domingo, 20 de novembro de 2022

Um texto notável: do P. PORTOCARRERO


Parece risível a actuação “climática” dos nossos jovens “activistas”, referida com rigorosa precisão referencial e humorística pelo P. Gonçalo Portocarrero, e muito mais se posta em paralelo com os acontecimentos que, no outro extremo europeu apontam um clima sério de terror e coragem - ambos os acontecimentos susceptíveis da nossa indignação, para mais no contraste entre o sério do brutal e heróico a leste, e o ridículo do artificial pedante e macaqueador, por cá. Pelo meio, outros casos de relevância séria, como o de Ronaldo e do Katar.

Refiro ainda alguns comentários certeiros – o primeiro dos quais de João Floriano, que põe bem o dedo nas nossas feridas, tristemente para troçar e desprezar.

I - SÍNTESES NOTICIARÍSTICAS: GUERRA NA UCRÂNIA

Ducentésimo sexagésimo oitavo dia

Em direto/ Mais de 700 corpos em Kharkiv, Donestsk e Kherson

22:38 Mais de 700 cadáveres encontrados em Kharkiv, Donestsk e Kherson

21:50 Explosão em Leningrado causa incêndio de grandes dimensões

21:06 Zelensky agradece presença de Sunak, fala da frente e da energia

20:38 Medvedev: "Zelensky não quer nenhuma negociação por razões egoístas"

20:13 Kherson e Mykolaiv. Evacuação das cidades já está em marcha

20:05 Tropas russas aumentam presença no Donbass

MUNDIAL 2022

O Mundial mais a sério no meio do faz de conta

Nem tudo o que se critica é sempre assim mas há elogios a coisas artificiais: como o Qatar se preparou para receber o Mundial e continua a ter vitórias numa diplomacia que deixa Kissinger nostálgico.

MUNDIAL 2022

Um a um, os 8 estádios do Mundial do Qatar

Os oito estádios do Mundial ficam num raio de menos de 70 quilómetros, têm arrefecimento por causa do calor, tectos que fecham e várias curiosidades que pode ficar a conhecer aqui.

CRISTIANO RONALDO

Perder um filho. Pais que sentem o mesmo que CR7

Ronaldo revelou na entrevista a Piers Morgan como perder um filho foi dos momentos mais difíceis da sua vida, que condicionou o regresso ao futebol. O Observador falou com pais que sentem a mesma dor.

II- CRÓNICA: As Gretas/os/es de Portugal

Não restam dúvidas sobre a urgência de conquistar os jovens para a causa ecológica, mas não faz sentido o eco que lhes é dado pelos media e pelo Governo.

P. GONÇALO PORTOCARRERO DE ALMADA

OBSERVADOR, 19 nov 2022, 00:1726

Esta semana foram notícia várias manifestações do movimento “Fim ao fóssil: ocupa!”, em Lisboa: a ocupação da Escola Artística António Arroio e do antigo Liceu Camões; a interrupção, na Ordem dos Contabilistas, de uma sessão em que participava o Ministro da Economia, até serem expulsos pela polícia; e ainda a ocupação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de onde foram, a pedido do respectivo director, desalojados pelas forças de segurança.

Depois da derrocada do muro de Berlim e a falência política e económica do regime marxista nos países do Leste europeu, o desinteresse da juventude pelas ideologias políticas foi acentuado e, por isso, é mais fácil captar a sua atenção para agendas políticas concretas, como é a questão ecológica. As alterações climáticas também são, afinal, uma questão política, a que o Papa Francisco tem dado especial relevância no seu pontificado, tendo até convocado um sínodo dos Bispos sobre a Amazónia, que não é propriamente uma temática eclesial, e escrito uma encíclica sobre a casa comum, a Laudato si.

