quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Aprumo inútil

 

Na CRÓNICA como no COMENTÁRIO crítico. Mas a maioria continua silenciosa e refastelada, satisfeita e sem pensar no tal Godot, de quem, de resto, não ouviu falar, os desastres estando distantes ainda, da guerra como do clima, os meninos – e não só - manipulando os seus aparelhos audiovisuais para as selfies ou os jogos da sua comunicação ou projecção no mundo irreal de um non sens cada vez mais ameaçador, pobrezinhos...

Direito à indignação

A relação dos nossos políticos com a guerra é um mistério. É como se ocorresse na lua. Afiançam-me que há documentos oficiais onde é sugerido trocar a palavra "guerra" por "conflito". Caminho perigoso-

MARIA JOÃO AVILLEZ

OBSERVADOR; 02 nov 2022, 00:2040

1Há uma pergunta que deve ter estacionado na cabeça de grande parte do país. Uma pergunta nele pousada como uma dessas irritantíssimas moscas outonais que não nos largam a casa ou o corpo: como olha António Costa os portugueses que é suposto governar? Que acha deles? Nada? Parvos? Imbecis? É-lhe indiferente desde que votem nele? Olha-os apenas como simples instrumento do voto no PS, isto é, nele mesmo? De tão destratados que são pelo poder, talvez seja isso, indiferença: já votaram. Não me lembro é de tão gelado desrespeito e tão gélida indiferença face aos contribuintes e aos outros, a todos, pobres, ricos, remediados. Detrás do biombo dos 125 euros (que aterram desordenadamente em bolsos necessitados e nada-necessitados) não há respeito, ou sombra de consideração.

A questão não é de somenos. A estranheza é maior dada a actualidade folhetinesca de alguns governantes e autarcas que nos últimos tempos somaram casos feios: mentiras-abusos de dinheiros-mau uso do poder-subterfúgios-golpezinhos. E no entanto… o país não guardou da parte do poder executivo nenhum sinal fosse do que fosse: constrangimento, preocupação, embaraço, aflição. Humildade. Entrincheirados na lei, nunca lhes ocorre a ética, primeiro indiscutível mandamento de um governante para com os governados. Como não praticam a indispensabilidade do mandamento, a falta de ética do Executivo espraia-se por gestos e verbos, desliza sobre atitudes e comportamentos: não por acaso, a par do abusivo mau comportamento de alguns membros do governo e munícipes da primeira ou da segunda divisão (tanto faz), observe-se o indignante nível a que chegou a linguagem do poder político da maioria absoluta.

No parlamento ou fora dele, tudo serve. Basta haver um microfone e repórteres pouco curiosos. Não me lembro de um linguarejar tão de vão de escada, insultos manhosos, falta de decoro cívico, ausência de responsabilidade política. Haverá pior exemplo publico de mau comportamento? Desnorteio? Insegurança? Sondagens periclitantes? Medo?

2Mas há um cansaço. Uma fartura. Bilateral, aliás, tudo o indica. A interrogação que me faço não será por isso talvez despropositada: quem poderá estar mais cansado da prática pouquíssimo democrática do PS e da sua infeliz governação: quem recebe os seus efeitos em cheio no bolso e na vida, acantonado na plateia do país, ou… quem protagoniza a política, num palco cada vez mais sombrio, representando uma peça que não se sabe que público serve? Quem está mais capturado pela maioria absoluta: quem a ganhou ou quem a deu ao actual poder? Quem está menos feliz, o poder ou o povo? Mais farto?

É que mesmo que António Costa tenha mais jogo de cintura que “sagesse” e determinação governamental, que vai o PS fazer para resistir a si próprio, mais quase 4 anos? Como resistirá esse mesmo implacável António Costa que nunca porém provou tempestades parecidas com as que chegarão, trazidas pelos ventos da guerra? Não sei como fará. Sei que o patamar de desnorte, desrespeito e acinte onde o PS e o Governo se instalaram, em nada coincide com o que esses tempos e ventos exigirão ao país: ter quem o pensasse e soubesse como agir em tempo de incerteza, face ao estado de tudo. De Portugal. Da Europa. Do mundo como ele passou a estar. E a ser.

3Por falar em guerra. A relação entre os nossos políticos e a guerra é um mistério. Às vezes – muitas vezes – é como se ela ocorresse na lua. Afiançam-me que há até alguns documentos oficiais onde é sugerido trocar a palavra “guerra” por “conflito.” Uma amabilidade perigosa. E de novo indignante: permite a duvida e pode convocar a suspeita.

