Não tenho assim tanto a certeza da inanidade
do programa, apesar da zanga que muitas vezes cria. Eu fico-lhes reconhecida por
se disporem a vir focar as temáticas da actualidade, cada um a seu modo, com
mais ou menos pedantismo crítico, mais ou menos seriedade, maior ou menor
capacidade de visionamento, muitas vezes de troça, é certo, e segundo a
perspectiva da ideologia individual. Mas é pecha antiga, o nosso humor centrado
nas figuras políticas, como já os DDT arremedavam
sobretudo as figuras representativas da nação, sem quaisquer sintomas de respeito,
e nos fizessem rir, pelo bom desempenho, é certo, mas muitas vezes com a
sensação de fadiga e asco, pela deseducação que tal tipo de humor – de troça ou
farsa e não de criativa comédia psicológica - cria na nossa sociedade. Entre nós,
tudo se tornou motivo de riso, até mesmo programas que se pretendem
instrutivos, nada se trata com a seriedade que o saber requer, exceptuando,
aqueles programas de outrora, musicais ou históricos, ou mesmo de interesse
económico e cultural como o TV Rural do
Engenheiro Sousa Veloso que foi
abruptamente retirado da TV, quando punha o público preso ao écran, desejoso de
saber de técnicas e desenvolvimento agrícola. Hoje em dia prezamos sobretudo a
distracção, e as vozes e cantigas são os programas formativos de excelência,
acrescentados aos espectáculos futebolísticos prolongados nas discussões de exaltação
clubística de estarrecer, ou aos casos pessoais que satisfazem a nossa
curiosidade mexeriqueira. Felizmente que o snooker é um programa de seriedade e
precisão, estrangeiro, é certo, mas que nos liberta um pouco do estardalhaço das
nossas apetências pelo riso fácil. Ou o “Questions pour un Champion”, de um
povo que ama aprender e o demonstra, com seriedade, embora também com boa
disposição e cordialidade, provocando o nascimento, pelo mundo, de muitos
clubes de “Questions…” originadores de real interesse pelo saber. De toda a
maneira, cada um sui generis, eu
gosto de os ouvir, aos companheiros do “Eixo do Mal”, que trazem a sua visão
política com crítica e por vezes gozo nem sempre polido, mas lá está o Luís Pedro Nunes, de quem os
companheiros troçam, por ser trapalhão a expor, sendo, todavia, pessoa bem
formada, de conceito sério. Sim, são “companheiros do riso”, mas ainda bem que
existe, o programa, como outros mais se requeriam, que contribuíssem para
alargar a visão do mundo, ou mesmo, talvez, a interessar os nossos jovens…
OS COMPANHEIROS DO RISO
Fiquei espantado ao constatar hoje, num zape televisivo, que aquele
"Eixo do Mal" da Sic, uma chachada completa de uns tantos que se
reúnem pela calada da noite para se rirem de tudo e de todos, ainda existe. Dos
temas que tratam alguns até são preocupantes, mas eles preferem rir para que as
pessoas durmam sossegadas. Hoje falavam dos abusos de poder por parte dos
profissionais das polícias. Nada de novo. Já a minha bisavó dizia: se queres
conhecer o vilão mete-lhe a vara na mão. Que o assunto merece atenção, sem
dúvida; porém não merece chacota. Deve ser tratado a sério, muito a sério. É um
perigo que paira sobre todos nós.
COMENTÁRIOS
Fernando Ramos Machado: Chacota???
Aida Franco Nogueira: Tem toda a razão querido Senhor Embaixador! Vi
esse programa uma vez, fiquei a meio e nunca mais o voltei a ver...
Ricardo Montez: Sem dúvida! Preocupante!
Henrique Borges: Só vi (já há muito tempo) ocasionalmente. São mais uns tantos atrasados mentais que desfilam nas nossas TV e que parece que estão convencidos de que têm graça. Hoje em dia todas as TV são sem excepção para pobres de espírito.
Luis Soares de Oliveira: Henrique Borges, Tens razão, se bem que um deles,
que conheço pessoalmente, no seu natural nada tenha de bobo. Churchill dizia
que, em política, tudo começa por baixo. Eu diria que, em Portugal, tudo
acaba em baixo. No caso, o poder desce pela via insurreição. Assim foi
também no 25/04. Este desce ainda mais baixo. O ódio instilado é o aperitivo
que cria o apetite de mudança e procura tornar legitima a violência. Situação
de muito má catadura.
Fernando Figueiredo: O meu avô dizia-me, "desconfia sempre de
muros velhos e de poderes novos".
Joaquim Morais: O problema é que o programa é um sucesso nas
audiências, ou então os detentores do capital SIC, já o tinham encerrado. Este
facto revela bem o país que nós somos.
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