sábado, 26 de novembro de 2022

Uma nação que mexeu


Trazendo mais esperança - sobretudo àqueles que, afastados da pátria-mãe - tinham sofrido na pele o desmoronamento das suas vidas, na tropelia de um 25 de abril destruidor dos espaços pátrios, que o 25 de novembro veio remendar, pondo cobro provisoriamente a nova ditadura que se desenhava, pese embora o linguajar apurado de uma democracia vistosa nas intenções, que se lhe seguiu, de atropelo em muitas das soluções, ainda que recolhidas dos povos mais estruturados nos atropelos - a par, naturalmente, das estruturações de real poder económico desses mesmos povos da nossa subserviência em vários níveis.

EFEMÉRIDE

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 25.11.22

25 DE NOVEMBRO DE 1975

Comemoremos hoje o 47º aniversário da consolidação da Democracia em Portugal. Honra aos militares que o fizeram, o então Coronel Jaime Neves e seus «Comandos».

Tags: história

COMENTÁRIOS:

«Faz-me confusão que, 47 anos depois, a data de 25 de novembro de 1975 permaneça envolvida em polémica. Ainda poderia admitir que as forças antidemocráticas, então derrotadas, pudessem continuar a ter reserva, apesar de decorridas quase duas gerações, mas quer o 25 de abril quer esta são inerentes ao processo democrático, do qual hoje todos, mas todos, usufruímos. Vem isto a propósito de uma notícia que acabo de ler no meu telemóvel (Diário de Notícias/Lusa), cujo título é: “Chega desafia Santos Silva depois de Direita se levantar para aplaudir o 25 de novembro”. Lida a notícia, ela não explicita qual haja sido o comportamento do PS – se aplaudiu sentado ou se não aplaudiu. Tal como a Esquerda não se pode apropriar da data do 25 de abril, também a Direita não poderá fazer o mesmo em relação aos acontecimentos que hoje se comemoraram. Claro que o Presidente da Assembleia da República, ainda de acordo com a notícia, classificou como muito importante a data de 25 de novembro, a par de outras, contribuindo elas para que “sejamos hoje uma democracia pluralista ondem cabem todos”. Sabes, Henrique, já era tempo de sabermos comportar como adultos democráticos, sem lançar ímpetos, não raras vezes insultuosos, a adversários políticos. Também hoje (vê a coincidência) li no telemóvel (Sapo) uma entrevista ao Dr. José Vera Jardim, feita pela jornalista Isabel Tavares, a qual tem a seguinte manchete: “O termo fascista tornou-se uma arma de arremesso contra toda a Direita”. É mais de tempo de deixar de o ser. André Malraux, no seu célebre romance, de 1937, sobre a guerra civil de Espanha - “A Esperança” -, faz com que um personagem diga: “Os comunistas dizem sempre dos inimigos que são uns fascistas” (pág. 175, 6ª edição). Várias gerações já passaram sobre esses horríveis acontecimentos, sobre o fim dos fascismos europeus, pelo que é tempo de virar a página. Temos de encarar os factos históricos como eles o são, independentemente de gostarmos deles ou não. Como creio que já escrevi aqui há anos, o 25 de abril e o 25 de novembro são as duas faces de uma mesma moeda designada Democracia. Esta não existiria sem os factos inerentes àquelas datas, entre outras. Forte abraço. Carlos Traguelho

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