A guerra “passa” nos écrans e na media (e agradeço-lhe por isso!). Não chega. No resto e que se saiba, se ouça ou se veja – políticos, governantes, partidos, poder e oposições, deputados, elites (?) sociedade civil, associações, organizadores de congressos, iniciativas, debates – o “conflito” é pouco evocado. O que é falar da guerra, perguntarão? É abordá-la para além do aumento do custo de vida e da aflição dos combustíveis. É transferi-la dos écrans para o novo xadrez geo-estratégico para onde a Rússia catapultou o mundo de hoje e ditará como ele será amanhã. Atender à guerra seria ouvir mais quem tem responsabilidades nacionais falar-nos de coisas tão absolutamente decisivas, como por exemplo o futuro. Como poderá ser o futuro do país para além das “contas certas” que se louvam… (“mais vale tarde”, etc.) a braços com uma guerra no continente onde moramos? A nossa geografia exigiria compromisso. Portugal reclamaria estarmos menos desprevenidos. A pertença há 900 anos ao berço ocidental deste canto europeu, reclamaria mais consideração e conscencialização e menos “faz de conta”. É isso: há uma sensação embaraçante de faz de conta que estamos em guerra mas tudo fazemos para não estar, a começar por iludi-la. E não devia ser assim — não podia. Pessimismo? Pode ser da segunda feira chuvosa em que escrevo entre as árvores do oeste. Mas mesmo assim.

4Porque seremos tão pouco exigentes com… tudo, sem nos indignarmos com… nada?

PS: O júbilo é planetário: exit Bolsonaro. Mas nem o bolsonarismo desapareceu nem a vitória tornou Lula menos perigoso.

ANTÓNIO COSTA POLÍTICA

COMENTÁRIOS: (de 44)

AL MA: Nunca tivemos um PM tão perigoso como este, em todos os sentidos, mau, vingativo, ditatorial, mal educado, e o pior , desprezo pelos Portugueses, com um único propósito,  exercer o seu poder o dos outros para se perpetuar o assalto ao Estado pelo PS.             António Lamas: Muito bem MJA.  Agradeço as suas palavras, das poucas que exprimem a verdade.  Faltou mencionar o maior responsável por esta miséria moral e ética.  Marcelo Rebelo de Sousa Tem berço, tem educação, tem inteligência para não pactuar com esta gente reles, ordinária, corrupta e má. Não percebo porque continua a pactuar.  A infantilidade não explica tudo  Francisco Andrade: Boa noite Maria João. Quem esceve assim não treme! Crónica fantástica! Ainda haverá ESPERANÇA?              Tristão: O país nunca foi exigente consigo mesmo, excepto no futebol onde exigimos que se ganhe, e por goleada, a equipas de países muito mais ricos que nós. O debate político então está ao nível da sarjeta, a inversão de valores é total, um Morais Sarmento, um cavalheiro, um gentleman, destoa cada vez que intervém no hemiciclo de tal modo que muitos “comentadeiros” consideram que não tem jeito para a política, logo, deve ser afastado para dar lugar a um mais trauliteiro,  caceteiro, pois é assim é que se deve fazer oposição… e assim se vai joeirarando a classe política até só ficarem os pedregulhos.            Fernando CE: Muito bem, Maria João Avillez. Certeira análise. António Costa sempre foi e será assim. Longe de ser um “Estadista”. Um habilidoso político que destrata os adversários - não sendo difícil vê-lo a rir-se enquanto os mesmos expõem as suas ideias - e com uma má educação e grosseria evidentes. Não sabe governar , mas apenas mandar. E não é político para tempo de vacas magras.               Madalena Sa: Muito bom Maria João ! Certeiro! Esta canalha que os Portugueses elegeram tudo destroem e de nada percebem! Marcelo há-de ficar como o destruidor da Pátria pois apoiou em tudo o Costa!               Carlos Chaves: Caríssima Maria João, julgo ser realismo o que escreveu e não pessimismo como considerou. Esta mediocridade generalizada e a falta de reacção da esmagadora maioria dos nossos concidadãos é a prova do “triunfo” deste socialismo de pacotilha, muito bem urdido nas entranhas do Estado das autarquias, nas escolas e universidades... O nosso povo diz e bem, não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe, os nossos quase 900 anos assim o provam! Chegará o dia em que a realidade irá desmascarar estas estratégias de controlo da sociedade, esse dia está próximo, daí estarmos a assistir a tanto nervosismo.                S Belo: Emotiva e, como sempre, excelente.            Joaquim Lopes: Costa é um cobarde, traidor e uma pessoa sem credibilidade, falso e perigoso para o país, é o Lula português 2. Decerto nunca conseguirá, nem precisará de justificar como ganhou as eleições, se houve burla ou não. Fez tudo o que Sócrates queria fazer, todo o plano é de Sócrates, Costa não tem inteligência para realizar o plano de controlo dos 3 poderes, mais todos os media excepto por enquanto este, de resto, todos os media controlados pela ditadura socialista/ neocomunista gramsciana/ comunista estalinista do PCP e Trotskista/ internacionalista antipatriótica e de traição à Pátria, com o conluio do PR. Costa é um esperto e manhoso, detesta os portugueses e Portugal, decerto complexado pela cor da pele, agora já se pode vingar de quem o gozou sem respeito e acredito que fosse de facto perseguido e vítima de racismo quando não tinha poder, daí agora o desprezo pelos portugueses, coisas injustas na juventude e na infância, podem ter moldado a sua personalidade eu sei do que falo, infelizmente, em relação a alguns arruaceiros e mais velho acertei contas, mas aqui, no caso deste personagem são consequências de um sujeito sem escrúpulos políticos, um indivíduo que irá arruinar o país, porque teve já todas as condições para modernizar, para melhorar o SNS se tivesse afastado os que ainda o destroem, poderia ter acabado com a TAP e com a despesa que acarreta, poderia ter criado um projecto da ferrovia digno de um país do 1º mundo, hoje temos piores caminhos de ferro no país, com velocidade média e utilidade muito inferior aos caminhos de ferro do tempo do Estado Novo, temos um ensino que não existe, as escolas são fábricas de imbecis, hoje ninguém ou muito poucos têm competência para trabalhar numa fábrica, seja em metalurgia, construção, mecânica, electricidade baixa, média e alta tensão, a grande maioria dos que trabalham têm idades médias de mais de 50 anos, o trabalho manual como a carpintaria, marcenaria, canalizadores, electricistas, pedreiros, soldadores é desprezado e a SS tem todas as culpas, o RSI, não integra ninguém, serve minoria que ameaçam se não forem atendidos, os serviços e os funcionários da SS, têm medo, são ameaçados e atribuem subsídios a torto e a direito a sujeitos que só deveria receber se trabalhassem e têm possibilidade, a PSP e GNR não intervêm de forma firme são acusados pelos parasitas do BE de repressivos .