Muito embora a questão ambiental não seja de esquerda – a ecologia é parte importante da espiritualidade franciscana e uma das apostas principais do escutismo cristão – nem anticapitalista – Chernobyl aconteceu na antiga URSS e a China comunista, onde é impensável uma ‘greve climática’, é uma das  potências mundiais mais poluentes – a extrema-esquerda apropriou-se agora desta causa, dando-lhe um cunho ideológico. As alterações climáticas são um pretexto para impor uma ideologia totalitária que, ao reduzir o ser humano a um mero ser vivo, permitiria espezinhar os direitos inerentes à sua dignidade, em nome da salvação do planeta. Por isso, nalguns cartazes da marcha pelo clima que, em Lisboa, reuniu dezenas de pessoas, viam-se frases como “Enterrar o capitalismo com os combustíveis fósseis”, e “Por 1,5 graus, fim ao capitalismo”. Um ‘jovem’ manifestante de 61 anos, Álvaro Fonseca, da Rede para o Decrescimento, disse que a causa profunda da crise climática “é um sistema que está completamente alienado e obcecado pela ideia do crescimento económico, como forma de promover o bem-estar”.

Não estranha, portanto, que vários partidos políticos da extrema esquerda “integraram o final da marcha, como o Livre, os Verdes e o MAS”, bem como a coordenadora do Bloco, que afirmou: “É absolutamente justa esta luta, é pela vida de todas as gerações, de toda a gente” (Público, 13-11-22), o que contradiz o programa do seu partido político, que é um dos principais promotores do aborto e da eutanásia.

Para além da organização Greve Climática Estudantil, esta manifestação contou com o apoio de várias instituições ambientalistas alheias ao meio académico, como a Climáximo, a Zero, e a Rede para o Decrescimento. Assim se explica a presença de Sinan Eden, de 36 anos, activista ambientalista da Climáximo, que parece não ser português, nem estudante de coisa nenhuma. Nem todos o fizeram com a mesma intencionalidade política: um biólogo e investigador da Universidade de Évora, integrou a manifestação como quem participa numa romaria, pois “veio à marcha com os dois filhos e a mulher, e também enquanto integrante do Coro da Achada”.

Segundo uma das organizadoras deste protesto, o mesmo tem duas principais metas: “que o Governo declare o fim aos fósseis até 2030 e a demissão imediata do ministro do Mar e da Economia, António Costa e Silva.” Antes da marcha, Ana Carvalho, de 23 anos e uma das organizadoras da ocupação da Faculdade de Letras, confidenciou: “tivemos uma semana a fazer actividades sobre justiça climática, sobre o que é o movimento contra o fim ao fóssil. Tivemos uma aula de ecopoesia lindíssima.”

Não restam dúvidas sobre a urgência de conquistar os jovens para esta causa, que requer o empenhamento de todos e exige uma corresponsabilidade mundial, sobretudo através de uma melhor formação científica e de acções concretas, segundo a boa tradição escutista: plantar árvores, cuidar do meio-ambiente, retirar detritos das praias, optar por uma vida mais saudável e sóbria, menos dependente dos dispositivos electrónicos, etc.

Quando a Greta Thunberg foi notícia pelo seu activismo ambiental, não podia ser levada a sério, porque era ridículo que uma jovem sueca a quem, decerto, nunca faltou nada, acusasse o mundo inteiro de lhe ter roubado a juventude. Há milhões de outras raparigas que, no Sudão, no Mali, na Nigéria, no Paquistão, na Índia, em Cuba, na Coreia do Norte, etc., nunca tiveram sequer uma habitação digna, uma alimentação equilibrada ou instrução básica. As queixas da menina Thunberg mais não são, afinal, do que amuos de uma maldisposta adolescente a quem não se deve dar importância. Melhor teria sido que o seu tempo de antena tivesse servido para dar a conhecer a miséria de tantos jovens, da sua idade, a quem falta uma digna subsistência, para já não falar dos que vivem sob um. regime totalitário, como acontece nos países comunistas, ou nos Estados que adoptaram a sharia como lei fundamental

Que Greta Thunberg falte às aulas para fazer uma greve dita climática, é uma opção dela, dos encarregados da sua educação e da sua escola. Não é assunto que interesse a opinião pública, porque não é perita na matéria, nem representa ninguém: fala a título individual, de uma questão para a qual não está, em termos científicos, minimamente credenciada. Que sentido faz a imprensa de todo o mundo dar-lhe tanto palco?! Como explicar que até o Secretário-Geral da ONU a receba?!

