Dos comentários ao texto de Eugénia Vasconcellos, que me
parecem movidos quer por machismo quer por esquerdismo tacanho imperioso, contra
uma jovem de ideias eficientes, honestas e racionalmente expressas, começo por
fazer preceder a crónica da escritora, de dados da criminalidade pontual de um
déspota, que assim destrói um povo impunemente, neste mesmo dia. Apesar de
tudo, o machismo prevalece e recomenda-se.
Em
direto/ Zelensky: combates intensos em Bakhmut e Soledar
00:59 Ponto de situação. O que aconteceu durante as
últimas horas?
00:27 Combates mais intensos prosseguem no Donbass,
diz Zelensky
23:56 Putin permite recrutamento de ex-prisioneiros
russos condenados por crimes graves
23:38 Militares russos ocupam à força casas de civis
ucranianos em Kherson
23:09 Itália prepara fornecimento de sexto pacote de
ajuda militar a Kiev
22:14 Erdogan e Putin concordam com entrega gratuita
de cereais a países africanos
II - Feminismo é celebrar o senhor
presidente e a senhora «presidenta», duas mulheres
Sim, a vitória de Giorgia Meloni deve
ser celebrada pelas mulheres. O populismo de Giorgia Meloni deve ser combatido.
Nem sequer é complexo: são coisas de natureza distinta.
EUGÉNIA DE VASCONCELLOS Poeta, ensaísta, escritora
OBSERVADOR, 04 nov
2022, 00:1616
A
discussão terá surgido nas redes sociais após as felicitações de Ursula van der
Leyen e Hillary Clinton a Giorgia Meloni pela sua vitória nas eleições como uma
vitória também para as mulheres. Portanto,
um momento de celebração feminista. A discussão terá sido se essa vitória
eleitoral, por vir de uma populista de direita, deveria ou não, ser
celebrada como um «marco para o feminismo». Como todos os que não têm redes
sociais – e esta é uma outra discussão que, mais do que nunca, vale a pena
trazer para o espaço público – soube dela mais tarde, através do belíssimo artigo de 2 de Novembro, de Maria João Marques, no Público, que me conduziu às posições de Carmo Afonso e de
Susana Peralta, respectivamente, defensoras de não ser uma vitória feminista e
sê-lo.
Já aqui tive oportunidade de afirmar,
a propósito da minha inequívoca defesa das quotas e da fraca representação das
mulheres no PSD, tal como no ensaio que escrevi em 2013, As camas Politicamente Incorrectas da Sexualidade Contemporânea,
que a ortodoxia feminista, por muito que se aproprie, não é dona do
feminismo. Não há qualquer interesse em polarizar este, ou qualquer outro
debate, nem para simplificar os seus termos: os avanços feitos na conquista
de direitos das mulheres devem
muito a essa ortodoxia, mas foram e são ainda prejudicados por ela.
Sim, a vitória de Giorgia Meloni deve ser celebrada pelas mulheres.
O populismo de Giorgia Meloni deve ser combatido. Nem sequer é complexo: são
coisas de natureza distinta.
O
feminismo não é o que a esquerda e a extrema-esquerda determinam que é, tal
como quem decide quem é feminista não é o colectivo feminista da extrema
esquerda e da esquerda. Este erro contemporâneo, de um grupo social e
culturalmente dominante decidir por todos, já aconteceu anteriormente quando,
na Inglaterra vitoriana, um grupo poderoso mas minoritário de mulheres decidiu
o que e para quem era o feminismo.
Nesse período, o movimento feminista poderia ter sido constituído à escala
global como refundação civilizacional se os ideais decorrentes da revolução
francesa e os valores e direitos civis do movimento abolicionista se lhe
tivessem mantido associados. Este movimento caracterizava-se por ser
inclusivo. De todos para todos. A incapacidade de valorizar positivamente
classe, género e raça cindiu este movimento para avançar com um feminismo de
segmento que ainda hoje reverbera em questões fundamentais, da prostituição à
pornografia e a movimentos educacionais controversos. Também
por isto a questão Meloni não é uma questão menor. A prática de excisão das
mulheres levada a cabo por mulheres não é uma tradição cultural, é uma
perversão cultural, seja ela genital, social ou política.
