
“triunfo” deste socialismo de pacotilha, muito bem urdido nas entranhas do
Estado das autarquias, nas escolas e universidades... O nosso povo diz e bem,
não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe, os nossos quase 900 anos
assim o provam! Chegará o dia em que a realidade irá desmascarar estas
estratégias de controlo da sociedade, esse dia está próximo, daí estarmos a
assistir a tanto nervosismo.
S Belo: Emotiva e, como sempre, excelente. Joaquim Lopes: Costa é um cobarde, traidor e
uma pessoa sem credibilidade, falso e perigoso para o país, é o Lula português
2. Decerto nunca
conseguirá, nem precisará de justificar como ganhou as eleições, se houve burla
ou não. Fez tudo o que Sócrates queria fazer, todo o plano é
de Sócrates, Costa não tem inteligência para realizar o plano de controlo dos 3
poderes, mais todos os media excepto por enquanto este, de resto, todos os
media controlados pela ditadura socialista/ neocomunista gramsciana/ comunista
estalinista do PCP e Trotskista/ internacionalista antipatriótica e de traição
à Pátria, com o conluio do PR. Costa é um esperto e manhoso, detesta os portugueses e
Portugal, decerto complexado pela cor da pele, agora já se pode vingar de quem
o gozou sem respeito e acredito que fosse de facto perseguido e vítima de
racismo quando não tinha poder, daí agora o desprezo pelos portugueses, coisas
injustas na juventude e na infância, podem ter moldado a sua personalidade eu
sei do que falo, infelizmente, em relação a alguns arruaceiros e mais velho
acertei contas, mas aqui, no caso deste personagem são consequências de um
sujeito sem escrúpulos políticos, um indivíduo que irá arruinar o país, porque
teve já todas as condições para modernizar, para melhorar o SNS se tivesse
afastado os que ainda o destroem, poderia ter acabado com a TAP e com a despesa
que acarreta, poderia ter criado um projecto da ferrovia digno de um país do
1º mundo, hoje temos piores caminhos de ferro no país, com velocidade média e
utilidade muito inferior aos caminhos de ferro do tempo do Estado Novo, temos
um ensino que não existe, as escolas são fábricas de imbecis, hoje ninguém ou
muito poucos têm competência para trabalhar numa fábrica, seja em metalurgia,
construção, mecânica, electricidade baixa, média e alta tensão, a grande
maioria dos que trabalham têm idades médias de mais de 50 anos, o trabalho
manual como a carpintaria, marcenaria, canalizadores, electricistas, pedreiros,
soldadores é desprezado e a SS tem todas as culpas, o RSI, não integra ninguém,
serve minoria que ameaçam se não forem atendidos, os serviços e os funcionários
da SS, têm medo, são ameaçados e atribuem subsídios a torto e a direito a
sujeitos que só deveria receber se trabalhassem e têm possibilidade, a PSP e
GNR não intervêm de forma firme são acusados pelos parasitas do BE de
repressivos .
As ONG, recebem sem serem fiscalizadas, os
ambientalistas e as suas ONGs poderiam existir mas sem um tostão do Estado e
sem capacidade para omitir pareceres vinculativos, hoje muitas são responsáveis
pelos desequilíbrios na fauna autóctone, prejudicando aquilo que dizem
beneficiar. Os incêndios de Pedrógão, do Pinhal de Leiria e da Serra da Estrela
foram actos de terrorismo, no caso do Pinhal de Leiria começou com a destruição
dos serviços florestais, todas estas questões devem-se a políticos como Costa,
Soares, Sócrates, Cavaco, o gang do PCP e os grupos destro do BE. O PCP num ano destruiu com a complacência dos
partidos ditos democráticos todos os sectores, primário, secundário e
terciário, entregaram com a cumplicidade de militares traidores e de carreira,
os governos de Angola e Moçambique a movimentos ligados a terroristas ligados à
URSS. Hoje só se poderia acabar com esta destruição com um movimento como o de
28 de Maio, mas não temos militares à altura por serem acomodados e onde o
patriotismo lhes é proibido pelos burocratas das altas chefias. Receio que o
Observador não publique isto, mas muitos portugueses pensam assim é a maioria
silenciosa. João Floriano: Excelente como sempre. Quem está menos feliz, o poder
ou o povo? Mais farto? Duvido bastante da infelicidade dos inquilinos do
Largo do Rato. A julgar pelos perfis que se posicionam para ocupar o lugar de
António Costa, começando por PNS, Medina e outros menos salientes mas que
aparecerão no momento certo, não se me afigura que a infelicidade do PS seja
assim muita. A nossa é bem pior, mas consentimos e aprovamos como mostrou
a votação que deu a maioria absoluta e as sondagens após 10 meses.
António Costa e Marcelo continuam com índices razoáveis de popularidade
atendendo às circunstâncias. A relação que os eleitores têm com o PS é semelhante
àqueles casais onde a violência doméstica é a regra: o agredido não se
quer livrar do agressor apesar das nódoas negras, dos insultos, dos safanões e
das humilhações.
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