As ONG, recebem sem serem fiscalizadas, os ambientalistas e as suas ONGs poderiam existir mas sem um tostão do Estado e sem capacidade para omitir pareceres vinculativos, hoje muitas são responsáveis pelos desequilíbrios na fauna autóctone, prejudicando aquilo que dizem beneficiar. Os incêndios de Pedrógão, do Pinhal de Leiria e da Serra da Estrela foram actos de terrorismo, no caso do Pinhal de Leiria começou com a destruição dos serviços florestais, todas estas questões devem-se a políticos como Costa, Soares, Sócrates, Cavaco, o gang do PCP e os grupos destro do BE. O PCP num ano destruiu com a complacência dos partidos ditos democráticos todos os sectores, primário, secundário e terciário, entregaram com a cumplicidade de militares traidores e de carreira, os governos de Angola e Moçambique a movimentos ligados a terroristas ligados à URSS. Hoje só se poderia acabar com esta destruição com um movimento como o de 28 de Maio, mas não temos militares à altura por serem acomodados e onde o patriotismo lhes é proibido pelos burocratas das altas chefias. Receio que o Observador não publique isto, mas muitos portugueses pensam assim é a maioria silenciosa.         João Floriano: Excelente como sempre. Quem está menos feliz, o poder ou o povo? Mais farto? Duvido bastante da infelicidade dos inquilinos do Largo do Rato. A julgar pelos perfis que se posicionam para ocupar o lugar de António Costa, começando por PNS, Medina e outros menos salientes  mas que aparecerão no momento certo, não se me afigura que a infelicidade do PS seja assim muita.  A nossa é bem pior, mas consentimos e aprovamos como mostrou a votação que deu  a maioria absoluta e as sondagens após 10 meses. António Costa e Marcelo continuam com índices razoáveis de popularidade atendendo às circunstâncias. A relação que os eleitores têm com o PS é semelhante àqueles casais onde a violência doméstica é  a regra: o agredido não se quer livrar do agressor apesar das nódoas negras, dos insultos, dos safanões e das humilhações.

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