O feminismo não é nem deve ser a plataforma de um discurso
homogeneizado, com uma agenda e ponto final. Só se fala a uma só voz quando não
há liberdade. Essa que convém defender ainda que
permita o pensamento, modo de vida e defesa de princípios de que discordemos em
absoluto. No grande como no pequeno. Há exemplo de coisa menor do que
Giorgia Meloni ter decidido, inicialmente, ser tratada por «o senhor
presidente»? Ainda que vivamos no tempo da escolha de pronomes e essa
escolha seja acerrimamente defendida pela esquerda no que à fluidez de género
diz respeito… Pilar del Rio decidiu ser tratada por «a presidenta» – sendo
que aqui a questão nem é pronominal. É um erro equivalente a exigir tratamento
por «taxisto», por ser homem, em vez de «taxista». No entanto, são duas
mulheres presidentes, uma de um conselho de ministros, a outra de uma fundação
de um Nobel da Literatura, e isso merece ser celebrado.
Então,
parabéns, senhor Primeiro Ministro, Giorgia Meloni.
A
autora escreve segundo a antiga ortografia
FEMINISMO SOCIEDADE ITÁLIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS:
bento guerra: Acompanho a
política italiana, desde há anos, o que esta senhora escreve é um chorrilho de
disparates, o que não é novidade, dão-lhe espaço e pagam-lhe. Foi formada
uma coligação de três partidos de direita, para combater dez anos de gestão dos
"socialistas", o Partido democrático, que esteve sempre no governo
sem ganhar eleições. A coligação da direita não designou como "chefe"
a Meloni, seria apenas o partido com mais votos. Berlusconi, Salvini e Meloni. Ganhou
ela, Que acrescenta à sua inteligência e perspicácia uma bela figura. Uma
esperança para uma Itália com grandes problemas
João Floriano: Começo
logo por dizer que não sou a favor de cotas e que torço o nariz a muitas
atitudes pretensamente feministas. Só discutir se a vitória de Meloni é uma
vitória do feminismo, leva-nos à óbvia conclusão que há lutas que
pertencem exclusivamente à esquerda. Errado! A vitória de Meloni é
duplamente feminista: Meloni vence numa área de machistas (Berlusconi é o
verdadeiro macho latino decrépito, talvez um dos últimos dinossauros ocidentais
da sua geração), e vence num país de tradições machistas. Vamos a
ver qual a impressão digital que Meloni vai deixar no primeiro governo italiano
liderado por uma mulher: uma presidente. Prefiro de longe o termo a presidente
e não vejo lógica no termo presidenta. Que eu saiba continuamos a dizer a
declarante, a nubente, a pretendente, sem que isso belisque a qualidade
feminina do sujeito. Mas mesmo que Meloni seja tratada por senhor
presidente, é um pormenor que a esquerda não devia estranhar ou censurar. Esta verdadeira confusão com identidade, género, sexo
tem sido amplamente apoiada pela esquerda. Sobre a senhora presidenta
mencionada no artigo, melhor não me pronunciar porque o meu desagrado pela
figura de José Saramago, levar-me-ia facilmente a referir-me à senhora
presidenta como uma oportunista. Já de si comparar Meloni com Pilar
é injusto. Quer se goste ou não Meloni subiu a pulso. A Pilar bastou
apenas casar com Saramago e depois enviuvar: apenas uma burocracia de papeladas. Joaquim Lopes: Populismo? O que é isso? Chamo a essa forma de escrever com esses adjectivos escrita
de rebanho. A
Itália é um país com defeitos mas é também uma potência industrial, ainda que
Meloni foi eleita, Draghi foi escolhido, pelo Forum Económico Mundial para
destruir a economia italiana, chama isso o quê? Recomendo comprimidos para a
azia e acho que se devia dedicar mais a tarefas domésticas do que escrever
sobre o que não sabe. van der Leyen e Clinton são hipócritas e corruptas, valem
mais por serem melhores, "never forget Bengazi na Líbia onde Clinton
permitiu as atrocidades pelas quais deveria estar presa até morrer, sabe esse
episódio?
Nenhum comentário:
Postar um comentário