O mesmo se diga do que aconteceu no nosso país. Que haja estudantes que querem fazer greve, para participarem numa manifestação a favor do clima, não tem nenhuma relevância: desde sempre todos os pretextos foram bons para faltar às aulas. Se querem protestar publicamente, que o façam, desde que se sujeitem às inevitáveis consequências académicas e respeitem a ordem pública. Mas que ocupem edifícios do Estado, como a Escola António Arroio e a Faculdade de Letras, não é aceitável.

Como os manifestantes ‘exigiram’ a demissão imediata do Ministro da Economia e do Mar – esta gente não se fica por menos! – não é que o próprio os recebeu!? Com efeito, no passado dia 15, na sede do ministério, teve lugar a reunião de António Costa e Silva, ladeado por quatro assessores, com seis estudantes, todas mulheres, que se limitaram a exigir a saída do ministro, a quem leram o texto da carta da sua reivindicada demissão! Contudo, não foram capazes de apresentar qualquer proposta. Depois do encontro, Costa e Silva disse: “Não podemos construir um país com futuro sem os jovens. Estava preparado para os ouvir. Eles não querem discutir questões e soluções”. É caso para perguntar: mas o ilustre governante e os seus assessores esperavam o quê?! Será que não têm mais nada que fazer?!

Um dos activistas, que se faz chamar Ideal (?!) Maia e teve honras de Telejornal, talvez por ser uma figura verdadeiramente bizarra, afirmou categoricamente que este plano do ministro inclui “fósseis por todo o lado”. Quando a jornalista lhe pediu um exemplo, o dito não foi capaz de dizer nada porque, como admitiu, não conhece o tal plano do ministro, cuja demissão exige com tanta determinação. Pergunta-se: que sentido faz transmitir, no telejornal nacional, as declarações de alguém que protesta, por um alegado plano que nem sequer conhece, e para o qual não tem nenhuma alternativa?!

Jesus, com doze anos, protagonizou uma atitude de rebeldia: em vez de acompanhar os seus pais no regresso a Nazaré, permaneceu no templo de Jerusalém, dialogando com os doutores da lei. Porém, logo que foi encontrado por Maria e José, regressou com eles à Galileia, onde lhes obedecia e “crescia em sabedoria, em estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 41-52).

Um bom conselho para as Gretas, Gretos e Gretes de Portugal: cresçam (e apareçam!) em sabedoria e graça, não se deixem instrumentalizar e um dia, com a vossa competência profissional, sejam úteis ao planeta e ao país!

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS   CLIMA   AMBIENTE   CIÊNCIA   PROTESTOS   SOCIEDADE   JOVENS

COMENTÁRIOS:

