Trazendo mais esperança - sobretudo àqueles que, afastados da
pátria-mãe - tinham sofrido na pele o desmoronamento das suas vidas, na
tropelia de um 25 de abril destruidor dos espaços pátrios, que o 25 de novembro
veio remendar, pondo cobro provisoriamente a nova ditadura que se desenhava, pese
embora o linguajar apurado de uma democracia vistosa nas intenções, que se lhe
seguiu, de atropelo em muitas das soluções, ainda que recolhidas dos povos mais
estruturados nos atropelos - a par, naturalmente, das estruturações de real
poder económico desses mesmos povos da nossa subserviência em vários níveis.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 25.11.22
25 DE NOVEMBRO DE 1975
Comemoremos hoje o 47º aniversário da
consolidação da Democracia em Portugal. Honra aos militares que o fizeram, o então Coronel Jaime Neves e seus
«Comandos».
Tags: história
COMENTÁRIOS:
«Faz-me confusão que, 47 anos
depois, a data de 25 de novembro de 1975 permaneça envolvida em polémica. Ainda
poderia admitir que as forças antidemocráticas, então derrotadas, pudessem
continuar a ter reserva, apesar de decorridas quase duas gerações, mas quer o
25 de abril quer esta são inerentes ao processo democrático, do qual hoje
todos, mas todos, usufruímos. Vem isto a propósito de uma notícia que acabo de
ler no meu telemóvel (Diário de Notícias/Lusa), cujo título é: “Chega
desafia Santos Silva depois de Direita se levantar para aplaudir o 25 de
novembro”. Lida a notícia, ela não explicita qual haja sido o comportamento
do PS – se aplaudiu sentado ou se não aplaudiu. Tal como a Esquerda não se
pode apropriar da data do 25 de abril, também a Direita não poderá fazer o
mesmo em relação aos acontecimentos que hoje se comemoraram. Claro que o
Presidente da Assembleia da República, ainda de acordo com a notícia,
classificou como muito importante a data de 25 de novembro, a par de outras,
contribuindo elas para que “sejamos hoje uma democracia pluralista ondem cabem
todos”. Sabes, Henrique, já era tempo de sabermos comportar como adultos
democráticos, sem lançar ímpetos, não raras vezes insultuosos, a adversários
políticos. Também hoje (vê a coincidência) li no telemóvel (Sapo) uma
entrevista ao Dr. José Vera Jardim, feita pela jornalista Isabel Tavares, a
qual tem a seguinte manchete: “O termo fascista tornou-se uma arma de
arremesso contra toda a Direita”. É mais de tempo de deixar de o ser. André
Malraux, no seu célebre romance, de 1937, sobre a guerra civil de Espanha -
“A Esperança” -, faz com que um personagem diga: “Os comunistas dizem sempre
dos inimigos que são uns fascistas” (pág. 175, 6ª edição). Várias gerações
já passaram sobre esses horríveis acontecimentos, sobre o fim dos fascismos
europeus, pelo que é tempo de virar a página. Temos de encarar os factos
históricos como eles o são, independentemente de gostarmos deles ou não. Como
creio que já escrevi aqui há anos, o 25 de abril e o 25 de novembro são as duas
faces de uma mesma moeda designada Democracia. Esta não existiria sem os factos
inerentes àquelas datas, entre outras. Forte abraço. Carlos
Traguelho
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