João Floriano: Excelente! Ao contrário do articulista considero a divulgação em prime time uma maneira de mostrar as fragilidades e ignorâncias destes jovens que de activistas nada têm. O que assistimos na última semana foi um circo umas vezes exasperante outras vezes ridículo de um grupo de jovens manipulados pelas organizações e partidos que o artigo identifica e conduzidos por arruaceiros com doutoramento em desobediência civil, certamente matéria  a incluir na cadeira de cidadania e logo desde o infantário. Estes grupos de pretensos activistas estão-se nas tintas para o clima e para os fósseis. Muitos deles não prescindem dos mercedes dos pais, dos smartphones de última geração  e  do duche morno que o fóssil lhes proporciona. Têm horror ao capitalismo, que por sua vez também lhes proporciona uma rica vida. As causas ambientais, fracturantes, o protesto inconsequente e irresponsável são um instrumento contra o capitalismo satânico. O protesto é livre desde que não colida com a liberdade de quem não quer protestar ou o faz de outra forma. No presente caso os ditos activistas de fancaria foram longe de mais com o beneplácito dos responsáveis pela defesa do estado de direito, mas como tinham as costas quentes pela extrema esquerda, puderam exibir sem grandes contrariedades a sua dolorosa ignorância , mais dolorosa para nós do que para eles.               Coronavirus corona: A defesa do ambiente, a defesa dos animais, fazem parte da doutrina católica desde há séculos (antes destas manifestações anti-touradas já a igreja criticava em 1567). A questão é que, à imagem dos cátaros, os ambientalistas deturparam a doutrina e entraram numa espiral de radicalismo. Como recordou o papa no sínodo da Amazónia, "não serve um conservadorismo que se preocupa com o bioma porém ignora os povos". Por outras palavras, não podemos focar no ambiente relegando o homem. O homem faz parte da ecologia. O homem não é um extra-terrestre que ocupou o espaço de outros. E é neste ponto que os ambientalistas, tal como os cátaros, entram num extremismo.               Carminda Damiao: Excelente artigo. Parabéns e obrigada.             José Miranda: Óptimo artigo. Ouvi no Rádio Observador uma tal Susana elogiar estes “ jovens que se manifestam da forma que entendem”. Também considerou que a chamada “ geração rasca” de que ela fez parte, também se manifestou de forma notável,  como,  por exemplo, mostrar “ o rabo a um ministro “. Observador, tomem em atenção o ridículo de alguns colaboradores.                    Isabel Amorim: Óptimo e completo artigo. É mesmo isso tudo.  Agora desabafo eu já que me permitem... Quando ouço, leio ou me dizem "sou um activista" ou "sempre fui um activista" com ar compenetradamente orgulhoso fico logo alérgica, a reacção é mesmo física. Bastam 3 perguntas para desmontar o dito. É relativamente fácil desmontar a peça. Geralmente são ou foram os que mais usaram dos recursos pelos quais se batem e não têm a minima noção da realidade e também do ridículo que são (se estivessem calados e agissem de facto no seu dia-a-dia, tudo bem) Se são novos, da geração casa/carro dos papás /escola casa pejados de trastes sem utilidade, escravos das Nikes e dos (normalmente) iphones/Mac, e muito "viajados" com grandes farras de viagens de estudantes e overdoses de idas a festivais, ou se são mais velhos já com passados de muitos kms de pegadas ecológicas, frustrados, rodeados de "barulho" dos corredores dos facebook e afins, resta-lhes juntarem-se "guiarem" os mais novos, com ideias e recursos para as lutas/eventos que invariavelmente acabam com comezainas e trocas de contactos para engrossar a lista de "amigos" ou "seguidores" para encherem o ego e não se sentirem sozinhos. Cabeças desordenadas, sem fé em absolutamente nada, procuram o impossível para preencher o vazio que têm. Mimados, egoístas, frustrados, preguiçosos, desequilibrados, não actuam sozinhos (cumprir  o que apregoam no dia a dia) porque querem e precisam de público porque se tornaram insaciáveis pois querem ser originais, os primeiros. Qual quê cumprir no dia-a-dia o máximo possível, anonimamente? Ah isso é que não, dá trabalho e não destaca. Entretanto os populistas dos "políticos" com passados idênticos servem-se desta gente incoerente para cumprir facilmente a agenda imposta e importada, é por isso que têm tantas benesses, vender a alma ao diabo que hoje só veste Prada não fica barato... A esquerda clonou em si a ecologia porque não dá muito jeito falar das atrocidades do socialismo/comunismo, com a Natureza é sempre uma coisa boa. A verdadeira ecologia está no equilíbrio de tudo, maneira de comer, vestir, estar na vida, com respeito aos outros e ao que nos rodeia, normal. Não, para esta gente que depois (e que continua) a ser a grande poluidora porque não prescinde de facto de nada, só o demonstra nas ditas manifestações ou quando compra uma escova de dentes de bambu. E com esta gente doente, histérica e malcriada, temos que nos reinventar nós os que tiveram uma educação normal e equilibrada com respeito a tudo o mais possível, mas anónimos, e viver quase que num ghetto para não sermos afectados por estes personagens com problemas psicológicos e por causa desta gente poluidora, preguiçosa e prepotente, acordamos todos os dias com menos liberdade e intromissão no foro privado. Essa é que é essa. E fico doeeeente

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